quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Mergulhadores ‘convencem’ polvo a mudar de casa: deixar pra trás copo plástico no fundo do oceano

 


Mergulhadores ‘convencem’ polvo a mudar de casa: deixar pra trás copo plástico no fundo do oceano

polvo dentro de copo plástico

O impacto do lixo plástico sobre a vida marinha nos oceanos é muito mais profundo e perverso do que imaginamos. E atualmente ele atinge a todos os seres que habitam os mares do planeta. Das gigantes baleias que têm morrido, sufocadas com plástico em seus estômagos, aos minúsculos organismos, nos abismos mais profundos, que ingerem micropartículas feitas com esse material.

Um exemplo desse problema pode ser ilustrado pelo vídeo abaixo, compartilhado no YouTube pelo mergulhador finlandês, Pall Sigurdsson.

Em dezembro do ano passado, ao lado de outros mergulhadores, na Indonésia, eles encontraram um pequeno polvo dentro de um copo plástico, a 20 metros de profundidade.

“Gastamos um mergulho inteiro e a maior parte do nosso ar para salvar esse polvo, que estava fadado a ter um destino cruel”, conta Sigurdsson.

O polvo de coco (Amphioctopus marginatus), também conhecido como polvo venoso, nasce com o instinto de se proteger, criando uma casa móvel a partir de cascas de coco ou moluscos, explica. “Este indivíduo em particular, no entanto, foi preso por seus instintos e fez uma casa com um copo de plástico, que encontrou debaixo d’água”.

O mergulhador ressalta que enquanto uma concha é uma proteção robusta, uma enguia ou outro peixe provavelmente engoliriam o copo com o polvo, o que mataria a ambos: presa e predador.

Durante várias tentativas, o grupo de mergulhadores ofereceu diferentes conchas para que o pequeno polvo trocasse a embalagem plástica por uma ‘casa’ mais segura e natural.

Enfim, a boa ação e todo o esforço (e o ar dos cilindros) valeram a pena!

A Era do Plasticídio

Atualmente uma quantidade absurda de plástico é jogada nos mares do planeta todos os anos. As correntes oceânicas formaram cinco ilhas gigantes destes resíduos, chamadas de Vortex, que se movem lentamente, em redemoinhos.

Estudo recentes revelam que cerca de 5 trilhões de resíduos plásticos, pesando mais de 250 mil toneladas, boiam pelos oceanos. Apesar de grande parte deste volume estar nos Vortexes, uma parcela significativa deste lixo é levada para a costa ou digerida por animais marinhos, que acabam morrendo sufocados por esses dejetos.

É hora de dar um basta no lixo plástico! O problema já saiu de controle há muito tempo. Antes que não exista mais vida marinha nos oceanos, a sociedade precisa se conscientizar, de uma vez por todas, que NÃO, não é possível mais produzir, consumir e descartar plástico da maneira que fizemos até hoje!

No final de março, o Parlamento Europeu aprovou a proibição da comercialização e distribuição de canudos, copos, pratos e talheres descartáveis e cotonetes. Os plásticos descartáveis estarão banidos na União Europeia a partir de 2021.

Todavia, ainda ficaram fora desta lista as sacolas plásticas. Apesar de muitos países já as proibirem ou cobrarem pela sua distribuição, é necessária uma legislação mais forte e universal.

*Obrigada pela pauta, Adjane Selva!

Fotos: reprodução vídeo


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Cientistas filmam, pela primeira vez, o nascimento de um polvo dumbo

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Cientistas filmam, pela primeira vez, o nascimento de um polvo dumbo

Cientistas filmam, pela primeira vez, nascimento do polvo dumbo

Ele é certamente uma das criaturas mais adoráveis que habitam as profundezas dos oceanos. Pouco conhecido pelos cientistas, o polvo dumbo recebeu este nome por causa de suas barbatanas que parecem orelhas, e mais especificamente, as orelhas do famoso personagem da Disney, o elefantinho Dumbo.

Estima-se que existam cerca de 17 espécies do polvo do gênero Grimpoteuthis. Suas barbatanas são seu principal meio de locomoção onde vive, no fundo do mar, a quase 4 mil metros de profundidade.

Esta semana, em artigo publicado na revista Current Biology, pesquisadores americanos e alemães descrevem o nascimento de um polvo dumbo e apresentam um vídeo, filmado em 2005.

A gravação, que você assite ao final deste texto, foi feita por Tim Shank, do  Woods Hole Oceanographic Institution, durante a expedição Deep Atlantic Stepping Stones.

O cientista encontrou esferas, do tamanho de bolas de golfe, grudadas em recifes de coral, na região do Atlântico Norte, há dois mil metros de profundidade. Amostras foram recolhidas pelo veículo operado remotamente pelos pesquisadores.

Ao serem analisadas, foi-se descoberto que as esferas eram ovos. Alguns já tinham eclodido, outros estavam vazios. Mas para grande surpresa dos cientistas, um deles eclodiu, revelando o nascimento de um polvo dumbo.

Um polvo dumbo adulto

O artigo científico publicado esta semana relata as conclusões chegadas pelos pesquisadores a partir da eclosão do ovo, como por exemplo, que o polvo dumbo nasce completamente formado, com barbatanas e demais órgãos prontos.

Nunca antes o nascimento de um polvo dumbo havia sido filmado, apesar de filhotes já terem sido observados em seu habitat natural.

 

Fotos: NOAA OKEANOS EXPLORER Program, Gulf of Mexico 2014 Expedition/creative commons/flickr e Wikimedia e vídeo final Smithsonian National Museum of Natural History

À beira da extinção, botos do Rio Yangtzé estão ganhando uma segunda chance

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À beira da extinção, botos do Rio Yangtzé estão ganhando uma segunda chance

À beira da extinção, botos do Rio Yangtzé estão ganhando uma segunda chance

Embora a areia tenha se tornado o segundo maior recurso natural que se extrai no planeta, depois da água, pouquíssimo se fala sobre o problema e seu grave impacto ambiental. São 50 bilhões de toneladas retiradas da natureza por ano. A demanda vem de vários setores: da construção civil, indústria do vidro à agricultura. Nas últimas duas décadas, a exploração dessa substância mineral dobrou no mundo todo. E na China, a sua extração teve um efeito devastador sobre a população dos botos do rio Yangtzé (Neophocaena phocaenoides asiaeorientalis).

Anos e anos de extração de areia no Lago de Dongting, na província de Hunan, ao nordeste do país, fizeram com que esse boto de água-doce desaparecesse e apenas algumas centenas fossem encontradas, dispersas em pequenas populações. Em 2017, eram pouco mais de 1 mil deles e a espécie foi listada como criticamente ameaçada de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Como parte dos esforços para salvar o boto do rio Yangtzé, o governo suspendeu completamente a extração de areia na região e em apenas dois anos, pesquisadores começaram a perceber um aumento no número desses cetáceos.

“Estudos mostram que os ecossistemas e as espécies podem se recuperar, quando têm a chance”, diz Richard Sabin, curador de área de mamíferos do Museu de História Natural de Londres. “O boto do Yangtze tem uma taxa lenta de reprodução, mas com suporte adequado para restabelecer o ecossistema do qual depende, há toda a esperança de que ele possa se recuperar”.

Sabin se refere a uma análise recém-publicada por um grupo de pesquisadores chineses que têm como foco o efeito da mineração de areia sobre esses animais.

“Os botos evitavam fortemente os locais de mineração, especialmente aqueles de maior intensidade de extração, reduzindo significativamente sua área de distribuição e seu habitat no lago. O tráfego de embarcações para o transporte de areia também impactou ainda mais os movimentos da espécie, afetando a conectividade da população. Além disso, a perda induzida pela mineração de habitats próximos à costa, um local crítico de alimentação e berçário para o boto, ocorreu em quase 70% dos canais de água de nossa região de estudo”, afirmam os pesquisadores do artigo.

À beira da extinção, botos do Rio Yangtzé estão ganhando uma segunda chance

A espécie do rio Yangtze é um dos poucos botos (parentes de golfinhos e baleias)
que vivem em água doce
(Foto: © Xiaoqiang Wang/IUCN)

Como seu próprio nome em inglês indica – Yangtze finless porpoise -, esses botos não possuem barbatana dorsal. Em vez disso, tem uma crista estreita que percorre toda a extensão de suas costas e é coberta por “tubérculos” semelhantes a verrugas. Sem bico, podem atingir aproximadamente 2 metros de comprimento e pesar até 100 kg.

Ao contrário da maioria das espécies de golfinhos, os botos não se comunicam com assobios. No entanto, usam a eco localização para navegar e encontrar alimentos.

*Com informações adicionais do site RiverDolphins.org

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Foto de abertura: ori2uru, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons