Países da Europa sofrem episódios parecidos com alguns dos seus políticos, mas estes pedem perdão, demissão ou são expulsos e condenados
M. Martín
São Paulo
16 DIC 2014 - 20:54 BRST
Meio Brasil levou as mãos à cabeça após escutar o deputado Jair
Bolsonaro berrar no Congresso: “Eu não te estupro porque você não
merece”. A frase, dedicada à deputada federal Maria do Rosário, indignou
todo tipo de organizações feministas, de direitos humanos e quase
250.000 pessoas que assinaram pelo #ForaBolsonaro no site Avaaz.org,
além de mobilizar os parlamentares. Há quem tenha se animado a exclamar
o "isso só no Brasil”, mas há Bolsonaros em muitos países e eles,
acreditem, acabam se desculpando ou pagando o preço da pérola.
Para citar apenas um exemplo, o eurodeputado pelo xenófobo Liga Norte Mario Borghezio, que afirmou publicamente que ela estaria melhor de criada. Borghezio foi suspenso do grupo Europa da Liberdade e da Democracia no parlamento europeu. A expulsão foi liderada pelos colegas britânicos que consideraram a declaração “vergonhosa e raivosa”.
Semanas depois, alheia à polêmica do sócio de partido, uma conselheira municipal, Dolores Valandro, perguntou em caixa alta no seu Facebook: “Mas não tem ninguém que a estupre?”.
Desta vez, o partido de Valandro, conhecido pela perseguição política a imigrantes, considerou “inqualificável” a declaração, e a política acabou se desculpando após apagar a bomba da rede social: “Não sou má. Foi apenas uma piada. Às vezes desabafo assim. Peço perdão, eu não sou violenta”.
Mas seu partido, comandado por Marie Le Pen e que lidera algumas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, a expulsou das suas filas e da lista municipal para a prefeitura. E não ficou por aí. O partido da ministra Taubirá denunciou a aspirante a prefeita nos tribunais e, em julho deste ano, ela foi condenada a nove meses de prisão e a uma multa de 50.000 euros (171.500 reais) a ser paga junto ao seu partido. A sentença se baseou em uma lei francesa de 1881 que castiga as declarações racistas.
A última pérola chegou a ser trending topic mundial no Twitter. Diante das recomendações do Ministério do Interior para evitar agressões sexuais, o prefeito afirmou que estava com medo de entrar com uma mulher no elevador: “Se ela quiser me meter em uma cilada, arranca o sutiã, a saia e sai dando gritos, dizendo que você tentou agredi-la”. Mais uma vez, o sexagenário se desculpou, disse que foi mal-interpretado e prometeu “maior continência verbal” no futuro. E assim tudo deu em nada.
Itália
Os italianos ficaram escandalizados no ano passado com a perseguição racista e machista que sofreu a ministra de Integração, Cécile Kyenge, por parte dos seus colegas políticos, que a chamaram de “zulu” a “macaco congolês”.Para citar apenas um exemplo, o eurodeputado pelo xenófobo Liga Norte Mario Borghezio, que afirmou publicamente que ela estaria melhor de criada. Borghezio foi suspenso do grupo Europa da Liberdade e da Democracia no parlamento europeu. A expulsão foi liderada pelos colegas britânicos que consideraram a declaração “vergonhosa e raivosa”.
Semanas depois, alheia à polêmica do sócio de partido, uma conselheira municipal, Dolores Valandro, perguntou em caixa alta no seu Facebook: “Mas não tem ninguém que a estupre?”.
Desta vez, o partido de Valandro, conhecido pela perseguição política a imigrantes, considerou “inqualificável” a declaração, e a política acabou se desculpando após apagar a bomba da rede social: “Não sou má. Foi apenas uma piada. Às vezes desabafo assim. Peço perdão, eu não sou violenta”.
França
Em outubro de 2013, Anne-Sophie Leclere, candidata pelo ultradireitista Frente Nacional (FN) às eleições municipais da pequena localidade de Rethel, na província de Ardennes, publicou na sua página de Facebook uma fotomontagem em que comparava a então ministra da Justiça, Christiane Taubira, que é negra, com um macaco. E completava: “Eu prefiro vê-la em uma árvore que no Governo”. Uma reportagem divulgou o conteúdo da página (cuja proprietária não retificou) promovendo um escândalo midiático que indignou a França. “Não é mais que um assunto tratado com humor”, justificou.Mas seu partido, comandado por Marie Le Pen e que lidera algumas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, a expulsou das suas filas e da lista municipal para a prefeitura. E não ficou por aí. O partido da ministra Taubirá denunciou a aspirante a prefeita nos tribunais e, em julho deste ano, ela foi condenada a nove meses de prisão e a uma multa de 50.000 euros (171.500 reais) a ser paga junto ao seu partido. A sentença se baseou em uma lei francesa de 1881 que castiga as declarações racistas.
Espanha
A cidade de Valladolid, no noroeste da Espanha, tem um prefeito que embaraça o conservador Partido Popular várias vezes por legislatura. Francisco Javier León de la Riva estreou na polêmica em 2007 ao falar que toda vez que via o “biquinho” da ex-ministra de Saúde Leire Pajín pensava “a mesma coisa”. Ele não especificou que "coisa", mas deu a entender que era de conteúdo sexual. O prefeito, que comanda sua cidade desde 1995, se desculpou pelo "excesso verbal”, mas protagonizou mais tarde outros escândalos ainda mais polêmicos. O alvo favorito foi sua oponente nas municipais Soraya Rodríguez. “Qualquer dia alguém vai dizer que a estuprei, mas na verdade teria que ter...”, disse insinuando que não dava nem vontade de abusar da adversária.A última pérola chegou a ser trending topic mundial no Twitter. Diante das recomendações do Ministério do Interior para evitar agressões sexuais, o prefeito afirmou que estava com medo de entrar com uma mulher no elevador: “Se ela quiser me meter em uma cilada, arranca o sutiã, a saia e sai dando gritos, dizendo que você tentou agredi-la”. Mais uma vez, o sexagenário se desculpou, disse que foi mal-interpretado e prometeu “maior continência verbal” no futuro. E assim tudo deu em nada.