sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Le Monde (França) – Les grandes villes du monde veulent agir sur le climat

MEIO AMBIENTE E ENERGIA


Le Monde (França) – Les grandes villes du monde veulent agir sur le climat


Quatre mille cinq cents représentants de villes, de régions, d’entreprises et d’ONG se sont réunis à San Francisco pour échanger des idées pour lutter contre le changement climatique.

Des maires et responsables régionaux du monde entier ont mis au défi mercredi 12 septembre les dirigeants de la planète de suivre leur exemple pour lutter contre le changement climatique, les Américains affirmant qu’ils peuvent largement compenser le retrait environnemental du président républicain Donald Trump.

« La personne qui se trouve dans cet hôtel de ville est plus importante que le locataire de la Maison Blanche », a lancé le maire démocrate de Los Angeles, Eric Garcetti, lors d’un événement à la mairie de San Francisco, ville écologique modèle qui accueille le premier Sommet mondial pour l’action climatique jusqu’à vendredi. « Nous devons être radicaux », a déclaré la maire de Paris, Anne Hidalgo, présidente de l’alliance C40 de près de 100 grandes villes qui se sont engagées à arriver à zéro carbone d’ici à 2050.

« Nous pouvons changer les choses », a-t-elle dit, énumérant les pouvoirs des villes pour l’électricité propre, les transports en commun, les déchets et le recyclage, et les normes d’isolation des bâtiments.

Deux tiers de l’objectif aux Etats-Unis

Le sommet, premier du genre avec plus de 4 000 délégués, s’est ouvert avec la publication d’un rapport qui devrait en réjouir certains et en alarmer d’autres, sur la trajectoire des émissions de gaz à effet de serre aux Etats-Unis.

D’un côté, l’étude montre que le pays devrait tenir les deux tiers de l’objectif fixé par Barack Obama et abandonné par Donald Trump après son arrivée au pouvoir début 2017, soit – 17 % d’émissions en 2025 par rapport à 2005, contre un objectif original d’au moins – 26 %. Le pays en est à – 12 % aujourd’hui. L’autre façon de voir ce chiffre est que le pays manquera d’un tiers son objectif.

Mais le rapport souligne que de nombreux Etats américains, principalement démocrates, et des centaines de villes ont depuis 2017 redoublé leurs engagements pour « décarboniser » leurs économies depuis l’annonce, par Donald Trump, du retrait de son pays de l’accord de Paris.

Par comparaison, la Chine émet aujourd’hui un peu moins de deux fois plus de gaz à effet de serre (GES) que les Etats-Unis, et devrait continuer à en rejeter de plus en plus jusque dans les années 2020, le pays s’étant engagé à un tournant avant 2030.

Croissance de l’électricité « propre »

L’Union européenne s’était donné un objectif de réduction des GES plus ambitieux que les Etats-Unis, et a déjà accompli davantage. En prenant les mêmes années de référence que les Américains, les émissions européennes ont baissé de 21 % à ce stade par rapport à 2005, et devraient atteindre – 28 % en 2025, selon le Climate Action Tracker.

L’électricité « propre » connaît une croissance effrénée aux Etats-Unis, le charbon est en recul et les voitures électriques se développent – malgré l’hostilité du gouvernement Trump.

Mais le volontarisme écologique, aux Etats-Unis est encore principalement l’apanage des démocrates, une limite du mouvement. « C’est le moment d’agir », a dit la maire démocrate de Seattle, Jenny Durkan. Mais « il faut que le sujet devienne non partisan », a-t-elle reconnu.

L’idée du sommet est de montrer concrètement que le même activisme écologique peut s’appliquer au reste du monde.

Grande délégation chinoise

Paris, Bonn, Pékin, Le Cap, Dacca, Dubaï, Mexico, Tokyo, des villes indiennes et sud-américaines seront représentées ici, dont des dizaines de maires. Tout comme des dizaines de responsables et ministres de provinces et régions du Brésil, du Mexique, d’Inde, d’Europe… « On vient pour partager et se voler des idées entre maires », dit à l’AFP le maire de Copenhague, Frank Jensen, qui prévoit d’arriver à zéro carbone en 2025.

Il y a aussi des patrons de multinationales jouant les fers de lance de la transition écologique et qui s’engageront à passer, en quelques années, à 100 % d’électricité propre. Une centaine d’investisseurs mondiaux ont aussi annoncé mercredi vouloir réorienter leurs investissements pour soutenir des projets liés au climat. La Chine a envoyé une délégation de 120 personnes, dont Xie Zhenhua, le négociateur climat.

Le rassemblement commence alors que l’ouragan Florence menace la côte atlantique du pays et après un été caniculaire en Europe ou au Japon, des événements météorologiques rares mais appelés à se multiplier avec le dérèglement du climat, selon les climatologues.

Le monde continue à rejeter beaucoup trop de gaz à effet de serre pour limiter à 2 °C l’augmentation moyenne de la température du globe par rapport à la période préindustrielle, ce qui est l’objectif de l’accord de Paris. La Terre est déjà plus chaude de 1 °C environ et, à ce rythme, la hausse atteindra 3,2 °C en 2100.

Valor Econômico – Impacto do clima na saúde pública preocupa organizações internacionais


Por Daniela Chiaretti | De São Paulo

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) está desenvolvendo um aplicativo para que suas equipes possam reagir mais rapidamente e ajudar vítimas de eventos climáticos extremos no Sudeste Asiático.

Chamado de Reach (Reaction Assessment Collaboration Hub), o aplicativo vai reunir dados da região, previsão do tempo e informações importantes para que as equipes possam prestar ajuda rapidamente nos casos cada vez mais frequentes de tempestades nas Filipinas, Indonésia ou Índia.

"A mudança do clima é um multiplicador de ameaças", diz Carol Devine, assessora para assuntos humanitários da MSF-Canadá. "Estamos muito preocupados porque sabemos que teremos mais eventos extremos e não estamos preparados."

Carol Devine é cientista social com experiência de atuação em Ruanda, no Sudão do Sul, no Peru e no Timor Leste, sempre com a MSF. "Mais desastres vão acontecer e estamos tentando ser mais práticos, saber onde estão os nossos kits de emergência, aliar a tecnologia para nos ajudar com a logística", ilustra.

O verão alemão está registrando recordes de dias quentes e períodos sem chuva, com fortes ondas de calor. Foram quatro meses de calor intenso, temperaturas altas e até focos de incêndio na região de Berlim. "Não temos ainda os dados sistematizados, mas podemos observar que essas situações são cada vez mais frequentes", diz Hans-Guido Mücke, cientista do departamento de higiene ambiental da Agência Ambiental Alemã.

Em 2003, uma forte onda de calor atingiu a Europa. Estima-se que o impacto tenha sido de 60 mil mortes. Um grupo de especialistas alemães fez recomendações de como o país pode lidar melhor com eventos extremos. Boletins diários com previsão de tempo e outros dados metereológicos são enviados a hospitais e casas de repouso, para ajudar na prevenção.

Essas experiências serão divulgadas hoje, em Brasília, durante o Encontro Internacional de Clima e Saúde, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e pela Embaixada da Alemanha. O evento trará especialistas para discutir os efeitos das mudanças climáticas na saúde.

A geógrafa Helen C. Gurgel, professora da Universidade de Brasília (UnB) e que trabalha com saúde e clima desde 2001, diz que "a saúde é síntese do ambiente, tanto para o indivíduo como para a comunidade". Ela explica: "Se conseguirmos melhorar o quadro ambiental local ou global, o reflexo será a melhora na saúde". Ela se espanta, por exemplo, que não exista conexão entre a melhora que obras de saneamento básico possam trazer à saúde pública.

Valor Econômico – Por quem os sinos do clima dobram / Artigo / Bradford DeLong

MEIO AMBIENTE E ENERGIA


J. Bradford DeLong, ex-vice-secretário-assistente do Departamento de Tesouro dos EUA, é professor de economia da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, e pesquisador adjunto da Agência Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA. Copyright: Project Syndicate, 2018.

Eu mal tinha começado a minha primeira aula do semestre do outono aqui na Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, quando percebi que estava com muito calor. Queria tirar meu blazer de tweed professoral.

Um blazer de tweed é um traje maravilhoso, mas muito peculiar. Se sua matéria-prima se limitar a uma ovelha, ele é a coisa mais próxima que há do Gore-Tex. Ele não apenas é perfeito para um clima nublado e chuvoso, é também surpreendentemente quente - seco ou molhado - para o seu peso. No mundo pré-aquecimento central os tecidos de lã atualmente mais comumente associados à indumentária masculina formal e semiformal eram, ao mesmo tempo, eficientes e confortáveis, independentemente de seu portador morar em Oxford, Cambridge, Edimburgo, Londres, Bristol ou Norwich.

Mas blazers de tweed e assemelhados também se disseminam pelo planeta - uma faca de dois gumes pela qual se pode agradecer (ou responsabilizar) o Império Britânico. Para os que vivem mais perto do Equador e distantes da garoa e do nevoeiro das Ilhas Britânicas, roupas como essas são, há muito, proscritas. Após o advento do aquecimento central, as roupas de lã perderam a praticidade mesmo nas zonas temperadas.

Mesmo assim, blazers de tweed continuaram sendo uma alternativa de indumentária confortável em alguns lugares de todo o mundo, como a Escócia e partes da Inglaterra (onde era, por muito tempo, considerado pouco fino as pessoas usarem, na verdade, seu próprio aquecimento central), o nordeste dos Estados Unidos e a área da baía de Sâo Francisco. Na realidade, o clima de Berkeley é um dos pequenos motivos pelos quais resolvi mudar para cá após três anos em Washington, onde a pessoa aprende exatamente que volume de suor um traje de lã consegue absorver durante os deslocamentos diários.

Mas, nos últimos 20 anos, a vestimenta professoral se tornou cada vez mais desconfortável, mesmo aqui do lado leste da Baía. O clima agora se assemelha mais ao de Santa Barbara, 480 km ao sul. E assim, um número cada vez maior de nós dá aula de camisas de colarinho abotoado, de manga curta, como as usadas meio século atrás pelos moradores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (que fica ainda mais ao sul, em Pasadena).

Na medida em que o planeta se aquece e os níveis do mar sobem, o comportamento dos ciclones vai mudar e o mundo enfrentará uma longa sucessão de catástrofes naturais. A comunidade internacional não está preparada para um cenário desse tipo

Mesmo assim, para os dentre nós que vivem nos EUA - e no Hemisfério Norte, de modo geral -, a elevação das temperaturas talvez não venha a ser um problema tão grande no próximo século. Essencialmente, o clima vai avançar lentamente rumo norte cerca de 4,8 km a cada ano. Há possíveis cenários de catástrofes naturais derivados do desaparecimento dos bancos de gelo, da rápida desertificação, e assim por diante. Mas esses problemas serão inconvenientes e onerosos, não insuperáveis.

Mesmo assim, os problemas associados à mudança climática não serão nem simples inconveniências nem estão tão distantes quanto gostaríamos de imaginar. Há atualmente 2 bilhões de agricultores próximos ao nível de subsistência que habitam os seis grandes vales fluviais da Ásia, do rio Amarelo até as adjacências do rio Indo. Esses agricultores têm meios limitados e poucas qualificações não agrícolas. Não seria fácil para eles arrumar os pertences e mudar de lugar, menos ainda ganhar a vida fazendo outra coisa.

Os seis grandes vales fluviais da Ásia respaldaram a maior parte da civilização humana nos últimos 5 mil anos. Durante esse tempo, a neve que derretia nos altiplanos da região sempre chegou exatamente no momento certo e exatamente no volume certo para sustentar os produtos agrícolas dos quais depende a população da região.

No mesmo sentido, outro bilhão de pessoas depende da chegada das monções no momento certo, e no lugar certo, a cada ano. Mas, na medida em que o planeta se aquece e os níveis do mar sobem, o comportamento dos ciclones na Baía de Bengala e em outros lugares vai mudar. Se eles ficarem mais fortes e começarem a avançar para o norte na direção dos 250 milhões de pessoas que vivem no nível do mar ou próximo dele na grande região do Delta do Ganges, o mundo enfrentará uma longa sucessão de catástrofes naturais.

A comunidade internacional não está, de maneira nenhuma, preparada para um cenário desse tipo. De fato, os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, sequer estavam preparados para o furacão Katrina em Nova Orleans, para o furacão Sandy em Nova York, para o furacão Harvey em Houston ou para o furacão Maria em Porto Rico, que se estima atualmente ter custado 2.975 vidas.

Esses quatro furacões estão entre os mais danosos da história dos EUA e todos eles ocorreram apenas nos últimos 15 anos. A gravidade do seu impacto não foi meramente produto de incompetência administrativa ou do aumento da densidade da ocupação residencial e comercial litorânea. Foi, em vez disso, o resultado previsível de um clima em mutação. E, o que é pior, comparadas às catástrofes naturais, esses foram só leves arranhões em relação ao que o futuro nos reserva caso as tendências atuais se mantenham.

Como nos lembraria o poeta do século XVII John Donne, "nenhum homem" - nem nação, região ou país - "é uma ilha, completo em si próprio....Portanto, não indague por quem os sinos dobram; eles dobram por ti". (Tradução de Rachel Warszawski)

Pesquisadoras lançam livro sobre cognição e comportamento de cães

Pesquisadoras lançam livro sobre cognição e comportamento de cães

Obra conta com 14 textos inéditos de autores nacionais e internacionais de áreas como psicologia, biologia e veterinária
 




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Foto: Reprodução
As pesquisadoras da área de cognição e comportamento de cães, Carine Savalli e Natalia de Souza Albuquerque — a primeira, doutora pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP e docente da Unifesp, e a segunda, doutoranda pelo IP, lançarão no próximo dia 18 obra indicada para profissionais e estudantes das ciências animais e do comportamento, além de tutores e interessados em aprender sobre cães domésticos.

O livro por elas organizado, intitulado Cognição e Comportamento de Cães: A Ciência do Nosso Melhor Amigo (Edicon, 2017) conta com textos inéditos de 14 autores (nacionais e internacionais) de referência nas áreas de Psicologia, Biologia e Medicina Veterinária. Além disso, ainda traz um texto de homenagem ao professor César Ades, grande nome da Etologia Brasileira, fundador do Grupo de Cognição e Comportamento de Cães da USP e falecido em 2012.

O lançamento oficial acontecerá no dia 18 de março na Livraria da Vila (unidade Lorena), em São Paulo, das 16 às 20 horas.

Mais informações: site www.facebook.com/LivroCogCaes


Saiba mais em matéria publicada pelo Jornal da USP.

Cães lambem a própria boca diante de emoções negativas, diz estudo


Cães lambem a própria boca diante de emoções negativas, diz estudo

Quando esse comportamento ocorre longe da alimentação, é sinal de que o cão está percebendo uma emoção negativa



 


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É muito comum cães apresentarem o comportamento de lamber a própria boca (mouth-licking, em inglês). Se isso ocorre quando o cão está prestes a ser alimentado ou diante de um alimento, trata-se de algo ligado à salivação e ao desejo de comer. Entretanto, muitos cães apresentam esse mesmo comportamento em situações não associadas ao ato de alimentar-se. Um artigo publicado por pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP) da USP na revista Behavioural Processes ajuda a entender por que isso ocorre.


“Nosso estudo constatou que quando os cães percebem algo negativo que afeta o próprio estado emocional deles (possivelmente também de forma negativa), eles apresentam um sinal visual, que é o ato de lamber a própria boca”, revela a autora do estudo, a bióloga Natalia de Souza Albuquerque, que está desenvolvendo a pesquisa para seu doutorado.

Quando nós, seres humanos, vemos alguém com um rosto fechado, com uma cara de bravo, isso pode mudar nosso estado interno. Com os cães parece ocorrer algo semelhante.”

Foto mostra a captura de um vídeo gravado anteriormente por Natalia, onde um cão lambe a própria boca. O vídeo foi gravado durante o mestrado da pesquisadora pela Universidade de Lincoln, no Reino Unido. O estudo avaliou o reconhecimento de emoções faciais por cães – Foto: Cedida por Natalia de Souza Albuquerque 

O estudo contatou que os cães lambem a própria boca a partir de um contato visual com uma expressão negativa seja de um homem, de uma mulher ou de um outro cão. Entretanto, nos estudos realizados pela bióloga, o mouth-licking ocorreu predominantemente a partir da visualização de uma imagem de expressão negativa de um ser humano (homem ou mulher), mas independentemente da emissão de algum som indicativo de emoção. Veja abaixo vídeo mostrando a reação de um cão diante da imagem de uma mulher brava:


“O fato de expressar mais esse comportamento para seres humanos e estar relacionado apenas com o visual e não auditivo nos faz acreditar que esse comportamento foi selecionado durante a domesticação, ao longo do processo de evolução, para facilitar a comunicação entre cães e pessoas”, destaca a pesquisadora. Entretanto, Natalia faz uma ressalva: ainda não há informações comprovando que os cães fazem isso de forma intencional, ou seja, com a intenção de comunicarem o que sentem aos seres humanos. “Talvez em estudos futuros nós consigamos desvendar, mas, por enquanto, não temos essa informação e não podemos falar a respeito.”
 
Na pesquisa de mestrado, os cães foram expostos a imagens de homens, mulheres e cães com expressões faciais de raiva e de alegria, além de sons que poderiam ser positivos, negativos ou neutros. A pesquisadora constatou que os cães reconheciam o conteúdo emocional desses estímulos – Foto: Cedida por Natalia de Souza Albuquerque 

 

Segundo a bióloga, existe uma literatura que associa o mouth-licking a respostas ao estresse no cão. Mas esse comportamento nunca havia sido avaliado sistematicamente por meio de estudos científicos. Natalia destaca que há muitas informações circulando sobre comportamento de cães sem real fundamentação teórica.

Como exemplo, a pesquisadora cita um desses mitos: o de que, ao balançar o rabo, o cão está sinalizando amizade e que podemos nos aproximar dele.

Atualmente, estudos têm mostrando que balançar o rabo pode sinalizar diversas coisas, como agressividade, frustração e felicidade.”

“Isso mostra que não é algo tão simples e não compreender verdadeiramente esses comportamentos pode até ser perigoso, pois o cão pode balançar o rabo por se sentir acuado e estar sinalizando que não quer uma aproximação”, alerta a pesquisadora.

Cães reconhecem expressões faciais
Para chegar à conclusão de que o mouth-licking expressa uma reação do cão a emoções negativas, Natalia analisou vídeos que ela havia gravado anteriormente durante uma pesquisa sobre reconhecimento de emoções faciais por cães, em seu mestrado pela Universidade de Lincoln, no Reino Unido. Os testes foram realizados com 17 animais e as filmagens resultaram em 34 horas de vídeos, que foram analisados quadro-a-quadro. (Leia aqui o artigo publicado sobre este estudo.)


Neste estudo anterior, os cães foram expostos a imagens de homens, mulheres e cães com expressões faciais de raiva e de alegria. No momento da exposição era tocado um som (vozes de humanos e latidos de cachorros), durante 5 segundos (mesmo tempo de apresentação das imagens), e que poderia ser positivo, negativo ou ser um som neutro.
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Agora, em seu doutorado, Natalia analisou os vídeos novamente e percebeu que o  mouth-licking está relacionado à percepção que os cães têm de emoções negativas de seres humanos – Foto: Cedida por Natalia de Souza Albuquerque
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A pesquisadora analisou o comportamento dos cães, observando o movimento dos olhos e da cabeça dos animais. Ela constatou que eles reconheciam o conteúdo emocional do estímulo. Diante de um som positivo, os cães passavam mais tempo olhando para a imagem correspondente a essa emoção. E o mesmo acontecia para estímulos negativos. (Leia aqui reportagem publicada sobre esta pesquisa.)


Ao fazer uma codificação detalhada dos vídeos, Natalia percebeu que era comum os cães apresentarem o comportamento de mouth-licking. As análises atuais, então, mostraram que o mouth-licking está relacionado à percepção de emoções negativas, de seres humanos, transmitidas pelo canal visual. Esses novos dados dessa nova análise fazem parte da tese de doutoramento em desenvolvimento pela pesquisadora no Instituto de Psicologia (IP) da USP. A orientação do trabalho é da professora Briseida Dôgo de Resende, além da colaboração do grupo de pesquisadores da Universidade de Lincoln. A previsão de defesa é 2019.


Mais informações: natalia.ethology@gmail.com, com a bióloga Natalia