Aproximadamente 23% de todas as mortes prematuras no mundo são causadas
por problemas de degradação ambiental, com número estimado em 12,6
milhões de mortes no ano de 2012. Os dados estão no
relatório Meio Ambiente Saudável, Povo Saudável (Healthy Environment,
Healthy People, em inglês), lançado esta semana pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) durante a 2ª Sessão da Assembleia
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unea), em Nairóbi, no Quênia,
que terminou na sexta-feira (27).
O Pnuma ressalta que as
diferenças regionais dessas mortes são grandes, indo de 11% nos países
europeus que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico e chegando a 28% no Sudeste Asiático. As principais causas
evitáveis de morte que o Pnuma cita como ligadas ao ambiente são as
doenças diarreicas, lesões causadas por atividades de risco ou situação
de moradia insalubre, asma, malária, lesões de trânsito, infecções
respiratórias, obstrução pulmonar crônica, doenças cardiovasculares,
cânceres e doenças músculo-esqueléticas causadas por estresses e
posturas incorretas no trabalho e atividades domésticas.
Poluição do ar
A principal causa de morte por degradação ambiental, segundo o Pnuma, é a poluição do ar, responsável por 7 milhões de falecimentos por ano. O professor Luiz Maia, do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em monitoramento da qualidade do ar, destaca que o problema é considerado uma emergência de saúde global, no momento em que o sistema do Rio de Janeiro está desligado.
A principal causa de morte por degradação ambiental, segundo o Pnuma, é a poluição do ar, responsável por 7 milhões de falecimentos por ano. O professor Luiz Maia, do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em monitoramento da qualidade do ar, destaca que o problema é considerado uma emergência de saúde global, no momento em que o sistema do Rio de Janeiro está desligado.
“A gente precisa manter essa rede de monitoramento
funcionado para gerar dados, haver estudos epidemiológicos. Por exemplo,
a correlação, com a mortalidade é pouco conhecida no Brasil. Estudos de
problemas respiratórios são feitos em todo o Brasil, mas mortalidade é
uma coisa mais restrita porque há dificuldade da informação. A
qualidade da informação de mortalidade não é tão satisfatória para se
fazer uma intercomparação com os dados gerados de qualidade do ar”.
De
acordo com ele, o monitoramento é o primeiro passo para a gestão do
problema, onde serão identificadas as causas da poluição para, a partir
daí, serem elaboradas políticas públicas de mitigação. “Primeiro a gente
precisa entender bem como funciona o problema de poluição do ar, para
depois fazer como a Alemanha fez, que tinha uma rede enorme por todo o
país. Eles mediram sistematicamente, constataram que determinados
lugares não apresentavam determinados poluentes e otimizaram a rede,
tirando de alguns lugares e levando para outros. Tudo o que está sendo
medido é específico de acordo com a necessidade de cada lugar”.
O
professor alerta que a população em geral é passiva quanto ao problema
da poluição do ar e não percebe de imediato o mal que ela pode causar no
médio ou longo prazo: “Falta à população a sensibilidade e a percepção
de que está exposta a um ambiente insalubre. A gente vive normalmente,
às vezes o ar incomoda, irrita um pouquinho, irrita a pele, suja a
roupa, dá um desconforto, mas é um indicativo de poluição. É um efeito
cumulativo e eu constatei em palestras que mais de 90% de todos os
públicos, de estudantes a doutores, não tem essa percepção. Então fica
complicado”.
Para Maia, o Brasil também precisa modernizar a sua
legislação no que diz respeito aos indicadores de poluição, já que a
regulamentação seguida no país é de 1990 (Resolução Conama 03/90) e
desde então a Organização Mundial de Saúde (OMS) reviu para baixo os
valores para considerar boa a qualidade do ar, com base em estudos
epidemiológicos.
“As referências que nós temos aqui no Brasil são
de uma média de 150 microgramas por metro cúbico para material
particulado inalável em 24 horas. Mas a recomendação de curto prazo da
OMS já é de 50 microgramas. Então, os níveis são mais restritivos. Por
isso, há que se buscar uma condição para que haja o enquadramento dos
níveis de qualidade do ar pelo menos às metas de curto prazo da OMS,
porque isso é uma garantia de que haverá um mínimo impacto e efeito
negativo na saúde da população”.
O relatório do Pnuma aponta que a
implementação de medidas para reduzir as emissões de gases do efeito
estufa pode salvar a vida de 2,4 milhões de pessoas por ano até 2030.
Fonte: EcoDebate
Fonte: EcoDebate