Vivemos na era das tragédias, num
mundo com uma sucessão de desastres: num dia ocorre um ataque terrorista, noutro
dia é um desastre ambiental. Há incertezas e imprevisibilidade crescentes,
fatos inesperados que perturbam as rotinas, mudanças aceleradas.
São variadas as reações diante do
anúncio de tragédias. Diante de cenários catastróficos as atitudes variam da
paralisia à ação consciente; da histeria à omissão e ao cinismo; da rendição, resignação
e aceitação, à raiva e indignação por ser vitima de tal destino; da adaptação
que busca a sobrevivência, à compaixão diante dos diretamente afetados pelo
sofrimento decorrente das catástrofes.
Desenvolver a atitude correta
pode significar a diferença entre a sobrevivência e a morte.
Tradições espirituais pregam a
oração e as virtudes humanas que ajudem a reduzir a dor. Quem se sente impotente para atuar diante de cenários
catastróficos recolhe-se, apela para Deus e a ele entrega seu destino.
A
esperança da salvação diante do apocalipse faz transcender, ao crer que os
puros, os bons, os justos se salvarão.
Em seu samba E o mundo não se acabou, ( https://www.youtube.com/watch?v=abVNWgeonOY ) assim se expressa Assis Valente: “Anunciaram e garantiram que o mundo ia se
acabar Por causa disso, minha gente lá de casa, começou a rezar...”
Outra reação é a de curtir o aqui
e agora, como também canta o sambista: “E
sem demora fui tratando de aproveitar/Beijei a boca de quem não devia/ Peguei
na mão de quem não conhecia/ Dancei um samba em traje de maiô”. Nessa linha
da atitude do Carpe Diem, desfrutar do momento presente, conta uma história
oriental que um homem caiu num precipício e agarrou-se num cipó.
Embaixo, um
leão esfomeado o aguardava; acima, um ratinho roia o cipó. Ao lado, na rocha,
havia uma parreira com uvas maduras. Ele soltou uma das mãos, colheu uma uva, provou-a
e exclamou: “Que delícia! ”
Por outro lado, a perspectiva de
uma catástrofe pode provocar pânico, desespero, ansiedade e depressão, bem como
reações emocionais de negação.
Ao aterrorizar as pessoas, as
previsões de catástrofes paralisam reações, produzem sensação de impotência, de
não ter o que fazer, de medo do futuro. Um rato fica hipnotizado diante da
cobra que se prepara devorá-lo. Alertas de catástrofes climáticas e ambientais podem
causar reação paralisante. Romper tal paralisia cria condições para agir.
Para além da reação emocional, a
iminência da catástrofe é vista como desafio a ser vencido, cria motivação para
luta, para desenvolver a astúcia, a inteligência, a resistência.
Com calma, vem
a aceitação da situação e a consciência da necessidade da adaptação, o
desenvolvimento de estratégias de sobrevivência que exigem encarar a situação com
coragem e agir racionalmente. Esse tipo de reação pragmática mobiliza ações,
seja a de buscar a salvação individual ou coletiva, na esperança se proteger e
escapar da catástrofe, seja a de prevenir, criar sistemas de alerta para, se possível,
evitar que o desastre aconteça. Definem-se metas, traduzidas em ações que
garantam o seu cumprimento.
A percepção da iminência da
catástrofe mobiliza a ação e desperta a consciência, especialmente de grupos
mais esclarecidos. No caso das mudanças climáticas, isso vem ocorrendo com os
alertas dos cientistas e a pressão crescente sobre as lideranças políticas. Eles
denunciam o déficit de consciência ecológica dos governantes, a ganância e o
egoísmo.
Reconhecer os perigos à frente e
acender luzes amarelas de alerta e de emergência é um primeiro passo para lidar
com as tragédias anunciadas. Assim, por exemplo, cientistas convencidos dos
riscos que representam eventuais colisões com outros corpos celestes montam sistemas
de previsão e de prevenção.
As catástrofes são pedagógicas e
ensinam, porém, à custa de sofrimento e dor. As mega catástrofes e desastres produzem
miséria material, sendo muito difícil se emergir delas e reconstruir as vidas
afetadas.
Diante do desastre ocorrido,
surgem atitudes de compaixão, ajuda e cooperação entre vizinhos atingidos, como
ocorreu em enchentes em Santa Catarina e em desastres como o de Mariana-MG em
2015. O supertufão Hayin que atingiu as Filipinas em novembro de 2013 e matou
10.000 pessoas e deixou mais de 600 mil desabrigadas, sensibilizou os delegados
à COP 19 que se realizava em Varsóvia, para debater as questões climáticas.
A
compaixão para com os vulneráveis é um sentimento que mobiliza ações, como por
exemplo as dos médicos sem fronteiras, que atuam em situações extremas de
carência. Por outro lado, a insensibilidade tende a deixar os mais vulneráveis entregues
à sua própria sorte.
Por outro lado, surgem episódios
de saques por parte de predadores oportunistas.
Conhecer as reações humanas antes,
durante e depois de catástrofes é valioso num mundo em que estamos expostos cotidianamente
a situações trágicas.
Algumas previsões anunciam
tragédias grandiosas, globais, planetárias, com o colapso das civilizações que
poderia ocorrer devido às mudanças climáticas e à extinção da biodiversidade. Filmes
como A era da estupidez ou O dia depois de amanhã, dão forma a
esses cenários.
Alguns colocam em dúvida se é
verdadeiro o diagnóstico da iminência da catástrofe, tal como os céticos em
relação a mudanças climáticas ou aqueles que negam a responsabilidade humana
por tais mudanças. Nessa linha, continua Assis Valente em seu samba: “Acreditei nessa conversa mole/Pensei que o
mundo ia se acabar/E fui tratando de me despedir...” E constata, em tom de
frustração, que tudo não passava de alarme falso: “E o tal do mundo não se acabou. ”
Um problema de dimensões
colossais não pode ser enfrentado apenas por meio da ação individual ou de
pequenos grupos. Num Titanic que afunda ou num avião em queda, o passageiro tem
pouco a fazer para evitar o desastre; ações preventivas deveriam ter sido
tomadas anteriormente.
Na iminência de um colapso
climático a união planetária é forma de fortalecimento mútuo. Iniciativas de
superação de conceitos nacionais de soberania e de construções de federações
supranacionais apontam nessa direção.
Por meio delas desenvolve-se a cooperação
e a solidariedade, superam-se divergências menores em prol da sobrevivência,
numa ação convergente em que cada um faça a sua parte. Como construir tal convergência num contexto
de interesses conflitantes é um desafio penoso de ser superado, como mostram as
difíceis negociações relacionadas com as mudanças climáticas.
Ações preventivas tomadas a tempo
podem evitar a ocorrência da tragédia anunciada. A mudança de atitudes pode
criar outro futuro possível.
Dia 27 de janeiro de 2016.
Movimento programado para PARAR São Paulo (incluindo aeroportos).
Ajudem a formar a cultura da DESOBEDIÊNCIA CIVIL.
Parando São Paulo, interrompe-se a receita macroeconômica (governamental) constituída unicamente de impostos.
Temos que parar São Paulo dia 27/01/2016.