https://www.youtube.com/watch?v=gMbE5gpINgw
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Cerrado, 'berço das águas' do Brasil, está sendo destruído
Aos 33
anos, o historiador e técnico agrícola Samuel Leite Caetano declarou para a
plateia do Museu do Amanhã que nunca tinha estado num lugar tão bonito. Aos 66,
Maria do Socorro preferiu falar em pé, do alto de seu par de sandálias
douradas, para lembrar que vem de um lugar, o Cerrado, que é considerado o
berço das águas:
"Se eu
preservo minha fonte eu vou preservar a água das cidades", declarou,
olhando em volta.
Fátima
Barros, nascida em 72, trouxe a emoção na voz para falar sobre as ameaças que o
Cerrado está sofrendo, sobretudo por parte do agronegócio. Uma emoção que lhe
dá coragem e vontade de partir para o enfrentamento: "Não temos medo da
tempestade porque nós somos a tempestade".
Já Maria
Emilia Pacheco, que é mineira mas mora no Rio, e que já presidiu o Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) lembrou como é distante,
não só fisicamente, do carioca e do Sudeste, a região do Cerrado. Mas não devia
ser assim: "Estamos falando de uma questão nacional, a vida no Brasil
depende muito do Cerrado".
Dediquei
parte da minha manhã de ontem (9) a ouvir histórias do Cerrado no Museu do
Amanhã, no evento "O Cerrado em toda parte" organizado em parceria
pelas ONGs ActionAid e Rede Cerrado. Katia Favilla, secretária executiva da
Rede, lembra que parte deste distanciamento das questões de uma região tão
importante para o Brasil foi porque houve um tempo "em que os povos e
comunidades tradicionais lutaram para ficar invisíveis", já que isso era
uma garantia de sobrevivência e de permanência em seus territórios.
Hoje não é
mais assim. A luta é pela visibilidade, para mostrar aos povos de todas as
regiões do Brasil que existe um lugar, que ocupa um quinto do território do
Brasil e se estende por 12 estados, considerado a savana mais rica em
biodiversidade do mundo, que está sendo dia a dia desmatado, espoliado, para
dar lugar a pasto e plantações de monoculturas.
"Falar
sobre o Cerrado e sobre seus povos no Museu do Amanhã é trazer a discussão para
as grandes cidades, é expor a um público já acostumado a falar de Amazônia, as
riquezas de outro bioma extremamente importante para o país", diz Karia
Favilla.
A sociedade
civil está fazendo a sua parte, mostrando que não é preciso tanta destruição
para alimentar as pessoas, como bem lembrou Maria Emilia Pacheco.
"Os
portugueses quando chegaram ao Brasil encontraram o roçado dos indígenas, com
alimentos que eles haviam descoberto, e destruíram tudo. Nós aqui da cidade
estamos nos esquecendo de que os alimentos que temos hoje na mesa vem do
trabalho que continua sendo feito pelas comunidades tradicionais", disse
ela.
Por
comunidades tradicionais entendem-se pessoas que vivem no mesmo lugar há muito
tempo e criam com ele uma relação de afeto, não de negócio. É esta a maior
diferença, como explica Maria de Fátima:
"A
relação do agronegócio com o Cerrado é um negócio e a nossa relação é de vida,
de amor, de afetividade. Não há limites para o capital. Temos feito a
resistência. Minha família está na Ilha de São Vicente (no Tocantins) há 130
anos e ainda assim enfrentou um processo jurídico que nos expulsou em 2010, por
um fazendeiro que conseguiu retirar de lá a comunidade. Conseguimos retornar,
enfrentamos um processo para comprovar nossa ancestralidade, o que é uma
violência para os povos quilombolas. Precisei de papel de cartório para dizer
que sou quem sou. Lutamos contra tudo isso de pé".
A violência
contra os povos que lá estão há tanto tempo, por si só, já é um absurdo. O
descaso com o meio ambiente aumenta a sensação de que não se está percebendo o
tamanho da tragédia. Os números, divulgados ontem no evento que durou o dia
inteiro, apoiado pelo Museu, dão conta de como é preciso que o poder público lance
um olhar para a região. Vejam só:
- Só entre 2016 e 2017, o Cerrado perdeu o equivalente a mais de 1 milhão de campos de futebol, segundo dados do próprio Ministério do Meio Ambiente. Hoje, a cobertura florestal do bioma ocupa menos da metade de sua área original;
- O Matopiba (nome da região composta pelos estados do Maranhã, Tocantins, Piauí e Bahia) é a última grande remanescente de Cerrado contínuo e repleto de comunidades tradicionais e agricultores familiares. O Plano de Desenvolvimento Agrário, no entanto, vem promovendo a substituição de mata nativa por grandes extensões de monoculturas.
- Hoje, 36% de todo o gado e 63% de toda a soja plantada no país estão no Cerrado. E 30% da área virou pasto.
Dá para
imaginar tanto desmatamento num terreno onde brotam as principais fontes de
água doce do país? Um terreno que contribui com oito das 12 regiões
hidrográficas, entre elas as bacias dos rios Araguaia/Tocantins, do Rio São
Francisco e do Rio Paraná e abriga três aquíferos está sendo desmatado, segundo
informações da Rede Cerrado, por projetos que desde os anos 70 estimulam a
"limpeza" da vegetação para a produção.
Esta é a
questão. As soluções são várias e não precisam de caras tecnologias para serem
implantadas, o melhor é isso. A agroecologia, um conceito que pressupõe a
prática da agricultura de maneira cuidadosa não só com o meio ambiente como
levando em conta as pessoas, a cultura de cada povo, ensina muita coisa. Há
cerca de um mês, as Fundação Boll e Rosa Luxemburgo
lançaram no Rio o Atlas do Agronegócio, que aponta a agroecologia como uma
alternativa. Ela já é utilizada em cultivos de arroz no mundo inteiro.
"A
agroecologia promove a agricultura em pequena escala, em sintonia com os
ecossistemas. Não é apenas um conjunto de técnicas agronômicas; é um processo
político, social e transformador. Oferece ferramentas que dão às pessoas o
direito de definir seus próprios sistemas de alimentação, agricultura,
pecuária, pesca e as políticas que impactam estes sistemas como parte de um
movimento internacional. A agroecologia não procura melhorar a agricultura
industrial, mas substituí-la", diz o relatório.
É de
transformação, portanto, que estamos falando. Uma transformação que dê passos
para a frente, que ouça atentamente o que cientistas do mundo todo estão falando
sobre as respostas que a natureza dá aos impactos que vem sofrendo. Isto, sim, nos colocará em posição
de respeito na comunidade internacional de maneira sustentável.
Mosaico Sertão Veredas Peruaçu é ampliado e passa a ser um dos maiores do Cerrado
Mosaico Sertão Veredas Peruaçu é ampliado e passa a ser um dos maiores do Cerrado
10 Julho 2018
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Por Letícia CamposO Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, localizado no norte de Minas Gerais e sudoeste da Bahia, foi ampliado de 1.8 milhão de hectares para mais de 3 milhões de hectares. A inclusão de dez unidades de conservação no Mosaico, que agora passam a integrar às 15 UCs já existentes, somando um total de 25 áreas protegidas, ocorreu na última quinta-feira (05), três meses após a proposta ser apresentada para a Câmara Técnica de Gestão Integrada das unidades do MSVP, em que o WWF-Brasil faz parte da coordenação.
O conselho consultivo do MSVP aprovou, por unanimidade, o pedido de ampliação do mosaico. Esse é um grande passo para o planejamento e execução de ações conjuntas na prevenção ao desmatamento e maior desempenho das ações de conservação de um dos maiores remanescentes de Cerrado.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os mosaicos de áreas protegidas são instrumentos de gestão e ordenamento territorial que têm por finalidade a conservação da biodiversidade por meio da integração entre as unidades de conservação e demais áreas protegidas de um determinado território.
Roberto Marcine, gestor da Reserva Biológica do Jaíba, acredita que a entrada das seis unidades do Sistema de Áreas Protegidas do Jaíba no Mosaico “possibilitará um trabalho conjunto dos gestores, sociedade civil e órgãos públicos do território para alcançar uma maior efetividade na gestão dessas UCs e promoção da sustentabilidade numa região com grande importância biológica e sociocultural”.
O território faz parte da região dos Gerais, imortalizada por Guimarães Rosa, em que a diversidade ambiental, que abriga espécies endêmicas da fauna e flora do Cerrado, convive com a riqueza cultural dos povos tradicionais, mas tem sido alvo de desmatamento, queimadas e devastação.
Um forte alerta foi dado em 2017 pelo mapeamento do uso do solo, que apontou que a região do Mosaico está ocupada com 37% de atividade agropecuária, o que retoma o debate sobre a importância da abordagem regional na gestão de unidades de conservação.
Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, conta que o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu foi um dos primeiros a ser criado no bioma Cerrado e que inclui praticamente todas as modalidades de unidades de conservação previstas no SNUC, além de Terras Indígenas e quilombolas.
“É uma realidade complexa. E as estratégias de gestão considerando mosaicos de áreas protegidas se mostram atuais e efetivas para uma ação integrada para a proteção de áreas naturais. Estou otimista por ver as instâncias ligadas à governança e gestão dessas unidades de conservação - no caso o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Prefeituras Municipais de Uruana de Minas e de Mambaí, em Goiás, - atuando junto ao Mosaico, pois poderá refletir em um ganho ainda maior na troca de experiências e gestão integrada e participativa”, declarou.
Relevância Ecológica e Social
Nesse cenário, palco do Grande Sertão: Veredas, a marcante paisagem de buritizais e águas são habitat para grandes mamíferos, répteis, anfíbios, variadas espécies de avifauna e mais de 150 tipos diferentes de árvores típicas dos três importantes biomas presentes na área do Mosaico – o Cerrado, a Caatinga e a floresta estacional ou Mata Seca –, muitas delas ameaçadas de extinção. Nessa região também estão localizadas as cavernas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e sob a qual encontra-se o aquífero Urucuia, um dos maiores reservatórios de água subterrânea do país. A região abriga vária nascentes e recebe as águas do Rio Peruaçu e do Rio Carinhanha, que contribui com 20% da vazão do Rio São Francisco.
Esse mosaico de ecossistemas representa uma área chave para conservação não somente dos recursos naturais, mas da integridade de uma cultura tradicional, em que comunidades tracionais e indígenas dedicam sua vida para o extrativismo sustentável das árvores frutíferas. Todos trabalhando de forma organizada em três cooperativas, com o apoio do WWF-Brasil e parceiros, com um único objetivo comum: manter as matas e rios, fartos e produtivos, para que possam continuar a viver ali, na mesma terra e da mesma forma que aprenderam com os seus antepassados.
Veja a lista das UCs que entraram no Mosaico:
Unidade de Conservação | Área em hectares | Estados |
Refúgio Federal de Vida Silvestre do Oeste Baiano | 128.048,99 | BA |
APA Federal das Nascentes do Rio Vermelho | 173.324,33 | GO |
Parque Natural Municipal do Pequi | 2.200,00 | GO |
APA Municipal de Uruana de Minas | 30.158,00 | MG |
Reserva Biológica Estadual Serra Azul | 7.285,00 | MG |
Reserva Biológica Estadual do Jaíba | 6.358,00 | MG |
APA Estadual Lajedão | 12.000,00 | MG |
APA Estadual Serra do Sabonetal | 82.500,00 | MG |
Parque Estadual Verde Grande | 25.570,00 | MG |
Parque Estadual Lagoa do Cajueiro | 20.500,00 | MG |
WWF-Brasil no Mosaico
Estudos reforçam aptidão para mosaico de UCs no Pantanal
Estudos reforçam aptidão para mosaico de UCs no Pantanal
11 Outubro 2018
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O ICMBio publicou em seu portal na internet uma série de estudos para embasar a proposta de criação de um mosaico de Unidades de Conservação no Pantanal. A ideia é conectar quatro diferentes áreas protegidas já existentes na região: Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, Estação Ecológica de Taiamã, Parque Estadual do Guirá e Parque Estadual Encontro das Águas, que ocupam, no total, 360.272 hectares. Com as novas áreas propostas, o mosaico somará 887.855, formando um grande corredor ecológico.
Para formar o mosaico, é proposta a criação de duas novas unidades de conservação federais -- uma Reserva de Fauna e um Refúgio de Vida Silvestre, que permitem a convivência com atividades econômicas – e a ampliação da Estação Ecológica de Taiamã e do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense.
“A formação de mosaicos é importante para fortalecer a conservação. Áreas conectadas dão mais condições de sobrevivência às espécies”, avalia o coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil, Julio César Sampaio.
O Pantanal é um exemplo de convivência de atividades produtivas com a conservação da natureza. Cerca de 83% de sua vegetação natural permanecem preservados, ainda que apenas 4,6% da área do bioma estejam protegidos em Unidades de Conservação. Esse índice contrasta com as Metas de Aichi, assumidas pelo Brasil, de proteger pelo menos 17% de cada um dos biomas terrestres no país.
Uma das razões que contribuem para a conservação da vegetação natural no Pantanal é a inviabilidade de boa parte da área para atividades agropecuárias: grandes extensões permanentemente ou sazonalmente alagadas, o que as torna impróprias para a criação de gado ou para a formação de lavouras.
Audiências
Em julho deste ano, o ICMBio realizou audiências públicas nos municípios de Cáceres e de Poconé para discutir com a população a criação do mosaico de UCs. Em Cáceres, o chefe da Estação Ecológica de Taiamã, Daniel Kantek, informou que há na região 131 espécies de peixes e 237 de aves, além de abundância de espécies ameaçadas de extinção, como onça pintada, ariranha e cervo do Pantanal. Segundo ele, no período de seca, cerca da metade da área proposta para ampliação da Estação permanece alagada e, durante as chuvas, praticamente a totalidade fica submersa.
Uma crítica comum entre os presentes foi não terem sido consultados sobre a proposta. O presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Jeremias Pereira Leite, leu carta destinada ao presidente do ICMBio, Paulo Carneiro, assinada pelo sindicado, associações de criadores, Clube de Diretores Lojistas, Conselho Municipal de Turismo, Comissão da Hidrovia e outras entidades. O documento diz que a proposta do mosaico é “desnecessária ambientalmente” e que “inviabiliza a economia da região”.
O Pantanal, disse, “convive em perfeita harmonia com a pecuária há mais de 300 anos, mantendo a vegetação nativa em 83% da área. As ampliações e criações de áreas protegidas, atingindo grande extensão do Rio Paraguai, causam imenso prejuízo aos afetados pelas restrições, em uma região imensamente preservada ambientalmente. Manifestamos nosso descontentamento, insatisfação e contrariedade”.
O presidente do Sindicato Rural de Vila Bela da Santíssima Trindade, José Teixeira, disse que é contra qualquer proposta de criação de área protegida. “Vamos ser contra qualquer coisa que venha a aumentar isso e aquilo. Vamos bater pesado para que nada aconteça na nossa região”, disse. Nas audiências, o ICMBio recebeu solicitações por mais informações além das que já estavam disponíveis, inclusive do procurador do Ministério Público Federal Pedro Melo, que recomendou a “ampla divulgação dos estudos técnicos”.
Importância ambiental
O "Estudo da proposta de ampliação das unidades de conservação do Pantanal Norte Mato Grosso" conclui que o território proposto para a criação do mosaico tem baixa aptidão agrícola “em toda sua extensão”, com inundação cíclica. As áreas aproveitadas nos períodos de seca, diz o documento, são “esparsas e residuais” e “as estimativas de rebanho neste território são pouco significativas”. Disponibilizado agora no portal do ICMBio, o documento foi elaborado pela empresa Agrotools, especializada em identificar a dinâmica dos riscos que afetam a segurança do agronegócio brasileiro.
O estudo também analisou as informações prestadas por proprietários afetados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e constatou que praticamente não foram declaradas áreas de uso consolidado. A região em foco, de acordo com o estudo, “possui alta importância ambiental pelo seu grau de preservação e posicionamento estratégico na conexão do conjunto”.
“Iniciativas de proteção da natureza têm nosso apoio com entusiasmo“, disse o coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos. “No caso específico do Pantanal, entendemos que as ações de conservação da região não podem ficar restritas à planície pantaneira, mas devem se estender ao Planalto, seriamente ameaçado por atividades econômicas que têm influência direta sobre a planície inundável. Essa compreensão é importante no momento em que se discute, no Congresso Nacional, a aprovação de uma Lei do Pantanal, que precisa incluir a proteção do Planalto. É lá que estão as nascentes dos rios que contribuem para a formação do Pantanal”, completou.
Ribeirinhos
O WWF-Brasil também entende que a presença das populações tradicionais e ribeirinhas da região, como a comunidade da Barra de São Lourenço, é importante para a conservação da paisagem e devem ser ouvidas e ter seus direitos garantidos. Dirigentes do ICMBio estiveram na região para discutir a situação dos ribeirinhos, juntamente com o WWF-Brasil, a Ecoa e o Ministério Público Federal.
A comunidade da Barra de São Lourenço é formada por grupos que estão na região há gerações, tendo como principal atividade econômica a pesca e a coleta de iscas. Inclui indígenas e trabalhadores rurais expulsos da área do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense quando ele foi criado e, posteriormente, das áreas transformadas em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no entorno do parque. De acordo com o estudo da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), os moradores mais antigos afirmam morar na comunidade há mais de 40 anos. “Essa comunidade tradicional possui uma longa residência na região”, diz o estudo.
Com o apoio da Ecoa, a comunidade deu início, há dez anos, a um processo de criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), que ainda tramita no ICMBio. “Essa é uma excelente oportunidade para incluir essas famílias”, disse Júlio César Sampaio.
O que são mosaicos
Mosaico de unidades de conservação (UC) é um modelo de gestão que busca a participação, integração e envolvimento dos gestores de UC e da população local na gestão das mesmas, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. Essa é definição do Ministério do Meio Ambiente.
O reconhecimento de um mosaico se dá quando existir um conjunto de UC próximas, justapostas ou sobrepostas, pertencentes a diferentes esferas de governo ou não. O estabelecimento de um mosaico contribui também para a transposição de um dos principais desafios na gestão de unidades de conservação, que é a interação entre a população local, o governo local e os órgãos gestores de diferentes esferas de atuação para promover ações de proteção das áreas naturais.
Um mosaico tem como objetivo primordial compatibilizar, integrar e otimizar atividades desenvolvidas nas UC que o compõem.
Para acessar os documentos que balizam a criação do Mosaico Pantanal é preciso acessar a consulta pública do ICMBio neste link, cliando em "Proposta de criação do mosaico de unidades de conservação no Pantanal".
Valor Econômico - Venezuela usa conferência do clima para tentar se reaproximar do Brasil
Valor Econômico - Venezuela usa conferência do clima para tentar se reaproximar do Brasil
Daniela Chiaretti
A conferência do clima das Nações Unidas que o Brasil quer realizar em 2019 serviu como pretexto para a Venezuela se reaproximar do Brasil e tentar retomar as relações diplomáticas suspensas desde dezembro. A realização da CoP 25 depende, contudo, de quem será o novo presidente brasileiro.
O evento, com potencial para ser a maior reunião internacional do próximo governo, tem custo previsto em R$ 400 milhões. Salvador se candidatou oficialmente para abrigar a conferência da ONU que é informalmente disputada por São Paulo e Rio de Janeiro e, no Paraná, Curitiba e Foz do Iguaçu.
Nas negociações internacionais, a CoP 25 começou a se tornar mais concreta na tarde de 28 de setembro. Durante os eventos da Assembleia Geral da ONU em Nova York, Jorge Arreaza, ministro das Relações Exteriores da Venezuela, pediu um encontro com seu par brasileiro, o ministro Aloysio Nunes.
As relações entre os dois países estavam congeladas desde dezembro, quando a Venezuela expulsou o embaixador brasileiro Ruy Pereira. A escalada da crise começou durante o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Caracas classificou o ato como golpe e não reconheceu o governo Michel Temer. A recíproca ocorreu com o governo Nicolás Maduro. A relação azedou com a suspensão da Venezuela do Mercosul em 2016.
Na última conferência do clima, na Alemanha, no final de 2017, o Brasil se candidatou a sediar a reunião de 2019. Pelas regras da ONU, a proposta tinha que ser aprovada por consenso dentro do grupo de países latino-americanos e do Caribe, conhecido por Grulac. A Venezuela se opôs. Era uma retaliação à relação distante dos dois países e à decisão do Grupo de Lima (conjunto de 14 países da América Latina e Caribe) de não apoiar nenhuma candidatura venezuelana a organismos internacionais.
O impasse seguiu até setembro, em Nova York. Os venezuelanos tomaram a iniciativa da reunião. A interpretação de um observador foi de que o governo Maduro sente a pressão crescente e notou que a posição do Brasil é mais moderada. O Brasil não apoiou carta enviada por Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai, Peru e Canadá à procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), pedindo a investigação de supostos crimes contra a humanidade cometidos por autoridades venezuelanas. O Brasil entende que o tema já está sendo tratado no fórum e que não é preciso dar outro passo nesta direção. “O que não dá é chamar verde de amarelo. Eles têm 250 presos políticos, não tem independência de poderes, não respeitam a Constituição”, diz o analista. “Mas o Brasil é aberto ao diálogo.”
Nunes preparou sua pauta: refugiados, cooperação em saúde (campanhas de vacinação e troca de informações epidemiológicas), cooperação na fronteira para impedir o tráfico de drogas, armas e pessoas, além dos US$ 30 milhões que a Eletronorte deve à Venezuela pelo abastecimento de energia de Roraima (que não consegue ser paga pelas sanções dos EUA à Venezuela) e da dívida venezuelana com o Brasil, estimada em US$ 275 milhões. A proposta brasileira seria de um ajuste de contas — a dívida da energia sendo deduzida do que a Venezuela deve ao Brasil.
A CoP no Brasil foi outro ponto levantado por Aloysio Nunes. Os venezuelanos disseram que o Brasil poderia contar com o seu apoio. Em 4 de outubro, a presidência do Grulac, ocupada por Barbados, emitiu nota dizendo que a candidatura brasileira tinha consenso.
Se as arestas internacionais foram aparadas, o cenário doméstico é outro. A CoP entrou no Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas em um artigo em que havia desde fundos para municípios até a construção de aeroportos. Na avaliação do Ministério do Planejamento, o impacto orçamentário do artigo seria de mais de R$ 10 bilhões. O governo negocia agora com o Congresso que a CoP seja incluída na Lei Orçamentária Anual (LOA), em artigo específico.
“Queremos deixar tudo certo para que o governo de transição tome a decisão”, diz uma fonte. O Ministério do Meio Ambiente monta projeto para permitir a captação de patrocínio privado que, na Rio+20, foi de R$ 120 milhões.
A questão é que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, diz que, se for presidente, o Brasil sairá do Acordo de Paris. Neste contexto, uma CoP no Brasil não tem sentido. A candidatura brasileira tem que ser formalizada na CoP deste ano, na Polônia. Se o Brasil se retirar e nenhum outro país da região assumir a proposta, a CoP 25 acontecerá na sede da Convenção do Clima, em Bonn, na Alemanha.
Única população de lobos vermelhos sobrevivente pode ser extinta
DECLÍNIO POPULACIONAL
Única população de lobos vermelhos sobrevivente pode ser extinta
O governo norte-americano e os defensores dos direitos animais alertam para a importância de proteger os únicos 40 integrantes da espécie.
26/04/2018 às 17:30
Por Stefany da Costa, ANDA
Por Stefany da Costa, ANDA
Segundo as informações do documento, a população de lobos não pode se recuperar de suas perdas e superar a mortalidade, o que resulta em uma espécie em constante declínio populacional.
O Centro de Diversidade Biológica dos EUA, uma organização sem fins lucrativos, pediu medidas imediatas para ajudar a combater os números cada vez menores e pediu ao serviço que reforce os regulamentos para bloquear as caças nos locais em que os animais selvagens habitam.
“O tempo está se esgotando para esses animais. Precisamos agir rápido se formos evitar que eles desapareçam para sempre. Para começar, precisamos de medidas imediatas para impedir que as pessoas os matem”, disse Collette Adkins, bióloga e advogada do Centro de Diversidade Biológica dos EUA.
Uma parte significativa da revisão do governo abordou o debate substancial sobre se os lobos vermelhos são uma espécie de coiote, argumentando pesquisas e testes genéticos que não chegaram a uma resposta definitiva. Até que tal resposta seja alcançada, a revisão declara que o serviço reconhecerá os animais como lobos, dado o fato de que a comunidade científica não está de acordo sobre a questão da taxonomia do lobo vermelho.
O objetivo da revisão de cinco anos foi principalmente para avaliar o
status de espécies de lobos ameaçadas, e o serviço informou que os
lobos vermelhos devem permanecer protegidos sob a lei das espécies
ameaçadas, uma parte da legislação sob ataque recente dos republicanos
do Congresso norte-americano.
Em última análise, o serviço acrescenta que mais ajuda será necessária para garantir a sobrevivência dos animais. E os grupos defensores dos direito animais concordam. Sem mudanças, Adkins salienta que os lobos vermelhos enfrentam a possibilidade muito real de desaparecer da natureza se não receberem a ajuda que precisam.
Em última análise, o serviço acrescenta que mais ajuda será necessária para garantir a sobrevivência dos animais. E os grupos defensores dos direito animais concordam. Sem mudanças, Adkins salienta que os lobos vermelhos enfrentam a possibilidade muito real de desaparecer da natureza se não receberem a ajuda que precisam.
Campanha internacional pressiona Brasil a proibir testes em animais
AVANÇOS NA LEI
Campanha internacional pressiona Brasil a proibir testes em animais
O Brasil é o maior mercado mundial de indústria cosmética, e proibir testes em animais nesse comércio brasileiro marcaria avanço contra a crueldade animal
12/05/2018 às 08:00
Por Redação
Um novo relatório recomendando a proibição total dos testes em animais para produtos cosméticos e ingredientes
foi publicado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT). A senadora inclui
também a proibição da venda de cosméticos que foram testados em animais.
Seis estados brasileiros já proibiram o uso de animais em testes para produtos e ingredientes cosméticos: Pará, Amazonas Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Segundo os ativistas, o Brasil é um dos maiores mercados de cosméticos do mundo, portanto seria um enorme avanço o país aderir à proibição.
Pressão internacional
De acordo com a organização de direitos animais Cruelty Free International, que vem trabalhando com políticos locais sobre a questão: “O relatório sugere várias alterações ao Decreto Federal 70/2014 sobre testes cosméticos em animais, originalmente proposto em 2014 pelo senador Ricardo Izar depois de trabalhar estreitamente com nossa equipe de especialistas. Se adotadas pelo Senado, as mudanças propostas se basearão na versão original do projeto de lei encabeçada pela Cruelty Free International”.
Uma campanha da instituição contra crueldade animal e da marca de cosméticos The Body Shop é responsável pela criação de uma petição que está incentivando nações a proibirem as brutalidades dos testes em animais, abolindo essa prática como um todo quando em referência à indústria de cosméticos.
Michelle Thew, presidente-executiva da Cruelty Free International, disse em comunicado: “Saudamos muito os passos significativos que o Brasil está dando para acabar com a crueldade dos cosméticos. Não há espaço para essa prática desatualizada e desnecessária no século 21. Esperamos ver um sucesso votação deste relatório no Senado e a adoção rápida e abrangente da legislação como um todo”.
Contexto no Brasil
Ao aderir à proibição dessa prática, o Brasil se uniria a 37 outros países, incluindo toda a União Européia, Israel, Índia, Noruega, Suíça, Taiwan, Nova Zelândia e Guatemala. Legislação semelhante está sendo debatida em todo o mundo, incluindo nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Chile e África do Sul.
“A lei no Brasil exige uma proibição imediata dos testes de produtos cosméticos acabados em animais, além da proibição de testar ingredientes cosméticos dentro de um prazo de três anos. Também, a proibição de usar dados de testes em animais para autorizar novos cosméticos para o mercado brasileiro.”, ressaltou Michelle.
O Brasil está, portanto, a um passo de um novo avanço dos direitos animais, e a pressão internacional tem boa parcela de responsabilidade nessa causa. O movimento livre de crueldade animal está sendo amplo em todo o mundo, e ativistas pressionam os governos para tomarem mudanças condizentes com uma sociedade moderna e livre de exploração animal.
Seis estados brasileiros já proibiram o uso de animais em testes para produtos e ingredientes cosméticos: Pará, Amazonas Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Segundo os ativistas, o Brasil é um dos maiores mercados de cosméticos do mundo, portanto seria um enorme avanço o país aderir à proibição.
Pressão internacional
De acordo com a organização de direitos animais Cruelty Free International, que vem trabalhando com políticos locais sobre a questão: “O relatório sugere várias alterações ao Decreto Federal 70/2014 sobre testes cosméticos em animais, originalmente proposto em 2014 pelo senador Ricardo Izar depois de trabalhar estreitamente com nossa equipe de especialistas. Se adotadas pelo Senado, as mudanças propostas se basearão na versão original do projeto de lei encabeçada pela Cruelty Free International”.
Uma campanha da instituição contra crueldade animal e da marca de cosméticos The Body Shop é responsável pela criação de uma petição que está incentivando nações a proibirem as brutalidades dos testes em animais, abolindo essa prática como um todo quando em referência à indústria de cosméticos.
Michelle Thew, presidente-executiva da Cruelty Free International, disse em comunicado: “Saudamos muito os passos significativos que o Brasil está dando para acabar com a crueldade dos cosméticos. Não há espaço para essa prática desatualizada e desnecessária no século 21. Esperamos ver um sucesso votação deste relatório no Senado e a adoção rápida e abrangente da legislação como um todo”.
Contexto no Brasil
Ao aderir à proibição dessa prática, o Brasil se uniria a 37 outros países, incluindo toda a União Européia, Israel, Índia, Noruega, Suíça, Taiwan, Nova Zelândia e Guatemala. Legislação semelhante está sendo debatida em todo o mundo, incluindo nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Chile e África do Sul.
“A lei no Brasil exige uma proibição imediata dos testes de produtos cosméticos acabados em animais, além da proibição de testar ingredientes cosméticos dentro de um prazo de três anos. Também, a proibição de usar dados de testes em animais para autorizar novos cosméticos para o mercado brasileiro.”, ressaltou Michelle.
O Brasil está, portanto, a um passo de um novo avanço dos direitos animais, e a pressão internacional tem boa parcela de responsabilidade nessa causa. O movimento livre de crueldade animal está sendo amplo em todo o mundo, e ativistas pressionam os governos para tomarem mudanças condizentes com uma sociedade moderna e livre de exploração animal.
teste - Veja também:
- Pesquisa mostra que Chile é contra os testes em animais para cosméticos
- Reino Unido manifesta-se a favor da proibição global de testes cosméticos em animais
- Ativistas criticam falta de transparência de universidades sobre testes em animais
- Parlamento Europeu pede fim de testes de cosméticos em animais no mundo
PUNIÇÃO DNIT é multado em R$ 8 mi por não evitar atropelamento de animais em rodovia
PUNIÇÃO
DNIT é multado em R$ 8 mi por não evitar atropelamento de animais em rodovia
Além da multa, o Ibama estabeleceu ao DNIT um prazo para executar as ações de proteção à fauna previstas no licenciamento da BR-262.
11/10/2018 às 11:30
Por Redação
Entre cinco e seis animais morrem atropelados diariamente em um trecho ainda menor da estrada, entre Miranda e Corumbá, segundo estimativas do Instituto Homem Pantaneiro. Uma onça-pintada, encontrada morta no acostamento da pista, foi o caso mais recente, registrado na última segunda-feira (8). As informações são do portal G1.
A multa foi aplicada em 20 de setembro, segundo o Ibama, mas o DNIT não havia sido notificado ainda até a última terça-feira (9). A penalidade foi estabelecida porque no licenciamento ambiental da estrada entre Aquidauana e Corumbá estava prevista a instalação de dispositivos de proteção à fauna, o que não foi cumprido pelo DNIT. Entre os dispositivos estão cercas de proteção e condução para passagens inferiores, passagens inferiores e superiores e limpeza de áreas não edificáveis da estrada.
Além da ausência dos equipamentos, a situação da rodovia se agravou, segundo o Ibama, devido a mudança na velocidade de 23 radares nos locais de maior número de atropelamentos de animais deste trecho. O DNIT, responsável por instalar os radares, alterou a velocidade deles de 80 para 100 quilômetros por hora – velocidade máxima permitida na estrada.
O trecho entre Aquidauana e Corumbá é de grande circulação de animais silvestres do Pantanal, segundo o órgão ambiental. Eles passam entre as áreas de campo inundáveis e as morrarias e, nas proximidades de Corumbá, buscam refúgio, especialmente nos períodos de cheia na região.
Além da multa, o Ibama estabeleceu ao DNIT um prazo para executar as ações de proteção à fauna previstas no licenciamento da BR-262.
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