segunda-feira, 25 de maio de 2015
Novos cortes deixam fronteiras escancaradas, enquanto senadores torram milhões com 'cota parlamentar' e 37,7 BILHÕES com as Olimpiadas!
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Ou
seja, vamos abrir as porteiras de vez para os Venezuelanos, Cubanos,
FARC, Chineses, Russos e demais sujeitos que já estão infiltrados no
Brasil
E pior é que o
congresso larápio faz a festa achacando ($$) o governo alucinado e
corrupto, estando nem aí para o que resta do Brasil.
Considerados
apenas os investimentos, o Ministério da Defesa foi o mais afetado pelas
retrações que atingiram 23 órgãos. A Pasta aplicou R$ 2,8 bilhões a
menos no primeiro quadrimeste deste ano, em relação ao mesmo período de
2014. As aplicações passaram de R$ 4,4 bilhões para R$ 1,6 bilhão. O
órgão afirmou que o atraso na aprovação do orçamento teve impacto na
redução dos investimentos, mas não respondeu se o corte atrapalhou o
andamento das ações do Ministério. (Contas Abertas)
O QUE SIGNIFICA
ISSO? Fronteiras mais abertas do que já estão. Tráficos de drogas,
armas, entradas de estrangeiros ilegais e o diabo a quatro que se possa
imaginar. Realmente, o PT abriu o Brasil para o bolivarianismo sem dó,
nem piedade.
MERA COINCIDÊNCIA OU O QUÊ?
Para se ter uma
idéia, alguns Haitianos (Masculinos, bem apessoados e em idade militar)
estão morando em frente ao 13º Batalhão da Infantaria Blindada (13 BIB)
em Ponta Grossa-PR. O que eles estão fazendo lá? Com pose de
coitadinhos, justo na frente do exército? Até agora ninguém foi lá
fiscalizar o que se passa, se estão lá só por mera coincidência ou se
estão lá por outros motivos. E muitos amigos internautas relatam o mesmo
'modus operandi', em outras cidades, ou seja, chegam na cidade,
ganeses, haitianos e outros, conseguem emprego rapidinho, e se instalam
em casas ou kitnetes próximas de batalhões das forças armadas. Não custa
nada questionar, não é?
ENQUANTO CORTAM VERBAS PARA DEFESA NACIONAL, SENADORES VENDIDOS TORRAM MILHÕES COM A TAL 'COTA PARLAMENTAR'
Uma entre as mil e uma regalias da monarquia da corrupção no Brasil.
Fora os
salários de R$ 33,7 mil e os auxílios-moradia no valor de R$ 5,5 mil
pago aos parlamentares que não ocupam imóveis funcionais, o governo já
repassou R$ 6,3 milhões aos senadores da República para a quitação das
despesas realizadas por meio da Cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar dos Senadores (CEAPS).
O valor está
atualizado até o dia 19 de maio, de acordo com o Senado Federal. A CEAPS
destina-se ao ressarcimento das despesas efetuadas com o aluguel de
imóvel para a instalação de escritório de apoio à atividade parlamentar,
aquisição de material de consumo para uso no escritório, locação de
meios de transportes destinados à locomoção dentro do estado de origem,
hospedagem e alimentação do parlamentar ou de servidores comissionados e
efetivos lotados em seu gabinete, entre outras despesas.
O valor da Cota
Parlamentar é diferente para cada estado da Federação, porque leva em
consideração o preço das passagens aéreas de Brasília até a capital do
estado pelo qual o senador foi eleito. Os parlamentares do Distrito
Federal, por exemplo, recebem R$ R$ 21.045,20. Já os do Acre podem ser
reembolsados em até R$ 44.276,60. Este ano, as despesas com passagens
aéreas, aquáticas e terrestres nacionais, têm liderado os reembolsos do
governo.
Os 81 senadores
pagaram R$ 2 milhões em passagens, valor que, no entanto, é inferior ao
desembolsado em 2014. No ano passado, até o fim de abril, R$ 2,2
milhões já haviam sido utilizados em viagens. Ao contrário do esperado, o
campeão dos gastos com passagens não pertence a um dos estados mais
distantes da capital. Trata-se do senador Lindbergh Farias,
representante do Rio de Janeiro, que gastou R$ 71,7 mil apenas em
passagens aéreas.
Completam a
lista dos que mais “voaram”, os senadores Randolfe Rodrigues (AP), R$
62,9 mil, Magno Malta (ES), R$ 60,8 mil, José Pimentel (CE), R$ 52,7
mil, e Regina Sousa (PI), R$ 50,1 mil. O bilhete mais caro (R$ 6.032,94)
foi adquirido pelo senador Jader Barbalho (PA) para ir para Brasília no
dia 27 de abril e retornar a Belém no dia 30, junto a um servidor do
Senado. Hélio José (DF), Vicentinho Alves (TO) e Lúcia Vânia (GO) foram
os que mais pouparam, com gastos entre R$ 365,60 e R$ 753,93. Cristovam
Buarque e Reguffe, também representantes do Distrito Federal, não
utilizaram a verba para a compra de passagens. Os dispêndios com
locomoção, hospedagem, alimentação, combustíveis e lubrificantes foram
de R$ 1,5 milhão até o momento.
O Senador Ciro
Nogueira (PI) foi o mais reembolsado pelo governo (R$ 94,1 mil), seguido
de Ivo Cassol (RO), R$ 73,7 mil, e Vicentinho Alves (TO), R$ 70,3 mil.
Esse último gastou R$ 25 mil em serviços de táxi aéreo no estado de
origem e ao menos R$ 30,1 mil em combustível, já que um reembolso de R$
15,1 mil não está detalhado. Dentro da mesma modalidade de despesa, os
gastos com alimentação também impressionam.
O senador Dário
Berger (SC), por exemplo, pagou uma conta de R$ 1.377,75 no Royal Tulip
Brasília Alvorada, em fevereiro deste ano. Flexa Ribeiro (PA), por sua
vez, desembolsou R$ 4.580,00, referente ao fornecimento de alimentos por
empresa especializada em comidas caseiras. Os parlamentares foram
ressarcidos em R$ 1,1 milhão, referentes ao aluguel de imóveis para
escritório político e demais despesas concernentes a eles. Lindbergh
Farias (RJ), Edison Lobão (MA) e Aloysio Nunes (SP) lideram os
desembolsos, tendo gasto R$ 39,4 mil, R$ 36 mil e R$ 32,2 mil,
respectivamente. Os senadores também têm direito a reembolsos de
serviços de segurança particular. O direito foi exercido por oito deles:
Fernando Collor (AL), José Agripino (RN), Edison Lobão (MA), Telmário
Mota (RR), Flexa Ribeiro (PA), Fátima Bezerra (RN), Waldemir Moka (MS) e
Eduardo Amorim (SE). Ao todo os parlamentares gastaram R$ 150,2 mil com
os serviços de segurança, montante que em sua maioria (R$ 104,1 mil)
foi utilizado para ressarcir Collor.
Os senadores
ainda gastaram R$ 184,9 mil com aquisição de material de consumo para
uso no escritório político, R$ 734,2 mil com a contratação de
consultorias e assessorias para apoio ao exercício do mandato e R$ 555,8
mil com a divulgação da atividade parlamentar. Os números apurados até o
dia 19 de maio podem, na verdade, ser inferiores ao que realmente foi
gasto pelos senadores dentro do tipo de despesa, já que os parlamentares
têm até 90 dias, após o fornecimento do produto ou serviço, para
apresentar as notas fiscais necessárias ao reembolso.(Contas Abertas)
Sobre os 37,7 bilhões paras Olimpíadas leia abaixo:
http://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com.ar/2015/05/enquanto-verba-para-saude-e-educacao-e.html
Sobre os 37,7 bilhões paras Olimpíadas leia abaixo:
http://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com.ar/2015/05/enquanto-verba-para-saude-e-educacao-e.html
Vamos nos unir CONTRA o barulho, a bagunça que não nos deixa dormir de noite!! Mensagem destinada àqueles que não conseguem dormir de noite por causa do barulho das casas de festas, bares, boates, etc....
Senhores(as)
No momento em que
a Assembleia Legislativa do DF se prepara para
modificar a Lei do Silêncio, tomando por base
apenas interesses econômicos e ignorando os
comprovados registros de danos a saúde
levantados por diversas instituições, entre
elas, pela OMS, convidamos todos que apoiam
essa ideia a se manifestarem na audiência
Pública do dia 16 de junho na Assembleia
Legislativa.
Mery-Lucy Souza
Senhores parlamentares,
É com espanto que a comunidade da Asa Norte, em Brasília,
tomou conhecimento da intenção dessa casa legislativa em alterar os níveis de sons e ruídos de bares e similares,
situados em áreas próximas de residências, retrocedendo assim na história de conquistas da população, que durante anos, buscou na legislação as garantias de
boa convivência com esse segmento
da economia.
A lei do silêncio duramente conquistada , embasada em estudos técnicos e científicos de instituições como a
OMS que comprovam que os sons, ruídos
barulhos acima dos suportáveis causam sérios danos à saúde, é importante instrumento de controle social e
como todas as demais leis, tem o papel social de impor limites onde a consciência individual
se ausenta.
Lamentavelmente, hoje, o
respeito e o altruísmo estão se afunilando, o individualismo é levantado
como bandeira ,o convívio ético é
desaprendido.A Lei do silêncio existe para guiar o respeito, que por natureza, todo ser humano deveria trazer na interação
social, sem força impositiva.
No caso
específico dos bares, que sob o aspecto legal, infringem as leis do
Silêncio, e o artigo 42 das contravenções Penais, que trata
do direito ao sossego público,levantam bandeiras isoladas, da geração de emprego, da
diversidade cultural que todos nos respeitamos;mas onde fica o direito daqueles que residem na região,
trabalham o dia todo e precisam do sagrado repouso noturno?
E os idosos que
já trazem consigo os problemas naturais acumulados ao longo da vida?As
crianças, os jovens, estudantes.O direito
de todos que estando dentro de suas residências poderem optar que tipo de
musica querem ouvir,assistirem um filme,ou simplesmente curtir o silêncio para
suas reflexões naquele momento.
A defesa da diversidade cultural deveria levar em conta a qualidade de vida pensada no
planejamento da construção de Brasília, onde as quadras comerciais seriam
voltadas para um comércio de apoio às quadras residenciais e não
para sua tortura.
Defendemos a cultura em suas características humanas, como
elemento social, impossível de se desenvolver individualmente e por isso mesmo,
também ela precisa ser regulada.Uma boa
musica não precisa estourar os tímpanos de ninguém,pessoas que buscam cultura, devem demonstrar educação em qualquer espaço
externo,pessoas que buscam agregar cultura devem respeitar a vizinhança.
Em diversos
países,onde a cultura é bem mais valorizada que no Brasil, onde existem espaços
como os que estão sendo defendidos pelos sindicatos de bares e
restaurantes de Brasília,as leis, como instrumentos sociais, são rigorosas, ao ponto de multar inclusive os clientes desses
estabelecimentos como coniventes ao
crime de poluição sonora e perturbação do sossego público.Por lá,os bares funcionam,
mas com o respeito e a convivências
harmoniosa com a comunidade.
Só para registrar.
Se reclamam que pessoas perdem o emprego com
fechamento de bares,é verdade,
mas também as milhares de pessoas submetidas ao barulho constante também
perdem, saúde,qualidade de vida e qualidade produtiva em seus trabalhos.
Imaginem uma quadra
,onde existem diversos bares,que
funcionam em pequenas salas, que não comportam a programação propostas, por
isso ocupam espaços públicos e, todos eles produzindo
o mesmo
nível de poluição.!
Dia e noite- pois quando um fecha ,o outro está abrindo . Sem falar nos espaços públicos informalmente
denominados de praças,e usados como
espaços para a realização de todo tipo de atividade equivocadamente
identificadas como "culturais".
Quando falamos em produção de poluição, não
nos referimos somente à musica, mas toda a dinâmica que esse trabalho exige(pessoas-não profissionais) cantando, tocando instrumentos,
falando alto, puxando cadeiras e mesas, gritando, buzinando.Felicidade
e alegria não precisam necessariamente dos exageros para serem demonstradas.O processo da boa educação deve anteceder ao de transmissão cultural
Com toda a
honestidade,os senhores acham que isso
não enlouquece???
Especialistas atestam como verdadeiros nossos sintomas sobre os feitos negativos da poluição sonora
na saúde dos seres humanos que são:
Insônia (dificuldade de dormir),Estresse, Depressão,Perda de
audição, Agressividade, Perda de atenção e concentração, Perda de memória,Dores
de Cabeça, Aumento da pressão arterial, Cansaço, Gastrite e úlcera,Queda de
rendimento escolar e no trabalho,Surdez (em casos de exposição à níveis
altíssimos de ruído)
Foi "
considerando que os problemas de poluição sonora agravam-se ao longo do tempo,
nas áreas urbanas, e que som em excesso é uma séria ameaça a saúde, ao
bem-estar público e a qualidade de vida;que o homem cada vez mais vem sendo
submetido a condições sonoras agressivas no seu Meio Ambiente, e que este tem o
direito garantido de conforto ambiental;que o crescimento demográfico
descontrolado, ocorrido nos centros urbanos acarretam uma concentração de
diversos tipos de fontes de poluição sonora e que é fundamental o
estabelecimento de normas, métodos e ações para controlar o ruído excessivo que
possa interferir na saúde e bem-estar da população" que
o Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONAMA, - Instituiu em caráter nacional o programa Nacional - Educação e
Controle da Poluição Sonora - "SILÊNCIO"
Ao longo do
tempo, outros estudos comprovam a
realidade e a ampliação do
problema-"É perceptível o aumento do
incômodo devido ao ruído e o prejuízo que isto tem causado ao homem no seu
ambiente laboral e/ou ambiental (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000; ZANNIN et al.
2002; ZANNIN et al., 2003). A velocidade de manifestação do dano depende, além
do nível das emissões sonoras, de fatores como:
1) o tempo de exposição,
2) as
condições gerais de saúde,
3) a idade, etc. Todos estes fatores, combinados,
determinam a influência efetiva do ruído sobre o indivíduo, e manifestar-se-ão
por exemplo, através:
1) do aumento da pressão arterial,
2) da aceleração da
respiração,
3) do aumento da pressão no cérebro e 4) do aumento das secreções
de adrenalina (BUNDESANSTALT FÜR ARBEITSSCHUTZ UND ARBEITSMEDIZIN, 1996).
Ruídos
da ordem de 60 dB(A), nível sonoro gerado por uma conversação normal, provocam
estas reações inconscientes governadas pelo sistema nervoso vegetativo e são
independentes do fato de o ruído estar sendo considerado incômodo ou não
(BUNDESANSTALT FÜR ARBEITSSCHUTZ UND ARBEITSMEDIZIN, 1996).
Por esses e muitos outros argumentos, esperamos que os senhores parlamentares empenhados no apoio à
demanda dos músicos e dos bares e restaurantes, busquem outras soluções,que não
o simples aumento dos índices de poluição
sonora; quem sabe espaços adequados,
onde as atividades artísticas possam ser
exercidas sem contudo ferir o sagrado
direito da comunidade de viver com saúde e em paz.
Cordialmente,
Mery-Lucy Souza
Presidente da
Associação dos Amigos das Florestas.
Chico Buarque--quem te viu, quem te vê- vira mais uma vez as costas para o Brasil.
23/05/2015
às 0:06Chico Buarque, o guri que se fez o idiota político de Sérgio, faz proselitismo sobre a maioridade penal, chafurdando no sangue de inocentes!
Chico
Buarque, o velhote de anteontem que pretende ser o eterno guri do
pensamento politicamente correto, decidiu posar com uma camiseta contra a
redução da maioridade penal de 18 para 16 anos (foto).
Pfui…
Já foi o
tempo em que essa gente ditava a pauta. Hoje, no máximo, faz a cabeça
dos que fazem um jornalismo que está fechando as portas porque decidiu
virar as costas para a maioria do povo brasileiro.
Eu já me
sinto meio velho e passadito até mesmo ao criticá-lo. Chico Buarque,
parafraseando um amigo dele, quer “matar amanhã o velhote inimigo que
morreu ontem”.
Em música, é bom. Em literatura, é uma piada. Em política, é patético.
Eu poderia
ser simplista e dizer que é fácil viver em segurança em Paris — média de
menos de um homicídio por 100 mil habitantes; no Rio, 33!!! — e ser
contra a maioridade penal aos 16 no Brasil. A propósito: em terras
francesas, onde mora o burguesote da morte alheia, um assassino pode ser
responsabilizado já a partir dos 13 anos — ainda que não seja punido
como adulto. Dos 16 aos 18, punir ou não como adulto fica por conta do
juiz.
Esse idiota
político resolve comer croissant lá para chafurdar no sangue da
impunidade aqui. Sérgio Buarque — este, sim, um intelectual, ainda que
de esquerda — não se orgulharia da irresponsabilidade do filhote. “Olha
aí, é o meu guri, olha aí…”
Mas eu evito
a crítica fácil do burguesote deslumbrado. Parece ressentimento; sempre
sobra a suspeita de que eu gostaria de estar no lugar dele; de fazer as
boas músicas que ele JÁ FEZ ou de escrever os péssimos romances que
escreve, com a crítica sempre de quatro para suas facilidades
literárias. Ele não sabe nem o que é o paralelismo sintático num
período. É de dar vergonha.
Então deixo
isso pra lá. A camiseta nada tem a ver com a sua boa vida de parisiense
por empréstimo. Decorre apenas de sua preguiça, de sua desinformação, de
seus preconceitos ideológicos. Outros, mais pobres e menos talentosos
do que ele, pensam a mesma coisa. Porque igualmente ignorantes e
mistificadores.
Chico tem de
entrar na campanha que vou lançar: “Adote um menor assassino e faça
dele um Rousseau”. Não que Rousseau fosse grande coisa. Eu lhe daria um
chute no traseiro.
Complexo do Chapadão, a nova fortaleza do tráfico no Rio... "pacificado" por Lula, Dilma, Cabral
Hudson Corrêa e Raphael Gomide - Epoca
O bairro na Zona Norte abriga criminosos que fugiram das áreas pacificadas no Rio de Janeiro. Hoje, partem de lá as ordens para ataques às favelas com UPPs
Até cinco anos atrás, Costa Barros era um bairro pobre como outros tantos da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Os moradores das casas simples e das favelas da região levavam a vida
difícil das periferias, espremendo-se em ônibus lotados para cruzar a
cidade e chegar ao trabalho. Mas caminhavam altivos. Não trombavam com
traficantes nem se viam encurralados por tiroteios. Hoje, os quase 30 mil moradores do complexo andam pelas ruas de cabeça baixa, desviando o olhar de traficantes que carregam pistolas e fuzis,
alguns trajando coletes à prova de balas. Nas esquinas, jovens armados
vigiam a movimentação de estranhos. As ruas têm barricadas montadas com
pneus e galhos. A qualquer ameaça de invasão ou operação policial, elas
viram fogueiras. Tiroteios são frequentes e, quando alguém é ferido, é
difícil saber de onde veio a bala. O Complexo do Chapadão – nome do
conjunto de favelas do bairro – é o novo forte do narcotráfico no Rio.
O Chapadão começou a mudar depois da ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010. Acuados pelas forças de segurança no Alemão e em outras favelas, bandidos ligados a uma organização criminosa se refugiaram no Chapadão, mais distante e fora do radar da polícia na época. Foi lá que os bandidos se reorganizaram. É de lá que saem para atacar outros pontos da cidade, sejam áreas pacificadas ou sob o domínio de facções rivais. O Comando da Polícia Militar compara a área ao que era o Alemão até a ocupação: uma fortaleza controlada por traficantes com armas pesadas, onde a polícia não entra.
O Chapadão começou a mudar depois da ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010. Acuados pelas forças de segurança no Alemão e em outras favelas, bandidos ligados a uma organização criminosa se refugiaram no Chapadão, mais distante e fora do radar da polícia na época. Foi lá que os bandidos se reorganizaram. É de lá que saem para atacar outros pontos da cidade, sejam áreas pacificadas ou sob o domínio de facções rivais. O Comando da Polícia Militar compara a área ao que era o Alemão até a ocupação: uma fortaleza controlada por traficantes com armas pesadas, onde a polícia não entra.
>> Tráfico adota pistola de rajada nas favelas cariocas
Do Chapadão vieram as ordens para os ataques que assustaram o Rio neste mês. Uma das vítimas foi o alpinista Ulisses da Costa Cancela, de 36 anos. Ele voltava para casa no sábado à noite, dia 9, quando entrou por engano na Vila do Sapê, favela em Duque de Caxias bem próxima ao Chapadão e para onde os traficantes já ampliaram seu domínio. Ao perceber o engano, tentou voltar. Mas os bandidos atacaram. O carro de Ulisses levou mais de 20 tiros. Atingido na cabeça, Ulisses morreu horas depois.
Na véspera, cerca de 50 homens armados invadiram um dos morros de Santa Teresa, bairro boêmio e turístico no centro do Rio. Investigações da polícia indicam que veio do Chapadão a ordem para o ataque ao Morro da Coroa, de onde se avista a prefeitura do Rio. Ali, desde fevereiro de 2011, funciona uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Nessa região, morreram mais 12 pessoas na disputa pelo tráfico. Cinco delas, segundo a polícia, tinham envolvimento com o crime. Entre os que não tinham está o rapper Diego Luniere, de 22 anos, voluntário em projetos sociais na favela.
Na manhã do dia 15, moradores encontraram no alto do Morro de São Carlos, numa área de mata, os corpos de dois mototaxistas que não teriam ligação com o tráfico. Acusando a polícia de matar inocentes, um grupo de manifestantes desceu a favela e ateou fogo em dois ônibus. Pelo menos 60 passageiros saíram às pressas, antes de o incêndio começar. Ninguém se feriu. A região conflagrada fica próxima à prefeitura, ao Hospital da Polícia Militar e a uma estação do metrô. As chamas atingiram a rede de energia elétrica e ameaçaram lojas comerciais. Alguns manifestantes atiraram pedras em carros da PM, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo. A polícia investiga as mortes no morro e também se bandidos armados incitaram os ataques.
A Secretaria de Segurança Pública acredita que os traficantes Ricardo de Castro Lima, o Fu da Mineira, e Cláudio Fontarigo, o Claudinho, tramaram as ações em Santa Teresa. Eles começaram a traficar na região nos anos 1990. Condenados por homicídios, os dois passaram mais de oito anos na cadeia. Autorizados pela Justiça a sair do presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, para visitar a família em agosto de 2013, não voltaram. Com o Alemão ocupado, a dupla se refugiou no Chapadão. Fu da Mineira acumula sentenças que somam 89 anos de prisão. Claudinho está condenado a 54 anos. Eles estão entre os bandidos mais perigosos do Rio.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, já anunciou a implantação de UPPs no Chapadão, mas não disse quando. Oficiais da PM preveem dificuldades para tomar o território, recortado por dezenas de ruelas e becos. Entocados na região, os traficantes provocaram o aumento da violência na vizinha Baixada Fluminense. Em 2010, quando o Alemão ainda era a fortaleza do tráfico, os homicídios na Baixada representavam 30% do total no Estado do Rio. Em 2014, passaram para 40% do total. Nas áreas com UPPs, houve redução de 65,5% nos homicídios entre 2008 e 2014, segundo o Instituto de Segurança Pública.
Em fevereiro, uma equipe de ÉPOCA foi rendida por bandidos em uma rua do Chapadão. Encostado no poste de uma esquina, um soldado do tráfico vigiava a entrada do morro empunhando uma pistola. Ele ameaçou atirar. O repórter e o motorista saíram do carro com as mãos levantadas. Quatro bandidos chegaram ao local em dois veículos. “Se for polícia, vocês vão subir”, avisou um deles. Dois traficantes revistaram o veículo, enquanto outro apontava a arma. Depois de 20 minutos, o chefe da quadrilha pediu desculpas, como se a abordagem fosse natural: “É que a polícia vem aqui direto”, explicou. “Não roubamos nada de vocês. Nosso negócio é boca de fumo. Se derem falta de algo, podem voltar para reclamar”, disse um traficante ao liberar a equipe.
Do Chapadão vieram as ordens para os ataques que assustaram o Rio neste mês. Uma das vítimas foi o alpinista Ulisses da Costa Cancela, de 36 anos. Ele voltava para casa no sábado à noite, dia 9, quando entrou por engano na Vila do Sapê, favela em Duque de Caxias bem próxima ao Chapadão e para onde os traficantes já ampliaram seu domínio. Ao perceber o engano, tentou voltar. Mas os bandidos atacaram. O carro de Ulisses levou mais de 20 tiros. Atingido na cabeça, Ulisses morreu horas depois.
Na véspera, cerca de 50 homens armados invadiram um dos morros de Santa Teresa, bairro boêmio e turístico no centro do Rio. Investigações da polícia indicam que veio do Chapadão a ordem para o ataque ao Morro da Coroa, de onde se avista a prefeitura do Rio. Ali, desde fevereiro de 2011, funciona uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Nessa região, morreram mais 12 pessoas na disputa pelo tráfico. Cinco delas, segundo a polícia, tinham envolvimento com o crime. Entre os que não tinham está o rapper Diego Luniere, de 22 anos, voluntário em projetos sociais na favela.
Na manhã do dia 15, moradores encontraram no alto do Morro de São Carlos, numa área de mata, os corpos de dois mototaxistas que não teriam ligação com o tráfico. Acusando a polícia de matar inocentes, um grupo de manifestantes desceu a favela e ateou fogo em dois ônibus. Pelo menos 60 passageiros saíram às pressas, antes de o incêndio começar. Ninguém se feriu. A região conflagrada fica próxima à prefeitura, ao Hospital da Polícia Militar e a uma estação do metrô. As chamas atingiram a rede de energia elétrica e ameaçaram lojas comerciais. Alguns manifestantes atiraram pedras em carros da PM, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo. A polícia investiga as mortes no morro e também se bandidos armados incitaram os ataques.
A Secretaria de Segurança Pública acredita que os traficantes Ricardo de Castro Lima, o Fu da Mineira, e Cláudio Fontarigo, o Claudinho, tramaram as ações em Santa Teresa. Eles começaram a traficar na região nos anos 1990. Condenados por homicídios, os dois passaram mais de oito anos na cadeia. Autorizados pela Justiça a sair do presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, para visitar a família em agosto de 2013, não voltaram. Com o Alemão ocupado, a dupla se refugiou no Chapadão. Fu da Mineira acumula sentenças que somam 89 anos de prisão. Claudinho está condenado a 54 anos. Eles estão entre os bandidos mais perigosos do Rio.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, já anunciou a implantação de UPPs no Chapadão, mas não disse quando. Oficiais da PM preveem dificuldades para tomar o território, recortado por dezenas de ruelas e becos. Entocados na região, os traficantes provocaram o aumento da violência na vizinha Baixada Fluminense. Em 2010, quando o Alemão ainda era a fortaleza do tráfico, os homicídios na Baixada representavam 30% do total no Estado do Rio. Em 2014, passaram para 40% do total. Nas áreas com UPPs, houve redução de 65,5% nos homicídios entre 2008 e 2014, segundo o Instituto de Segurança Pública.
Em fevereiro, uma equipe de ÉPOCA foi rendida por bandidos em uma rua do Chapadão. Encostado no poste de uma esquina, um soldado do tráfico vigiava a entrada do morro empunhando uma pistola. Ele ameaçou atirar. O repórter e o motorista saíram do carro com as mãos levantadas. Quatro bandidos chegaram ao local em dois veículos. “Se for polícia, vocês vão subir”, avisou um deles. Dois traficantes revistaram o veículo, enquanto outro apontava a arma. Depois de 20 minutos, o chefe da quadrilha pediu desculpas, como se a abordagem fosse natural: “É que a polícia vem aqui direto”, explicou. “Não roubamos nada de vocês. Nosso negócio é boca de fumo. Se derem falta de algo, podem voltar para reclamar”, disse um traficante ao liberar a equipe.
Cientistas políticos chamam distritão de “aberração institucional”
Os mais importantes cientistas políticos do Brasil elaboraram um documento contra o distritão, sistema de voto defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). Os especialistas definem o modelo como “aberração institucional”
Defendido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ‘distritão’ é aberração institucional, garantem especialistas (divulgação)
60
cientistas políticos do Brasil se reuniram em um documento contra o
distritão, sistema de voto defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB), na reforma política. Os mais importantes especialistas da
área do país elaboraram um abaixo-assinado que será enviado para Cunha
na sexta-feira.
O próprio relator da comissão especial da Câmara para a
reforma política, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), é contra o modelo.
Os especialistas definem o distritão como “aberração institucional”. Para eles, o modelo exalta o personalismo dos candidatos, encarece a campanha (o que pode aumentar o financialmente ilegal) e transforma os partidos em meras siglas de registro de candidaturas, enfraquecendo a democracia.
“Eu iniciei esse movimento porque não conheço um colega da área que seja favorável a esse modelo. O distritão é uma aberração, isso é uma unanimidade na área. Prova disso é que já temos mais de 60 assinaturas no documento”, afirma o professor da Unir João Paulo Viana, que faz doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp).
Couto também chama o distritão de “aberração”. Para ele, o modelo fragiliza os partidos políticos e elevará os custos da campanha, além de ser um sistema que deixará sem representação os eleitores que votarem em candidatos não eleitos.
“O distritão exacerba as tendências ao personalismo já presentes em nosso processo político, tornando dispensáveis as identidades partidárias e levará aos píncaros os custos de campanha, pois cada candidato, para ser eleito, precisará ainda mais do que hoje percorrer todo o estado em busca de votos, criando comitês em todos os lugares possíveis, para o que somas vultosas serão necessárias. Nem é preciso dizer que isto aumenta a tentação do financiamento ilegal de campanha”, explica o professor da FGV.
Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV, concorda com Couto. Para ele, o projeto de reforma política busca, de maneira equivocada, por fim as eleições proporcionais para vereadores e deputados, o que pode aumentar ainda mais as disfunções relativas ao modelo atual de financiamento de campanha e os problemas do atual sistema partidário.
“Com o fim do voto de legenda e a utilização da simples ordem classificatória geral como fórmula para distribuir as cadeiras, o distritão vai aumentar ainda mais a dependência dos candidatos em relação aos seus financiadores de campanha e pode ampliar o estímulo a negócios escusos com o dinheiro público como os que estão sendo revelados pela operação Lava Jato e, também, vieram a público no chamado escândalo do Mensalão. Adiciona-se,ainda, o potencial de tal proposta para fortalecer o personalismo e a presença de oligarquias regionais que dominam algumas máquinas partidárias e controlam meios de comunicação locais que normalmente são utilizados na construção ou desconstrução de candidaturas”, ressalta Teixeira.
Leia a seguir a carta enviado pelos especialistas a Eduardo Cunha.
Cientistas políticos e sociólogos se posicionam contra a possibilidade do “distritão”
Ao Excelentíssimo Senhor Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Presidente da Câmara dos Deputados (Brasília, DF)
Nós, estudiosos da ciência política
brasileira, vimos por meio desta manifestar posição contrária à adoção
do modelo de sistema eleitoral denominado “distritão”, que será objeto
de votação no plenário da Câmara dos Deputados, no dia 26 de maio de
2015.
A introdução do distritão nas
eleições para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras
de Vereadores representará um verdadeiro retrocesso institucional. Com o
fim do voto de legenda e da transferência de votos dentro das
agremiações partidárias, os candidatos correrão por conta própria, a
título individual, enfraquecendo os partidos políticos e potencializando
o personalismo na corrida eleitoral. Além disso, diferentemente do
atual modelo, milhões de votos serão jogados fora, visto que somente
serão válidos os votos dos eleitos.
Ao que tudo indica, o distritão
acarretará o aumento dos custos das campanhas eleitorais, pois, sem
incentivo algum para a cooperação dentro dos partidos, os candidatos
necessitarão de maior exposição individual. Ademais, facilitará o
renascimento de oligarquias regionais e contribuirá para a diminuição da
qualidade da representação política, ao proporcionar maiores condições
de vitória a concorrentes sem experiência parlamentar.
Se a necessidade de uma reforma
política surge do diagnóstico de que os partidos são frágeis, a adoção
do distritão parece ter como objetivo fragilizá-los ainda mais,
interessando a certos segmentos da classe política profissional, em
particular àqueles com maior facilidade para dispor de vultosos recursos
para suas campanhas. Nesse sentido, observamos com preocupação a
possibilidade de sua implantação e reiteramos nossa posição contrária à
sua propositura.
informações de Agência Globo e Agência Brasil
Finalmente uma feminista inteligente, que gosta dos homens como eles são." Estamos numa fase tardia da cultura, como ocorreu com outras civilizações, em que as definições dos sexos começam a se borrar e a se dissolver e surgem todos os tipos de androginia e de brincadeiras com trocas de papéis entre feminino e masculino. Eu adoro tudo isso, mas acho que não pode ser confundido com um sintoma de saúde e de progresso. Sinto muito. É um sintoma de declínio histórico da nossa cultura. E deveríamos nos preocupar porque isso indica ansiedade e algo errado".
Camille Paglia, a mais antifeminista entre as feministas, aposta na revalorização do lado maternal da mulher como chave para um reencontro afetivo entre os sexos.
Para a ensaísta, enquanto a mulher de qualidade maternal exerce poder sobre os homens ao ter "pena de suas fraquezas", a mulher de perfil profissional exige deles, em casa, a perfeição do mundo dos escritórios.
Em entrevista à Folha, Paglia se declara transexual, critica a produção da arte contemporânea e diz que Madonna deve parar de competir com as mulheres mais jovens.
Leia abaixo a entrevista na íntegra.
Ilustração/André Toma | ||
A crítica e ensaísta americana Camille Paglia em ilustração feita por André Toma |
Folha - Você é feminista ou antifeminista?
Camille Paglia - Eu certamente sou uma feminista. 100%. Os motivos pelos quais eu discordo de boa parte das feministas de hoje é que minha militância começou no início dos anos 60, antes da reviravolta que o movimento teve no final daquela década.
Eu dei uma aula na semana passada na qual eu falava sobre o filme "Núpcias de Escândalo", com Katharine Hepburn. A mãe da atriz era uma das líderes da campanha pelo sufrágio das mulheres, e a própria atriz, antes da Segunda Guerra Mundial, estava participando das manifestações de sufragistas. Eu estava obcecada também por Amelia Earhart, pioneira da aviação e uma dessas mulheres emancipadas dos anos 20 e 30.
Eu admiro demais essa geração de mulheres. Porque elas não atacavam os homens, não insultavam os homens e não apontavam os homens como fonte de todos os problemas das mulheres. O que elas pediam era igualdade de condições no âmbito da carreira e da política e queriam demonstrar que podiam obter as mesmas conquistas dos homens. Era como dizer: somos como os homens, admiramos os homens, amamos os homens.
Hoje em dia, as feministas culpam os homens por tudo! Elas exigem que os homens mudem, querem que eles pensem e ajam como mulheres, almejam que o protagonismo dos homens seja reduzido. Esse é o terrível problema do feminismo contemporâneo, porque, em última instância, isso está fazendo as mulheres retrocederem e as está enfraquecendo.
As mulheres de hoje não são tão fortes como as grandes mulheres dos anos 20 e 30. Então as pessoas me chamam de antifeminista. Mas não: eu sou contrária à ideologia feminista do presente, que é doente, indiscriminada e neurótica. E, mais do que tudo, não permite à mulher ser feliz.
As mulheres precisam se responsabilizar por suas vidas e parar de culpar os homens por seus problemas, que têm mais a ver com questões e estruturas sociais, e não são fruto de uma conspiração masculina.
Fronteiras
Se os homens se parecessem mais com as mulheres, como você diz desejarem as feministas de hoje, o que aconteceria?
As mulheres querem que os homens se comuniquem como elas. Mas, em toda a história da humanidade, as mulheres viveram entre si e os homens viveram entre si. Eram dois mundos separados. A mulheres cuidavam das crianças, da casa, da alimentação, e os homens caçavam e faziam o trabalho pesado. Sei disso porque todos os meus quatro avós eram agricultores italianos, e meus pais nasceram neste ambiente. Sou a primeira geração que cresceu fora dessa estrutura.
O problema hoje é que as mulheres, educadas e ambiciosas, querem entrar no novo mundo burguês do trabalho em escritórios, que são parte do legado da Revolução Industrial. Então temos um novo mundo em que homens e mulheres trabalham lado a lado nos escritórios, em que a divisão do trabalho entre homens e mulheres não existe.
Portanto, ambos têm de mudar suas personalidades para se encaixar nessa realidade porque ambos são uma unidade de trabalho, são a mesma coisa.
É muito frustrante para os dois porque, neste ambiente neutro, em que as mulheres ganharam muito poder, a sexualidade do homem ficou neutralizada. E essas mulheres querem se casar com um homem com quem seja fácil se comunicar. E fora do ambiente de trabalho, qualquer homem que se comporte como homem provoca reações negativas.
Eu vejo grande infelicidade entre mulheres profissionais porque elas querem que suas vidas amorosas tenham a comunicação maravilhosa que elas têm com outras mulheres. A mulher profissional casa com o homem profissional e espera que, ao chegar em casa de noite, ele se comunique com ela como suas amigas ou seus amigos gays. E os homens heterossexuais jamais serão capazes na arte da análise emocional. Não dá para cobrar perfeição dos homens, como se estivéssemos no escritório.
Homem e mulher têm de convergir numa unidade de trabalho. Há uma terrível desconexão para as mulheres entre suas vidas profissionais e amorosas. Para os homens não é tão difícil porque eles encontram sexo mais facilmente. Eles não precisam casar com uma mulher para fazer sexo com ela. Para mulheres, é um período terrível de infelicidade, porque elas têm muita dificuldade em ajustar a mulher do trabalho, que tem poder e conquistas, com a mulher emocional, uma arena na qual as habilidades exercidas no escritório não funcionam.
Para os homens é frustrante porque, se o trabalho que eles fazem pode também ser feito por uma mulher, no que consiste sua masculinidade, afinal? Se antes o homem tinha o trabalho pesado, braçal, hoje, eles estão se perguntando quem são.
Como essa crise masculina se manifesta?
Tenho me preocupado muito com a epidemia do jihadismo no mundo, que é um chamado da masculinidade e está atraindo jovens homens do mundo inteiro. É uma ideia de que ali, finalmente, homens podem ser homens e ter aventuras como homens costumavam ter.
A ideologia do jihad emerge numa era de vácuo da masculinidade, graças ao sucesso do mundo das carreiras. O Estado Islâmico, por exemplo, usa vídeos para projetar esse romance, esse sonho de que os jovens podem abandonar suas casas, integrar a irmandade e se lançar numa aventura masculina por meses, na qual correm risco de morte. Antes, havia muitas oportunidades de aventuras para homens jovens. Hoje, suas vidas são como as de prisioneiros: presos nos escritórios, sem oportunidade para ação física e aventura.
O sistema de carreiras ocidental se tornou tão elaborado e aprisionado, que está produzindo, como no Império Romano, bandos de vândalos. É difícil para a classe média entender o fascínio do risco e da morte, de fazer parte de uma irmandade.
Eu estou muito preocupada politicamente com a forma como as elites não sabem responder a esse movimento. E parte disso é uma revolta dos homens e uma busca dos homens por sentido para eles enquanto homens. O mundo ocidental se tornou tão materialista, e todos estão pensando no próximo apartamento, próximo carro ou próximo emprego, que somos lentos para entender e responder a esse tipo de fenômeno.
Como reverter o desencontro entre homens e mulheres hoje?
O feminismo cometeu um grande erro ao difamar a maternidade. Quando a segunda onda do feminismo começou no final dos anos 60 e início dos anos 70 e foi piorada pelas ideias de Gloria Steinem, que pregou a desvalorização da mulher como esposa e mãe, e a valorização da mulher profissional como aquela que é realmente livre e admirável.
Betty Friedan (1921-2006), que eu admiro, começou a segunda onda do feminismo ao co-fundar a Organização Nacional para as Mulheres, em 1967. Ela era casada e tinha filhos, e queria que o feminismo fosse uma grande tenda que incluísse e acolhesse a todos. Mas Gloria Steinem era parte de um grupo que só se casou no final da vida e não teve filhos, e havia um tom de insulto ao tratar da maternidade.
Minha análise das relações sexuais, no livro "Personas Sexuais", é que a imagem da mãe é extremamente poderosa e que é o motivo pelo qual conexões entre os sexos é instável. Toda pessoa emerge do corpo feminino, do útero, e o feminismo cometeu um erro ao tentar apagar a importância disso, tornando o nascimento um processo mecânico. A imagem mitológica da mãe é muito poderosa para os homens no nível psicológico. Todo menino precisa se livrar da sua mãe. E todo heterossexual que penetra uma mulher retorna ao útero.
Há uma ansiedade e um perigo no ato sexual entre homem e mulher. O homem se sente em risco ao colocar seu pênis no que considera uma potencial armadilha. Por isso há e sempre haverá uma ambivalência na relação sexual entre homens e mulheres. Ele deseja a mulher, ele quer ser nutrido por ela, e quer se livrar dela ao mesmo tempo porque tem receio de ser preso novamente no útero.
Muitos dos comportamentos machistas, arrogantes e estúpidos, são formas tortas de o homem dizer que não está sob o poder da mulher, que não é mais um bebê. São parte do medo do poder da mulher, do útero e da criação. Qualquer pessoa que tentar racionalizar isso, não irá pelo caminho certo.
E é isso o que o feminismo está fazendo, na sua opinião?
Sim. O feminismo é muito racionalista. Está tentando consertar a mecanismos sociais, consertar a sociedade, passando leis contra a discriminação e a favor de cotas para as mulheres. Eu concordo que precisamos de igualdade de condições, mas isso não vai resolver os problemas entre os sexos porque o que existe aí é uma consequência direta da biologia, que não tem sido considerada.
Há todas essas pessoas com ideias estúpidas, que derivam de Michel Foucault (1926-1984), negando a existência dos gêneros. Dizem que o gênero é algo imposto pela sociedade, que não há base biológica para a ideia de gênero. Essas pessoas estão malucas? Elas não sabem que toda e qualquer pessoa que está na face da Terra nasceu do corpo feminino?
As mulheres têm um poder tremendo sobre os homens. Se as feministas não querem esse poder, e querem apenas ser iguais aos homens, ok. O que eu vejo como observadora e como professora é que os homens são muito frágeis psicologicamente em relação às mulheres. E quando as mulheres renunciam ao poder da maternidade, como aconteceu na segunda onda do feminismo, elas perderam uma parte enorme de seu poder sobre os homens.
As mulheres que entenderam seu poder sobre os homens são mais felizes. As mulheres que pedem que os homens mudem e se aproximem delas são mais nervosas, são brutais. Elas não têm confiança no seu poder como mulheres.
As mulheres que têm sucesso com os homens são aquelas que mantém uma certa qualidade maternal e entendem as fraquezas dos homens. E têm pena deles por isso. Elas tratam homens com humor e conseguem entender as necessidades dos homens e nutri-los de certa forma.
De que maneira o adiamento da maternidade das últimas gerações de mulheres é produto desse tipo de pensamento da segunda onda do feminismo?
Gloria Steinem é responsável por isso. Ela e seus problemas psicológicos. Ela teve uma infância terrível. Seu pai era negligente, abandonou a mãe, a mãe teve problemas psiquiátricos.
Steinem, então, mantinha aquele sorriso como se tivesse a resposta para tudo. E ela dizia: a mulher pode ter tudo. E dizia também: uma mulher precisa de um homem tanto quando um peixe de uma bicicleta. Mas em todas as festas que ela frequentava em Nova York ela tinha um homem nos braços.
Ela pregava que a mulher cuidasse de sua carreira e deixasse a maternidade para mais tarde. Só a completa ignorância da biologia permitiu isso, porque sabemos que a fertilidade feminina é maior quanto mais nova ela é, e que a gravidez é mais segura antes dos 35 anos. E há gerações inteiras de mulheres que foram convencidas de mentiras. O que eu digo é que a verdade sobre a biologia precisa ser dita para as meninas cedo.
A mulher tem de escolher entre carreira e maternidade?
Sem dúvida. O mecanismo da educação-treinamento será sacrificado de alguma maneira para as mulheres que escolherem ter filhos. Elas provavelmente podem alcançar sucesso profissional mais tarde, mas tem um grande valor em ter filhos mais cedo.
Por exemplo, eu nasci quando meus pais tinham 21 anos. Não tínhamos grana, mas eles tinham muita energia e eram otimistas. Catorze anos depois, minha irmã nasceu, e meus pais estavam com 35 anos, eles tinham uma casa e uma vida estável, com emprego e tudo mais. Os pais que eu tive foram completamente diferentes dos pais que minha irmã teve. Então minha irmã é muito diferente de mim. Ela tem modos (risos).
Então, mulheres que acham que vão ter filhos aos 45 anos terão energia para correr atrás de uma criança como os pais de 20 e tantos anos. Educação tem que se adaptar a essa realidade da biologia.
As universidades têm que ser mais flexíveis na oferta de cursos para mulheres e de berçários nos campi para que elas deixassem seus filhos por algum tempo. Deveria ser possível para uma mulher jovem decidir ter filhos cedo e continuar a estudar meio período ou fazendo uma disciplina por vez, levando mais tempo para se formar.
As universidades se beneficiariam muito pela presença de estudantes casados e com filhos. Muitas das besteiras que são ditas sobre gênero seriam melhor debatidas se houvessem jovens pais nas salas de aula.
Como essa flexibilidade para jovens mães poderia ser aplicada ao mundo do trabalho?
As empresas não existem para serem agentes de mudanças sociais. Elas existem para obter lucro. Aquelas criadas por investidores progressistas, como muitas firmas na Califórnia, disponibilizam berçários, mas é tudo muito caro. E mais: certos benefícios fazem com que funcionários que não têm filhos reclamem.
Então, isso precisa ser visto com cuidado porque precisa haver igualdade entre os profissionais. A verdade é que maternidade é uma escolha e você precisa aceitar que isso implica numa certa troca.
Há muitas dificuldades na carreira no início, mas não depois. Minha geração de mulheres, cuja maioria focava na carreira e nos salários, está quase se aposentando. De repente, a realidade vai bater: no momento em que deixarem seus empregos, elas não terão nada e serão rapidamente esquecidas. Poderão ter uma aposentadoria financeiramente confortável, mas é só. Enquanto as classes mais populares terão as crianças já crescidas e os netos e os bisnetos. E isso traz um novo sentido à vida.
Precisamos de um discurso melhor sobre o sentido da vida, que não é apenas algo materialista.
Você adotou um menino. Como se vê enquanto mãe?
Sempre deixei claro que eu sou sua parente, mas não sua mãe. Ele tem uma única mãe, que é sua mãe biológica, que é minha ex-companheira, que vive aqui perto e nós temos uma ótima relação centrada na criação dele. Eu estava lá no consultório médico quando ele foi concebido, no hospital quando ele nasceu, tenho sido parte da sua vida desde sempre.
Todas as minhas observações sobre meninos e homens têm sido confirmadas na experiência de ter um filho e de ter adentrado o mundo das mães. E vi com meus próprios olhos que as mulheres comandam a vida das crianças, da casa e do mundo emocional da família. E o marido, que antes era o número um, passa a ser mais um no sistema da mulher. A mulher cria toda a rotina e o homem executa o que ela diz.
Na contramão do discurso que nega os gêneros, há o debate sobre os transgêneros. De que maneira o feminismo pode incluir essas pessoas?
Vou dizer algo controverso, mas real: eu me identifico como transgênero. Quando era mais nova, esse termo não existia. Mas estava muito claro que eu era muito inibida em relação ao meu gênero biológico desde sempre. Eu demonstrava isso, ainda criança, no Halloween. Eu sempre escolhia um personagem masculino. Fui um soldado romano, fui Napoleão, fui Hamlet... E nenhuma menina se fantasiava assim. Eu me sentia alienada em ser uma menina.
Eu estou muito preocupada com essa tendência cirúrgica para mudança do corpo. Isso está por toda parte nos EUA. Dizem que a criança nasceu no corpo errado e já começam com hormônios até chegar à intervenção cirúrgica. Se essa ideia estivesse no ar quando eu era jovem, eu teria me tornado obcecada com isso. Eu teria sido convencida de que essa seria a resposta para todos os meus problemas com a sociedade contemporânea e sua rigidez sexual. E eu teria cometido um engano terrível.
Por quê?
Transformar o corpo cirurgicamente é uma ilusão. Há um número muito pequeno de pessoas realmente intersexuais. É uma anormalidade congênita. A maioria dos casos não é assim. Intervir no corpo, removendo o pênis ou os seios, é uma ilusão porque todas as células do seu corpo permanecem sendo o que elas sempre foram. Simplesmente não é verdade que você mudou de gênero.
Eu acredito que é preciso respeitar o desejo das pessoas de transformar seus corpos, seja por motivos cosméticos, médicos ou de gênero. Cada um tem poder sobre o próprio corpo e eu sou uma libertária neste sentido. Por outro lado, ninguém vai me convencer de que a Chaz Bono, a filha transgênero da atriz Cher, é um homem. Ele precisa tomar uma injeção de hormônios todos os dias para ser o que é, um transgênero, nunca um homem. Cada célula daquele corpo é uma célula feminina.
As pessoas que olham para esse debate e pensam que estamos caminhando para um futuro progressista estão enganadas. Nós vivemos em um período em que os gêneros são fluidos e ninguém se identifica com os papeis de cada um dos gêneros no passado. Mas a ideia de que isso é um sintoma de saúde social está errada. É o caos.
Estamos numa fase tardia da cultura, como ocorreu com outras civilizações, em que as definições dos sexos começam a se borrar e a se dissolver e surgem todos os tipos de androginia e de brincadeiras com trocas de papéis entre feminino e masculino. Eu adoro tudo isso, mas acho que não pode ser confundido com um sintoma de saúde e de progresso. Sinto muito. É um sintoma de declínio histórico da nossa cultura. E deveríamos nos preocupar porque isso indica ansiedade e algo errado.
Eu não noto, a propósito, nenhum avanço no campo das artes. Ninguém está em um período especialmente fértil. Pelo contrário, todos estão obcecados consigo próprios. O ego se tornou um trabalho artístico. As pessoas têm dez conceitos diferentes sobre o que elas são. Acho que a obsessão com gênero e com orientação sexual se tornou uma doença.
Eu sou ateia, mas acredito no poder da religião e de sua visão do universo. Vivemos essa transição da perspectiva religiosa para essa horrível perspectiva centrada no indivíduo, com o apoio da mídia. Isso não são os anos 60, quando se pregou o poder do indivíduo contra a autoridade, mas a destruição dessa ideia cósmica do lugar de cada um no universo. E isso tudo convergiu para a obsessão por gênero e orientação sexual. Isso virou uma loucura. É o novo narcisismo.
Há formas menos obsessivas de olhar para essas questões?
Eu apoio a união civil, mas nunca apoiei o casamento gay, por exemplo. Não acho que o governo deve se envolver em casamento, um termo circunscrito à Igreja. Perante a lei, deve haver igualdade de gêneros e orientações sexuais. Mas deve haver mais respeito por religião. Se você quer se casar, vá a uma igreja que aceite casá-lo. Mas a insistência de que o governo deve intervir neste sentido é muito juvenil.
As pessoas têm de assumir responsabilidade por sua identidade e estar preparadas para desaprovação e rejeição. Os liberais ofereceram a arte como substituto para religião, mas não vejo nenhuma criatividade relevante, mas um mundo de trivialidades. As pessoas hoje estão neste sonho, alucinando ao pensar que o mundo ocidental é eterno. Todos os grandes impérios caíram. Não somos diferentes.
Qual é a consequência do narcisismo nas artes?
Não vejo nada tão profundo sendo produzido hoje se compararmos àquilo produzido em culturas mais repressivas. Tennessee Williams, que eu admiro muito, era um artista gay quando isso não era fashion, e produziu trabalhos incríveis como "Um Bonde Chamado Desejo" e "Gata em Teto de Zinco Quente". Quem é o grande escritor gay neste mundo tão permissivo? Parece que a repressão é um estímulo para a arte (risos).
O que você acha dos protestos topless, como a Marcha das Vadias e as ações do grupo Femen?
Eu adoro qualquer performance de rua, qualquer provocação pública, sejam manifestações ou brincadeiras. Adoro a ideia de pequenos grupos desafiando os poderes constituídos. Sempre participei de muitas delas até que fui disciplinada na universidade porque me colocaram em condicional por um semestre de tanto que eu aprontava.
No entanto, essas meninas são totalmente incoerentes ideologicamente. Femen não faz o menor sentido, é algo fabricado que não tem nenhum sentido político. Uma mulher bonita, com belos seios e palavras desenhadas pelo corpo deveria estar apoiando a indústria do sexo, a prostituição e a pornografia, e não protestando contra a indústria do sexo. É ridículo e demonstra o nível de insanidade do feminismo radical atual.
Como você vai expor seu corpo para protestar contra a indústria do sexo se o que você está fazendo é gerar excitação sexual? É maluco. Eu mostrei para meus alunos o vídeo em que uma maluca do Femen agarrou o menino Jesus no presépio do Vaticano e a polícia a agarrou e ela ficou gritando (risos). Achei tudo muito divertido, mas fiquei com pena dos fiéis que estavam lá porque aquilo é profanação para eles.
A Marcha das Vadias é outra incoerência das meninas burguesas e universitárias de hoje. Fui uma das feministas que levantou a bandeira pró-sexo nos anos 90, mas essas manifestações estão equivocadas. Madonna expunha seu corpo ao mesmo tempo em que assumia a responsabilidade de se defender. Você tem o direito de se vestir como Madonna nas ruas às 3h da manhã e faz parte do comportamento da mulher liberada fazer isso. Só que essa mulher tem que saber se defender.
Se você vai provocar e usar roupas para demonstrar que está disponível sexualmente, porque é isso o que você está fazendo. Está dizendo: sou uma mulher que gosta de sexo e estou pronta para receber ofertas. Mesmo que as mulheres demandem o controle masculino, sempre vai haver um psicótico ou um criminoso que será impossível controlar. Não dá pra pedir para a sociedade a proteger o tempo todo. Se você é uma mulher livre, você tem que aceitar que, toda vez que se vestir de modo convidativo, está enviando uma mensagem e tem de se defender se for necessário.
E é claro que ninguém tem o direito de fazer nada com você, mas só uma idiota acha que vai para as ruas de vestimentas provocativas sem correr o risco de ser atacada, culpando o Estado por isso.
Uma pesquisa no Brasil apontou que 25% dos brasileiros concordam que uma mulher vestida de forma provocativa merecia ser atacada.
Ninguém merece ser atacada. Isso está totalmente errado. Ninguém tem o direito de colocar as mãos no seu corpo sem permissão. O que essas pessoas devem estar dizendo é que a vestimenta comunica uma mensagem e indica um nível de disponibilidade sexual.
Eu também acredito que roupas comunicam algo sobre você naquele momento. Roupas são uma linguagem. As mulheres não entendem como os homens as enxergam com determinadas roupas. Elas acham que estão se vestindo para elas mesmas, mas precisam saber que há um perigo em se vestir de certas formas.
Eu adoro exibição sexual, mas precisam saber que estão comunicando para uma certa audiência. E não necessariamente se pode culpar os homens por entenderem uma mensagem que, talvez inconscientemente, as mulheres estão enviando. Por isso chamo o meu feminismo de safo ("street smart").
Por que você foi tão crítica ao ensaio fotográfico recente em que Madonna aparece com os seios à mostra?
Madonna é uma das figuras mais importantes da cultura pop e da cultura contemporânea. Ela mudou o mundo com sua atitude. Até hoje seus vídeos antigos são grandes obras de arte. Ela tornou possível para as mulheres assumirem o comando de suas sexualidades. Ela nunca foi uma vítima.
Ela sempre controlou a transação entre homem e mulher. Ela era extremamente sexy, mas estava no controle da situação.
Mas acho que esse ensaio ficou feio, acho que ela está se repetindo. Nós já vimos seu corpo no auge da forma e era magnífico. O que ela está fazendo agora? Por que expor o corpo na sua idade em fotografias horrorosas? Sinto muito, mas foi uma desgraça artística. Madonna não deveria estar competindo com mulheres jovens, cujos corpos são belos. Marlene Dietrich, que é um modelo para Madonna, nunca fez isso.
Você acha que mulheres mais maduras não devem mostrar o corpo?
Se você o mostra de um modo belo e sexy, ok. Mas aquelas fotos da Madonna eram revoltantes. Era embaraçoso. Hediondo. Ela parecia uma prostituta decadente que não sabe que está na sarjeta.
Madonna é uma estrela global e não deveria se expor assim. Se você quer seduzir, há outras formas de transmitir isso. Jeanne Moreau é sexy na idade dela sem mostrar nada, e Catherine Deneuve, apesar de ter ganhado peso, continua sexy. Não é digno de uma mulher de tantas conquistas se mostrar assim.
As mulheres têm que superar o envelhecimento. Não dá para dizer que o corpo de uma mulher de idade é tão bonito como o de uma jovem mulher. Não é! Os hormônios não permitem, a pele fica fina, desidratada, etc. Temos de parar de tentar glamurizar a beleza da mulher madura.
O que precisamos é deixar as mulheres jovens dominarem o mundo da beleza e buscar novos papéis para as mulheres mais velhas. Aquelas que são mães ganham poder à medida que a idade avança e encontram novas colocações para si. Precisamos aprender a mudar para o próximo estágio da vida. O que precisamos é criar uma persona para as mulheres na cultura de hoje, e isso tem a ver com desapegar de algo. Senão, elas só têm a perder. Como não há como congelar o processo de envelhecimento, quanto mais as mulheres lutarem contra ele, mais infelizes serão.
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