sexta-feira, 27 de julho de 2018

Les Echos (França) – Dans le monde, le spectaculaire ralentissement du nouveau nucléaire

Les Echos (França) – Dans le monde, le spectaculaire ralentissement du nouveau nucléaire


Selon le dernier rapport de l'AIE sur l'investissement dans l'énergie, la capacité installée de production d'électricité d'origine nucléaire a reculé de 2 gigawatts en 2017.
Anne Feitz

Alors que le démarrage de l'EPR de Flamanville n'en finit pas d'être reporté, le nouveau nucléaire dans le monde subit un ralentissement spectaculaire depuis le début de la décennie. Les commandes de nouveaux réacteurs se comptent sur les doigts de la main, tandis que les fermetures se multiplient. Selon le rapport sur les investissements dans l'énergie de l'AIE (Agence internationale de l'énergie), publié il y a quelques jours, les investissements dans les nouvelles capacités nucléaires sont tombés à 9 milliards de dollars en 2017, en chute de 70 % par rapport à 2016 (une année il est vrai record depuis dix ans). A comparer au montant total investi dans la production d'électricité l'an dernier, y compris dans les centrales existantes: 750 milliards de dollars.

Seuls 4 réacteurs ont été mis en service en 2017, représentant 7 gigawatts - dont 3 en Chine. Au total, la capacité de production d'électricité atomique dans le monde a reculé de 2 gigawatts (GW) l'an dernier. Le dernier rapport sur l'état de l'industrie nucléaire World Nuclear Industry Status Report (WNISR), publié en septembre 2017, recensait 403 réacteurs en fonctionnement dans le monde, représentant une capacité de 351 GW, loin des records constatés en 2002 pour le nombre de réacteurs (438) ou en 2010 pour la capacité installée (367 GW).

La catastrophe de Fukushima, en 2011, la compétitivité croissante des énergies renouvelables, aussi, ont provoqué un sérieux coup d'arrêt aux lancements de nouveaux projets dans l'atome, notamment dans les pays développés. L'acceptabilité sociale et les doutes croissants sur la rentabilité du nouveau nucléaire constituent de puissants freins. « Les additions de capacités nucléaires depuis dix ans se sont concentrées en Asie, tirées par la Chine et la Corée, tandis que les retraits sont intervenus en Europe, aux Etats-Unis et au Japon », rappelle l'AIE dans son rapport. L'Allemagne, la Suède ou les Etats-Unis ont de fait déjà engagé des fermetures de réacteurs.

Chantiers concentrés en Chine
Alors que des sommes croissantes sont affectées à la prolongation de la durée de vie des centrales en exploitation, l'Agence a néanmoins recensé 60 GW en construction (dont à peine 3 GW entamés en 2017). Selon le WNISR, une grande partie des réacteurs en construction se situent en Chine (20 sur 53 chantiers à la mi-2017), mais il y en a aussi en Russie, en Inde, au Pakistan, aux Emirats arabes unis, au Brésil…

Le russe Rosatom compte à lui seul une dizaine de chantiers, en Turquie, en Hongrie, en Finlande ou encore en Biélorussie. Quant aux réacteurs envisagés par des pays comme l'Afrique du Sud ou l'Arabie saoudite, ils restent encore à ce stade des projets plus ou moins lointains.

Transição agroecológica é alternativa contra modelo baseado em agrotóxicos

 

12 Julho 2018   |   0 Comments
Audiência na Câmara discute importância da agricultura familiar e orgânica em contraponto à produção centrada no uso do veneno, que traz danos ao meio ambiente e à saúde

Por Bruno Taitson

“Não basta discutir a redução do uso de agrotóxicos. É preciso rediscutir o modelo de agricultura”. Essas foram algumas das palavras de Bárbara Borges, representante da Via Campesina, na audiência pública realizada nesta quarta (11/7), na Comissão Especial da Câmara que analisa o PL da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara).

Bárbara Borges criticou a retórica utilizada por defensores da ampliação do uso de agrotóxicos, de que não é possível produzir alimentos em larga escala sem a utilização de veneno. “É necessário fortalecer a agricultura camponesa e familiar e romper o mito de que não é possível alimentar a população com agroecologia. Não é verdade. O MST, por exemplo, é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina”, citou.

Ela lembrou que, no Plano Safra 2017-2018, os médios e grandes produtores obtiveram recursos mais de seis vezes superior ao destinado à agricultura familiar. Ela também questionou as isenções fiscais concedidas à indústria que produz agrotóxicos. “Aprova-se a PEC do teto dos gastos, de um lado, e de outro promove-se uma enorme perda de arrecadação em benefício de um setor que traz graves impactos à saúde e ao ambiente”, criticou.

O professor Walter Belik, da Universidade de Campinas (Unicamp), acenou que a lei que institui a Pnara (PL 6670/2016) tem o propósito positivo de alterar as relações econômicas por trás do atual modelo agrícola, caracterizado por uma das piores distribuições fundiárias do mundo e pelo uso intenso de adubos e defensivos químicos.

“Esse processo está chegando a um limite no Brasil e tem provocado mais distorções que benefícios. Há uma mudança nos hábitos de consumo, gerando obesidade e doenças. Alimento não é uma mercadoria, aspectos como nutrição, saúde e meio ambiente devem se sobrepor às oportunidades de negócios. Há um esgotamento do modelo atual”, avaliou Walter Belik.

O professor da Unicamp defendeu a adoção de políticas que promovam uma transição agroecológica. “Precisamos mostrar que é possível alimentar a população com o montante de terras e de capital que temos. Estima-se que 30% dos alimentos produzidos são desperdiçados, não é preciso pressionar mais o meio ambiente. Não podemos nos aprofundar no atual paradigma, que sempre pede mais organismos geneticamente modificados, mais pesticidas, mais clonagem animal”, concluiu Walter Belik.

Gerd Sparovek, professor da Universidade de São Paulo (USP), salientou que o país precisa qualificar a produção e o consumo de alimentos. Ele destacou que cerca de 85% da área agrícola do Brasil é voltada para pasto, soja e milho, caracterizando um modelo desequilibrado, voltado para a produção de commodities. 

“Nunca produzimos tanto e tão barato, mas nunca desperdiçamos tanto. Nunca tivemos tanto medo do que a gente come. Nunca tivemos tanta dúvida se o alimento nos vai fazer mal. Como pode alimento significar doença? É inadmissível a possibilidade de termos, pela primeira vez, uma expectativa de vida inferior à da geração anterior”, afirmou o docente.

A professora Irene Cardoso, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), lembrou que é comum o argumento de que, sem agrotóxicos, não será possível alimentar a população mundial. Ela citou dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que mostram que a atual produção de alimentos ultrapassa a necessidade de 12 bilhões de pessoas, número bem superior à população mundial, estimada em 7,6 bilhões de habitantes.

“Superpopulação não é a questão, não nos ameacem com isso. A questão central e é a pobreza. Com o modelo da revolução verde, os benefícios da natureza foram substituídos por insumos. É preciso repensar a agricultura em bases agroecológicas”, observou Irene Cardoso.

Também participaram da audiência representantes da FAO, União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), além dos deputados Alessandro Molon (PSB-RJ), Bohn Gass (PT-RS), João Daniel (PT-SE), Nilto Tatto (PT-SP), Padre João (PT-MG) e Patrus Ananias (PT-MG). O PL 6670/2016, que institui a Pnara, está tramitando em uma comissão especial da Câmara, que deve aprovar um relatório até o final deste ano. Estão previstas novas audiências públicas e seminários, não apenas em Brasília. Clique aqui para assistir à audiência na íntegra.

Futuro das Reservas Particulares do Patrimônio Natural é discutido em congresso

Futuro das Reservas Particulares do Patrimônio Natural é discutido em congresso


25 Julho 2018   |   0 Comments
Por Taís Meireles

Faltando menos de uma semana para um dos maiores congressos brasileiros sobre conservação ambiental – o CBUC –, acontece a partir de amanhã (26), também em Florianópolis (SC), o V Congresso Brasileiro de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CBRPPN).

O evento, que vai até a domingo (29), reúne donos de RPPNs brasileiras, gestores de reservas, gestores públicos, representantes de organizações não governamentais, consultores de empresas, pesquisadores, estudantes e demais interessados no tema.



Hoje no Brasil, segundo dados da Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CNRPPN), existem 1.503 RPPNs no Brasil, ocupando quase 800 mil hectares. Saiba mais aqui.

O WWF-Brasil promove há mais de 10 anos a conservação das RPPNs brasileiras por meio de parceria com a Associação de Proprietários de Reservas Particulares do Mato Grosso do Sul (REPAMS) e a Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (FREPESP).

Para o V CBRPPN, vamos apresentar os desafios, resultados, lições aprendidas e oportunidades geradas pela parceria com a FREPESP, incluindo o lançamento do factsheet Conservação Voluntária da Natureza no Estado de São Paulo, que conta mais detalhes da parceria (download ao lado).

Saiba mais sobre o V CBRPPN aqui!

Dia da Sobrecarga da Terra de 2018 é em 1º de agosto

Dia da Sobrecarga da Terra de 2018 é em 1º de agosto


26 Julho 2018   |   0 Comments
 
 
No dia 1º de agosto, a humanidade terá terminado com o estoque de recursos naturais para o ano inteiro, de acordo com a Global Footprint Network, uma organização internacional de pesquisa.

Essa data é chamada Dia da Sobrecarga da Terra
– o momento em que a demanda anual da humanidade em relação à natureza ultrapassa a capacidade de renovação dos ecossistemas terrestres naquele ano.

Em outras palavras, a humanidade está utilizando a natureza de forma 1,7 vez mais rápida do que os ecossistemas do nosso planeta podem se regenerar. Isso é como se usássemos 1,7 planeta Terra.

A Global Footprint Network calcula o Dia da Sobrecarga da Terra todos os anos usando o cálculo de Pegada Ecológica, que inclui todas as diferentes demandas sobre a natureza, como a de alimentos, madeira e fibras (algodão); absorção de emissões de carbono da queima de combustíveis fósseis; além de construções, estradas e demais infraestruturas.

O dia 1º de agosto é o Dia da Sobrecarga da Terra mais cedo desde a década 1970, quando o mundo começou a esgotar os estoques do planeta antes de acabar o ano.

Os custos desse excesso de gastos ecológicos incluem desmatamento; colapso pesqueiro; escassez de água doce; poluição; erosão do solo; perda de biodiversidade e acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera.

Tudo isso leva a mudanças climáticas e secas mais severas, incêndios florestais e furacões. Essas ameaças podem gerar desespero e forçar muitas pessoas a migrarem para outras cidades ou países.

A Global Footprint Network e seus parceiros marcarão o Earth Overshoot Day 2018, ou Dia da Sobrecarga da Terra, com diversas atividades em todo o mundo:
  • No Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã fará uma exibição especial de "Sob a Pata do Boi”, um documentário sobre a invasão de gado na Amazônia, no dia 1º de agosto.
     
  • Em Nova York, haverá um pequeno vídeo na Times Square, de 20 de julho a 3 de agosto, com imagens impressionantes do premiado diretor de fotografia Louie Schwartzberg.
     
  • A partir de Hong Kong, Paris e Oakland, a Global Footprint Network e a Schneider Electric realizarão um webinar às 12h (horário de Brasília), na terça-feira, 24 de julho, sobre o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day) e soluções de energia. Os detalhes estarão disponíveis em breve no site www.overshootday.org.
     
  • Em Berlim, o Germanwatch e o Inkota realizarão uma coletiva de imprensa sobre o Overshoot Day às 9h (hora local) do dia 1º de agosto.
Transmissão ao Vivo #MoveTheDate (#MudarAData)

A Global Footprint Network apresentará esses eventos e muito mais com entrevistas de todo o mundo por meio de uma transmissão ao vivo no Facebook e no YouTube no dia 1º de agosto em duas sessões: às 3h e às 13h. Para assistir, visite www.facebook.com/GlobalFootprintNetwork.

A exibição incluirá entrevistas com Christiana Figueres, ex-secretária executiva de Mudanças Climáticas da ONU; Erik Solheim, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU; Nicolas Hulot, ministro francês da Transição Ecológica; Terry A'Hearn, diretor executivo da Agência Escocesa de Proteção ao Meio Ambiente; Esther Finidori, Gerente de Desempenho Ambiental e Estratégia de CO2 da Schneider Electric; e o diretor de fotografia Louie Schwartzberg.

O evento também contará com parceiros do WWF China, França, Japão e Rússia; ZERO, um parceiro ambiental em Portugal; e dos EUA, o Conselho Americano de Negócios Sustentáveis, Centro de Diversidade Biológica, Instituto de Nuvem para Educação de Sustentabilidade, Rede do Dia da Terra, Powerhouse e Turning Green.

"O Dia da Sobrecarga da Terra pode não apresentar diferenças em relação a ontem – você ainda tem a mesma comida em sua geladeira", comenta o CEO da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.

"Mas, os incêndios estão ocorrendo no oeste dos Estados Unidos. Do outro lado do mundo, os moradores da Cidade do Cabo tiveram que reduzir pela metade o consumo de água desde 2015. Essas são consequências de estourar o orçamento ecológico do nosso único planeta".

“Nossas economias estão realizando um esquema Ponzi com o planeta. Ou seja, usamos os recursos futuros da Terra para operar no presente e nos aprofundar na dívida ecológica. É hora de acabar com esse esquema e alavancar nossa criatividade para criar um futuro próspero, livre de combustíveis fósseis e sem destruição planetária", finaliza.

A Global Footprint Network está convidando pessoas a participar do Dia da Sobrecarga da Terra, determinando seu próprio Dia Pessoal de Sobrecarga e sua Pegada Ecológica em www.footprintcalculator.org e fazendo um "Passo para #MudarAData" em
www.overshootday.org/steps-to-movethedate.

Valor Econômico – Carf mantém maior parte de autuação da Petrobras

Valor Econômico – Carf mantém maior parte de autuação da Petrobras


Por Beatriz Olivon | De Brasília

A Petrobras perdeu no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a maior parte de uma disputa com a Receita Federal relativa à tributação do lucro de controladas e coligadas no exterior. Não é possível saber o quanto exatamente dos R$ 3,28 bilhões da autuação foi mantido pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do órgão. Tanto a empresa quanto a Fazenda Nacional devem recorrer.

A Petrobras foi autuada em razão da contabilização de lucros auferidos por empresas estrangeiras coligadas e controladas pela matriz no Brasil. A Receita cobra Imposto de Renda e CSLL sobre os valores de controladas localizadas na Holanda e nas Ilhas Cayman. No segundo caso, também estava em discussão a taxa de câmbio aplicada ao prejuízo fiscal que seria compensado.

A companhia ganhou esse último ponto, apesar de perder o principal, por isso a decisão foi parcial. O valor da autuação foi indicado pela empresa em seu Formulário de Referência de 2017 e não há provisionamento.

No julgamento, por desempate do presidente da Turma (voto de qualidade), os conselheiros mantiveram a tributação de IRPJ e CSLL sobre controlada na Holanda. Aceitaram o argumento da empresa sobre a taxa de câmbio.

Na defesa oral, o advogado da companhia, Tiago Lemos de Oliveira, afirmou que há um conflito de normas, entre o tratado internacional e o artigo 74 da Medida Provisória 2.158, de 2001, que trata da tributação de lucro de controladas e coligadas. Para Oliveira, a norma internacional deve prevalecer, o que afastaria a tributação no Brasil.

O procurador da Fazenda Nacional Rodrigo Moreira alegou que há diversos precedentes sobre o tema no Carf, inclusive da própria empresa, mantendo autuações semelhantes.

Segundo Moreira, o único assunto novo no caso é a conversão de prejuízos. "O argumento (da Petrobras) é de mera conveniência. Sem base nas normas legais e infralegais", afirmou na sessão.

No voto, o relator Abel Nunes de Oliveira Neto afirmou que a tese julgada é conhecida no Conselho - a compatibilidade de tratado internacional com a legislação que impôs tributação de lucros. Em voto rápido, aplicou precedente da Câmara Superior. "Não há incompatibilidade da lei com o tratado", afirmou.

Sobre a tributação do prejuízo registrado nas Ilhas Cayman, o relator considerou que, para a conversão em reais ser justa, deveria ser feita a cada ano, na data do balanço. Por isso, aceitou esse pedido da empresa. De acordo com o advogado da empresa e a PGFN, esse ponto representa uma parte menor da autuação.

Tiago Lemos de Oliveira afirmou que a Petrobras pretende recorrer. A Fazenda Nacional informou que, se houver precedente, a PGFN também recorrerá à Câmara Superior sobre a taxa de câmbio.

Os precedentes da 1ª Turma da Câmara Superior do Carf sobre lucros no exterior são contrários ao pedido da Petrobras. A Turma já manteve algumas autuações em que a Receita exige o pagamento de Imposto de Renda e CSLL sobre o resultado de subsidiária da companhia em outro país. Em 2017 foi julgado caso envolvendo o resultado de subsidiária da companhia na Holanda, a PNBV, em 2009. No ano anterior, a Câmara Superior havia julgado o "leading case", da própria Petrobras e mantido a autuação.

No Judiciário, os contribuintes têm precedente favorável à tese. Em 2014, ao julgar processo bilionário da Vale, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou o Imposto de Renda e a CSLL sobre o lucro de controladas na Bélgica, Dinamarca e Luxemburgo, países com os quais o Brasil possui acordos para evitar a bitributação.

O tema é um dos mais relevantes para a Petrobras nas esferas administrativa e judicial. No Formulário de Referência, a empresa já estimou um impacto de R$ 13,2 bilhões em disputas sobre lucro de controladas e coligadas domiciliadas no exterior.

Valor Econômico – Mudanças climáticas explicam calor extremo

Valor Econômico – Mudanças climáticas explicam calor extremo


Por Brian K. Sullivan e Eric Roston | Bloomberg, de Boston e Nova York
Yorgos Karahalis/BloombergÁrea devastada pelo incêndio florestal que atingiu a vila Neos Voutzas, leste de Atenas, na Grécia. Mais de 80 já morreram

Está abafado? Sufocando com a fumaça das queimadas? A culpa é das correntes de ar de alta velocidade (corrente de jato) e do aquecimento global.

Deformadas, emperradas, estagnadas, não importa a maneira como você as descreve, as correntes de jato - camadas de vento que circulam a Terra - estão fazendo coisas estranhas. A lista de calamidades inclui incêndios na Escandinávia, Grécia e Califórnia, um calor recorde no Texas, Japão e África e chuvas fortes ao longo da costa leste dos EUA que poderão durar mais uma semana. No geral, o mundo está mais quente, o que significa que quando as temperaturas sobem, isso acontece a partir de uma base alta.

"Nós estamos observando uma atuação extrema da corrente de jato, na qual a corrente se contorce em curvas acentuadas tanto em direção aos polos com bolhas de alta pressão como em direção ao equador com afundamentos de baixa pressão", explica Jeff Masters, da Weather Underground. "Esta configuração extrema tem se mantido ao longo do tempo de modo que alguns lugares têm experimentado longos períodos de condições climáticas extremas."

Ao menos 170 pessoas já morreram em incêndios, inundações e ondas de calor em três continentes. Mercados de energia elétrica ao redor do mundo registraram picos de consumo com a persistência das altas temperaturas na Ásia, América do Norte e Europa, com as pessoas fatigadas recorrendo ao ar-condicionado para se aliviar.

Na Califórnia, partes do Parque Nacional de Yosemite foram fechadas e os visitantes orientados a deixar a área por causa de um incêndio que atinge a região. O fogo matou ao menos uma pessoa e já consumiu mais de 38.000 acres.

Temperaturas recorde foram registrada no Japão, com os termômetros marcando 410 Celsius; Waco, no Texas, registrando a maior leitura de sua história 45,50 C; e a Lapônia, na Finlândia, também batendo uma nova marca.

A situação na Escandinávia é "impressionante", pois a temperatura da água do Mar Báltico está 80 C acima da média, chegando a 320 C na Lapônia, no Círculo Polar Ártico, segundo Masters. "Esse é um calor que chama atenção."

No começo do mês, Ouargla, na Argélia, chegou aos 510 C, a maior temperatura já registrada na África, segundo Kevin Trenberth, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder, no Colorado. Califórnia e o sudoeste dos EUA também registraram uma série de temperaturas próximas de 480 C neste mês.

"Em condições muito áridas, esse tipo de coisa é possível e estamos vendo isso ocorrer em diferentes lugares do mundo", diz Trenberth.

A ciência precisará de tempo para estudar se esse verão excessivamente quente no Hemisfério Norte se deve às mudanças climáticas ou é apenas uma onda de azar para aqueles que estão cozinhando, suando e engasgando, mas essa é a aparência que o aquecimento global teria. A causa exata do bloqueio da atmosfera em julho também poderá exigir estudos, diz Greg Carbin, chefe do U.S Weather Prediction Center em College Park, Maryland. "Tudo colabora para isso. E é uma coisa mundial."

No alto da lista dos potenciais suspeitos de Carbin, mas não o único responsável, está um grande sistema de alta pressão que está girando lentamente no sentido horário sobre o oeste do Oceano Atlântico, dominando a bacia e deixando os padrões meteorológicos como automóveis presos num congestionamento na hora do "rush". Além disso, há uma depressão sobre o Mar de Bering, uma área profunda de baixa pressão, que está ajudando a manter o sudoeste dos EUA quente demais.

"É algo parecido com aquela história do ovo e da galinha", diz Carbin. "É muito difícil, na atmosfera, saber o que veio primeiro porque tudo está interligado."

Climatologistas acreditam que o aquecimento provocado pela mão humana é uma parte das ondas de calor, porque a composição da atmosfera mudou dramaticamente nas últimas duas gerações.

"É importante saber que qualquer onda de calor tem causas naturais e, agora, humanas", diz Michael Wehner, cientista do Lawrence Berkeley National Laboratory. "Portanto, usando uma linguagem clara, as mudanças climáticas simplesmente tornam essas ondas de calor mais quentes do que de outra forma elas seriam."

O projeto World Weather Attribution, uma colaboração internacional entre cientistas, deve publicar uma análise sobre a onda de calor na Europa até o fim da semana. Um trabalho anterior, sobre uma onda de calor que atingiu a Europa em 2014, concluiu que a probabilidade de ocorrência do evento foi 35 vezes maior do que teria sido sem o aquecimento global.

Enquanto isso, modelos de previsão por computador mostram poucas mudanças no clima no momento. Isso significa que se estiver quente onde você está, provavelmente as temperaturas continuarão elevadas. Se estiver chovendo muito, melhor se acostumar a isso.


Obesidade em crianças e adolescentes atinge índices alarmantes, alerta especialista



Obesidade em crianças e adolescentes atinge índices alarmantes, alerta especialista


saúde


124 milhões de crianças e adolescentes no mundo são obesos

Por Luana Moreira
Dados revelados por um estudo realizado pela Imperial College de Londres em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelaram que a obesidade infantil atinge atualmente dez vezes mais crianças e adolescentes do que na década de 1970. Isso significa que nos últimos quarenta anos o número de crianças e adolescentes obesos – entre 5 e 19 anos – aumentou dez vezes, correspondendo a 124 milhões de pessoas. A Organização também estima que em 2022 existirão mais crianças obesas do que abaixo do peso em todo o mundo.



A estatística de crianças obesas no Brasil também é muito elevada. Um em cada três brasileiros apresenta sobrepeso ainda na infância. O Ministério da Saúde estima que 33% das crianças brasileiras entre 5 a 9 anos, hoje já estejam acima do peso. O índice de meninos obesos alcança 16,6% e dentre as meninas a taxa chega a 11,8%, segundo informações contidas nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE 2008-2009. Já entre os jovens com idades de 18 a 24 anos, o percentual de obesos aumentou em 110% nos últimos dez anos no país.



Os números são bastante preocupantes e apontam para uma grande possibilidade de que esses indivíduos se mantenham obesos ou com sobrepeso durante a vida adulta. O especialista em endoscopia digestiva e gastroenterologia, Henrique Eloy, explica que a obesidade na infância e adolescência é um assunto extremamente importante, pois, acomete pessoas que estão em um processo de formação de personalidade e desenvolvimento físico. “A obesidade nessa fase prejudica a saúde desses pacientes, não somente na área física, como a psíquica e a vida social. Com causas multifatoriais, a obesidade está sofrendo maior estímulo por parte de características socioculturais e comportamentais da sociedade atual, mas também pode ser causada por fatores genéticos e hereditários”, comenta.



No âmbito sociocultural, a obesidade nas crianças e adolescentes vem sendo impulsionada pelo aumento do consumo de alimentos industrializados – fast-food, comidas ricas em gordura e pobres em nutrientes –, aliado ao sedentarismo. “Com os avanços tecnológicos, as crianças passam mais tempo sentadas usando aparelhos eletrônicos e praticam pouca, ou nenhuma atividade física”, explica.



Já em relação a hereditariedade, Henrique Eloy aponta que vários estudos comprovam que se uma criança tem um pai obeso, ela terá 40% de chance de vir a se tornar um adulto obeso. “Se os dois pais são obesos, essa possibilidade dobra, assim essa criança terá 80% de chance de se tornar um adulto obeso, contra 10% de possibilidade, caso nenhum dos pais forem obesos. Portanto, a carga genética é muito importante para essas crianças. Em um estudo recente divulgado pelo ‘The BMJ’ (Briths Medical Journal) foi revelado que filhos de mulheres que levem um estilo de vida saudável contam com 75% menos probabilidade de serem obesos. Este é um dado muito importante, pois, evidencia que a influência da família na adoção de bons hábitos físicos e alimentares, podem ser essenciais para a prevenção da obesidade infanto-juvenil”, elucida.



Segundo Henrique Eloy, é muito raro encontrar alguma síndrome hereditária que possa explicar uma obesidade acentuada nas crianças, mas quando isso acontece, na maioria dos casos o problema pode ser provocado pela síndrome de Prader- Willi.



De acordo com Henrique Eloy, a obesidade na infância é ainda mais preocupante no que se refere às doenças que podem ser desencadeadas por esta condição. “Crianças obesas podem desenvolver hipertensão arterial, dislipidemia (aumento do colesterol triglicérides), diabetes, apneia, depressão, asma brônquica e problemas osteoarticulares, cardiovasculares, ortopédicos e hepáticos. Entre as meninas, a obesidade pode causar um amadurecimento físico precoce, ocasionando uma puberdade antecipada e ciclos menstruais irregulares”, aponta.



O médico aponta que todas as alterações causadas pela obesidade em crianças podem levar a uma queda da capacidade física destes pacientes, assim como a um declínio em seus rendimentos escolares. “Estes fatores fazem com que essa criança sofra com comportamentos discriminatórios por parte dos colegas de colégio, levando a casos de bullying, que nós tanto conhecemos, e que quando acontecem, podem agravar ainda mais todas essas alterações, principalmente, no âmbito psíquico”, explica.



Henrique Eloy orienta que o tratamento da obesidade em crianças e adolescentes deve ser multidisciplinar, contando com o acompanhamento obrigatório de uma equipe formada por um pediatra, nutricionista pediátrico, endocrinologista, psicólogo, psiquiatra – quando for necessário o uso de algum medicamento –, e até mesmo de um instrutor de esportes. “A principal ferramenta terapêutica é a mudança comportamental de toda a família. Não adianta direcionar o tratamento somente a criança ou adolescente, pois a família inteira tem que se comprometer com esse tratamento”, afirma.


O tratamento medicamentoso e cirúrgico em crianças é totalmente contraindicado, já em adolescentes, a prática deve ser realizada somente em casos excepcionais, com a indicação formal de toda a equipe multidisciplinar. “É de suma importância nestes casos, que antes da realização de uma cirurgia, seja avaliada a maturação óssea destes pacientes, pois caso ela não esteja completa, a operação não pode ser autorizada. Para evitar o uso da cirurgia, os procedimentos endoscópicos – como o Balão intragástrico – pode ser uma indicação eficaz para o tratamento da obesidade em adolescentes”, conclui.

Colaboração de Luana Moreira, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/07/2018


[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

A nova projeção da população brasileira do IBGE, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A nova projeção da população brasileira do IBGE, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


diferentes projeções para a população brasileira: 2010-2100

População / Demografia

[EcoDebate] O IBGE divulgou as novas projeções da população brasileira, na última quarta-feira, dia 25 de julho, com a população estimada em 208,5 milhões de habitantes em 2018. A grande novidade, em relação à projeção anterior, é que o pico populacional acontecerá em 2047, quando o número de brasileiros chegará a 233,2 milhões de pessoas. Nos anos seguintes, haverá um decrescimento demográfico e a população brasileira deverá ficar com 228,3 milhões de habitantes em 2060.


Projeções demográficas não são exercícios de tiro ao alvo, pois é muito difícil acertar na mosca com décadas de antecedência. Traçar o caminho provável é mais importante do que supor o ponto exato da chegada. O que as projeções fazem é computar um cenário populacional de médio e longo prazo, a partir de técnicas demográficas sofisticadas, considerando a estrutura por idade e sexo (em um dado momento), o histórico da dinâmica das taxas de mortalidade, fecundidade e migração, no passado recente, e as suposições sobre as tendências futuras das três taxas, que constituem os três componentes básicos da demografia.


Estimar o volume e a composição dos indicadores demográficos do futuro é fundamental para o bom planejamento das políticas públicas e para a correta tomada de decisão dos investimentos do setor privado. Quando se alteram as condições socioeconômicas, que afetam os componentes demográficos, os números projetados também se modificam. Por isto, as projeções demográficas precisam ser atualizadas periodicamente.


Nas projeções divulgadas cinco anos atrás (revisão de 2013), o IBGE previa uma população de 209,2 milhões de habitantes em 2018, um pico populacional de 228,4 milhões em 2042 e uma população de 218,2 milhões em 2060. Portanto, o que mais mudou não foram os números de 2018, mas sim a data do máximo populacional e a população projetada para 2060. Na projeção divulgada essa semana, a população de 2018 é menor do que a prevista na revisão 2013, mas a população das décadas seguintes é maior


que aconteceu foi uma mudança na população de partida (2010), usando a estrutura etária do censo de 2010 com calibração para melhorar a cobertura para a população em idade mais jovem e também uma revisão das taxas de fecundidade para o futuro, que, neste momento, não indicam uma queda tão rápida como na revisão anterior


Para efeito de comparação, o gráfico acima apresenta o resultado do volume populacional entre 2010 e 2060, segundo as duas últimas projeções do IBGE e a projeção média realizada pela Divisão de População da ONU, revisão 2017. Nota-se que a projeção da ONU, entre 2010 e 2060 está muito próxima da revisão 2018, do IBGE, com o pico populacional ocorrendo também em 2047 e a população de 2060 em 229,3 milhões contra 228,3 milhões. A projeção da ONU se estende até o final do século e estima uma população de 190,4 milhões de habitantes em 2100.


Observa-se que até 2030 as três projeções apresentadas no gráfico são muito semelhantes. As diferenças ocorrem nas décadas seguintes e decorrem de hipóteses diferenciadas, fundamentalmente, sobre o comportamento futuro da taxa de fecundidade. Indubitavelmente, o censo de 2020 vai trazer elementos mais precisos sobre a dinâmica demográfica brasileira atual e fornecerá elementos mais precisos para subsidiar um nova projeção populacional a ser realizada no início da década de 2020.
O que temos de incerteza e de certeza sobre as projeções sobre o futuro da população brasileira no século XXI?


Não há certeza sobre o número exato da população nas próximas décadas e nem a data precisa do momento em que a população vai fazer a transição do crescimento para o decrescimento demográfico (pico populacional). Mas há uma certeza muito grande que a população brasileira vai continuar crescendo nas duas próximas décadas, deve passar por um ponto de inflexão em algum momento da década de 2040 e deve apresentar decrescimento populacional na segunda metade do atual século. É difícil saber qual será o volume exato da população brasileira em 2100, mas se não for os 190 milhões previstos na projeção da ONU, existe uma alta probabilidade que seja um valor menor do que o atual.


Outra certeza é que a sociedade brasileira vai passar por um rápido processo de envelhecimento populacional e a proporção de idosos vai superar a proporção de jovens de 0 a 14 anos. Mas isto é assunto para um outro artigo.


Referências:
IBGE: Projeção da População das Unidades da Federação por sexo e idade: 2000-2030, revisão 2013 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/default.shtm
IBGE: Projeção da População (revisão 2018), Rio de Janeiro, 25/07/2018
https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9109-projecao-da-populacao.html?=&t=o-que-e
UN/DESA, World Population Prospects: The 2017 Revision.
https://esa.un.org/unpd/wpp/

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/07/2018
"A nova projeção da população brasileira do IBGE, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/07/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/07/27/a-nova-projecao-da-populacao-brasileira-do-ibge-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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