Publicidade oficial do GDF não retrata a realidade do Balão do Aeroporto. Obra tinha custo menor do que o praticado.
Obra com custo previsto em R$ 43 milhões, acabou saindo 22% mais cara.
Por Chico Sant’Anna
A destruição do Bambolê da Dona Sarah para a construção de um
mergulhão atravessando o balão ao meio vem sendo, desde o começo da
obra, alvo de uma série de versões e contra versões. A obra, que foi um
arremedo para substituir o VLT que ligaria o Aeroporto ao Plano Piloto,
foi entregue, mas sem evitar questionamentos.
A mais nova polêmica tem a
ver com o custo da obra.
Árvores cinquentenárias foram derrubadas com motosserra.
No início da construção, quando as árvores cinqüentenárias do balão
foram detonadas a golpes de motosserras, a secretaria de Comunicação do
governador Agnelo Queiroz correu em dizer que a obra tinha licença
ambiental e que as árvores seriam transplantadas. Pouco tempo depois, a
secretaria de Meio-Ambiente vinha a público desmentindo a secretaria de
Comunicação, negando a existência de licença ambiental prévia e
anunciando uma multa de R$ 140 mil, teoricamente, a ser paga pelo
Departamento de Estradas de Rodagens- DER-DF, responsável pela
destruição.
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Obra das reformas do Balão do Aeroporto ficou 22% mais cara do que o inicialmente previsto.
Recentemente inaugurado, com toda a pompa que merece uma inauguração
às vésperas de eleições, o GDF, por meio de publicidade paga na
imprensa, e o próprio vice-governador, Tadeu Filippelli, em entrevistas,
vieram a público para dizer que na obra tinham sido economizados R$ 45
milhões, “graças a um processo de construção mais rápido, eficiente e
econômico”.
Segundo o GDF, a obra custaria originalmente R$ 98 milhões, mas
acabou saindo por R$ 53 milhões. O GDF e Filippelli só esqueceram um
pequeno detalhe: a obra contratada originalmente, em novembro de 2013,
tinha o preço, conforme placa do próprio GDF, de R$ 43.400.987,10.
Ou seja, o custo final da obra, no lugar de ter gerado economia,
conforme a publicidade oficial, foi R$ 9.599.012,90 maior do que fora
originalmente contratado com as empreiteiras. O que o GDF, Agnelo e
Filippelli tinham que explicar é por que a obra saiu 22,12% mais cara do
que o previsto.
Na
publicidade do GDF, que mesclou uma foto aérea verdadeira com desenhos
feitos com recursos de computação gráfica, o Balão do Aeroporto aparece
com frondosas árvores. Na realidade, apenas algumas esquálidas palmeiras
foram plantadas.
Fotomontagem
A devastação gerada no Balão do Aeroporto foi duramente criticada
pela comunidade de Brasília, afinal estavam sendo arrancadas e cortadas
árvores cinqüentenárias, plantadas no início de Brasília. Espécimes que
testemunharam a presença de desbravadores como Juscelino Kubistchek,
Bernardo Sayão, Lúcio Costa e Israel Pinheiro, já não mais estarão
presente para fornecer sombras às futuras gerações de brasilienses.
Na ocasião, o GDF afirmou que elas
seriam replantadas, informação difícil de acreditar, pois muitas delas
foram retiradas com a ação de motosserras. Agora, informa que foram
plantadas um total de 700 mudas em substituição às retiradas para a
realização da obra. Seriam 400 mudas de ipês das cores branca, roxa e
amarela, 250 palmeiras e 47 flamboyants. Mas no Balão, propriamente
dito, não se vê tantas árvores, assim.
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O novo Balão foi entregue, mas o paisagismo está longe de ser o que
era. Algumas palmeiras raquíticas foram plantadas nas bordas do trevo,
já que no centro, onde existiam angicos, flamboyants, sucupiras,
imbaúbas e outras espécies do cerrado e exóticas, não se pode mais
plantar árvores de grande porte, pois a poucos metros de profundidade
existe a laje em concreto do teto do túnel construído.
Mas no anúncio, de página inteira, veiculado na imprensa de Brasília e
disponível na internet, uma foto aérea do Balão ganhou, por recursos de
computação gráfica, a sombra de árvores frondosas. Como muitos
brasilienses não passam por ali, a fotomontagem do anúncio que mescla
imagens reais com imagens feitas no computador dá a impressão de que
tudo voltou a ser como antes.
Mergulhão feito no governo Cristovam aparece na propaganda de Agnelo, como se tivesse sido feito para a Copa
É curioso também que a peça publicitária incorpora como sendo obra do
atual governo um acesso diferenciado ao Plano Piloto que atende aos
motoristas provenientes do Gama, Santa Maria e Park Way. Este mergulhão
foi feito há quase vinte anos durante a gestão de outro governador:
Cristovam Buarque.
Em outras palavras, na propaganda oficial, o governo Agnelo fatura nas benfeitorias feitas por seus antecessores.
No extinto Balão do Aeroporto, havia uma escultura, denominada Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.
Todo cuidado é pouco
Também não retornou ao local a escultura
Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.
Instalada no local em 1980, a obra que lembra um triangulo feito por
trilhos nos quais são apostos dois cubos, foi retirada para reformas no
local em meados de 2005. Nunca mais foi vista.
Construído como alternativa ao VLT que não saiu do papel, apesar de
contar com recursos federais desde 2009, o túnel que passa sob o Balão
do Aeroporto é bastante polêmico, mesmo depois de pronto.
Sua execução também implicou na retirada de dezenas de sibipirunas,
plantadas ao longo do canteiro central da Estrada Parque Aeroporto. Na
ocasião, também afirmaram que elas seriam transplantadas ao final dos
trabalhos. Obras entregues e a única coisa que foi plantada no local é
um
guard-rail – espécie de grade protetora, separando os sentidos dos fluxos de carro.
Na
parte interna do Balão do Aeroporto, no sentido Aeroporto-Plano Piloto,
motoristas alertam que a faixa de rolagem à esquerda termina
repentinamente sobre uma mureta de concreto. Foto de Dênio Simões-GDF
Além disso, motoristas, como Nilo Rocha, que filmou todo o trajeto
sob o balão, alertam que o mergulhão de Agnelo tende a provocar
acidentes, pois no sentido Aeroporto-Plano Piloto, a pista de rolagem da
esquerda é interrompida subitamente, sem qualquer alerta prévio. A
pista termina num paredão de concreto que protege a lateral do viaduto
dos ônibus do BRT, provenientes do Gama.
Então, todo cuidado é pouco. Para dirigir e para acreditar nas informações divulgadas pelo Governo do Distrito Federal.
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