A
redução de consumo se dá mediante o emprego de espuma, por ar
comprimido, no combate a incêndios das classes A (sólidos comuns) e B
(líquidos combustíveis). “Esse sistema é eficiente, pois traz avanço
significativo no uso racional da água. A cada litro de água, ele gera
seis de espuma”, explica o tenente-coronel George Cajaty Braga.
Desse
modo, uma viatura com capacidade média de 3.750 litros de água gera
quase 24 mil litros de espuma, ampliando o potencial de contenção do
fogo. “Assim, o sistema tem um poder operacional muito maior”, destaca o
militar, que coordenou o projeto de pesquisa na Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep).
A
pesquisa existe desde 2007 e já contou com vários parceiros, como a
Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Entre
outras vantagens, esse método produz melhor resfriamento de materiais,
já que a temperatura cai seis vezes mais rápido em ambiente confinado.
Gera ainda menor poluição atmosférica, na medida em que o composto cobre
a área incendiada e impede a liberação de gases tóxicos.
A
poluição pluvial também é atenuada. No combate tradicional aos
incêndios, a água em excesso escorre para a rede de galerias, carreando
materiais contaminados para os mananciais. O uso da espuma evita esse
efeito, pois ela se fixa ao material e é contida no local onde foi
lançada.
Além
disso, o produto é 100% biodegradável e se dissolve em menos de 30
dias. O tempo de combate ao incêndio é mais rápido, e o material apagado
não reacende. A utilização da espuma aumenta a chance de sobrevivência
das pessoas no ambiente e protege os bombeiros que atuam na operação.
O
modelo brasiliense ficou em 1º lugar na sexta edição do Prêmio de Boas
Práticas de Sustentabilidade A3P, do Ministério do Meio Ambiente, na
categoria uso/manejo sustentável dos recursos naturais.
A
premiação acontece a cada dois anos e conta com seis eixos: Uso
racional dos recursos naturais e bens públicos; Gestão adequada dos
resíduos gerados; Qualidade de vida no ambiente de trabalho;
Sensibilização e capacitação dos servidores; Licitações sustentáveis e
Construções sustentáveis.
O
coronel Rogério de Assunção Cruvinel explica que, para participar, a
corporação fez a adesão ao programa de agenda ambiental do Ministério do
Meio Ambiente e, com isso, obteve um plano de trabalho de cinco anos.
Ele
presidia a Comissão de Sustentabilidade Agenda Ambiental na
Administração Pública do Corpo de Bombeiros, criada em 2015. Desde então
pratica ações com esse perfil na corporação.
Ideia é trazer mais recursos para ações de sustentabilidade
Com
o resultado, segundo o coronel, houve “economia gigantesca de água” nas
operações dos Bombeiros. O ministério definiu o projeto como inovador.
“Com essa valorização, a ideia é trazer mais financiamento e recursos
para ações na área de sustentabilidade e novas pesquisas. Em breve vamos
colocar em prática um projeto de bicicletário para a corporação”.
Completa.
A
corporação tem hoje 60 equipamentos de geração de espuma por ar
comprimido, instalados em viaturas de combate a incêndio, kits de
salvamento e escadas mecânicas.
No
próximo ano, será iniciada pesquisa para a utilização desse sistema
também nos incêndios florestais. O projeto já está aprovado pela FAP-DF e
será desenvolvido em parceria com o instituto de Biologia da
Universidade de Brasília (UnB).
Fonte: Agência Brasília