segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Entomofagia, o consumo de insetos por seres humanos,



Entomofagia, o consumo de insetos por seres humanos, artigo de Roberto Naime



O consumo de insetos grelhados no Laos faz parte da cultura gastronômica do país. Flickr
O consumo de insetos grelhados no Laos faz parte da cultura gastronômica do país. 
Foto: Flickr / RFI

[EcoDebate] Entomofagia é o consumo de insetos por seres humanos. A entomofagia é praticada em muitos países ao redor do mundo, principalmente em partes da Ásia, África e América Latina.
Insetos complementam o cardápio de aproximadamente dois bilhões de pessoas e tem sido parte da dieta humana desde tempos remotos.

Consta que os organismos dos insetos, são enriquecidos em Nitrogênio. Se alimentar de insetos é mera questão cultural e histórica.

Contudo, apenas recentemente a entomofagia tem atraído a atenção da mídia, instituições de pesquisa, chefes de cozinha e outros membros da indústria de alimentos, além de legisladores e agências de regulamentação na área alimentícia.

O Programa de Insetos Comestíveis da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) também tem examinado o potencial de aracnídeos (aranhas e escorpiões) para a alimentação animal e humana, uma vez que, por definição, estes não são considerados insetos.

O uso de insetos como alimento, tanto para humanos quanto na nutrição animal, conferem muitos benefícios ao meio ambiente, à saúde, à sociedade. Insetos têm altas taxas de eficiência na conversão alimentar pelo fato de serem animais de sangue frio.

A razão de quantidade de alimento por produção de carne (quanto de alimento é necessário para produzir o aumento em 1 kg no peso do animal) varia grandemente dependendo da classe do animal e das práticas de produção utilizadas, sendo que os insetos são extremamente eficientes nessa questão.

Em média, insetos podem converter 2 kg de alimento em 1 kg de massa corporal, em comparação a bovinos que necessitam de 8 kg de alimento para produzir 1 kg de ganho de peso.

Produzem menos gases de efeito estufa do que a pecuária convencional. Por exemplo, suínos produzem de 10 a 100 vezes mais gases de efeito estufa por quilograma de peso.

Podem se alimentar de resíduos orgânicos, como restos de alimento e dejetos humanos, compostagem e esterco animal, podendo transformá-los em proteína de alta qualidade, inclusive para utilização na alimentação animal.

Insetos utilizam muito menos água que a pecuária convencional. Besouros, por exemplo, são mais resistentes à seca do que o gado.

A criação de insetos é muito menos dependente de extensões de terra que a pecuária convencional.
O conteúdo nutricional dos insetos depende de seu estágio de desenvolvimento ou estágio metamórfico, habitat e dieta. No entanto, é amplamente aceito que insetos são fontes de nutrientes e proteínas de alta qualidade se comparados à carne bovina e ao pescado.

Insetos são particularmente importantes como suplemento alimentar para crianças que sofrem de má nutrição, pois a maioria das espécies tem alto teor de ácidos graxos (comparáveis ao pescado). Também são ricos em fibras e micro-nutrientes como cobre, ferro, magnésio, manganês, fósforo, selênio e zinco.

Insetos são considerados animais de baixíssimo risco em relação a zoonoses (doenças transmitidas de animais para humanos) como o vírus H1N1 (gripe aviária) e o mal da vaca louca.

A coleta e a criação de insetos podem se colocar como uma importante estratégia na diversificação dos meios de subsistência. Insetos podem ser diretamente e facilmente coletados na natureza. Para tal atividade se requer um mínimo de conhecimento técnico e pouco investimento para a aquisição de equipamentos básicos de coleta e criação.

Os estamentos mais pobres da sociedade, incluindo mulheres e pessoas sem terra, seja em áreas urbanas ou rurais, podem se encarregar de coletar os insetos diretamente do ambiente, de cultivar, processar e vender.

Essas atividades além de melhorar diretamente a alimentação, podem servir como opção de renda por meio da venda do excedente da produção em mercados livres de rua.

A coleta e criação de insetos pode também oportunizar ações empreendedoras sejam em economias desenvolvidas, em transição ou em desenvolvimento.

O processamento de insetos para a alimentação humana ou animal é algo que pode ser feito com relativa facilidade. Algumas espécies podem ser consumidas inteiras. Podem também vir a ser processados em pasta ou moídos como farinha, além disso, suas proteínas podem ser extraídas.


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Referência:
http://www.fao.org/3/d-i3264o.pdf

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/12/2019
Entomofagia, o consumo de insetos por seres humanos, artigo de Roberto Naime, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 5/12/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/12/05/entomofagia-o-consumo-de-insetos-por-seres-humanos-artigo-de-roberto-naime/.

Veja na íntegra o discurso de Greta Thunberg nas Nações Unidas





Veja na íntegra o discurso de Greta Thunberg nas Nações Unidas

Foto ONU/Cia Pak
Ativista sueca Greta Thunberg discursa na sede das Nações Unidas


23 setembro 2019
Ativista Greta Thunberg discursou esta segunda-feira na abertura do Encontro de Cúpula sobre Ação Climática; jovem sueca, de 16 anos, diz que "o mundo está despertando" para o problema da mudança climática.

"Minha mensagem para os líderes internacionais é de que nós estaremos de olho em vocês.
Isto está completamente errado.

Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar na minha escola, do outro lado do oceano.
E vocês vêm até nós, jovens, para pedir esperança. Como vocês ousam?

Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. E ainda assim, eu tenho que dizer que sou uma das pessoas com mais sorte (nesta situação).

As pessoas estão sofrendo e estão morrendo. Os nossos ecossistemas estão morrendo.
Por mais de 30 anos, a ciência tem sido muito clara. Como vocês se atrevem a continuar ignorando isto?
Nós estamos vivenciando o começo de uma extinção em massa. E tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno.

Como vocês se atrevem?

Por mais de 30 anos, a ciência tem sido muito clara. Como vocês se atrevem a continuar ignorando isto?

E como se atrevem a vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente? Quando sabemos que as políticas e as soluções necessárias não são sequer vistas?

Vocês dizem que estão nos escutando e que compreendem a urgência (deste tema).
Mas não importa tão triste e furiosa eu esteja, eu não quero acreditar no que dizem. Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês seriam um mal. E eu me recuso a acreditar nisso.

A proposta de cortar as nossas emissões pela metade em 10 anos, apenas nos dá uma chance de 50% de ficar abaixo da marca de 1.5ºC e existe um risco de desencadear reações irreversíveis em cadeia que fogem do controle humano.

50% pode ser aceitável para vocês. Mas estes números não incluem outros pontos como feedback, lacunas e um aquecimento adicional causado pela poluição tóxica do ar ou aspectos de equidade e justiça climáticos. Estes números também fazem com que a minha geração seja obrigada a ter que retirar centenas de bilhões toneladas de dióxido de carbono do ar, causadas por vocês, e usando tecnologia que sequer existem. Então, 50% simplesmente não são aceitáveis. Nós teremos que viver com as consequências.

Para ter uma chance de 67% de continuar abaixo da marca de 1.5ºC do aumento global temperatura, no melhor cenário do (relatório) do IPCC, o mundo teria ainda 420 toneladas giga de emissões de dióxido de carbono para emitir, em 1 de janeiro de 2018. Hoje, este número já caiu para 350 toneladas giga.


Vocês estão falhando conosco. Mas os jovens já começaram a entender sua traição.
Como vocês se atrevem a pensar que isto pode ser resolvido sem mudar nada? Ou através de algumas soluções técnicas? Com os níveis atuais de emissões de hoje, o orçamento de emissões de dióxido de carbono acabaria inteiramente em apenas 8 anos e meio.

Não haverá nenhuma solução ou planos apresentados com base nestes números que trago aqui hoje. Porque estes números são bem desconfortáveis e vocês não têm a maturidade suficiente para abordar este tema como ele realmente é.

Vocês estão falhando conosco. Mas os jovens já começaram a entender sua traição.
Os olhos de uma geração futura inteira estão sobre vocês.

E se vocês escolherem fracassar. Eu lhes digo: nós jamais perdoaremos vocês.
Nós não vamos deixar vocês fazerem isso.

É aqui e agora, que nós colocamos um limite. O mundo está despertando. E a mudança está chegando, quer vocês queiram ou não.

Obrigada."


Foto ONU/Loey Felipe
Assembleia Geral durante Encontro de Cúpula para a Ação Climática
Acompanhe aqui a cobertura especial da 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU

 

Confira a programação do IPAM na 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas

Confira a programação do IPAM na 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas

27.11.2019Notícias
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O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) participa neste ano da 25ª Conferência do Clima da ONU, ou COP 25, com uma programação voltada a propostas de caminhos para que o Brasil siga uma economia de baixo carbono, com sustentabilidade e desenvolvimento econômico.

Um dos destaques é o apoio institucional ao Brazil Climate Action Hub, que contará com uma agenda ampla, onde governos subnacionais, sociedade civil, parlamentares e setor empresarial poderão promover discussões sobre soluções e desafios da ação climática no contexto brasileiro e latino-americano. Toda a programação pode ser conferida em https://www.brazilclimatehub.org/.
Confira os demais eventos com participação de representantes do IPAM:

4 de dezembro

Side event, Room 6, 11h30 – 13h

POVOS INDÍGENAS DA AMAZÔNIA: VULNERABILIDADES DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTRATÉGIAS

Os povos indígenas são essenciais para a estabilidade da floresta amazônica e para o clima global. No entanto, aumentos recentes do desmatamento, incêndios e degradação ameaçam seus territórios e seus meios de subsistência. Este evento apresentará novas tecnologias que auxiliam na proteção florestal e nos direitos indígenas.

5 de dezembro

Brazil Climate Action Hub, Pavilhão 8, 13h30 – 14h30

POVOS TRADICIONAIS E FERRAMENTAS DIGITAIS
Plataformas e aplicativos fornecem informações para populações tradicionais administrarem seus territórios. Neste evento, alguns exemplos serão apresentados, como a plataforma Climate Source e o app Alerta Clima Indígena.

6 de dezembro


Brazil Climate Action Hub, Pavilhão 8, 14h30 – 15h30

A TEMPORADA DE FOGO NA AMAZÔNIA EM 2019: UMA HISTÓRIA DE DESMATAMENTO

As primeiras semanas de agosto deste ano registraram 32.728 focos de queimadas na Amazônia, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número foi 60% mais alto dos apontados nos três anos anteriores. Considerando esses fatos, o IPAM apresentará uma análise abrangente da temporada de fogo em 2019 e suas causas.

Brazil Climate Action Hub, Pavilhão 8, 15h30 – 16h30

ÁREAS PROTEGIDAS DA AMAZÔNIA & MITIGAÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

As áreas protegidas na região amazônica sequestram o carbono da atmosfera, diminuindo o efeito estufa e mitigando as mudanças climáticas. Contudo, essas áreas têm sido alvo constante de desmatamento. Diante disso, discutiremos estratégias para a consolidação e a proteção dessas áreas.

Brazil Climate Action Hub, Pavilhão 8, 16h30 – 17h30

TERRA DE NINGUÉM: ÁREAS NÃO-DESIGNADAS DA AMAZÔNIA & O EQUILÍBRIO CLIMÁTICO

Terras não-designadas na Amazônia correspondem a 27% do total desmatado entre agosto de 2018 e julho de 2019. Em um planeta cada vez mais quente, é fundamental que esses 65 milhões de hectares de áreas públicas federais e estaduais sejam conservados como florestas.

10 e 11 de dezembro

Novotel Madri Center, Calle de O’Donnell, 53, 8h30 – 18h40 (10) e 8h30 – 13h10 (11)
AMAZON-MADRID

Programação completa em https://sites.google.com/view/amazonmadrid

O objetivo do evento, conduzido pelo Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, é apresentar as perspectivas, as metas e os compromissos políticos dos governadores da Amazônia brasileira, e discutir com a comunidade internacional oportunidades de cooperação para o estímulo a uma economia de baixo carbono na região.

10 de dezembro

Brazil Climate Action Hub, Pavilhão 8, 9h – 10h
O BRASIL VAI CUMPRIR SUAS METAS NO CLIMA?

Este evento apresentará os dados mais recentes de duas iniciativas pioneiras da sociedade civil, o SEEG e o MapBiomas. Os dados mostram as emissões brasileiras de carbono em 2018 e as mudanças no uso da terra no Brasil entre 1985 e 2017. Os autores discutirão a trajetória de emissões do país, os desafios e as oportunidades no caminho da NDC.

12 de dezembro

Side event, Room 5, 16h45 – 18h15
O FUTURO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA: CENÁRIOS ATUAIS E MUDANÇAS POLÍTICAS NECESSÁRIAS EM UMA CRISE CLIMÁTICA

O desmatamento e os incêndios na Amazônia atraíram a atenção internacional em 2019. Discutiremos os impactos das recentes políticas brasileiras no cumprimento da NDC, mostrando que o país precisa de mudanças significativas em direção a uma verdadeira economia de baixo carbono, com conservação e desenvolvimento econômico.

35% do desmatamento na Amazônia é grilagem, indica análise do IPAM


35% do desmatamento na Amazônia é grilagem, indica análise do IPAM

20.11.2019Notícias
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Uma análise realizada pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) mostrou que 35% do desmatamento ocorrido na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi registrado em áreas não-designadas e sem informação.

“Isso é grilagem de terras”, afirma o diretor- executivo do IPAM, André Guimarães. “Essas florestas são públicas, ou seja, é patrimônio de todos os brasileiros, que é dilapidado ilegalmente para ficar na mão de alguns poucos.”

Se o desmatamento ocorrido em áreas protegidas for adicionado à conta, o índice chega a 44%. Os números baseiam-se no Prodes, sistema oficial de monitoramento do desmatamento na Amazônia, divulgado ontem pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e divididos por categoria fundiária pelo IPAM.

“A grilagem tem se mantido na Amazônia ano a ano, com um incremento recente em terras não-designadas”, explica a diretora sênior de Ciência do IPAM, Ane Alencar. “Precisamos preservar essas florestas para garantir que as chuvas continuem a alimentar o campo brasileiro e a geração de energia. Isso se dá com fiscalização eficiente e constante, além da destinação dessas áreas para conservação.” 
Outra categoria fundiária que se destaca são os assentamentos. Segundo análise do IPAM, em 2019 confirma-se um padrão de desmatamento nessas regiões que têm pouco a ver com a produção familiar – a tônica dessa categoria: dos 2,83 mil km2 derrubados nessa categoria, 1,54 mil km2, ou 55% da área, estão concentrados em 57 assentamentos, que representam somente 6% dos 917 projetos que registraram retirada de árvores.

Zerar desmate em terras não-designadas reduziria em um terço a taxa anual


Zerar desmate em terras não-designadas reduziria em um terço a taxa anual

28.11.2019Notícias
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Se o desmatamento em terras públicas da Amazônia fosse combatido, a taxa de derrubada de floresta cairia em mais de 3 mil quilômetros quadrados somente no último ano. O dado foi apresentado hoje em Brasília pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) durante seminário na Câmara dos Deputados.

De acordo com análise do instituto, a participação dessas categorias fundiárias no desmatamento registrado no último ano chega a 36%. No total, 9.762 km2 de floresta foram destruídos entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com o sistema Prodes, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A média dos anos anteriores é similar.

“Acabando com o desmatamento em terras públicas não-designadas e sem informação, haveria redução de pelo menos um terço do desmatamento nos últimos anos. Isso é patrimônio dos brasileiros, não é patrimônio privado”, explicou a pesquisadora sênior e diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.

Outras terras públicas também necessitam de atenção. No mesmo seminário, o WWF Brasil divulgou uma análise mostrando como pelo menos 15 das 20 unidades de conservação mais desmatadas neste ano foram objeto de algum processo de alteração de seu limite ou grau de proteção. As terras indígenas sofrem igual pressão: segundo análise do IPAM, uma única TI, no Pará, respondeu por 26% da derrubada registrada nesse tipo de área protegida em 2019 – como ainda não foi homologada, há indicação de disputa por aquela terra.

Esses grandes maciços verdes são fundamentais para o equilíbrio do sistema climático regional. Estudo de 2015 em Mato Grosso, com autoria de pesquisadores do instituto, mostrou que a produção ao redor do Parque Indígena do Xingu é beneficiada pela floresta ali mantida, tanto pelo controle da temperatura quanto pelas chuvas.


Temporada de fogo
Alencar também destacou no seminário que, apesar de o fogo ter sido controlado nos últimos meses, há muita floresta derrubada em 2019 que ainda não foi queimada, o que pode acontecer no próximo ano.

Além disso, o agravamento das mudanças climáticas aumenta a probabilidade de incêndios acontecerem na região, em florestas e em terras cultivadas. “A mudança da paisagem, com aumento do desmatamento e degradação, tem um impacto importante na incidência do fogo. Há mais casos de fogo acidental e incêndios florestais, num efeito de retroalimentação que pode levar a mais perdas de floresta e de áreas agrícolas”, afirmou.

Apesar da importância da manutenção das florestas, somente R$ 15 mil dos R$ 253 mil autorizados de orçamento federal dedicado a políticas e estratégicas de prevenção e controle do desmatamento e de manejo e recuperação florestal em 2019 foram gastos até agora, segundo levantamento divulgado no evento pelo Inesc.

O seminário “Desmatamento e queimadas na Amazônia: tendências, dinâmicas e soluções” foi uma realização da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados e do GT Infra.

Cientistas dizem ter encontrado um lugar na Terra onde não há vida

Cientistas dizem ter encontrado um lugar na Terra onde não há vida

Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2019
Cientistas encontram um lugar na Terra onde não há vida
Apesar da presença de água em estado líquido, este pode ser o primeiro ambiente na Terra que não permite o desenvolvimento da vida como a conhecemos.
[Imagem: Puri López-García]

Lugar sem vida na Terra
Que a Terra está infestada de vida é algo que tem sido atestado uma vez após outra, com pesquisas nos locais menos amenos do nosso planeta.

Agora, contudo, uma equipe da Espanha e da França afirma ter encontrado o primeiro lugar na Terra onde nenhum organismo conhecido consegue sobreviver.

Jodie Belilla e seus colegas afirmam ter usado todos os métodos científicos disponíveis para confirmar a ausência total de vida nos lagos quentes, salinos e hiperácidos do campo geotérmico de Dallol, na Etiópia.

A paisagem estéril de Dallol, localizada na depressão etíope de Danakil, se estende sobre uma cratera vulcânica cheia de sal, onde emanam gases tóxicos, a água ferve em meio a uma intensa atividade hidrotermal e as temperaturas diárias no inverno superam os 45° C.

É um dos ambientes mais tórridos da Terra, com suas piscinas hipersalinas e hiperácidas apresentando até mesmo valores negativos de pH.
Vida extrema versus nenhuma vida

No início deste ano, uma equipe da Universidade de Bolonha, na Itália, apontou que certos microrganismos poderiam se desenvolver nesse ambiente multi-extremo (simultaneamente muito quente, salino e ácido), o que levou Barbara Cavalazzi e seus colegas a apresentarem Dallol como um exemplo dos limites que a vida pode suportar, propondo que ele seja um análogo terrestre adequado para o estudo da vida em outros planetas, assemelhando-se, por exemplo, ao planeta Marte em seus primórdios.

Agora a equipe franco-espanhola publicou um artigo que conclui o contrário.

Segundo esses pesquisadores, a conclusão de que não há vida nas piscinas infernais de Dallol foi confirmada pelos resultados de todos os vários métodos utilizados, incluindo o sequenciamento maciço de marcadores genéticos para detectar e classificar microrganismos, tentativas de cultura microbiana, citometria de fluxo fluorescente para identificar células individuais, análise química da salmoura e microscopia eletrônica de varredura combinada com espectroscopia de raios X.

"O que existe é uma grande diversidade de arqueias halofílicas [Archaea: um tipo de microrganismo primitivo que adora sal] no deserto e nos desfiladeiros salinos ao redor do local hidrotérmico, mas não nas próprias piscinas hiperácidas e hipersalinas e nem nos chamados Lagos Negro e Amarelo de Dallol, onde o magnésio é abundante. E tudo isso apesar do fato de a dispersão microbiana nessa área, devido ao vento e aos visitantes humanos, ser intensa.

"Em outros estudos, além da possível contaminação de amostras com arqueias de terrenos adjacentes, essas partículas minerais podem ter sido interpretadas como células fossilizadas, quando na realidade se formam espontaneamente nas salmouras, mesmo sem vida," afirmou Purificación Lopez Garcia, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS).
Cientistas encontram um lugar na Terra onde não há vida
Outros estudiosos estão em busca de uma biologia universal, que possa explicar a vida aqui e em qualquer outro corpo celeste.
[Imagem: Hyunju Kim et al. - 10.1126/sciadv.aau0149]
Vida em outros planetas
A equipe afirma que isso demonstra a necessidade de múltiplas indicações, de analisar todos os tipos de alternativas e de ser muito prudente com as interpretações, antes de se chegar a conclusões em astrobiologia.
"Não esperaríamos encontrar formas de vida em ambientes semelhantes em outros planetas, pelo menos não com base em uma bioquímica semelhante à bioquímica terrestre," disse Garcia.
Na verdade, ambos os estudos representam justamente essa busca por múltiplas interpretações, levantando discussões que mostram que o assunto está longe de uma palavra final - as manifestações dos especialistas nos sites acadêmicos mostram que ainda não há um consenso sobre se Dallol é mesmo o primeiro lugar conhecido na Terra "à prova de vida".
Além disso, como a equipe franco-espanhola reconhece, mesmo em Dallol, piscinas completamente estéreis se alternam com outras com condições biofísicas "ligeiramente melhores", que permitem a presença de arqueias e outros microrganismos, como os extremófilos, o que indica que menos prudente será indicar um corpo celeste como totalmente sem vida com base em amostragens de poucos locais.
Bibliografia:

Artigo: Hyperdiverse archaea near life limits at the polyextreme geothermal Dallol area
Autores: Jodie Belilla, David Moreira, Ludwig Jardillier, Guillaume Reboul, Karim Benzerara, José M. López-García, Paola Bertolino, Ana I. López-Archilla, Purificación López-García
Revista: Nature Ecology & Evolution
Vol.: 3, pages 1552-1561
DOI: 10.1038/s41559-019-1005-0

Artigo: The Dallol Geothermal Area, Northern Afar (Ethiopia) - An Exceptional Planetary Field Analog on Earth
Autores: B. Cavalazzi, R. Barbieri, F. Gómez, B. Capaccioni, K. Olsson-Francis, M. Pondrelli, A.P. Rossi, K. Hickman-Lewis, A. Agangi, G. Gasparotto, M. Glamoclija, G.G. Ori, N. Rodriguez, M. Hagos
Revista: Astrobiology
Vol.: 19 Issue 4
DOI: 10.1089/ast.2018.1926

Nova arquitetura propõe criar harmonia dos ocupantes com a natureza

Arquitetura de um edifício pode melhorar criatividade dos seus ocupantes

Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/12/2019
Maharishi Vastu: A arquitetura que aumenta a criatividade
Este é prédio da empresa de engenharia Nika, onde foram realizados os testes de criatividade dos funcionários.
[Imagem: Ron Blunt]

Arquitetura Maharishi Vastu

A arquitetura de um prédio ajuda a aumentar a criatividade dos seus ocupantes.

Esta é a conclusão um tanto surpreendente de Anil Maheshwari e Margaret Werd, da Universidade Maharishi de Administração, nos EUA.

A arquitetura utilizada é conhecida como Maharishi Vastu, um sistema tradicional de construção que se originou na Índia e é conhecido também como vastu ou sthapatya veda.

As técnicas do Maharishi Vastu incluem o alinhamento da construção com os pontos cardeais, uma área central silenciosa chamada brahmasthan, cômodos com localização e proporções precisas, declive e forma apropriados do terreno, uma visão desobstruída do nascer do sol, um local distante o suficiente das principais fontes de radiação eletromagnética e o uso de materiais naturais e energia solar.

Os pesquisadores levantaram a hipótese de que essa arquitetura traria uma ampla gama de benefícios porque ela se propõe a criar uma harmonia dos ocupantes com a natureza.

"Pode parecer pouco familiar para uma perspectiva científica ocidental, mas o fato é que nossa fisiologia está intimamente ligada ao material, aos ritmos e às forças da terra e do sol. Os sistemas tradicionais de arquitetura, que têm surgido em muitos lugares ao redor do mundo por um longo período de tempo, levam essas coisas em consideração. E agora queremos ver se os supostos benefícios podem ser cientificamente verificados," disse o professor Anil Maheshwari.

Arquitetura que melhora criatividade
Nesse primeiro estudo desse tipo, os funcionários de uma empresa de arquitetura e engenharia, com sede em uma grande cidade metropolitana do leste dos Estados Unidos, mudaram-se para um prédio de escritórios recém-construído segundo as regras do Maharishi Vastu.

As avaliações mostraram que esses funcionários obtiveram uma pontuação mais alta nos testes padronizados de criatividade (TTCT: Torrance Tests of Creative Thinking) em comparação com sua pontuação quatro meses antes, quando ainda trabalhavam no prédio antigo. Em particular, os funcionários geraram de 50% a 80% mais ideias originais.

Os pesquisadores afirmam que esses resultados têm menos de 1% de probabilidade de serem devidos ao acaso.

"Esta pesquisa demonstrou experimentalmente que a mudança de um edifício de arquitetura convencional para um edifício Vastu levou a grandes melhorias mensuráveis na criatividade dos funcionários, em particular na originalidade das ideias geradas e em sua elaboração aberta e detalhada. Acho que todas as organizações, grandes e pequenas, poderiam se beneficiar disso," disse o professor Maheshwari.


Bibliografia:

Artigo: Architecture and Creativity: Examining the Impact of Maharishi Vastu on Workplace Creativity
Autores: Anil K. Maheshwari, Margaret Rose P. Werd
Revista: Creativity Research Journal
DOI: 10.1080/10400419.2019.1667943