19 de Janeiro, 2017
Mapa de calor: os pontos em vermelho-escuro indicam as regiões do planeta em que as temperaturas médias foram recorde (imagem: NOAA)
Esse não foi o único recorde quebrado no último ano. Aqui estão apenas alguns:
- 2016 marcou o terceiro ano consecutivo de recorde na média da temperatura global.
- Temperaturas médias recorde foram registadas em todos os meses de janeiro a agosto (as temperaturas mensais recorde registadas para Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro ocorreram em 2015).
- 15 eventos climáticos extremos, cada um custando mais de US$ 1 bilhão, ocorreram apenas nos Estados Unidos, causando um prejuízo total de US$ 46 bilhões em danos somados.
- A extensão máxima da camada de gelo do Ártico foi a mesma de 2015, a menor registrada na história, e a extensão mínima de gelo foi mesma de 2007, a segunda mais baixa já registrada.
- 2016 foi o primeiro ano da história em que a média mensal de concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera não ficou abaixo de 400 partes por milhão (ppm). A última vez em que os níveis de gás carbônico chegaram a esta marca, os humanos ainda não existiam. Sem ações nacionais e internacionais para reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), é remota a chance de que os níveis de CO2 fiquem abaixo de 400 ppm durante nosso tempo de vida.
O aumento continuará em 2017?
De acordo com o Serviço Meteorológico do Reino Unido (UK Met Office), é improvável que 2017 quebre novamente o recorde de temperaturas médias mais altas. Uma das principais razões para essa perspectiva é a recente transição de um El Niño historicamente forte durante grande parte de 2015 e 2016 para uma corrente La Niña que espera-se que permaneça ou mude para condições neutras durante boa parte deste ano. Entre as muitas implicações, o El Niño resulta em anos tipicamente mais quentes do que a média, enquanto os anos de La Niña são mais frios do que a temperatura média global.
Isso significa que as temperaturas globais vão começar a cair nos próximos anos?
Não. El Niño e La Niña influenciam as temperaturas globais anualmente, mas foram os gases do efeito estufa induzidos pelo homem que impulsionaram o aumento das temperaturas globais nas últimas décadas. Mesmo com condições de El Niño e La Niña oscilando de tempos em tempos, dezembro de 2016 foi o 384º mês consecutivo (o equivalente a 32 anos), em que as temperaturas médias mensais globais ultrapassaram a média do século XX. Além disso, cada uma das últimas três décadas têm sido sucessivamente a mais quente registrada, e esta década está no caminho para seguir a tendência mesmo que 2017 não supere 2016 como o mais quente já registrado.
Agir é mais importante do que nunca
O fato de as atividades humanas estarem impulsionando o aumento das temperaturas globais é um consenso entre cientistas do clima e instituições científicas líderes em todo o mundo (IPCC, NCA, NASA, NOAA, WMO, NAS e UK MET Office). A temperatura mundial recorde de 2016, juntamente com os vários outros recordes recentes são lembretes de que é mais urgente do que nunca tomar medidas abrangentes sobre as mudanças climáticas.
Com o aumento das temperaturas globais, surgem impactos e riscos tangíveis. A atmosfera mais quente e o aumento do nível dos oceanos amplificam a intensidade e a frequência dos eventos climáticos extremos, ameaçando comunidades, economias e a segurança nacional. As declarações recentes do presidente americano Donald Trump, retrocedendo em planos nacionais e internacionais, preocupam em uma época em que precisamos de uma ação mais urgente.
Agora, mais do que nunca, o mundo precisa buscar tanto a mitigação quanto a resiliência para se preparar para os impactos que já são inevitáveis. Ao mesmo tempo, é necessário evitar uma piora ainda maior. Agir para combater as mudanças climáticas hoje é, além de salvar vidas, um investimento inteligente que pode economizar milhares de dólares da população ao evitar futuros danos e, ao mesmo tempo, incentivar a contrução de uma economia mais forte e limpa.
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Este texto foi escrito por C. Forbes Tompkins e originalmente publicado no site do WRI.