terça-feira, 14 de agosto de 2018

No Dia Mundial dos Oceanos, vamos dizer não ao plástico?

No Dia Mundial dos Oceanos, vamos dizer não ao plástico?

Todos os anos, oito milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos, lembra a ONU. E 80% da poluição dos oceanos provém das pessoas que estão em terra. "O objectivo do dia é informar o público do impacto das acções humanas no oceano"

Prevenir a poluição com plástico e encorajar soluções para um mar mais saudável é o lema do Dia Mundial dos Oceanos, que na sexta-feira, 8 de Junho, se assinala com iniciativas por todo o país e em todo o mundo. Três dias depois do Dia Mundial do Ambiente, este ano também dedicado à luta contra a poluição pelo plástico, o Dia dos Oceanos celebra o mesmo tema, com as Nações Unidas (ONU) a lembrarem que 80% da poluição dos oceanos provém das pessoas que estão em terra.
Para sensibilizar a população mundial para o problema estão programadas centenas de acções por todo o mundo, com várias delas também em Portugal, uma precisamente com o tema "Oceanos — Sensibilizar para agir, proteger para valorizar". Trata-se de uma conferência em Peniche promovida pelo Instituto Politécnico de Leiria, pela Comissão Nacional da UNESCO e pelo Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental, com a presença, entre outros do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Para assinalar o dia, criado em 1992 durante a Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro, e celebrado sempre a 8 de Junho, há palestras e conferências. Na última terça-feira, a ONU falava de um desafio com uma amplitude assustadora e "desencorajante": reverter o consumo mundial de 5000 milhões de sacos de plástico por ano, com apenas uma ínfima parte reciclada. São quase dez milhões de sacos por minuto, muitos deles a cobrir os mangais do Vietname, a matar animais marinhos — como foi o caso de uma baleia, há poucos dias, que se tornou viral —, a acabar com as praias paradisíacas das ilhas indonésias.
Segundo a organização não-governamental Ocean Conservancy, só cinco países asiáticos — China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname — lançam, anualmente, mais de quatro milhões de toneladas de plástico nos oceanos. E se nada for feito, alerta, até 2025 serão acumuladas nos oceanos 250 milhões de toneladas de resíduos plásticos.


"Celebramos o Dia Mundial dos Oceanos para lembrar a todos o importante papel que os oceanos têm no dia-a-dia. Eles são os pulmões do planeta, fornecendo a maior parte do oxigénio que respiramos", dizem as Nações Unidas. E acrescentam: "O objectivo do dia é informar o público do impacto das acções humanas no oceano, desenvolver um movimento mundial de cidadãos pelos oceanos, e mobilizar e unir a população mundial para um projecto de utilização sustentável dos mares do mundo."

França quer aumentar preço de garrafas de plástico


França quer aumentar preço de garrafas de plástico

O objectivo é incentivar os franceses a optarem por garrafas de plástico reciclado que, em teoria, serão mais baratas.



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Apenas 20% do plástico em França é reciclado Reuters/KIM KYUNG-HOON 
Até 2025, o Governo francês espera conseguir alcançar uma taxa de reciclagem de plástico na ordem dos 100%, para cumprir uma das promessas eleitorais de Emmanuel Macron. Mas este é um desafio para um país que, actualmente, recicla apenas 20% do seu plástico. Por isso, e para cumprir a meta de 2025, a secretária de Estado com a pasta da Ecologia, Brune Poirson, anunciou, neste domingo, a criação de um sistema de taxação extra de produtos em plástico.

Mas esta não será uma medida única: para incentivar os consumidores a comprarem produtos feitos com plástico reciclado é necessário que eles estejam inequivocamente assinalados. Por isso, até 2020, o Governo francês espera introduzir um logótipo que “diga verdadeiramente se um produto foi fabricado com plástico reciclado ou se é reciclável”, afirma a secretária de Estado.

Para incentivar os franceses a reciclar será também necessário uniformizar as cores dos contentores. A secretária de Estado exemplifica: “Se viver em Paris, deve deitar os plásticos no contentor amarelo. Mas se trabalhar a alguns quilómetros, em Malakoff, será no azul. Devemos uniformizar a cor dos contentores para criar automatismos.”

Brune Poirson escusou-se a dar um calendário para a implementação destas políticas (refere apenas o ano 2019 de forma vaga), mas o Governo tem estado a promover o diálogo com as empresas do sector. Em Julho, recebeu cinquenta empresas e federações da área para discutir a introdução do plástico reciclado na lista de matérias-primas. “Se em dois anos não cumprirem, passaremos à regulamentação”, assegurou Brune Poirson.


De acordo com o delegado da Federação Francesa das Embalagens de Plástico (ELIPSO, na sigla original) as alternativas ao plástico existem apenas para alguns produtos e “não nos podemos esquecer dos outros". Por exemplo, "para os iogurtes, não temos opções de plástico reciclado”, denuncia, em declarações à AFP.

Também Flore Berlingen da associação Zero Waste France disse esperar que os “consumidores não sejam directamente prejudicados” pela imposição, disse à AFP. E acrescentou: “A reciclagem é essencial, mas não é suficiente.” Também “é necessário desligar a torneira e tomar medidas mais firmes para tudo o que sejam objectos descartáveis”.

Já há organizações e instituições conscientes acerca do uso de plástico. É o caso da Comissão Europeia, que tenciona banir a venda de produtos descartáveis neste material. Ou do Governo da Nova Zelândia que proibiu os sacos de plástico de utilização única.


Também empresas privadas francesas, como o E.leclerc e o Carrefour prometeram tentar reduzir no uso de plásticos, eliminando, por exemplo, as palhinhas e os invólucros desnecessários em legumes e frutas.

Monsanto Has to Pay $289 Million in Damages in First Roundup Cancer Trial

Monsanto Has to Pay $289 Million in Damages in First Roundup Cancer Trial

Dewayne Johnson reacts after the verdict was read in the case against Monsanto at the Superior Court Of California in San Francisco, California on August 10, 2018.
Dewayne Johnson reacts after the verdict was read in the case against Monsanto at the Superior Court Of California in San Francisco, California on August 10, 2018.
Josh Edelson—AFP/Getty Images
 
By Bloomberg
August 11, 2018 
 
Monsanto Co. was socked with $289 million in damages in the first trial over claims that its Roundup weed killer causes cancer.

Dewayne Johnson, a former school groundskeeper whose doctors didn’t think he’d live long enough learn the verdict, prevailed Friday in San Francisco state court after jurors deliberated for three days. The trial was an important test of the evidence against Monsanto and will serve as a template for litigating thousands of other claims over the herbicide.

Johnson was seeking $412 million in damages. Jurors awarded him $39 million for his losses and $250 million to punish the company after finding it liable for a design defect and failing to warn of Roundup’s risks. Monsanto said it will appeal.

“Today’s decision does not change the fact that more than 800 scientific studies and reviews — and conclusions by the U.S. Environmental Protection Agency, the U.S. National Institutes of Health and regulatory authorities around the world — support the fact that glyphosate does not cause cancer, and did not cause Mr. Johnson’s cancer,” Monsanto Vice President Scott Partridge said in a statement.
Germany’s Bayer AG closed a deal to buy Monsanto for $66 billion in June. If the litigation generates large verdicts against Monsanto, it could have a material impact on Bayer’s bottom line, said Chris Perrella, an analyst for Bloomberg Intelligence. Since Roundup is ubiquitous in modern farming, there’s a “huge potential liability,” though it’s very uncertain it will materialize, he said. Bayer investors might not be aware of the risks because many analysts covering the company focus on pharmaceuticals, Perrella said.


Glyphosate, the main ingredient in Roundup, was first approved for use in Monsanto’s weed killer in 1974. While becoming the world’s most popular and widely used herbicide, the question of whether it causes cancer has been hotly debated by environmentalists, regulators, researchers and lawyers — even as Monsanto has insisted for decades that it’s perfectly safe.


Working for a school district in Benicia, California, about 40 miles east of San Francisco, Johnson mixed and sprayed hundreds of gallons of Roundup. He was diagnosed with cancer in 2014, and in July 2017, after chemotherapy and other treatments, his oncologist gave him six months to live.
Johnson’s lawyers, relying on his testimony and expert witnesses, argued that his exposure, including accidents that got him soaked from head to toe in Roundup, caused his non-Hodgkin’s lymphoma.


Monsanto scientists knew of the cancer risk posed by Roundup as far back as the 1970s, but failed to inform the public and instead engaged in a “deliberate effort to distort the truth” as the weed killer generated hefty returns, Johnson’s lawyer, Brent Wisner, told the jury in closing arguments Tuesday.
“Despite the Environmental Protection Agency’s failure to require labeling, we are proud that an independent jury followed the evidence and used its voice to send a message to Monsanto that its years of deception regarding Roundup is over and that they should put consumer safety first over profits,” Wisner said in a statement after the verdict.

Monsanto argued that the type of cancer contracted by Johnson takes many years to form. The short period between Johnson’s first exposure in 2012 and his diagnosis in 2014 made any connection between his contact and the disease impossible, according to the company.

Monsanto lawyer George Lombardi insisted that science has found no connection between Roundup and non-Hodgkin lymphoma. In fact, Lombardi told the jury, no one has yet figured out what causes the disease.

“We don’t know why people get mycosis fungoides,” he said, using the name of the specific form of cancer Johnson has. “It would be nice if we could tell people why they get it, but we can’t.”
The case is Dewayne Johnson v. Monsanto Co., CGC-16-550128, California Superior Court, County of San Francisco (San Francisco).

Manifestantes pedem fim de touradas e tortura de animais

ESPANHA

Manifestantes pedem fim de touradas e tortura de animais

Os manifestantes bradaram frases como "Tortura não é cultura" e "Maltrato animal no Código Penal" e foram acompanhados por um grande contingente policial.


13/08/2018 às 21:00
Por Redação
Foto: Arnaldo García

Dezenas de ativistas e simpatizantes da causa animal realizaram uma grande manifestação no último domingo (12) em repúdio a realização de uma corrida de touros em comemoração à festa de Nossa Senhora de Begoña na cidade de Gijón, na Espanha.

O protesto foi organizado pela Associação Animais Nacional para os Direitos e Liberdade (Anadel) e conseguiu o apoio de diversos grupos políticos como o PSOE, o Izquierda Unida, o Pacma e o Equo.

A ação é realizada anualmente e reivindica a proibição definitiva da exploração de animais em eventos tauromáquicos.

Os manifestantes bradaram frases como “Tortura não é cultura” e “Maltrato animal no Código Penal” e foram acompanhados por um grande contingente policial, sofrendo hostilidade e insultos de pessoas que foram ao local assistir touros serem torturados e mortos apenas para entretenimento humano.


Para Mata Angeles, da Plataforma cidadã Proanimales, é imprescindível que cada vez mais protestos sejam realizados e que a crueldade contra animais seja exposta. “Qualquer ser humano racional e que possui respeito a seres vulneráveis não pode aceitar a tortura como um evento de celebração nacional e religiosa”, disse em entrevista ao portal El Cormercio.

Segundo a Anadel, a ação contou com a presença de mais de 2 mil participantes, sendo considerado o maior protesto da cidade contra touradas e outros eventos tauromáquicos.

A medicina moderna tem se tornado uma verdadeira maldição ambiental

ÁGUAS DROGADAS

A medicina moderna tem se tornado uma verdadeira maldição ambiental

As consequências para a saúde humana e aquática de drogas farmacêuticas que entram no meio ambiente através de estações de tratamento de águas residuais ainda não são bem compreendidas


08/08/2018 às 12:00 

Por Bárbara Alcântara, ANDA 



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https://youtu.be/jLdXmE6sLiE
 
Embora os remédios produzidos pelas indústrias farmacêuticas sejam essenciais para a saúde e o bem-estar de humanos e animais, cada vez menos se sabe sobre os efeitos que eles têm nas fontes de água doce de que dependemos para nossa existência e, consequentemente, seu impacto na saúde humana e no ecossistema.

É que à medida em que a população mundial se expande, os medicamentos e produtos químicos se tornam mais predominantes – e é difícil manter o controle sobre o que acontece após o descarte das substâncias.

Os impactos causados pelas substâncias farmacêuticas no meio ambiente é uma preocupação global.

De acordo com um estudo publicado em junho de 2018 nos EUA, instalações de fabricação de medicamentos são uma importante fonte de poluição ambiental. As estações de tratamento de águas residuais são incapazes de filtrar compostos químicos usados ​​para fabricar produtos de higiene pessoal e medicamentos, de modo que esses produtos químicos penetram em sistemas de água doce e nos oceanos.

“As modernas estações de tratamento de águas reduzem principalmente sólidos e bactérias oxidando a água. Elas não foram projetadas para lidar com compostos químicos complexos”, explica ao portal da organização Unenvironment Birguy Lamizana, diretor de gerenciamento do programa ONU Environment e especialista em águas residuais e ecossistemas.

Há evidências de que a poluição química pode estar entrando na cadeia alimentar e alterando as funções sexuais dos peixes e não é de hoje que esse tema surge em pesquisas. O que tem preocupado os cientistas mais recentemente é que os efeitos podem não estar limitados apenas ao peixe; a exposição a produtos farmacêuticos e outros produtos químicos na água potável pode afetar também os sistemas reprodutivos humanos.

Reprodução | Unenvironment.org

De acordo com outro estudo, esse promovido pela UNESCO em 2017 – intitulado Farmacêutica no ambiente aquático da região do Mar Báltico -, o principal caminho dos produtos químicos para o ambiente marinho e de água doce era através das descargas de efluentes das estações municipais de tratamento de águas residuais.

“Apenas nove dos 118 medicamentos avaliados foram removidos das águas residuais durante os processos de tratamento com uma eficiência de mais de 95%, e quase metade dos compostos foram removidos apenas parcialmente com uma eficiência de menos de 50%”, expõe o relatório.

A água, apesar da infra-estrutura construída e da tecnologia ao seu redor, é, em última análise, um bem ambiental que vem e retorna à natureza. A poluição dos ecossistemas relacionados com a água ameaça diretamente a saúde e a subsistência das pessoas, bem como os desenvolvimentos econômicos, políticos e de segurança dentro dos países e em suas relações com outros países.
Globalmente, mais investimentos precisam ser canalizados para melhorar a qualidade da água.

“Apenas 4% dos investimentos no setor de água estão indo para soluções baseadas na natureza, ou verdes, apesar dos co-benefícios comprovados, inclusive para a qualidade da água”, diz a especialista em Meio Ambiente da ONU, Elisabeth Mullin Bernhardt.
“É por isso que as soluções baseadas na natureza para a água estarão no centro do Dia Mundial da Água deste ano, do Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento da Água e da Semana Mundial da Água de Estocolmo”.

A remoção de traços de drogas em fontes de água não é apenas um problema para as estações de tratamento de águas residuais, mas também para a indústria farmacêutica e para os governos. Líderes de negócios e formuladores de políticas em todo o mundo devem tomar nota e agir de acordo com o princípio da precaução na tomada de decisões ambientais.

Os ecossistemas de água doce são desproporcionalmente importantes e estão sob ameaça. Lagos, rios e zonas úmidas são essenciais para a vida humana, a saúde e a subsistência. Eles fornecem diretamente nossa água para alimentação, indústria e para fins de consumo.

A Semana Mundial da Água, que acontece em Estocolmo de 26 a 31 de agosto de 2018, será uma oportunidade para aumentar a conscientização e encontrar soluções para as questões mais prementes relacionadas à água de hoje.

Monte Everest se transforma em uma enorme pilha de lixo

FOTOS REVELADORAS


Muitos dos resíduos gerados pelos turistas são simplesmente queimados e enterrados, deixando os locais realmente sem terra, já que a maioria da área é usada pelos aterros sanitários


09/08/2018 às 10:00 

Por Bárbara Alcântara, ANDA 
 
Fotos publicadas recentemente revelaram o real impacto do turismo no monte Everest. As imagens, capturadas pelo geólogo Alton Byers, sanam as dúvidas de quem ainda não sabia o destino de todo o lixo descartado pelos visitantes. De acordo com o profissional, a montanha da maneira que está retratada é uma versão relativamente limpa, devido a expedições de limpeza muito divulgadas todos os anos. A situação poderia ser ainda pior.
Reprodução | The Daily Mail
Muitos dos resíduos gerados pelos turistas são simplesmente queimados e enterrados, deixando os locais realmente sem terra, já que a maioria da área é usada pelos aterros sanitários. “Isso porque a publicidade sempre se concentrou no lixo no acampamento base do Everest e em uma ‘expedição de limpeza’ anual”, conta em entrevista ao jornal The Daily Mail.
Para ele, essa tentativa de resolução foi sempre muito rasa e pouco efetiva. “O verdadeiro problema são as toneladas e toneladas de plásticos, latas de cerveja, garrafas de uísque, recipientes de alimentos de aço e outros resíduos sólidos que os proprietários de lojas importam”, explica.
Reprodução | The Daily Mail
As empresas de turismo compram todos esses produtos para satisfazer as demandas dos visitantes, que beiram os 50 mil ao ano. E esse número pode duplicar, dependendo do período, o que torna a situação cada vez mais alarmante. “Isso é chamado de ‘lixo incinerável’ pelos donos dos chalés, que o despejam em aterros, queimam quando está cheio e depois enterram”, explica.
“Um proprietário de uma pousada em Dingboche disse que eles estavam ‘ficando sem terra para usar como aterros’. É provavelmente um exagero, mas se você caminhar uma curta distância do rio Que Toward lodge, o rio parece um terraço paisagem lunar com todas as novas e velhas marcas de aterro”, ele lamenta. Aterros sanitários variam em tamanho de 270 a 2150 m² – e pode haver centenas deles em poucos passos andados.
Reprodução | The Daily Mail
Mas a queima libera venenos tóxicos no ar, e o lixo enterrado e queimado faz o mesmo com os lençóis freáticos, contaminando ambos. Nada disso contribui para uma mudança no cenário observado atualmente, e não traz problemas apenas para a flora e fauna local, mas também para as próprias pessoas. O Dr. Byers, da Universidade do Colorado em Boulder, acrescentou que muitos turistas estavam doentes por causa do lixo humano sendo despejado nos rios locais. “A maioria das lojas tem sistemas sépticos com vazamentos, ou as dependências ficam próximas ou diretamente sobre os córregos”, disse.
Reprodução | The Daily Mail

O Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha, que lida com resíduos no lado nepalês da montanha, disse ao Dr. Byers que não tem controle sobre os resíduos gerados pelas lojas ao redor do Everest. Mas ele não aceita essa explicação, e tem certeza de que eles tem total noção do que é feito, só não podem realmente fazer nada porque a Associação de Proprietários de Lojas é muito poderosa.
O Dr. Byers disse que as tentativas de resolver o problema devem se concentrar na redução do lixo sólido que chega ao Parque Nacional Sagarmatha, do qual o Everest faz parte, enquanto melhora a reciclagem. Não deveria ser uma medida remediadora e, sim, preventiva. Além disso, uma análise científica detalhada do problema deveria ser conduzida, para que fossem encontradas possíveis soluções, baseadas em estudos.
Reprodução | The Daily Mail

Em última análise, isso poderia levar, por exemplo, ao banimento de todas as garrafas plásticas de água que entram no parque, assim como proibiram garrafas de cerveja de vidro anos atrás. “Também poderia levar ao desenvolvimento de incentivos para os proprietários de lojas de reciclagem de alumínio, aço e vidro”, ele finaliza.

O dia em que ursos dançarinos descobriram a liberdade


https://www.youtube.com/watch?v=u37imDUuWA8

O dia em que ursos dançarinos descobriram a liberdade

Forçar ursos a dançarem era uma tradição da mais de 300 anos na Bulgária ( e no Nepal). Não era incomum encontrar um animal gigante desses nas praças de Sofia, capital do país, acompanhado do dono e mexendo as patas ao som de música instrumental.

Mas o modo de ensinar os bichos a "dançar" era cruel.

"Pegavam o filhote e o colocavam numa plataforma de metal bem quente, quente como fogo. Passavam vaselina nas patas deles, para que não queimassem. E eles repetiam isso várias vezes até que o urso se acostumasse a mexer as pernas sempre que ouvisse a música", contou à BBC News o veterinário Amil Khalil.

Segundo ele, muitos desses animais eram "alcoólatras". Os donos os forçavam a beber, junto com eles, para que aguentassem a longa jornada de "trabalho" diário.

"Encontrei donos bebendo uísque, vodca ou cerveja com seus ursos. Às vezes, bebiam 11 garrafas de cerveja por dia", diz Khalil.

Em 1998, a prática foi proibida, e a espécie ficou sob proteção. Mas havia dúvidas sobre como reabilitar os ursos.

"Eles não tinham como sobreviver sozinhos, então não podíamos soltá-lo na natureza", afirma Khalil.


O veterinário ajudou a construir um refúgio para os animais. Não há mais ursos dançarinos na
Bulgária. O último deles foi resgatado em setembro de 2007.

Jacarta está afundando tão rápido que pode acabar submersa em 2050


Jacarta está afundando tão rápido que pode acabar submersa em 2050

  • 13 agosto 2018
Jacarta, capital da Indonésia, está afundando tão rápido que pode acabar debaixo d’água até 2050. De acordo com especialistas, a cidade chegou a ceder 25 centímetros por ano em algumas partes - mais que o dobro da média global para megacidades costeiras.

Em todo o mundo, cidades litorâneas estão sendo afetadas pelo aumento do nível do mar em decorrência das mudanças climáticas. Mas a velocidade com que Jacarta está afundando é preocupante e se deve, em parte, a problemas de infraestrutura local.
    Como a água encanada não é confiável, tampouco está disponível em todas as regiões, cerca de 60% dos moradores bombeiam água do subsolo para utilizar no dia a dia -, inclusive para beber ou tomar banho.

    À medida que a água é extraída dos aquíferos subterrâneos, o terreno que está logo acima cede, provocando o afundamento do solo.

    Estudo indica que o aquecimento global de 2°C pode desencadear processos de retroalimentação e mais aquecimento

    terça-feira, 7 de agosto de 2018

    Estudo indica que o aquecimento global de 2°C pode desencadear processos de retroalimentação e mais aquecimento

    Um estudo internacional descobriu que a Terra está em risco de entrar em um clima quente que pode levar a temperaturas médias globais de até cinco graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais e aumentos de longo prazo no nível do mar entre 10 e 60 metros.

    O líder do estudo, Will Steffen, da ANU, disse que esses aumentos nas temperaturas e no nível do mar seriam devastadores para a civilização humana e para a maioria dos ecossistemas que sustentam a vida das plantas e dos animais.


    “Os esforços atuais das nações, que não são suficientes para cumprir as metas de redução de emissões estabelecidas no Acordo de Paris, provavelmente não nos ajudarão a evitar essa situação muito arriscada, onde muitas partes do planeta podem se tornar inabitáveis para seres humanos”, disse o professor Steffen.


    As temperaturas médias globais estão um pouco acima de um grau Celsius acima das temperaturas pré-industriais e subindo a 0,17 graus Celsius a cada década.

    “As emissões humanas de gases de efeito estufa não são a única causa das mudanças de temperatura na Terra.


    “Nosso estudo indica que o aquecimento global causado por humanos de dois graus Celsius pode desencadear outros processos do Sistema Terra, freqüentemente chamados de retroalimentação, que podem desencadear mais aquecimento – mesmo que paremos de emitir gases de efeito estufa”.



    O professor Steffen disse que as nações precisam trabalhar juntas para acelerar a transição para uma economia mundial livre de emissões.


    Pesquisadores da Austrália, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha e Holanda contribuíram para este estudo.

    Os autores do estudo consideraram 10 processos naturais de feedback, alguns dos quais são elementos que levam a uma mudança abrupta se um limiar crítico é cruzado.


    “A preocupação real é que esses elementos podem agir como uma fileira de dominós. Quando um é empurrado, ele empurra a Terra para outro. Pode ser muito difícil ou impossível impedir que toda a fileira de dominós caia”, disse Steffen. .


    Essa cascata de feedback poderia desencadear a liberação incontrolável na atmosfera de carbono que havia sido armazenada anteriormente na Terra.


    Os feedbacks são degelo do permafrost, perda de hidratos de metano do fundo do oceano, enfraquecimento dos sumidouros de carbono da terra e oceano, aumento da respiração bacteriana nos oceanos, dieback da floresta amazônica, dieback da floresta boreal, redução da cobertura de neve do hemisfério norte, perda de gelo no mar do Ártico e redução do gelo do mar Antártico e das camadas de gelo polar.


    Referência:
    Trajectories of the Earth System in the Anthropocene
    Will Steffen, Johan Rockström, Katherine Richardson, Timothy M. Lenton, Carl Folke, Diana Liverman, Colin P. Summerhayes, Anthony D. Barnosky, Sarah E. Cornell, Michel Crucifix, Jonathan F. Donges, Ingo Fetzer, Steven J. Lade, Marten Scheffer, Ricarda Winkelmann, Hans Joachim Schellnhuber
    Proceedings of the National Academy of Sciences Aug 2018, 201810141; DOI: 10.1073/pnas.1810141115
    Fonte: EcoDebate

    Mensagem da UNESCO para o Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangues

    20.07.2018 - UNESCO Office in Brasilia

    Mensagem da UNESCO para o Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangues

     

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    Mensagem de Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangues, 26 de julho de 2018

    Os mangues, localizados em regiões tropicais onde a terra e o mar se encontram, formam ecossistemas únicos, cujos benefícios para os seres humanos, o meio ambiente e a biodiversidade são consideráveis. 

    Os mangues constituem uma proteção contra tempestades, tsunamis e o aumento do nível do mar. Eles impedem a erosão da costa, regulam a qualidade da água costeira, mantêm áreas de pesca e contribuem para melhorar a segurança alimentar de muitas comunidades costeiras. Eles também fornecem um habitat para espécies marinhas em perigo. Além disso, seus mecanismos naturais para armazenar o carbono da atmosfera, conhecidos como “sumidouros de carbono azul”, que realizam o sequestro de carbono, auxiliam a mitigar os efeitos dos distúrbios climáticos ao longo das costas.
    Porém, atualmente, o ecossistema de mangues está seriamente ameaçado. Estima-se que, em 40 anos, a cobertura global de mangues foi reduzida pela metade, em grande parte como resultado do desenvolvimento costeiro. 

    Por meio de suas reservas da biosfera e de seus geoparques, que incluem manguezais em várias partes do mundo, como os Sundarbans, entre a Índia e Bangladesh, um dos maiores manguezais do planeta, a UNESCO trabalha de forma ativa para acumular conhecimento sobre esse ecossistema único, assim como para melhorar sua gestão e preservação. Esse compromisso também tem como objetivo aprofundar o desenvolvimento sustentável em comunidades indígenas e promover o papel das mulheres, que estão no cerne da economia local. 

    A Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO é sobretudo uma parte interessada em um grande projeto mundial, a Iniciativa Carbono Azul (Blue Carbon Initiative), realizada em conjunto com a ONG Conservation International e com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). 

    A finalidade da Iniciativa consiste em combater os efeitos da mudança climática e ela trabalha pela conservação, pela proteção, pela restauração e pelo uso sustentável dos ecossistemas costeiros e marinhos, como foco nos mangues, nos pântanos de maré e nos prados marinhos.

    Este Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangues é um convite para renovar os nossos esforços para apoiar a preservação de um ecossistema que é essencial para o nosso planeta e para seus habitantes. O compromisso do Equador, país responsável pela iniciativa do Dia Internacional e que está realizando um trabalho excepcional na Reserva da Biosfera do Arquipélago de Colón (Galápagos), deve ser uma fonte de inspiração. 

    Degradação dos solos pode agravar flutuação dos preços de alimentos, alerta FAO


    Degradação dos solos pode agravar flutuação dos preços de alimentos, alerta FAO


    Em pronunciamento para a abertura do Congresso Mundial de Ciências do Solo, o chefe da FAO, José Graziano da Silva, alertou no domingo (12) que a degradação das terras produtivas pode agravar no futuro a volatilidade dos preços dos alimentos. O empobrecimento do solo também causa migrações involuntárias de agricultores, que ficam em maior risco de viver na miséria, acrescentou o dirigente.
    Saúde dos solos é importante para promover segurança nutricional, diz FAO. Foto: FAO
    Saúde dos solos é importante para promover segurança nutricional, diz FAO. Foto: FAO

    Em pronunciamento para a abertura do Congresso Mundial de Ciências do Solo, o chefe da FAO, José Graziano da Silva, alertou no domingo (12) que a degradação das terras produtivas pode agravar no futuro a volatilidade dos preços dos alimentos. O empobrecimento do solo também causa migrações involuntárias de agricultores, que ficam em maior risco de viver na miséria, acrescentou o dirigente.

    De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os solos do planeta estão ameaçados pela erosão, desequilíbrio de nutrientes, acidificação, salinização e outras formas de poluição. Perigos à saúde das terras incluem ainda a perda de carbono e de biodiversidade, bem como o fenômeno da compactação — quando a terra é comprimida, reduzindo os poros que permitem a entrada de ar e água no solo.

    Atualmente, um terço de todas as terras do planeta são consideradas degradadas. “Embora os solos estejam escondidos e, frequentemente, esquecidos, contamos com eles para nossas atividades diárias e para o futuro do planeta”, afirmou Graziano em mensagem de vídeo para o congresso, que reúne mais de 2 mil cientistas no Rio de Janeiro até a próxima sexta-feira (17).

    “A degradação do solo afeta a produção de alimentos, causando fome e desnutrição, amplificando a volatilidade dos preços dos alimentos, forçando o abandono da terra e levando milhões de migrantes involuntários à pobreza”, acrescentou o chefe da FAO.

    O diretor do organismo internacional defendeu ainda que a gestão sustentável desse recurso natural deve ser “parte essencial da equação do Fome Zero”.

    Os solos, lembrou Graziano, funcionam também como importantes ferramentas para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas. Isso porque as terras têm a capacidade de armazenar carbono.

    “Manter e aumentar o estoque de carbono no solo deve se tornar uma prioridade”, afirmou o dirigente.

    A FAO desenvolve o projeto Global Soil Partnership (Parceria Global dos Solos), mobilizando governos e outros parceiros para melhorar capacidades técnicas e trocar conhecimentos sobre a saúde do solo.
    “Façamos do solo um veículo de prosperidade e paz e mostremos a contribuição dos solos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável“, completou Graziano.

    Seminário internacional sobre degradação socioambiental reúne intelectuais de diferentes áreas na Unicamp

    Seminário internacional sobre degradação socioambiental reúne intelectuais de diferentes áreas na Unicamp


    Sobre distopias, autoengano e a perspectiva de um futuro fracassado

    JORNAL DA UNICAMP
    TEXTO ÁLVARO KASSAB
    FOTOS ANTONIO SCARPINETTI
    EDIÇÃO DE IMAGEM LUIS PAULO SILVA

    “Nosso futuro afigura-se, com toda a probabilidade, catastrófico. É preciso admitir que estamos funcionando mentalmente à base de autoengano. É preciso encarar de frente as evidências”. O alerta, feito pelo historiador Luiz Marques, estará no centro dos debates do “Seminário Internacional Degradação socioambiental, catástrofe e distopias”, que acontece dias 13 e 14 de agosto na Unicamp.


    O evento, que é organizado por Marques, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), e por Carlos Eduardo Berriel, docente do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), reunirá intelectuais de diferentes áreas do conhecimento, abrigando mesas que vão abranger um amplo leque de temas. “Apesar do risco de que tal heterogeneidade suscite fricções e talvez alguma cacofonia, a aposta de base é que a diversidade de perspectivas é intelectualmente produtiva”, afirma Marques.
    professor Carlos Eduardo Berriel
    O professor Carlos Eduardo Berriel: “No século XX a distopia tornou-se dominante, 
    enquanto a utopia desapareceu”
    “Dada a gravidade extrema e a pluralidade de aspectos das crises ambientais, nenhum saber isolado tem abrangência compatível com o caráter totalizante e globalizante dessas crises”, completa o docente, colunista do Jornal da Unicamp e autor, entre outras obras, do livro Capitalismo e Colapso ambiental (Editora da Unicamp), premiado com o Jabuti em 2016.


    Marques refere-se a um quadro que, em suas palavras, resultará em “um colapso socioambiental inevitável”. Não à toa, no texto de apresentação do seminário, há uma declaração de Kevin Anderson, vice-diretor do Tyndall Centre for Climate Change Researchal: “Estamos conscientemente enveredando em direção a um futuro fracassado”.
    professor Luiz Marques
    O professor Luiz Marques: “Perto dos cenários projetados pela ciência, os cenários imaginados pela ficção parecem cada vez mais tímidos”
    E qual o lugar das distopias nesse cenário de terra arrasada? “Adistopia diz antes as mais graves questões de nosso tempo. Essa é sua importância”, observa Berriel, autor do livro Tietê, Tejo e Sena – a obra de Paulo Prado, idealizador do seminário e coordenador do U-TOPOS, Centro de Estudos sobre Utopia, cujas pesquisas, desenvolvidas no IEL, tornaram-se referência no país.
    Leia a seguir a entrevista concedida por Marques e Berriel ao Jornal da Unicamp

    Jornal da Unicamp – Qual é o objetivo do seminário?
    Luiz Marques – O seminário surgiu de uma ideia do professor Carlos Eduardo Berriel, diretor do U-TOPOS, Centro de Estudos sobre Utopia do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). O professor Berriel é responsável pelo caráter internacional dessa iniciativa, à qual eu me associei com muito entusiasmo, porque compartilhamos, com muitos de nossos colegas, as mesmas preocupações. Decidimos, assim, que o encontro será aberto no IEL e encerrado no IFCH, nos dias 13 e 14 próximos. Como já seu título o explicita, seu objetivo é afirmar que nosso futuro afigura-se, com toda a probabilidade, catastrófico e que é preciso admitir que estamos funcionando mentalmente à base de autoengano. É preciso encarar de frente as evidências.

    JU – Quais seriam?
    Luiz Marques – Dado o poder das petroleiras e demais corporações, bem como dos Estados a elas umbilicalmente ligados, a chance de que as emissões de gases de efeito estufa diminuam significativamente no próximo decênio são praticamente nulas, quando sabemos que elas já deveriam estar caindo rapidamente e estar zeradas até 2040, para conservarmos probabilidades significativas de manter a temperatura do planeta abaixo de níveis catastróficos de aquecimento.

    Tal como o Protocolo de Kyoto, também o Acordo de Paris, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e demais acordos internacionais em prol da conservação da biodiversidade terrestre e marítima não estão a caminho de atingir, nem de perto, suas metas. Esse seminário tem, portanto, o objetivo de contribuir, na medida de suas possibilidades, para um sobressalto das consciências acerca das ameaças que pesam sobre nosso presente e nosso futuro.

    JU – O encontro reúne cientistas de diferentes áreas, com temas que vão de Darwin a Maio de 68, passando por diferentes dimensões das crises socioambientais, da econômica à política. Quais foram os critérios que nortearam as escolhas dos nomes e seus respectivos temas?
    Luiz Marques – Em face das crises socioambientais extremamente graves de nossos dias, e da necessidade de elaborar respostas a elas, pareceu-nos imprescindível colocar em contato pessoas de saberes, experiências, sensibilidades, linguagens e horizontes de pesquisa muito diferentes, desde cientistas a estudiosos do imaginário literário e visual. Apesar do risco de que tal heterogeneidade suscite fricções e talvez alguma cacofonia, a aposta de base é que a diversidade de perspectivas é intelectualmente produtiva. Dada a gravidade extrema e a pluralidade de aspectos das crises ambientais, nenhum saber isolado tem abrangência compatível com o caráter totalizante e globalizante dessas crises, e não é capaz de avaliar o alcance material, cultural e mesmo espiritual de suas consequências.

    JU – O texto de apresentação do seminário destaca que, “embora o imaginário do século XX, reminiscente por vezes de tradições escatológicas, tenha cultivado uma rica vertente distópica, a perspectiva de um futuro fracassado nunca havia sido formulada pelo consenso científico”. O sr. poderia falar sobre essa perspectiva e da dimensão desse consenso?

    Luiz Marques – O que se nota, de fato, é que o imaginário distópico dos séculos XIX e XX foram, como não poderia deixar de ser, tributários seja da riquíssima tradição escatológica judaico-cristã, seja da ideia de “cansaço” e de declínio da natureza, recorrente na tradição clássica desde Homero e Hesíodo. O que se nota nos últimos decênios, entretanto, é que a ciência vem se somando às expectativas de um unhappy end de nossas sociedades ainda no horizonte deste século. Não porque essas tradições escatológicas ou porque as tendências irracionalistas contemporâneas tenham “contaminado” a ciência, como disso a acusam seus detratores e os chamados “mercadores de dúvidas”, fomentados pelas corporações.

    A ciência emite prognósticos a partir de um acúmulo rigoroso e consistente de dados, modelos e análises das coordenadas do sistema Terra e esses prognósticos, sóbrios em suas formulações, são não raro mais sombrios que as mais assustadoras ficções de antecipação. Basta lembrar aqui um exemplo. Um aquecimento médio global de 3oC acima do período pré-industrial, que é, mantida a trajetória atual, a mais otimista projeção para este século, significa o fim das florestas tropicais e a conversão em savana  do que resta da floresta Amazônica, pela ação combinada de secas e incêndios, com adicional  liberação de CO2 na atmosfera. Há mais de 10 anos, em 2007, James Hansen alertava para o fato de que tal nível de aquecimento conduziria à ultrapassagem de pontos críticos no sistema Terra, além dos quais há alta probabilidade de uma transição para temperaturas ainda mais altas.  Perto dos cenários projetados pela ciência, os cenários imaginados pela ficção parecem, em suma, cada vez mais tímidos.

    JU – Outro ponto destacado na apresentação – e que também seria inédito – é que “esse consenso tem sido objeto de vários graus e estratégias de denegação, com crescente resistência política, ideológica e psicológica à ciência e a seus alertas”, inclusive de setores “com maior educação formal”. A que o sr. atribui essa resistência e quais são, em sua opinião, suas consequências?
    Luiz Marques – É muito difícil e penoso para a sociedade admitir o fracasso puro e simples de nosso modelo econômico e civilizacional. A tendência é continuar a pensar segundo o paradigma do crescimento econômico e dos “milagres” criados pela revolução tecnológica permanente a que estamos habituados desde ao menos o Iluminismo e advento do capitalismo industrial no século XVIII. Economistas continuam a pensar como manter o crescimento econômico, cientistas e engenheiros são formados para “resolver problemas”, são problem solvers, cientistas sociais pensam e agem em prol de programas políticos mais aptos a distribuir melhor a riqueza, de modo a minorar as desigualdades e injustiças sociais, algo que permanece, obviamente e mais que nunca, necessário.

    Mas o que muitos ainda não percebem é que pela via atual não resolveremos mais nossos problemas e não nos aproximaremos mais desses objetivos. Ao contrário, começaremos em breve – na realidade, em parte já começamos – a nos distanciar aceleradamente deles. São demasiado poucos ainda os que entendem que o grau insuportável de interferência antrópica no sistema Terra tornou anacrônica a farmacopeia das soluções propugnadas pela economia, pela ciência e pela política.
    Um exemplo gritante dessa incompreensão é a ausência da questão ambiental no debate eleitoral no Brasil e mesmo em âmbito internacional. Os cientistas estão roucos de gritar que estamos próximos de superar pontos críticos, além dos quais nossa civilização, qualquer civilização, torna-se inviável. 

    Mas suas advertências são duras de ouvir e é, portanto, compreensível, embora não justificável, que tais mensagens encontrem tantos ouvidos moucos.

    Além disso, não se há de subestimar a capacidade das corporações de abafar o debate sobre as crises socioambientais, tal como ainda continuam a fazer em relação aos malefícios do cigarro, dos agrotóxicos etc. Enfim, é importante lembrar o espaço desproporcionalmente pequeno que a grande mídia reserva a esses alertas científicos, dependente que é da publicidade dessas corporações.

    JU – Nesse quadro, qual o lugar das distopias? Como elas se manifestam?
    Carlos Berriel – A distopia é um galho da grande árvore da utopia, pois paradoxalmente compartilham de elementos comuns. Há em toda utopia um elemento distópico, e vice-versa. A utopia, uma obra e gênero criados por Thomas Morus em 1516, se caracterizava pela criação de uma sociedade imaginária num lugar inexistente, porém conectada ao mundo real por serem o seu contrário, a sua visão especular. Os graves problemas da sociedade do autor utopista vinham resolvidos, como projeto e programa, nesta sociedade fictícia. As utopias eram marcadas, portanto, pela época de seu autor, sendo portanto datadas.

    O elemento distópico – isto é, negativo – das utopias estava em que elas eram engessadas pelo seu tempo, pois se suas soluções eram “perfeitas”, não poderiam portanto serem aperfeiçoadas ou mesmo modificadas. A utopia era imediatamente u-cronias, isto é, sociedades estáticas, sem tempo. Aí está a distopia, o pesadelo social.

    Quando a distopia se torna praticamente um gênero em si mesmo – talvez com Frankenstein, de Mary Shelley (1818) – há uma marca original: um elemento da sociedade real, uma ameaça em estado latente, é dilatado ao ponto de representar uma ameaça mortal para esta sociedade. Tendo como exemplo o mesmo Frankenstein, temos que uma ciência avançadíssima, porém desprovida de uma ética que a controle, gera monstros.

    Pensemos na bomba atômica, nos agrotóxicos, etc. No século XX a distopia tornou-se dominante, enquanto a utopia desapareceu. O Estado totalitário, mantido pelo controle das mentes e pela universal vigilância dos indivíduos, está em 1984, de George Orwell. A destruição do planeta está em tantos filmes, como Blade Runner, que mostra também como a humanidade pode ser substituída por criaturas artificiais: quantos de nós já perderam o emprego para um robô? Então, a distopia diz antes as mais graves questões de nosso tempo. Essa é sua importância.
    Rio Tietê no município paulista de Pirapora
    Rio Tietê no município paulista de Pirapora
    JU – Prof. Luiz Marques, a concentração do poder econômico e político é tema recorrente em artigos e trabalhos de sua autoria. Em que medida as distorções do capitalismo, entre aquelas estudadas pelo sr., são uma ameaça à democracia?
    Luiz Marques – O capitalismo define-se por um ordenamento jurídico assente sobre a premissa de que as decisões estratégicas de investimento econômico pertencem aos proprietários do capital. Os boards que controlam as corporações e os grandes investidores nos mercados de capitais decidem o destino desses investimentos em função de sua expectativa de rentabilidade. Os investimentos já feitos na produção de mercadorias ou commodities, tais como combustíveis fósseis, plásticos, soja, óleo de palma, carne e outros produtos que estão desequilibrando o clima e destruindo a biodiversidade do planeta são da ordem de trilhões de dólares.

    A maximização do retorno a médio e longo prazo desses investimentos na forma de lucros é a razão de ser deles e é algo a que os investidores jamais estariam dispostos a renunciar. Além disso, enquanto esses produtos oferecerem uma rentabilidade potencialmente atrativa, sua produção continuará a aumentar em decorrência de novos investimentos. Dado que, como dito, os investimentos de capital permanecem no capitalismo um direito inalienável de seus proprietários e dado que estes se guiam por sua rentabilidade, é claro que há uma incompatibilidade crescente entre os interesses vitais da sociedade, que necessitam deter esses processos ambientalmente deletérios, e os interesses vitais das corporações, que necessitam manter a rentabilidade de seus investimentos.

    O terreno de confronto desse antagonismo de interesses é, na tradição democrática, o sistema político, vale dizer, o Estado e as organizações da sociedade civil – partidos, sindicatos, ONGs, movimentos etc – que com ele compartilham o poder. Ocorre que é crescentemente desfavorável para as sociedades a relação de forças entre, de um lado, os grupos que entendem a necessidade de desacelerar a degradação socioambiental e, de outro, as corporações e a alta burocracia do Estado por elas controlada, interessadas em manter o business as usual

    De onde observarmos a ineficácia dos Acordos internacionais e a regressão generalizada da democracia, fenômeno particularmente acentuado no Brasil, onde o Congresso nacional é quase totalmente controlado por grupos de interesses econômicos e por bancadas extremamente conservadoras.

    JU – Na condição de historiador e ao mesmo tempo de autor de trabalhos de referência – e premiados – na área ambiental, qual o seu prognóstico do que está por vir? O colapso é inevitável? O que pode ser feito para evitá-lo?
    Luiz Marques – Sim, mantida a atual trajetória, e nada indica que esta sofrerá em breve uma inflexão relevante, um colapso socioambiental é inevitável. Esse é o prognóstico consensual da ciência. Não sabemos ainda quando ele sobrevirá e a forma histórica que ele assumirá. Mas é crescente a percepção de que ele deve nos surpreender antes, ou bem antes, do final do século e nos golpear com uma força particularmente destrutiva. Diante disso, é preciso reagir. Para tanto, a experiência histórica e política têm, a meu ver, que enfrentar dois desafios imensos.

    JU – Quais são eles?
    Luiz Marques – O primeiro é entender que a escala e a velocidade das transformações operadas pela economia globalizada na natureza são incomparavelmente maiores que jamais o foram e que isso tem consequências nunca experimentadas pela humanidade. Portanto, nossa experiência passada e nossas coordenadas já sedimentadas de pensamento não oferecem mais um quadro adequado de referências para perscrutar nosso futuro.

    O segundo desafio é entender que o vínculo social, objeto inaugural e central das ciências humanas, não contém mais em si o princípio de sua inteligibilidade. Temos, historiadores, cientistas sociais, filósofos e políticos, que incorporar doravante a percepção de que as respostas da natureza aos impactos antrópicos, as chamadas alças de retroalimentação das crises ambientais, estão em vias de ganhar protagonismo e que em breve se tornarão mestras do jogo. Portanto, é preciso agir já, se quisermos mitigar as consequências do que já desencadeamos. Digamos sem rodeios o que é mais que tempo de dizer: não é mais razoável a expectativa de um futuro melhor para os jovens e para as futuras gerações.

    Às crescentes emissões industriais de CO2 cujo efeito é cumulativo, soma-se a crescente liberação de metano pelos rebanhos ruminantes – sacrificados para o bife de cada dia de nossa sociedade crescentemente carnívora –, pelos incêndios das turfeiras, pela degradação dos plásticos, pelo degelo dos pergelissolos setentrionais e dos hidratos de metano no Ártico.

    De modo que, mesmo que começássemos hoje, por um passe de mágica, a diminuir drasticamente as emissões industriais de gases de efeito, um aquecimento médio global superior a 2 oC nos próximos dois ou três decênios, e provavelmente superior a 3 oC ao longo da segunda metade do século já é, ao que parece, inevitável. A menos que sejamos capazes de detê-lo, o agronegócio global continuará igualmente a nos condenar a uma maior escassez hídrica, ao desmatamento e à perda de biodiversidade. 

    Isso significa, em suma, que estamos condenados a um futuro pior. Possivelmente muito pior. Quão pior, aindadepende de nossa capacidade como sociedade de reagir às causas dessas crises, e elas são, fundamentalmente, repita-se, a voracidade energética de nosso sistema econômico, a crescente queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e uso insustentável da água pelo agronegócio, a poluição e intoxicação generalizada dos organismos pelos agrotóxicos e pela sopa química em que a indústria banha insanamente nossas sociedades.

    SERVIÇO
    “Seminário Internacional Degradação Socioambiental, catástrofes e Distopias”

    Data: 13 e 14 de agosto
    Locais: dia 13, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), e no dia 14, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)


    Do Jornal da Unicamp, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/08/2018

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