segunda-feira, 6 de junho de 2016

Programa da ONU alerta : degradação ambiental causa 12 milhões de mortes por ano

terça-feira, 31 de maio de 2016


 
 
Aproximadamente 23% de todas as mortes prematuras no mundo são causadas por problemas de degradação ambiental, com número estimado em 12,6 milhões de mortes no ano de 2012. Os dados estão no relatório Meio Ambiente Saudável, Povo Saudável (Healthy Environment, Healthy People, em inglês), lançado esta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) durante a 2ª Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unea), em Nairóbi, no Quênia, que terminou na sexta-feira (27).

 
O Pnuma ressalta que as diferenças regionais dessas mortes são grandes, indo de 11% nos países europeus que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e chegando a 28% no Sudeste Asiático. As principais causas evitáveis de morte que o Pnuma cita como ligadas ao ambiente são as doenças diarreicas, lesões causadas por atividades de risco ou situação de moradia insalubre, asma, malária, lesões de trânsito, infecções respiratórias, obstrução pulmonar crônica, doenças cardiovasculares, cânceres e doenças músculo-esqueléticas causadas por estresses e posturas incorretas no trabalho e atividades domésticas.

 
 
Poluição do ar
A principal causa de morte por degradação ambiental, segundo o Pnuma, é a poluição do ar, responsável por 7 milhões de falecimentos por ano. O professor Luiz Maia, do departamento de meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em monitoramento da qualidade do ar, destaca que o problema é considerado uma emergência de saúde global, no momento em que o sistema do Rio de Janeiro está desligado.

 
“A gente precisa manter essa rede de monitoramento funcionado para gerar dados, haver estudos epidemiológicos. Por exemplo, a correlação, com a mortalidade é pouco conhecida no Brasil. Estudos de problemas respiratórios são feitos em todo o Brasil, mas mortalidade é uma coisa mais restrita porque há  dificuldade da informação. A qualidade da informação de mortalidade não é tão satisfatória para se fazer uma intercomparação com os dados gerados de qualidade do ar”.

 
De acordo com ele, o monitoramento é o primeiro passo para a gestão do problema, onde serão identificadas as causas da poluição para, a partir daí, serem elaboradas políticas públicas de mitigação. “Primeiro a gente precisa entender bem como funciona o problema de poluição do ar, para depois fazer como a Alemanha fez, que tinha uma rede enorme por todo o país. Eles mediram sistematicamente, constataram que determinados lugares não apresentavam determinados poluentes e otimizaram a rede, tirando de alguns lugares e levando para outros. Tudo o que está sendo medido é específico de acordo com a necessidade de cada lugar”.

 
O professor alerta que a população em geral é passiva quanto ao problema da poluição do ar e não percebe de imediato o mal que ela pode causar no médio ou longo prazo: “Falta à população a sensibilidade e a percepção de que está exposta a um ambiente insalubre. A gente vive normalmente, às vezes o ar incomoda, irrita um pouquinho, irrita a pele, suja a roupa, dá um desconforto, mas é um indicativo de poluição. É um efeito cumulativo e eu constatei em palestras que mais de 90% de todos os públicos, de estudantes a doutores, não tem essa percepção. Então fica complicado”.

 
Para Maia, o Brasil também precisa modernizar a sua legislação no que diz respeito aos indicadores de poluição, já que a regulamentação seguida no país é de 1990 (Resolução Conama 03/90) e desde então a Organização Mundial de Saúde (OMS) reviu para baixo os valores para considerar boa a qualidade do ar, com base em estudos epidemiológicos.

 
“As referências que nós temos aqui no Brasil são de uma média de 150 microgramas por metro cúbico para material particulado inalável em 24 horas. Mas a recomendação de curto prazo da OMS já é de 50 microgramas. Então, os níveis são mais restritivos. Por isso, há que se buscar uma condição para que haja o enquadramento dos níveis de qualidade do ar pelo menos às metas de curto prazo da OMS, porque isso é uma garantia de que haverá um mínimo impacto e efeito negativo na saúde da população”.

 
O relatório do Pnuma aponta que a implementação de medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa pode salvar a vida de 2,4 milhões de pessoas por ano até 2030.

Fonte: EcoDebate

Pesquisa investiga o manejo sustentável em território caiapó

sexta-feira, 3 de junho de 2016


A aldeia A’Ukre, uma das 19 existentes no território indígena caiapó, localizado no sul do Pará, foi escolhida como uma espécie de laboratório socioambiental para um estudo sobre o uso coletivo da terra e o manejo dos recursos naturais na Floresta Amazônica.

A pesquisa, intitulada “Governance of land-use change: a collaboration to understand the impacts of institutional arrangements on Amazonian forest resource use” e coordenada no Brasil por Patricia Fernanda do Pinho, tem apoio da FAPESP e da University of Michigan, Estados Unidos.

“Decidimos estudar o território indígena caiapó porque ele é uma vasta ilha de floresta preservada em meio a um mar de paisagens degradadas, sofrendo enorme pressão da pecuária extensiva, da exploração madeireira, da mineração e da crescente expansão da agricultura da soja”, disse Pinho.

“Nosso objetivo foi entender como essa comunidade indígena orgulhosa e aguerrida consegue proteger seus recursos naturais ameaçados, promovendo a sustentabilidade e a manutenção de biodiversidade e contribuindo para a mitigação das adversidades climáticas”, acrescentou.

Professora visitante no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), Pinho é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Carlos e doutorada em Ecologia Humana pela University of Califórnia-Davis.

O projeto de pesquisa faz parte da plataforma internacional da International Forestry Resources and Institutions (IFRI), rede de 14 centros coordenada pela University of Michigan, dedicada ao estudo da governança de recursos de uso comum, como florestas e áreas pesqueiras.

“A finalidade da IFRI é capacitar os usuários desses recursos e os agentes do poder público a definir e implementar políticas baseadas em evidências. A ideia foi aplicar o protocolo de pesquisa desenvolvido pela rede na aldeia A’Ukre e, com base nele, promover um levantamento que, até então, era inédito nas comunidades indígenas existentes no Brasil, considerando variáveis ecológicas, econômicas e sociais, e comparando os dados locais com a escala global definida a partir dos dados colhidos em outros países”, explicou Pinho.

Antes de a pesquisa ter início, a comunidade indígena e as organizações não governamentais que trabalham com os caiapós foram consultadas, para saber se tinham interesse e aprovavam o estudo.

“Conseguimos a aceitação da comunidade indígena e iniciamos a implementação do protocolo da IFRI sobre as estratégias locais de manejo dos recursos. Os resultados foram sintetizados no artigo “Characterizing sustainable community-based forest management: the case of the Kayapó indigenous people in Brazilian Amazonia”, que será publicado em breve por revista especializada”, informou a pesquisadora.

“Um dos resultados relevantes foi a promoção de um curso de capacitação para moradores da aldeia A’Ukre, de modo que eles mesmos possam fazer a coleta dos dados científicos que os ajudem a controlar e manejar os recursos disponíveis em seu território”, disse.

“São dados como os diâmetros das árvores, as alterações observadas na estrutura das folhas e na qualidade dos frutos, a quantidade de castanhas produzida por cada árvore, a abundância de espécies de pássaros que atuam como dispersores de sementes, os preços de venda da produção para os atravessadores que as revendem ao mercado externo.



Isso tudo com avaliações sazonais, considerando as quatro estações da região amazônica: enchente, cheia, vazante e seca. Outros dados importantes a serem monitorados são variáveis hidrológicas, como o volume do rio, que constitui o único meio viável para o escoamento da produção e tem sido ao longo dos últimos anos afetado pelas mudanças climáticas na região”, detalhou a pesquisadora.

Invasões frequentes

Os caiapós já há alguns anos concentram esforços na exploração da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), buscando beneficiar-se também de outros produtos da biodiversidade da região, como a semente da árvore cumaru (Dipteryx odorata), valorizada por seu aroma, sabor e propriedades medicinais.

A extensão territorial do território caiapó –1,1 milhão de hectares – constitui um grande trunfo para os indígenas, pela abundância de recursos naturais disponíveis. Mas também um grande desafio, devido à dificuldade de controle. De fato, nessa escala, só é possível detectar invasões por meio de monitoramento aéreo ou por satélite. E as invasões são frequentes.

“Porém, a despeito de estarem cercados por latifúndios voltados para a exploração econômica imediatista e predatória e sujeitos a vários tipos de violência, os caiapós têm conseguido manter sua autonomia perante todos esses desafios”, enfatizou Pinho.

A população é constituída por aproximadamente 7 mil pessoas, distribuídas em aldeias com 200 a 500 habitantes, situadas ao longo dos principais rios que cortam o território.

As aldeias são tão espaçadas que o deslocamento de uma a outra demanda às vezes vários dias de viagem. Isso cria uma grande descentralização decisória, fazendo com que cada aldeia goze de ampla autonomia. Por outro lado, reforça os vínculos existentes entre os moradores de cada aldeia.

O acesso difícil e perigoso conta pontos a favor da preservação da área. Bem como a fama de valentia dos caiapós, que várias vezes se mostraram implacáveis com os intrusos que ousaram invadir suas terras.

“Também de grande importância é o fato de que o retorno econômico proporcionado pelos manejos tradicionais não constitui sua prioridade. Mas, sim, o que poderíamos definir como ‘bem-estar socioambiental’. É importante destacar esses elementos para que sirvam de lição a outros grupos, não só indígenas, que dependem do gerenciamento de áreas protegidas”, concluiu Pinho.


Fonte: Fapesp

Veja quem está passeando tranquilamente pelo Parque Nacional do Iguaçu.

https://www.facebook.com/fundacaogrupoboticario/videos/1225941547416085/


Este que você vê no vídeo, passeando pelo Parque Nacional do Iguaçu, é o maior mamífero terrestre do Brasil. Já conseguiu adivinhar o nome? É a anta! Infelizmente, este animal encontra-se em estado vulnerável, mas a sua presença varia de acordo com a região do país. Na Caatinga, por exemplo, ela já foi considerada regionalmente extinta. As antas costumam viver próximas de rios e são ótimas nadadoras.


-0:05


Roça Sem Fogo se difunde no estado do Pará

sexta-feira, 3 de junho de 2016

, por Raimundo Nonato Brabo Alves e Moisés de Souza Modesto Junior

Transamazônica e sistematizada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental vem mais ultimamente se difundindo na Amazônia e até mesmo na região Nordeste com denominação de roça orgânica.



A ROÇA SEM FOGO é uma tecnologia simples de preparo de área utilizando ferramentas manuais que valoriza a biomassa das capoeiras e a matéria orgânica dos solos. Esse processo pode ser utilizado pela maioria dos agricultores familiares em pequenos roçados que predominam na Amazônia e em outras regiões para produção de mandioca, feijão, milho, arroz e na sequência para a instalação de pequenos pomares ou sistemas agroflorestais, com altos benefícios para o meio ambiente


Em substituição ao uso do fogo no cultivo da mandioca, utiliza-se a tecnologia da ROÇA SEM FOGO no preparo de área e as recomendações técnicas do TRIO DA PRODUTIVIDADE NA CULTURA DA MANDIOCA, que se trata de uma tecnologia de orientação de processos de cultivo para os mandiocultores que vem se demonstrando promissora na elevação da produtividade na cultura da mandioca.


Mais uma experiência de implantação dessas tecnologias, ocorreu no município de Baião, localizado na região do Baixo Tocantins no Estado do Pará. Nove técnicos da Emater e Prefeitura Municipal de Baião em conjunto com 19 agricultores implementaram o passo-a-passo dos dois processos tecnológicos em um roçado de 1 ha em parceria com o SEBRAE, resultando nas seguintes produtividades de mandioca, conforme os diferentes tratamentos:
A maior produtividade foi obtida com a aplicação de fosfato natural reativo com 36,31 t/ha, seguida do tratamento com calcário+fosfato natural que atingiu 35,22 t/ha. O tratamento testemunha (Trio da Produtividade), mesmo sem fertilizantes, produziu 18,44 t/ha de raiz de mandioca, 65% acima da média do município.



No trabalho foram feitas as análises financeiras dos tratamentos indicando que todos foram viáveis. A melhor relação benefício/custo (B/C) foi com a aplicação de fertilizante químico com 1,40, significando que para cada R$ 1,00 aplicado no sistema, retorna na colheita e beneficiamento de farinha R$ 1,40. Se a preferência for por uma roça orgânica, com aplicação de rocha fosfatada a relação B/C foi de 1,39 e com calcário 1,32.



Interessante que com o aproveitamento da manipueira como adubo, um líquido que é rejeitado do processamento da mandioca mais é rico em nutrientes, a relação benefício/custo foi de 1,36, superior ao obtido com calcário.



Na roça sem fogo os recursos da capoeira são maximizados e um produto econômico de grande importância energética extraído foi o carvão vegetal, com a produção de 500 sacos por ha comercializados a R$ 1.500,00. Todas as espécies de interesse econômico e valor agregado foram preservadas na área de cultivo, além da ciclagem da biomassa que com o tempo disponibiliza ao solo N, P, K, Ca e Mg, nutrientes essenciais para a nutrição da mandioca.


Para maiores detalhes ler o artigo:


Produção de Mandioca em Roça Sem Fogo no Trio da Produtividade com Aplicação de Fertilizantes e Manipueira no Município de Baião, Estado do Pará
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1045532/1/COMUNICADOTECNICO275.pdf
Raimundo Nonato Brabo Alves1, M.Sc.; Moisés de Souza Modesto Júnior2
1 Eng. Agrôn. M.Sc. em Agronomia. Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n,, Caixa Postal, 48, CEP 66095-100, Belém, Pará. e-mails: brabo@cpatu.embrapa.br
2 Eng. Agrôn. Especialista em Marketing e Agronegócio. Analista da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: moises@cpatu.embrapa.br
Fonte: EcoDebate

Clima: Meta de recuperar floresta custa até R$ 52 bi

sexta-feira, 3 de junho de 2016


Investimento é para restaurar 12 milhões de hectares até 2030, conforme plano anunciado pelo Brasil para o Acordo de Paris; cumprir objetivo pode gerar até 215 mil empregos, diz Instituto Escolhas

do Observatório do Clima

Em setembro do ano passado, quando lançou a meta brasileira para o Acordo de Paris, a presidente Dilma Rousseff foi questionada por jornalistas sobre o custo de implantação de uma das medidas anunciadas no plano, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Dilma respondeu com a candura habitual: “Se alguém tiver esse cálculo complexo de quanto vamos gastar, me passe”. Está na mão, presidente. Cumprir a meta custará, em 14 anos, algo entre R$ 31 bilhões e R$ 52 bilhões.

Os números foram produzidos pelo Instituto Escolhas, como parte de um pacote de estudos sobre o financiamento das metas climáticas brasileiras. Eles foram divulgados nesta quinta-feira pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que encomendou as contas ao Escolhas e à Fundação Getúlio Vargas.

A meta de 12 milhões de hectares de restauração, regeneração e replantio é uma das principais medidas anunciadas pelo Brasil para cumprir a INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida), segundo a qual o Brasil se compromete a cortar 37% das emissões em 2025 e 43% em 2030 em relação a 2025. O número deriva do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, o Planaveg, e corresponde a cerca de metade do passivo florestal que precisa ser restaurado no Brasil segundo o novo Código Florestal.

Até agora, porém, não havia estimativa do custo do cumprimento dessa medida. O setor produtivo tem dito que a meta é ambiciosa demais, uma vez que os custos de recuperação de um hectare de floresta nativa podem ultrapassar facilmente os R$ 25 mil na Mata Atlântica – e o país precisa reflorestar o equivalente a uma Inglaterra.

O estudo do Escolhas, coordenado pelos físicos Shigueo Watanabe Jr. e Roberto Kishinami, buscou destrinchar esses custos considerando que a recuperação seria feita nas áreas de reserva legal, que podem ser exploradas economicamente pelos produtores rurais (extraindo madeira, por exemplo), e apenas na Amazônia e na Mata Atlântica. Também foi considerado que o plantio de espécies nativas pode ser feito em consórcio com espécies exóticas como o eucalipto, algo permitido pelo Código Florestal.

Eles testaram um modelo econômico seguindo proporções diferentes de regeneração natural, plantio direto de nativas e exóticas e o chamado “adensamento e enriquecimento”, ou o plantio seletivo de espécies nativas de interesse comercial.

A conta mais barata, de R$ 31 bilhões, considera que 60% da área a recuperar será regenerada naturalmente – algo que diminui a possibilidade de ganho econômico dos produtores. O valor mais alto surge com 40% de regeneração, 30% de plantio e 30% de adensamento.

Se R$ 52 bilhões parecem muito dinheiro, Watanabe relativiza: em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele lembra que o dinheiro seria investido em 14 anos e que, só neste ano, o Plano Safra – o crédito à agropecuária – deve chegar a R$ 200 bilhões.
Além disso, o cumprimento da meta criaria um novo setor na economia brasileira, o de recuperação florestal, que poderia gerar até R$ 6,4 bilhões em impostos no período e 215 mil empregos.

“A floresta recuperada será fonte, ainda, de atividades econômicas, por meio das cadeias produtivas dos seus produtos, movimentando dezenas de bilhões de dólares nas próximas décadas”, escreveram os autores. “Com isso, o Brasil, ao contribuir para o combate às mudanças climáticas globais,
tem a possibilidade de dinamizar sua economia ao mesmo tempo em que se beneficia de efeitos como
a diminuição de sua exposição a crises hídricas.”

INVERTENDO O SINAL
Outro estudo encomendado pela Coalizão Brasil e coordenado por Mario Monzoni, do Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV, tenta calcular os custos e os benefícios da meta mais ambiciosa da INDC: recuperar 15 milhões de pastagens degradadas até 2030, considerando que outros 15 milhões deverão ser recuperados até 2020 de acordo com o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono).

A má notícia é que, considerando apenas as condições de crédito e de negócios atuais, a pecuária sustentável não é viável economicamente. A boa é que, se o país descobrir como financiar a atividade, o ganho no PIB em 2030 poderá ser de R$ 145 bilhões e mais de 6 milhões de ocupações seriam criadas. “O sucesso nas iniciativas de integração dos sistemas agropecuário e florestal e na recuperação de pastagens pode impulsionar o Brasil à posição de protagonista global da economia sustentável. É um tema importantíssimo na agenda de um país em que o agronegócio responde por 23% do PIB e por 40% das exportações”, conclui Annelise Vendramini, coordenadora de pesquisa em clima e finanças sustentáveis no GVCES.

“O alcance das metas indica uma inversão do sinal de carbono do setor agropecuário no período de 15 anos. O ganho ambiental pode ainda potencializar a competitividade do Brasil diante das exigências de mercados internacionais que buscam uma oferta de carne com sua pegada neutralizada”, afirma o estudo.

Fonte: Envolverde

Criado o primeiro mapa-mundi de águas subterrâneas

quinta-feira, 2 de junho de 2016


Com a crescente demanda global por água – especialmente tendo em vista as mudanças climáticas – este estudo fornece informações importantes para os gestores de recursos hídricos e desenvolvedores de políticas, bem como para pesquisas de campo, na hidrologia, ciência atmosférica, geoquímica e oceanografia.

A equipe, liderada por Tom Gleeson, da Universidade de Vitória, no Canadá, usou vários conjuntos de dados (incluindo dados de perto de um milhão de bacias hidrográficas) e mais de 40.000 modelos de águas subterrâneas para compor o mapa-múndi das águas subterrâneas.

O mapa ilustra o qual seria a profundidade, se pegássemos toda a água subterrânea moderna e a colocássemos por cima do continente.

Os cálculos estimam um volume total de cerca de 23 milhões de quilômetros cúbicos de água subterrânea.

Para comparação, se fosse possível retirar essa água e depositá-la sobre a parte seca da Terra, ela poderia produzir um dilúvio que cobriria todos os continentes com uma profundidade de 180 metros – ou poderia elevar os níveis do mar em 52 metros se fosse espalhada sobre o globo inteiro.

Idade das águas

Do total das águas subterrâneas da Terra, apenas cerca de 0,35 milhão de quilômetros cúbicos é mais jovem do que 50 anos de idade.

Essa fração de “água jovem” recarrega-se através das chuvas e dos cursos d’água em uma escala temporal de algumas décadas, representando assim a parte potencialmente renovável das águas subterrâneas. Segundo Gleeson, as águas mais profundas são salgadas demais, isoladas e estagnadas, e deveriam ser vistas como recursos não-renováveis.

O volume da água subterrânea moderna supera todos os outros componentes do ciclo hidrológico ativo e é um recurso renovável. Contudo, como está mais perto das águas de superfície e se move mais rapidamente do que as águas subterrâneas antigas, ela é também mais vulnerável às alterações climáticas e à contaminação por atividades humanas.

Entenda como ocorre a contaminação:



Fonte: Fapesp

Mundo cheio e decrescimento, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

sexta-feira, 3 de junho de 2016


“É triste pensar que a natureza fala e que o ser humano não a ouve”
Victor Hugo

“Por mim ficaria contente se todos os prados do mundo ficassem em estado selvagem
como consequência das iniciativas dos homens para se redimirem”
Henry Thoreau


A economia depende da ecologia e não o contrário. Mas nos últimos 250 anos o crescimento demoeconômico ultrapassou todos os limites do razoável e não respeitou nada. O ser humanou ocupou e dominou todos os cantos do planeta, seja na terra, na água ou no ar. Não há mais áreas intocadas. Nenhum espaço e nenhuma espécie está livre da egoística presença humana.


Existe um “imperialismo” de homens e mulheres sobre a vida mineral, vegetal e animal do Planeta. O ser humano criou, progressivamente, um processo sistemático de colonização, domesticação, dominação e exploração da natureza livre. A humanidade se apropriou dos recursos naturais e revolveu o solo e o subsolo extraindo minério de ferro, bauxita, cobre, nióbio, manganês, quartzo, ouro, etc. Avançou sobre as florestas e desmatou milhões de hectares de matas virgens e indefesas.


Represou, enterrou e poluiu os rios. Abusou dos fertilizantes e agrotóxicos, ampliando os níveis de fosfatos e nitratos, o que provoca o acúmulo de matéria orgânica em decomposição e a eutrofização dos solos e das águas. Ocupou amplas extensões de terra a serviço da agricultura e da pecuária.


Áreas verdes viraram desertos e, em alguns casos, a diversidade biológica das matas foram convertidas em desertos verdes pela monocultura extrativista. Bilhões de seres ingênuos e indefesos foram escravizados, passando a vida confinados e sofrendo na engorda e na morte, para satisfazer o insaciável apetite humano.


Em busca de energia extrassomática, a economia queimou, em pouco mais de um século, os recursos fósseis que a natureza gastou milhões de anos para produzir e liberou o CO2 que foi acumulado no solo e nos oceanos, gerando acidificação, e na atmosfera, agravando o efeito estufa e o aquecimento global.


Nos próximos 100 anos a temperatura da Terra pode atingir um nível superior ao alcançado nos últimos 5 milhões de anos. Isto vai provocar o aumento do nível dos oceanos ameaçando a vida costeira e a atual integridade dos litorais. O ser humano alterou não somente a química da biosfera, mas influiu nas correntes marítimas e no fluxo dos ventos.


Com isto cresce o perigo dos super-furacões, dos ciclones, das inundações, das secas e dos eventos climáticos extremos. Uma em cada cinco espécies de plantas do mundo está em risco de extinção. Nunca as mudanças físicas da Terra passaram por uma mudança tão rápida e tão negativa para a saúde dos ecossistemas e a vida selvagem. A humanidade ampliou exageradamente as áreas ecúmenas e reduziu perigosamente as áreas anecúmenas.

Herman Daly (2014), no diagrama abaixo, mostra que a economia é um subsistema aberto que está dentro de uma ecosfera que é finita, não cresce e é materialmente fechada (embora receba energia vinda do sol).



Quando a economia cresce, em termos físicos, incorpora matérias e energia da ecosfera para dentro de si própria. Pela 1ª Lei da Termodinâmica, há um desvio do uso natural dos materiais e energia para o uso antrópico. Assim, cria-se um óbvio dilema físico entre o crescimento da economia e a preservação do meio ambiente.



Não dá para o subsistema crescer mais do que o sistema. Para conciliar a economia com a ecologia é preciso caminhar para um Estado Estacionário (como definiu John Stuart Mill, em 1848). Na primeira figura a economia cresce de maneira desregrada e tende a destruir o meio ambiente, o que leva à destruição da própria economia.


Na segunda figura a economia diminui rapidamente e, no limite, pode zerar sua presença na biosfera. Na terceira figura existe um equilíbrio entre a economia e a ecologia, com uma taxa de transferência equilibrada, com o uso de recursos materiais e energia sendo capazes de serem reciclados de forma a diminuir a entropia.


O crescimento das atividades antrópicas nos últimos 250 anos mudou a correlação de forças no Planeta, aumentando a proporção da presença humana (planeta cheio) e diminuindo a proporção das demais espécies e da biocapacidade (planeta vazio). Herman Daly mostra que o crescimento econômico está ficando deseconômico e a natureza degradada já não fornece tantos serviços ecossistêmicos.


A solução atual passa pelo decrescimento das atividades humanas até o ponto que haja um equilíbrio sustentável entre a pegada ecológica e a biocapacidade. Portanto, é preciso reduzir a dimensão do modelo “extrai-produz-descarta”, para que as atividades antrópicas caibam dentro das Fronteiras Planetárias e para estabelecer um “espaço seguro e justo para a humanidade”, respeitando os ecossistemas e o equilíbrio entre as áreas ecúmenas e anecúmenas. Tudo na natureza tem valor de existência intrínseco. O Planeta não pode ser banalizado pela racionalidade instrumental da sociedade anônima que precifica todos os “bens” ecossistêmicos.


O mundo cheio precisa decrescer até atingir o Estado Estacionário, para alcançar convivência respeitosa entre os humanos, as espécies não-humanas e tudo que é inumano, mas tem direito à existência.


Referências:
ALVES, JED. O crescimento das atividades antrópicas e o fluxo metabólico entrópico. Ecodebate, RJ, 10/06/2015
ALVES, JED. Dia Mundial do Meio Ambiente: vergonha de ser humano. Ecodebate, RJ, 04/06/2014
Damian Carrington. One in five of world’s plant species at risk of extinction, The Guardian, 10/05/2016
“Cowspiracy: o segredo da sustentabilidade”, Kip Andersen e Keegan Kuhn, 2014
Home, Yann Arthus-Bertrand, 2009
Herman Daly, Economics for a full world, 2014
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate

O lado macabro da ciência.Cientistas criam órgãos humanos em porcos para transplante

BBC06/06/2016 15h00 - Atualizado em 06/06/2016 15h04


Pesquisadores americanos injetam células-tronco humanas em embriões de suínos para produzir embriões híbridos apelidados de 'quimeras'.

Fergus WalshDa BBC

Cientistas nos Estados Unidos estão fazendo experimentos para gerar órgãos humanos em porcos.

Em experimentos na Universidade da Califórnia (UC), em Davis, à qual a BBC teve acesso, os pesquisadores injetam células-tronco humanas em embriões de suínos para produzir embriões híbridos apelidados de "quimeras".
Células-tronco humanas são injetadas em embriões de porco - as células podem ser vistas no tubo à direita  (Foto: Ross/UC Davis)Células-tronco humanas são injetadas em embriões de porco - as células podem ser vistas no tubo à direita (Foto: Ross/UC Davis)
 
O termo é uma referência à mitologia grega, em que as quimeras são monstros híbridos de diversos animais - parte leão, cabra ou serpente, por exemplo.

Porém, os pesquisadores esperam que as suas "quimeras" humano-suínas tenham a aparência e o comportamento normais de porcos, exceto pelo fato de que terão um órgão composto de células humanas.

As pesquisas têm por objetivo solucionar a falta de órgãos humanos para transplante.

Criando 'quimeras'
A criação das quimeras ocorre em duas partes. No experimento da UC, os cientistas removem o gene de um embrião recém-fertilizado de porco que levaria ao desenvolvimento do pâncreas no feto.

Isso é feito aplicando-se uma técnica de edição genética (CRISPR). O resultado é um "nicho genético" na estrutura genética do embrião animal.

Células-tronco humanas (iPS), capazes de se desenvolver como qualquer tecido no corpo, são então injetadas no embrião suíno.

Os pesquisadores esperam que as células-tronco humanas ocupem o nicho genético no embrião de porco e gerem um pâncreas com tecido humano no feto.

Os fetos se desenvolvem em fêmeas de porco durante 28 dias - o período completo de gestação é cerca de 114 dias. Após isso, as gravidezes são interrompidas e o tecido é removido para análise.

Polêmica
"Esperamos que o embrião de porco se desenvolva normalmente, mas o pâncreas será feito quase exclusivamente de células humanas e será compatível com o de pacientes esperando transplantes", disse à BBC o coordenador da pesquisa, o biólogo reprodutivo Pablo Ross.
Em experimentos passados, a equipe de pesquisadores injetou células-tronco humanas em embriões de porco sem criar antes o nicho genético.

Pablo Ross explica que, embora eles tenham depois encontrado células humanas em diversas partes do corpo do feto, essas células tinham "dificuldade de competir" com as células suínas.

Ao apagar um gene crucial no desenvolvimento do pâncreas do porco, os pesquisadores esperam poder contornar esse desafio.

A pesquisa é polêmica. No ano passado, a principal agência americana de pesquisa médica, National Institutes of Health, suspendeu o financiamento de experimentos semelhantes até que surjam mais informações sobre suas potenciais implicações.

A principal preocupação é que as células humanas migrem para o cérebro dos porcos ao longo do processo, tornado-os, de certa forma, mais humanos.

"Achamos que existe um potencial muito pequeno de crescimento de um cérebro humano", disse Pablo Ross, "mas isto é algo que investigaremos."


'Incubadora biológica'
Outras pesquisas nos EUA estão trabalhando com quimeras híbridas de humano e suíno. Nenhuma permite o desenvolvimento do feto até o fim.

Walter Low, professor do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Minnesota, diz que os porcos são "incubadoras biológicas" ideais para gerar órgãos humanos, e poderiam ser usados não apenas para gerar pâncreas, mas corações, fígados, rins, pulmões e córneas.

Ele diz que no futuro os cientistas poderiam tirar as células-tronco de um paciente na fila do transplante e injetá-las em um embrião de porco com a relevante informação genética apagada, como a referente ao fígado.

"O órgão seria uma cópia genética exata do fígado humano, só que muito mais jovem e saudável e não seriam necessárias tantas drogas imunossupressoras (que tentam evitar a rejeição de um órgão transplantado pelo corpo), que têm efeitos colaterais."

Mas ele salientou que sua pesquisa, que usa outra forma de edição genética chamada TALEN, ainda está em estágio preliminar, à procura de identificar os genes que precisam ser removidos para evitar que os porcos desenvolvam certos órgãos em particular.

Seus pesquisadores também estão tentando criar neurônios humanos a partir de embriões de porco para tratar pacientes com doença de Parkinson. Estes embriões se desenvolvem durante 62 dias.

Assim como seus colegas na Califónia, Walter Low diz que sua equipe está monitorando os efeitos da pesquisa no cérebro dos porcos.

"Com cada órgão, vamos olhar para o que está acontecendo no cérebro, e se estiver parecendo muito humano, não deixaremos os fetos nascerem."

Sofrimento animal
A edição genética, imbuída nas novas técnicas, está revitalizando a pesquisa dos chamados xenoenxertos e o conceito de usar animais para produzir órgãos humanos.

Na década de 1990, muitos esperavam que porcos geneticamente modificados pudessem suprir a demanda por órgãos humanos para transplante. Acreditava-se que os transplantes entre espécies fosse se tornar uma realidade em pouco tempo.

Testes clínicos foram interrompidos por temores de que os humanos fossem infectados por vírus animais.

Entidades que pedem o fim da criação em larga escala de animais para fim de consumo se disseram preocupadas com as novas pesquisas.

"Fico nervoso de pensar em uma nova fonte de sofrimento animal sendo aberta", disse Peter Stevenson, da organização Compassion in World Farming (Compaixão na Pecuária Mundial).

"Devemos primeiro aumentar o número de doadores humanos. Se ainda assim houver escassez de órgãos, podemos considerar usar os porcos, mas desde que comamos menos carne, para não elevar o número de porcos sendo usados para fins humanos", defendeu.

Arquitetos alemães querem produzir no Brasil fachada que filtra poluição do ar

BBC05/06/2016 10h35 - Atualizado em 05/06/2016 10h37


Feito com nanotecnologia, material está sendo empregado em vários países, mas enfrenta burocracia para ser trazido ao Brasil, dizem seus criadores.

Clarissa NeherDe Berlim para a BBC Brasil
Fachada inteligente foi construída em frente a um hospital na Cidade do México para amenizar poluição local (Foto: Alejandro Cartagena)Fachada inteligente foi construída em frente a um hospital na Cidade do México para amenizar poluição local (Foto: Alejandro Cartagena)
 
Em busca de soluções para reduzir a poluição atmosférica, uma dupla de arquitetos de Berlim desenvolveu uma fachada inteligente que purifica o ar e criou um material de construção que ajuda a reduzir os níveis de gases do efeito estufa.

Ambas as tecnologias poderiam ajudar a solucionar problemas de muitas cidades brasileiras. Porém, uma tentativa de construir uma fachada antipoluição no Brasil já fracassou devido à burocracia.

Criada pelos arquitetos Allison Dring e Daniel Schwaag, a fachada Prosolve começou a ganhar destaque em 2008, quando seu protótipo foi exposto no pavilhão da Alemanha na Bienal de Arquitetura.

Em 2013, os arquitetos entregaram o primeiro grande projeto com esse sistema: uma fachada de 2,5 mil m² construída em frente a um hospital na Cidade do México. A ideia era melhorar a qualidade do ar em torno do local.

O sistema Prosolve contém um revestimento feito de uma nanoestrutura de dióxido de titânio. Ao ser ativado pela luz solar, esse revestimento funciona como um filtro, neutralizando óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis que entram em contato com sua superfície. O formato dos módulos auxilia na potencialização desse efeito.

Com o sucesso do projeto no México, apareceram interessados em levar a fachada para Brasil, segundo Schwaag. Para isso, porém, seria necessário importar os módulos produzidos na Alemanha, mas isso acabou se tornando um empecilho.

"Havia um grande interesse de construir uma fachada no Rio de Janeiro, mas, no decorrer das conversas, surgiu a dúvida se o material seria liberado pela alfândega e também quanto tempo duraria essa avaliação local, o que poderia gerar custos muito altos", diz o arquiteto. Assim, a tentativa não saiu do papel.

Schwaag acredita que a melhor maneira para levar essa tecnologia ao Brasil seria encontrar um parceiro local para produzir os módulos. "Dessa forma, também estaríamos contribuindo com a economia do país e criando empregos", ressalta.

Ar mais limpo
De acordo com Schwaag, a fachada poderia melhorar a qualidade do ar em bairros de grandes cidades brasileiras, ao serem instaladas em pontos onde há grande produção de poluição, por exemplo, próximo de grandes avenidas ou cruzamentos movimentados.
A tecnologia não é interessante só para o Brasil. A poluição atmosférica é um problema global. Em um relatório divulgado em meados deste mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que ela causa mais de 3 milhões de mortes prematuras por ano.


E, por ser um problema global, o escritório berlinense tem clientes em vários países. Atualmente, os arquitetos desenvolvem fachadas para o Chile e a Índia, além de outros países asiáticos e do norte África. Schwaag diz que seus clientes buscam uma solução estética e sustentável para melhorar a qualidade do ar. Curiosamente, não há nenhum projeto da Prosolve na Alemanha.


"Falta coragem, ou melhor, disposição de admitir que vivemos em cidades poluídas na Alemanha", opina o arquiteto. Ele acredita que a existência da Prosolve em frente a uma construção revela que o ar é poluído na região, problema que os alemães se recusam a reconhecer. "Colocar a solução é admitir o problema."

Schwaag afirma que os preços das fachadas variam de acordo com tamanho, taxas locais de importação e qualidade do material usado na fabricação dos módulos.
Atualmente, a base dos módulos é composta de plástico, mas os arquitetos de Berlim estão desenvolvendo um material para tornar a Prosolve mais sustentável e auxiliar no combate aos impactos do aquecimento global.

'Made from Air'
Após alguns anos de pesquisa, Dring e Schwaag apresentaram no ano passado um protótipo do "Made from Air" ("Feita de Ar", em tradução livre), uma fachada feita com o HexChar, material de construção feito com uma tecnologia que retira carbono da atmosfera e produzido a partir de resíduos de biomassa.

Metade do HexChar é composto por carbono atmosférico. "Transformamos o gás em carvão. Para cada tonelada produzida desse material, prensamos uma tonelada de dióxido de carbono", ressalta Schwaag.

A técnica de retirar dióxido de carbono da natureza ao evitar que gases do efeito estufa de resíduo de biomassa sejam lançados na atmosfera e transformá-los em produtos é um dos métodos defendidos por especialistas em clima para reduzir os impactos do aquecimento global, sendo inclusive recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.

Dring e Schwaag ainda trabalham no aperfeiçoamento do HexChar, que atualmente é usado apenas em fachadas. A ideia é desenvolver a tecnologia para a produção dos módulos da Prosolve, além de criar um material para ser utilizado na construção de casas completas.
No futuro, os arquitetos pretendem produzir o HexChar onde essas fachadas e as futuras casas serão construídas. "Estamos procurando produtores de biomassa para fabricar localmente esse material, como, por exemplo, no Brasil

Filhotes de tigre são achados mortos em congelador de templo tailandês

1/06/2016 11h47 - Atualizado em 01/06/2016 11h47


São 40 carcaças dos animais encontrados nesta quarta-feira.


Autoridades desconfiam que traficantes esconderam animais de fiscais.

Reuters
imagens fortes (Foto: Arte G1)
Autoridades responsáveis pela vida selvagem da Tailândia encontraram 40 carcaças de filhotes de tigre em um congelador no Templo do Tigre tailandês nesta quarta-feira (1º). No local, também foram encontrados animais vivos.


Os investigadores desconfiam que os tigres foram mortos por medo da fiscalização - nos últimos tempos, aumentou a pressão internacional decorrente da suspeita de tráfico e abuso de animais.

O templo budista da província de Kanchanaburi, situado a oeste de Bangcoc, se tornou um destino turístico no qual os visitantes tiram selfies com tigres bebês alimentados com mamadeiras.

O local, no entanto, vem sendo investigado por sua suposta ligação com o tráfico e o abuso de animais selvagens. Partes dos corpos dos tigres são usados na medicina chinesa tradicional.

Uma operação iniciada na segunda-feira (30) foi o lance mais recente de um cabo de guerra que se desenrola desde 2001 para que os tigres fiquem sob controle estatal.

Os 40 filhotes mortos foram encontrados na área da cozinha, informou Adisorn Nuchdamrong, vice-diretor-geral do Departamento de Parques Nacionais. "Eles devem ter algum valor para o templo mantê-los, mas se têm é algo além da minha compreensão", completou.
Autoridades suspeitam que tigres seriam alvo de tráfico (Foto: Reuters)Autoridades suspeitam que tigres seriam alvo de tráfico (Foto: Reuters)
Os 40 filhotes foram encontrados dentro de congelador  (Foto: Reuters)Os 40 filhotes foram encontrados dentro de congelador (Foto: Reuters)
 

Se não é bom para quem respira, como pode ser bom para quem come?

Suspenso julgamento sobre lei que regulamenta a vaquejada no CE

O STF retomou nesta quinta-feira, 2, o julgamento de ADIn na qual a PGR pede a declaração de inconstitucionalidade de lei estadual do CE (lei 15.299/13) que regulamenta a prática da vaquejada no Estado. Até o momento, há quatro votos pela inconstitucionalidade da lei (ministros Marco Aurélio, Barroso, Rosa Weber e Celso de Mello) e quatro votos pela constitucionalidade (ministros Fachin, Gilmar Mendes, Teori e Fux). O julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Dias Toffoli.
Apresentado voto-vista, o ministro Luís Roberto Barroso votou pela procedência da ação. Para ele, no caso da vaquejada, a gravidade da ação contra o animal está tanto na tração e torção bruscas da cauda do boi, como também na queda dele. “A força aplicada à cauda em sentido contrário a fuga, somada ao peso do animal, evidência a gravidade da ação praticada contra o boi. Uma vez que sua cauda não é mero adereço, mas sim a continuação de sua coluna vertebral, possuindo terminação nervosa, não é difícil concluir que o animal sinta dores e padeça grande sofrimento.”
"Na vaquejada, a torção brusca da cauda do animal em alta velocidade e sua derrubada, necessariamente com as quatro patas para cima como exige a regra, é inerentemente cruel e lesiva para o animal. Mesmo nas situações em que os danos físicos e mentais não sejam visíveis de imediato, a olho nu, há probabilidade de sequelas graves que se manifestam após o evento. De todo modo, a simples potencialidade relevante da lesão já é apta a deflagrar a incidência do princípio da precaução."
Para Barroso, qualquer ser vivo com desenvolvimento neurológico e capacidade de desenvolver estados mentais pode sofrer. “A proteção dos animais contra a crueldade inscrita no capítulo constitucional dedicado ao meio ambiente atrai a incidência do denominado princípio da precaução.”
“Manifestações culturais com características de entretenimento que submetem animais a crueldade são incompatíveis com o artigo 225, parágrafo 1º, inciso 7º, da CF, quando for impossível sua regulamentação de modo suficiente para evitar práticas cruéis, sem que a própria prática seja descaracterizada.” 
No mesmo sentido, a ministra Rosa Weber concluiu que a CF/88 afirma que o Estado garante e incentiva as manifestações culturais, mas também que ele não tolera crueldade contra os animais. Para ela, a violência e a crueldade no caso da vaquejada são ínsitas.
O decano da Corte, ministro Celso de Mello, pontuou que a prática de maus tratos tem início antes mesmo de o animal ser solto na arena. Para ele, a regulamentação não possui o condão de impedir o risco permanente ao que animal fica exposto e o sofrimento que lhe é causado, na medida que a prática inclui perseguição, tração de cauda e derrubada ao solo. "Inexiste norma legal que possa alterar a realidade e a natureza desses fatos."
"Uma prática violenta, que ameaça a integridade física dos animais. Ela não deixa de ser cruel porque a lei eventualmente a classifica como prática desportiva ou cultural."
Relator
O julgamento foi iniciado em agosto do ano passado. Na ocasião, o relator, ministro Marco Aurélio, entendeu estar comprovado o maltrato contra os bovinos e a intolerável crueldade desenvolvida contra os animais, não permitindo assim a prevalência da manifestação cultural.
"Os precedentes apontam a óptica adotada pela Corte considerado o conflito entre normas de direitos fundamentais – mesmo presente manifestação cultural, verificada situação a implicar inequívoca crueldade contra animais, há de se interpretar, no âmbito da ponderação de direitos, normas e fatos de forma mais favorável à proteção ao meio ambiente, demostrando-se preocupação maior com a manutenção, em prol dos cidadãos de hoje e de amanhã, das condições ecologicamente equilibradas para uma vida mais saudável e segura."
Em seu voto, o ministro ressaltou que a PGR apresentou laudos técnicos dos prejuízos que a prática causa aos bovinos, como por exemplo descolamentos da articulação do rabo, fraturas, comprometimento da medula espinhal e dos nervos espinhais, “e posso supor sofrimento mental”, e lembrou ainda que os cavalos usados na atividade também sofrem lesões com danos irreparáveis. “A atividade de perseguir animal em alta velocidade, puxá-lo pelo rabo e derrubá-lo, sem os quais não receberia o rotulo de vaquejada, configura maus tratos."
"Inexiste a mínima possibilidade de um boi não sofrer violência física e mental quando submetido a este tratamento, a par de questões morais relacionadas ao entretenimento as custas do sofrimento dos animais bem mais sérias se compradas as que envolvem experiências cientificas e médicas, a crueldade intrínseca, a vaquejada não permite a prevalência do valor cultural como resultado desejado pelo sistema de direitos fundamentais da Carta de 1988."

Divergência
Próximo a votar, o ministro Edson Fachin abriu a divergência. Para ele, o caso precisa ser analisado sobre um olhar que alcance a advinda população rural, despindo-se de eventual visão unilateral de uma sociedade urbana. "Tal atividade constitui-se modo de criar, fazer e viver da população sertaneja."
“É preciso despir-se de eventual visão unilateral de uma sociedade eminentemente urbana com produção e acesso a outras manifestações culturais, para se alargar o olhar e alcançar essa outra realidade. Sendo a vaquejada manifestação cultural, encontra proteção expressa na Constituição. E não há razão para se proibir o evento e a competição, que reproduzem e avaliam tecnicamente atividade de captura própria de trabalho de vaqueiros e peões desenvolvidos na zona rural desse país. Ao contrário, tal atividade constitui-se modo de criar, fazer e viver da população sertaneja.”


Ao adiantar voto, o ministro Gilmar Mendes seguiu o entendimento do ministro Fachin, julgando improcedente a ação.
Na sessão de hoje, o ministro Teori Zavascki acompanhou a divergência. Ele pontuou que o Supremo não estava analisando a constitucionalidade da vaquejada e sim a constitucionalidade ou não de uma lei que regulamenta a prática e questionou: a vaquejada, se não fosse cruel, seria inconstitucional? "Me parece que a resposta é negativa". Segundo o ministro, é melhor ter uma lei que regulamenta, do que não ter nenhuma norma que cuide da prática. 


"Símbolo nordestino"
Tratada como um esporte, símbolo cultural do povo nordestino, a prática da Vaquejada, de acordo com a Associação Brasileira de Vaquejada, é uma tradição que passa de geração em geração há muitos anos. Na época dos coronéis, de acordo com a entidade, quando não havia cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos na mata, e, depois de alguns meses, peões (vaqueiros) se reuniam para juntar o gado. Alguns animais se reproduziam no mato e os filhotes, selvagens por nunca terem mantido contato com humanos, eram os animais difíceis de serem capturados. Os vaqueiros se embrenhavam na mata cerrada e perseguiam, laçavam e levavam os bois ao coronel. Foi daí que surgiu a ideia da realização da vaquejada. Atualmente, as disputas são realizadas entre várias duplas, que montadas em seus cavalos perseguem pela pista e tentam derrubar o boi na faixa apropriada para a queda, com dez metros de largura, desenhada na areia da pista com cal.
Veja a íntegra do voto do ministro Luís Roberto Barroso.
Veja a íntegra do voto do ministro Marco Aurélio.

Não quero proteger o meio ambiente