Descrita nova espécie de bicho-preguiça na Mata Atlântica, encontrada nos estados do Rio de Janeiro e no Espírito Santo
Até pouquíssimo tempo acreditava-se que existiam seis espécies de bicho-preguiça no mundo, que viviam em regiões das Américas do Sul e Central. Mas graças ao trabalho de pesquisadores brasileiros sabe-se agora que há uma a mais, ou seja, são sete no total. A adição à lista é da preguiça-de-coleira-do-sudeste (Bradypus crinitus), que tem como habitat a Mata Atlântica, e pode ser observada nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Já havia uma suspeita muito antiga de que indivíduos classificados como sendo a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), na verdade, poderiam pertencer a uma diferente espécie. Então, uma revisão taxonômica desses bichos-preguiça, do subgênero Bradypus (Scaeopus), confirmou essa hipótese.
Para tal, foi necessário a realização de comparação de exames de DNA, diferenças morfológicas e observações em campo do comportamento desses animais. O estudo foi liderado por Flávia Miranda, pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e presidente do Instituto Tamanduá.
Após a constatação, agora a espécie que só ocorre na Bahia e no Sergipe passa a ser chamada de preguiça-de-coleira-do-nordeste. “As duas espécies divergiram no início do Plioceno e atualmente apresentam distribuição geográfica distinta”, explica o grupo de pesquisadores em artigo científico publicado no Journal of Mammology.
Os pesquisadores recomendam que seja feita uma nova avaliação do estado de conservação das duas espécies. A preguiça-da-coleira era considerada “vulnerável” à extinção, consequência da perda e fragmentação de seu habitat, mas agora, pela separação geográfica, as áreas de ocorrência são menores e isso pode significar que o risco é ainda maior.
Embora existam semelhanças em sua aparência, as diferentes espécies de bicho-preguiça encontradas no planeta todo possuem diferenças em sua anatomia e comportamentos. A preguiça de dois dedos – na verdade são garras -, tem hábitos noturnos, ou seja, são mais ativas após o pôr-do-sol. Elas possuem dois ‘dedos’ nas ‘mãos’ e três nos ‘pés’. São frequentemente reconhecidas pelo nariz parecido com o de porco e pelo que tende a ser loiro ou castanho. É difícil identificar o sexo de uma preguiça selvagem de dois dedos de longe porque os órgãos sexuais estão escondidos dentro da pele.
Já a preguiça de três dedos é diurna. Com três ‘dedos’ tanto nos pés como nas mãos, são facilmente reconhecidas pelo grande sorriso na face, uma marca preta na boca, bem como uma máscara negra ao redor dos olhos. O pelo tem uma coloração escura, variando entre preto, cinza e branco.
A espécie (Bradypus torquatus) agora é chamada de preguiça-de-coleira-do-nordeste
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Fotos: divulgação Instituto Tamanduá