terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Folha de S. Paulo – Foi um massacre / Editorial


02 fev 19

Catástrofe em Brumadinho tem características de um desastre anunciado.

Vídeos divulgados pela primeira vez nesta sexta-feira (1º) acrescentaram dramaticidade a uma tragédia que comoveu o Brasil inteiro. Após romper-se a barragem em Brumadinho (MG), a lama avança sem dar chance a ninguém que esteja pela frente. Foi um massacre.

As buscas por sobreviventes continuam, mas há cada vez menos esperança. Já são mais de cem mortos, e tudo indica que, infelizmente, o número final passará de 300.

Não se imagine, contudo, que exista algo de inevitável nessa cifra. A contagem poderia ter sido bem menor se a Vale tivesse prestado atenção ao próprio plano de emergência da barragem.

Conforme revelou esta Folha, a empresa sabia que o rompimento naquela mina destruiria áreas industriais, incluindo o restaurante e a sede da unidade, bem como uma pousada na região. Sabia e nada fez.

Trata-se de “estudo de ruptura hipotética”, afirma a mineradora. Nada há de hipotético, porém, nas perdas humanas irreparáveis que já foram provocadas.

Tampouco parece imprevisível a ocorrência de catástrofes semelhantes no futuro. O fantasma de Mariana (MG), meros três anos atrás, não paira como lembrança daquilo que se deve a todo custo evitar, e sim como aviso de que o desastre voltará a acontecer.

Um contingente enorme de brasileiros convive, quiçá sem saber, com esse horizonte sombrio. São 3,5 milhões de pessoas habitando cidades com barragens que apresentam risco de rompimento — um total de 45 estruturas vulneráveis, espraiadas por mais de 30 municípios de 13 estados.

A quantidade de reservatórios em situação precária talvez seja ainda maior; nem todos os órgãos fiscalizadores enviam informações completas às agências reguladoras.

O quadro é mais absurdo porque inexiste na legislação distância mínima a ser respeitada entre barragens e comunidades do entorno. Moradores de localidades com essas características têm, com razão, pressionado os prefeitos a apertar o cerco em relação à segurança.

O descaso não se restringe ao nível municipal ou estadual. Em sua contribuição negativa à questão, o Congresso impediu, em 2018, que se aumentasse o valor das multas aplicadas pela Agência Nacional de Mineração, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.

Medida provisória do governo Michel Temer (MDB) estabelecia sanção de até R$ 30 milhões, mas, por omissão dos congressistas, a penalidade máxima permaneceu em R$ 3.200, ou pouco mais que a autuação a um motorista alcoolizado.

No caso de Brumadinho, os R$ 350 milhões de multas até agora aplicadas à Vale se referem a infrações ambientais — ao menos 200 hectares de mata nativa foram destruídos.

Se é certo que o endurecimento da legislação, por si só, é incapaz de resolver problemas em qualquer campo, não há dúvida de que a necessária atividade fiscalizatória, para ser eficiente, precisa de amparo em normas que lhe deem poder dissuasório.

O Globo – Multas ambientais não podem ser ignoradas / Editorial


Desde a tragédia de Mariana, em 2015, menos de 15% dos autos de infração foram pagos

No dia seguinte ao rompimento da Barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou que o Ibama aplicaria multa de R$ 250 milhões à Vale pelo desastre que deixou pelo menos 121 mortos, 212 desaparecidos e danos incalculáveis. A enxurrada de 12 milhões de metros cúbicos de lama, que soterrou instalações administrativas da mineradora, casas, sítios e plantações, já ameaça afetar o abastecimento de cidades como Pará de Minas, podendo até mesmo chegar ao São Francisco.

O valor da multa, que corresponde à soma de cinco autos de infração de R$ 50 milhões, impressiona, mas a realidade mostra que esses recursos dificilmente irrigam os cofres dos órgãos ambientais. Como mostrou reportagem do GLOBO publicada na quarta-feira, desde o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, a mineradora Samarco, que tem como acionistas a Vale e a BHP Billiton, recebeu 25 autos de infração, totalizando R$ 350 milhões. Nada pagou. A Vale, multada em R$ 139 milhões, também não desembolsou um centavo até agora.

O desastre de Mariana, o maior desse tipo já registrado no Brasil, despejou no meio ambiente 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, cinco vezes mais do que o de Brumadinho. Os efeitos para a natureza foram catastróficos. A lama, que atingiu o Rio Doce, percorreu mais de 600 quilômetros até chegar à costa do Espírito Santo, deixando um rastro de destruição jamais visto no país. Municípios mineiros e capixabas até hoje sofrem com o impacto da tragédia.

Não importa se estão em jogo os dois maiores desastres ambientais do país ou um crime ecológico de baixo potencial. O fato é que, na prática, essas multas não são pagas. Desde 2015, o Ibama expediu 63.021 autos de infração. Desse total, foram quitados apenas 9.257, ou 14,6%. É comum que as empresas recorram das punições e posterguem ao máximo os pagamentos, aproveitando-se de brechas na legislação.

Diferentemente do que pregou o presidente Jair Bolsonaro, que, antes de assumir, prometeu acabar com a “festa de multas” dos órgãos ambientais, o pagamento é exceção à regra. Um desses casos isolados ocorreu em janeiro de 2000, quando 1,3 milhão de litros de combustível vazou de um duto da Reduc, transformando a Baía de Guanabara num mar de óleo — a foto do mergulhão agonizando virou um símbolo do acidente. Multada pelo Ibama em R$ 50 milhões — máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais —, a Petrobras pagou de imediato, por decisão do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Se multas lavradas pelos órgãos ambientais não são pagas, o papel pedagógico da punição é nulo. Sinaliza que cidadãos ou empresas podem desmatar florestas, poluir rios e mares, fazer pesca predatória, tornar o ar irrespirável, extrair recursos naturais de forma ilegal etc. sem qualquer temor. De certo, pouco ou nada ganham com isso, como provam as tragédias de Mariana e Brumadinho. E todos nós perdemos.

O Estado de S. Paulo – Aos poucos, a lama vai matando o Rio Paraopeba


‘Estado’ acompanha expedição e ainda encontra vida às margens, mas turbidez da água e cheiro de peixe podre prenunciam desastre

Giovana Girardi ENVIADA ESPECIAL BACIA DO RIO PARAOPEBA FABIANA CAMBRICOLI / COLABOROU

GASPAR NÓBREGA / FUNDACAO SOS MATA ATLANTICA

1. 1. Água virou uma espécie de ‘chocolate derretido’

Em um dos locais mais simbólicos da tragédia de Brumadinho – onde o pontilhão da ferrovia sobre o Córrego do Feijão foi rompido ao meio pela força da onda de lama de rejeitos da Vale e o que restou é uma terra arrasada que mais lembra um cenário de guerra –, os passarinhos ainda cantam. Ali já não existem mais peixes. Nas bordas tampouco se sentem os insetos. Mas quatro, cinco, meia dúzia de espécies de aves – encarapitadas na mata que testemunhou o desastre – ainda catarolam como se a natureza não tivesse sido alterada.

O cenário foi observado pela reportagem neste e em outros pontos ao longo do curso do Rio Paraopeba de quinta-feira a domingo. Pode ser apenas uma questão de tempo, porém, para que tudo ali silencie. Foi assim há cerca de três anos na Bacia do Rio Doce, atingida pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana. A morte do rio é a consequência imediata do desastre ambiental. Algum tempo depois, outros bichos vão desaparecendo ou migrando para outras regiões.

“Um ano depois do desastre, não se ouvia mais nada. A gente via aves com o papo vazio, morrendo de fome. Aqui pode ser que ocorra algo semelhante. Espero estar errada”, comenta a bióloga Marta Marcondes, pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, enquanto monitora com sondas e outros instrumentos indicadores como o nível de oxigenação, em um ponto a cerca de 80 km de Brumadinho. Marta acompanha uma expedição da Fundação SOS Mata Atlântica, que começou na quinta-feira a monitorar a qualidade da água em diversos trechos do rio, seguindo seu rumo em direção ao encontro do São Francisco, por 356 quilômetros.

O trabalho partiu do chamado “marco zero”, um ponto imediatamente anterior ao local onde a onda de rejeitos que desceu na barragem rompida encontrou o Paraopeba. Ali a água não estava tomada pela lama, mas já começava a ficar comprometida, com nível ruim. Uma medida anterior ao acidente dava o local como regular. Quase todos os demais pontos analisados, porém, já apareciam como péssimos, com exceção de apenas dois locais. O Estado acompanhou a expedição até a altura de Juatuba e se deparou o tempo todo com uma imagem marrom-avermelhada, densa, que em nada se parece com um rio que possa suportar alguma vida. Nas palavras de Malu Ribeiro, coordenadora do projeto, a água virou uma espécie de chocolate derretido ou ferro líquido.

Em um dos poucos pontos em que a qualidade foi identificada como ruim, em Juatuba, a equipe chegou a se empolgar com a presença de alevinos e alguns insetos. Parecia que a vida não tinha sido tão afetada. Mas foi uma falsa impressão. Nas margens do rio, nascentes limpas protegidas por uma fina faixa de mata ciliar serviam de proteção aos bichos. Mais no meio do corpo d’água, os indicadores não deixavam dúvida. “A turbidez está em 5.510, quando o máximo aceitável é 100. Não tem como chegar luz, não tem como ter vida”, afirmou Malu diante dos resultados.

Peixe podre. Em um outro ponto, no município de São Joaquim de Bicas, onde vive um grupo indígena “desgarrado” dos Pataxós da Bahia, o cheiro de peixe podre prenuncia metros antes o cenário de devastação. “A meu ver, isso aqui não é lama, rejeito, nada, é sangue”, disse, chorando, a agricultora familiar Antonia Aguilar Santos, de 61 anos, em alusão às 121 vítimas do desastre. “Este rio significava muito. É onde a gente toma banho no calor. No almoço de domingo, quando os amigos vêm visitar, descia com as comidas para a beira do rio e ficávamos lá. Fora a pesca…”

Tahhão, de 55 anos, que faz as vezes de guarda indígena, conta que o rio é fonte de peixes para a tribo. A prainha do local acabou se tornando um local de celebrações e já é considerada sagrada para eles, apesar de ocuparem a região há apenas dois anos. “É que sem água não existe vida, então virou sagrado para a gente”, conta, quando nos aproximamos do local. Pelos seus cálculos, uns 300 quilos de peixes mortos já foram retirados da região desde que o rio foi contaminado pela lama.

Preocupação. Em seus mais de 500 quilômetros, o Rio Paraopeba esconde mais de 120 espécies de peixes, agora ameaçadas pela lama. Como afluente do São Francisco, recebe muitos animais na piracema, período de reprodução dos peixes. “Algumas espécies podem se deslocar até 200 quilômetros”, explica o biólogo e consultor na área ambiental Carlos Bernardo Mascarenhas Alves.

A mancha de lama ainda seguia meio devagar pelo Paraopeba e os pesquisadores ainda não se arriscavam a dizer se vai mesmo chegar ao São Francisco, o maior temor do grupo. Mas nesta semana estão previstas pancadas de chuva todos os dias em Brumadinho e isso tende a acelerar o processo de dispersão. Consumo. Por causa do rompimento da barragem em Brumadinho, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) já alertou que a água não deve ser usada para consumo, o que impede a pesca também. Em alguns trechos atingidos pela lama, os órgãos ambientais já verificaram quantidades de metais como manganês, ferro e mercúrio acima das aceitáveis.

Férias “desconectadas” são mais saudáveis

Exposição exagerada às telas de computador, celular e TV pode prejudicar desenvolvimento de crianças.






Em época de férias, o mundo digital costuma ser um grande atrativo tanto para os pequenos como para os pais. Seja a televisão, computador, tablets ou smartphones, opções não faltam para manter crianças e jovens entretidos. Mas qual é o limite entre o entretenimento saudável e o uso prejudicial desses aparelhos?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), menores de dois anos não devem ser expostos às telas digitais, pois podem ter o desenvolvimento cognitivo comprometido. Para crianças entre 2 e 5 anos, o ideal é limitar o tempo de exposição a 1 hora por dia.

Para a gerente de Tecnologia da Rede Marista de Colégios, Caroline Serqueira, o acesso facilitado aos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, é a melhor explicação para o grande consumo dos conteúdos disponíveis. “As tecnologias fazem parte do nosso cotidiano e as crianças estão passando cada vez mais tempo em frente às telas, pois têm em mãos dispositivos que são portas para o mundo digital. Os adultos, isto é, a própria família, está promovendo o acesso a esses conteúdos”, comenta. 

Ela apoia a determinação da SBP, pois os impactos na saúde das crianças são grandes, apesar de silenciosos. “Alterações na visão, dificuldade na hora de dormir e comprometimento das habilidades sociais são consequências da grande exposição ao mundo digital”, alerta.  



Brasileiros digitais

No Brasil, cerca de 90% das casas com crianças e/ou adolescentes têm um ou mais smartphones, de acordo com a última pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).

Apesar das crianças se adaptarem rapidamente às novas tecnologias, intuitivas e atrativas, a linha entre o estímulo positivo e o prejudicial é tênue e deve ser acompanhada de perto. Caroline, que também é pedagoga, alerta que o diálogo por parte dos pais é essencial. 

“Sem dúvidas existem muitos conteúdos, como jogos e vídeos, que podem contribuir para o desenvolvimento das crianças, mas o acompanhamento da família é indispensável. É preciso conhecer os canais que as crianças consomem, impor limites, regras e também garantir que tenham acesso a outras atividades fora do mundo digital”.

Nem tudo são flores – Iemanjá e o lixo no mar

Por Clarissa Beretz –

Apesar de campanhas de conscientização e apelo religioso, devotos de Iemanjá seguem poluindo o mar com oferendas não degradáveis no dia do orixá

É muita contradição: para presentear uma divindade, você joga lixo na casa dela. Claro que quem oferta não enxerga assim, mas na prática, as toneladas de “presentes” compostos por materiais que não se degradam atirados no mar para Iemanjá – o orixá considerado mãe de todos os orixás no candomblé e na umbanda – poluem, e muito, o ambiente marinho. A tradição é antiga, mas hoje já sabemos quais os componentes que não se decompõem e o quanto eles prejudicam os animais aquáticos, que confundem essas partículas com comida, morrendo sufocados ou por insuficiência digestiva.
Sereia de Itapuã. Foto: Alisson Louback
Ainda que módicas campanhas de conscientização sejam feitas há algumas décadas por prefeituras e organizações Brasil afora, é assim que há mais de 90 anos em todo dia 02 de fevereiro, os devotos reverenciam a rainha do mar. São balaios de isopor cheios de flores, frascos de perfume, garrafas de champanhe, velas, espelhos, bijuterias, bonecas, pentes e uma infinidade de artigos despejados de embarcações, em alto mar, ao longo da costa litorânea  brasileira, promovendo a poluição marítima, cujas consequências são irreversíveis inclusive para a saúde humana.

Em 2016 a iniciativa Fundo Limpo recolheu, em apenas duas horas, 150 quilos desses objetos nas águas dos arredores da casa de Iemanjá, no Rio Vermelho, em Salvador, onde cerca de 600 mil pessoas participaram da maior festa para o orixá no Brasil. Só da praia, a prefeitura retirou 60 toneladas. Há 5 anos o órgão promove a iniciativa Balaio Verde, que incentiva que sejam entregues apenas flores e objetos biodegradáveis, como os feitos de palha, papel e madeira. “Ao invés de jogar o frasco, perfume as flores”, recomenda a campanha, que no entanto só é lançada poucos dias antes da festa nas redes sociais da prefeitura, o que deixa sua eficácia um tanto duvidosa.

A assessoria da Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (SECIS), em Salvador, garantiu que a campanha seria lançada cerca de 20 dias antes da festa, mas até a presente data, 29/01, nada consta nas redes sociais do órgão. “Mesmo sem indicadores da eficácia da ação, consideramos que estamos fazendo a nossa parte para conscientizar o cidadão a reverenciar Iemanjá sem poluir o mar e as praias”, declarou em nota.


Adaptação dos ritos em novos tempos
O fato é que não seriam necessárias campanhas de conscientização para quem se diz filho de um ser a quem justamente se atribui a proteção da vida marinha. O assustador aumento de detritos nos oceanos – sobretudo o plástico – e o perigo que ele representa, é exaustivamente anunciado por especialistas na imprensa mundial há décadas. Nem mesmo o alarmante estudo de que em 2050 haverá mais plásticos nos mares do que peixes, (divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2016), parece convencer devotos de vários terreiros baianos, que no ano passado foram vistos levando balaios cheios de aparatos nada sustentáveis para atirar ao mar.

Sem falar nos próprios pescadores do Rio Vermelho, que na mesma data pediram um mar farto de peixes para Iemanjá atirando em suas águas uma escultura de cerca de dois metros de altura feita de fibra de vidro. Novamente a contradição.

“O monumento vai virar uma região de corais no  fundo do mar, sem prejudicar o meio ambiente”, declarou na época o presidente da colônia de pescadores local, Marcos Souza.

Até Mãe Stella de Oxóssi,uma das maiores representantes do Candomblé no país –  morta no último dia 27 de dezembro – decretou em 2015 que os filhos do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá não poluiriam mais. “Meus filhos serão orientados a oferendar Iemanjá apenas com cânticos. A festa se tornou muito grande e manter esse hábito será nocivo para as próximas gerações. Os ritos devem ser adaptados às transformações do planeta e da sociedade, a essência dos mitos, jamais!”, declarou em carta publicada no jornal baiano A Tarde.

Prevenir e reduzir o  lixo marinho é um dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas), no intuito de proteger a vida abaixo da água, mas isso não pode ser alcançado sem a implementação de uma gestão efetiva de resíduos.


Impossível não considerar o fator tradicional e religioso deste ato, porém, como disse mãe Stella, agora os tempos são outros. Religião à parte, uma pergunta basta para concluir a necessidade de uma mudança na escolha das oferendas: “Iemanjá, sendo a rainha do mar, ficaria feliz ao ver sua casa suja e seus animais morrendo?” Certamente que não. Se polui o território regido por ela, não é presente.


Que em 2019 possamos comprovar a evolução de nossa espécie neste sentido. E que Iemanjá nos abençoe. Ou não. (#Envolverde)

Tragédia em Brumadinho: Mais além da dor, artigo de Montserrat Martins

Tragédia em Brumadinho: Mais além da dor, artigo de Montserrat Martins


desenvolvimentismo a qualquer custo

[EcoDebate] O país ficou em choque com a tragédia em Brumadinho, com a dor de centenas de famílias, com a tristeza e a revolta pela repetição do fato, pela falta de providências após o mesmo episódio em Mariana, há três anos. Pela primeira vez houve prisões, agora, dos responsáveis técnicos pela segurança da barragem rompida.

O sentimento de justa revolta e indignação dos brasileiros não se satisfaz com superficialidades, exige que sejam apuradas também as notícias de verbas destinadas pela Direção da Vale a Congressistas, para facilitar a aprovação de seus projetos.

Indo mais além da dor, o que esse episódio nos mostra sobre o nosso país? Somos solidários na dor, mas onde uma cultura do planejamento, da organização, da prevenção? Mais do que leis, uma sociedade, um país, é regido pelas normas de sua cultura, dos hábitos de comportamento das pessoas.

Não nos faltam boas leis, nossa legislação de modo geral não fica atrás das nações mais evoluídas, nos faltam hábitos de zelo civilizatório, tais como o planejamento e a responsabilidade por riscos previsíveis. As Ciências Jurídicas e Sociais não se constituem só de leis e jurisprudência, mas também de “usos e costumes” – parece ser esse o “X da questão”.

Começando pela própria concepção do Brasil, fomos concebidos como uma Colônia fornecedora de matéria-prima e até hoje nossa Economia gira em torno das “commodities”, sem produtos com maior “valor agregado” – ou seja, seguimos nos mesmos moldes dos tempos coloniais.

Nosso destino seria o “Terceiro Mundo”? Para a Coreia do Sul não foi, embora há meio século (na década de 70) estivessem no mesmo patamar econômico subdesenvolvido, hoje são um país com tecnologia de ponta, do qual importamos telefones Samsung e automóveis Hyundai.


Fornecemos minérios baratos para as indústrias do Hemisfério Norte, das quais recompramos produtos industrializados, mais caros. Mais que isso: o Agronegócio e a Mineração, que poderiam ter um perfil moderno, ainda são praticados em moldes predominantemente predatórios, como se cuidados ambientais fossem um “entrave” econômico.

A Holanda é a segunda maior agroexportadora do mundo, em termos financeiros, atrás dos EUA e à frente do Brasil, com um território de 33 mil km2, graças à tecnologia para produzir mais e menos espaço, contra nossos 8,5 milhões de km2 onde devastamos florestas e usamos o solo sem cuidados em preservar sua fertilidade.

Que se responsabilizem a Vale, os incompetentes e os corruptos, mas que, indo mais além da dor, repensemos nossa identidade colonial, nossa falta de planejamento.


Está na hora de nossa cultura imediatista evoluir para um projeto de país com ciência e tecnologia, onde os riscos nas fábricas de chips são menores que os da mineração.

Montserrat Martins, Colunista do EcoDebate, é Psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 04/02/2019

"Tragédia em Brumadinho: Mais além da dor, artigo de Montserrat Martins," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 4/02/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/02/04/tragedia-em-brumadinho-mais-alem-da-dor-artigo-de-montserrat-martins/.

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O clima global em janeiro de 2019: um mês de extremos

O clima global em janeiro de 2019: um mês de extremos


O mês de janeiro foi marcado por clima de alto impacto em muitas partes do mundo, incluindo frio extremo e perigoso na América do Norte, registro de calor e incêndios florestais na Austrália, altas temperaturas e chuvas em partes da América do Sul e forte nevasca nos Alpes. e Himalaia.

World Meteorological Organization (WMO)*

Grande parte da América do Norte foi dominada por um influxo de ar do Ártico. Combinado com ventos tempestuosos, isso está produzindo calafrios perigosos em uma parte significativa do Upper Midwest no nordeste dos EUA. A massa de ar gelado também está suportando fortes nevascas de efeito de lago a favor do vento nos Grandes Lagos. O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA disse que as temperaturas estarão bem abaixo da média.

Vale do Mississippi, Great Lakes, em partes do norte do Atlântico Central. No sul de Minnesota, o fator do vento levou as leituras para menos de 65 ° F (-53,9 ° C) em 30 de janeiro. O registro nacional de baixa temperatura foi medido a -48,9 ° C (56 ° F negativos).

As temperaturas extremamente frias são causadas pela influência do Polar Vortex . Esta é uma grande área de baixa pressão e ar frio em torno do Pólo Norte, com ventos fortes no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio conhecidos como a corrente de jato que aprisionam o frio ao redor do Pólo.

Distúrbios na corrente de jato e a intrusão de massas de ar mais quentes em latitudes médias podem alterar a estrutura e a dinâmica do Vórtice Polar, enviando o ar ártico para o sul em latitudes médias e trazendo ar mais quente para o Ártico. Este não é um fenômeno novo, embora haja cada vez mais pesquisas sobre como ele está sendo afetado pelas mudanças climáticas .

Polar Vortex

“O tempo frio no leste dos Estados Unidos certamente não refuta a mudança climática”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“Em geral, e em nível global, houve um declínio nos novos registros de temperatura fria como resultado do aquecimento global. Mas temperaturas frias e neve continuarão a fazer parte de nossos padrões climáticos típicos no inverno do hemisfério norte. Precisamos distinguir entre clima diário de curto prazo e clima de longo prazo ”, disse ele.

“O Ártico enfrentou o aquecimento, que é o dobro da média global. Uma grande fração da neve e do gelo na região derreteu. Essas mudanças estão afetando os padrões climáticos fora do Ártico no hemisfério norte. Uma parte das anomalias do frio em latitudes mais baixas poderia estar ligada às mudanças dramáticas no Ártico. O que acontece nos polos não fica nos polos, mas influencia as condições climáticas e climáticas em latitudes mais baixas, onde vivem centenas de milhões de pessoas ”, disse ele.

O leste dos EUA e partes do Canadá estão vendo temperaturas frias recorde, mas o Alasca e grandes partes do Ártico têm sido mais quentes que a média.

Tempestades de neve de inverno e nevascas pesadas também não são inconsistentes com os padrões climáticos sob um clima em mudança .


Partes dos Alpes europeus registraram nevascas recorde no início de janeiro . Em Hochfilzen, na região do Tirol, na Áustria, mais de 451 centímetros (cm) de neve caíram nos primeiros 15 dias de janeiro, um evento estatisticamente esperado apenas uma vez por século. Outros resorts em Tirol também receberam nevascas de uma vez por século. A Suíça Oriental recebeu o dobro da neve que a média de longo prazo.

O serviço meteorológico alemão ou o Deutscher Wetterdienst, DWD, também emitiram uma série de alertas de neve e de inverno. Projeções climáticas mostram que a precipitação de inverno na Alemanha deverá ser mais intensa, de acordo com o Serviço Meteorológico Alemão, DWD. Isso exigirá medidas de adaptação, por exemplo, em regulamentos para edifícios para suportar o peso da neve.

Durante o mês, fortes tempestades de inverno atingiram o leste do Mediterrâneo e partes do Oriente Médio, com impactos particularmente severos em populações vulneráveis, incluindo refugiados.
Uma frente fria na terceira semana de janeiro que varreu o sul através da Península Arábica, trazendo uma grande tempestade de areia do Egito para a Arábia Saudita, Bahrein, Qatar, Irã e Emirados Árabes Unidos, trouxe chuvas fortes e precipitações ao Paquistão e ao noroeste da Índia.

O Departamento Meteorológico da Índia emitiu avisos em 21 de janeiro sobre chuva e neve pesadas ou muito pesadas para Jammu e Caxemira e Himachal Pradesh, alertando avalanches em meio a uma intensa onda de frio.


Onda de calor e incêndios australianos
A Austrália teve seu janeiro mais quente registrado , de acordo com o Bureau of Meteorology. O mês viu uma nova série de ondas de calor sem precedentes em sua escala e duração. A precipitação total foi 38% abaixo da média de janeiro. A Tasmânia teve seu janeiro mais seco registrado.

A Austrália viu um período incomum de ondas de calor que começou no início de dezembro de 2018 e continuou em janeiro de 2019. A cidade de Adelaide atingiu um novo recorde de 46,6ºC em 24 de janeiro. Outros registros na Austrália do Sul incluíram Whyalla 48.5, Caduna 48.6 ° C, Port Augusta 49.1 ° C, de acordo com o Bureau of Meteorology.

Grandes incêndios alimentados por condições extremamente secas e quentes têm queimado desde meados de janeiro no centro e sudeste da Tasmânia, o estado mais ao sul da Austrália. Em 28 de janeiro, o Serviço de Bombeiros da Tasmânia registrou 44 incêndios . O incêndio do Grande Pinhal no Planalto Central queimou mais de 40.000 hectares. O incêndio na Estrada Riveaux, no sul,

queimou mais de 14.000 hectares. Postos de imprensa informaram que a fumaça de alguns dos incêndios era visível tão distantes quanto a da Nova Zelândia, e teve um sério impacto na qualidade do ar. O Serviço de Bombeiros da Tasmânia emitiu várias advertências de emergência para que os moradores se mudassem , pois as condições de incêndio e os ventos fortes persistem.
Muitos dos incêndios estão na área do patrimônio mundial, atingindo ecossistemas raros de gondwana, encontrados apenas na Tasmânia, que historicamente não queimam.

Nas últimas semanas, as temperaturas da superfície do mar (SSTs) aqueceram no mar da Tasmânia com anomalias de + 2.0°C a 4.0°C. Em comparação com as condições excepcionais do ano passado, as SSTs são ainda mais quentes ao norte e a leste da Nova Zelândia e igualmente aquecidas no mar da Tasmânia, segundo o Instituto de Pesquisa Atmosférica e Aquática da Nova Zelândia. Dado que as SSTs foram significativamente mais quentes do que a média durante várias semanas, as condições de ondas de calor marítimas provavelmente estão ocorrendo agora em partes das águas costeiras do Mar da Tasmânia e da Nova Zelândia.

A Austrália teve seu mês mais quente de dezembro já registrado e seu dia mais quente de dezembro (27 de dezembro) já registrado. Marble Bar, na Austrália Ocidental, registrou uma temperatura de 49,3 ° C em 27 de dezembro.

Isso seguiu-se a uma onda de calor extrema que afetou a costa tropical de Queensland no final de novembro de 2018. As temperaturas aumentaram novamente em meados de janeiro, chegando a 45 ° C em New South Wales e na Austrália central em 16 de janeiro.

A temperatura média anual da Austrália se aqueceu em pouco mais de 1 ° C desde 1910, e o verão se aqueceu em uma quantidade semelhante. A tendência de aquecimento anual da Austrália é consistente com a observada para o mundo, de acordo com o Bureau of Meteorology.
As ondas de calor estão se tornando mais intensas, estendidas e frequentes como resultado das mudanças climáticas e espera-se que esta tendência continue.


América do Sul
Em outros lugares do hemisfério sul, os registros de calor caíram no Chile. Uma estação meteorológica na capital Santiago estabeleceu um novo recorde de 38,3 ° C em 26 de janeiro. Em outras partes do centro do Chile, as temperaturas chegaram a 40 ° C, segundo a Meteo Chile .


A Argentina também foi atingida por uma onda de calor, provocando uma série de alertas sobre altas temperaturas. Nordeste da Argentina, e as partes adjacentes do Paraguai, Uruguai e Brasil foram atingidas por inundações extensas, bem acima da precipitação média esperada a longo prazo. Em 8 de janeiro, a cidade argentina de Resistencia registrou 224mm de chuva. Trata-se de um novo recorde de chuvas de 24 horas, muito superior ao recorde anterior de 206 mm, registrado em janeiro de 1994, de acordo com o serviço meteorológico nacional, SMN Argentina.


África do Sul
O ciclone tropical Desmond atingiu terra em Moçambique no dia 22 de Janeiro, provocando fortes ventos e causando inundações na cidade da Beira e aumentando as chuvas em Madagáscar e no Malawi.

Informe WMO, com tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 04/02/2019


"O clima global em janeiro de 2019: um mês de extremos," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 4/02/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/02/04/o-clima-global-em-janeiro-de-2019-um-mes-de-extremos/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Mudança climática e infertilidade – uma bomba-relógio?

O aumento das temperaturas pode tornar algumas espécies estéreis e vê-las sucumbir aos efeitos da mudança climática mais cedo do que se pensava.

“Há o risco de estarmos subestimando o impacto da mudança climática na sobrevivência das espécies, porque nos concentramos nas temperaturas letais para os organismos, e não nas temperaturas nas quais os organismos não podem mais se reproduzir”, explica Tom Price, da Universidade. Instituto de Biologia Integrativa .
University of Liverpool*

Atualmente, biólogos e conservacionistas estão tentando prever onde as espécies serão perdidas devido à mudança climática, para que possam construir reservas adequadas nos locais que eventualmente precisarão se mudar. No entanto, a maioria dos dados sobre quando a temperatura irá impedir que as espécies sobrevivam em uma área é baseada no ‘limite térmico crítico’ ou CTL – a temperatura em que eles colapsam, param de se mover ou morrem.

Em um novo artigo de opinião publicado no Trends in Ecology and Evolution , os pesquisadores destacam que dados extensos de uma grande variedade de plantas e animais sugerem que os organismos perdem a fertilidade a temperaturas mais baixas que os CTL.

Certos grupos são considerados mais vulneráveis à perda de fertilidade induzida pelo clima, incluindo animais de sangue frio e espécies aquáticas. “Atualmente, as informações que temos sugerem que isso será um problema sério para muitos organismos. Mas quais estão mais em risco? Será que as perdas de fertilidade serão suficientes para acabar com as populações, ou apenas alguns poucos indivíduos férteis podem manter as populações? No momento, simplesmente não sabemos. Precisamos de mais dados ”, diz o Dr. Price.
Para ajudar a resolver isso, os pesquisadores propõem outra medida de como os organismos funcionam em temperaturas extremas que se concentram na fertilidade, que eles chamaram de Limite de Fertilidade Térmica ou “TFL”.

“Acreditamos que, se os biólogos estudarem TFLs e CTLs, poderemos descobrir se as perdas de fertilidade causadas pela mudança climática são algo com que se preocupar, quais organismos são particularmente vulneráveis a essas perdas de fertilidade térmica e como projetar programas de conservação. Isso permitirá que as espécies sobrevivam às mudanças climáticas.

“Precisamos de pesquisadores em todo o mundo, trabalhando em sistemas muito diferentes, de peixes, coral, flores, mamíferos e moscas, para encontrar uma maneira de medir como a temperatura afeta a fertilidade naquele organismo e compará-lo com as estimativas da temperatura. em que eles morrem ou param de funcionar “, exorta o Dr. Price.

O trabalho foi realizado em colaboração com cientistas da Universidade de Leeds, Universidade de Melbourne e Universidade de Estocolmo e foi financiado pelo Conselho de Pesquisa do Ambiente Natural do Reino Unido (NERC).


Exemplos de organismos que podem estar particularmente em risco de perder a fertilidade devido a altas temperaturas
Imagem: Exemplos de organismos que podem estar particularmente em risco de perder a fertilidade devido a altas temperaturas. Todas as fotografias estão licenciadas sob CC BY 2.0. Créditos: Joaquim Alves Gaspar, Charles Sharp, Toby Hudson e David Glass.


Referência:
The Impact of Climate Change on Fertility, Trends in Ecology & Evolution, DOI: https://doi.org/10.1016/j.tree.2018.12.002

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/01/2019
"Mudança climática e infertilidade – uma bomba-relógio?," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 4/02/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/02/04/mudanca-climatica-e-infertilidade-uma-bomba-relogio/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Várzeas, charcos, pântanos e mangues abrigam 40% de todas as espécies

Não são tão populares como as florestas tropicais, mas são tão importantes quanto elas para a vida em nosso planeta.

Por WWF Brasil

Charcos, pântanos, várzeas e mangues não são tão populares como as florestas tropicais, mas são tão importantes quanto elas para a vida em nosso planeta. Áreas úmidas são zonas de fronteira entre ambientes aquáticos e terrestres. Ou seja, são regiões que possuem o solo encoberto por água periodicamente ou durante todo o ano, incluindo áreas de água marítima com menos de seis metros de profundidade. Turfas, igapós e buritizais são outros exemplos desses ecossistemas.


Segundo o Relatório Ramsar 2018, as áreas úmidas oferecem lar para 40% das espécies de todo o mundo e fornecem água e alimento para mais de 1 bilhão de pessoas. Além disso, chegam a absorver e estocar 50 vezes mais carbono da atmosfera do que as florestas tropicais.

Por esse motivo, no Dia Mundial das Áreas Úmidas, celebrado no último 2 de fevereiro, mais de mil eventos foram realizados em todo o mundo entre palestras, ações de limpeza e educação ambiental, visitas a campo guiadas, lançamento de livros, festivais e concursos culturais. Mais informações sobre estas atividades podem ser visualizadas no site da Convenção sobre Áreas Úmidas, denominada Convenção de Ramsar – um tratado intergovernamental que desenvolve ações para a conservação e uso racional das áreas úmidas e seus recursos.

Clima

Foto: Norihisa Taguchi/iStock
Neste ano a campanha da Convenção Ramsar chama a atenção para o fato de as áreas úmidas serem importantes aliados para o enfrentamento das mudanças climáticas. Por serem reservatórios de água, elas amenizam secas e o aumento das temperaturas. Mangues e corais são barreiras naturais contra ressacas. Pântanos e charcos são como esponjas, que absorvem as águas de chuvas e controlam enchentes.

O Brasil possui a maior área alagável continental do mundo, o Pantanal. Este bioma está presente em 2 estados brasileiros e em mais dois países, Bolívia e Paraguai. Cerca de 1,2 milhões de pessoas dependem do Pantanal para sobreviver. Seja pela pesca, pecuária, turismo, agricultura e serviços em geral. Esta área que correspondente à área da Bélgica, Suíça, Holanda e Portugal juntos, é importantíssima para aliviar o aquecimento global.

Regime das águas

Foto: Drferry/iStock
Cerca de 30% do território da Amazônia é ocupado por áreas úmidas – o equivalente a mais de dois milhões de quilômetros quadrados. Hoje, essas áreas são extremamente ameaçadas pelas mudanças no uso do solo e pelas mudanças climáticas.

Segundo algumas previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é possível que a temperatura aumente entre e 1,5º C e 7º C neste bioma até o fim deste século – modificando profundamente o regime das águas, afetando o regime de secas e cheias e ameaçando a fauna, a flora e as populações desses locais. A Amazônia possui hoje 09 Sítios Ramsar – ou seja, áreas úmidas que merecem atenção e proteção.

No pouco conhecido Pantanal Mineiro vivem cerca de 70% dos peixes da bacia do médio São Francisco, um verdadeiro berçário de espécies do Velho Chico.

Apesar de desempenharem importantes serviços ao planeta, desde 1.700 perdemos 87% das áreas úmidas do mundo. O Relatório WWF Living Planet 2016 mostra que a biodiversidade relacionada à água doce diminuiu em mais de 80% durante um período similar.

Áreas Úmidas? 10 coisas que você ainda não sabe sobre elas!

Foto: Drakuliren/ iStock
  1. Você pode não saber, mas com certeza já pisou em uma área úmida. Elas estão na fronteira entre os ambientes aquáticos e terrestres. Pântanos, charcos, turfas, mangues, igapós, buritizais, lagos… tudo isso são Áreas Úmidas. Ao todo, são classificados 42 diferentes tipos de zonas úmidas. Incluindo áreas de água salobra e salgada, com menos de 06 metros de profundidade do nível do mar.
  2. 40% das espécies do mundo vivem nessas áreas;
  3. Elas são nossas grandes defensoras contra as mudanças climáticas. Pântanos, várzeas e igapós, por exemplo, são como esponjas que absorvem a água de chuvas, evitando enchentes. Mangues e corais, são valentes barreiras contra ressacas e tsunamis. Lagos e lagoas, amenizam as temperaturas em período de secas;
  4. Áreas são campeãs em estocar carbono do ar!
  5. O Brasil possui a maior área úmida continental do mundo, o Pantanal, um santuário de aves, peixes e mamíferos. Ele é do tamanho da Bélgica, Suíça, Holanda e Portugal juntos;
  6. O Pantanal é a prova que as áreas úmidas e o desenvolvimento sustentável é possível. É de lá que nossa carne orgânica e sustentável brasileira vem, uma iniciativa da Associação Brasileira de Carne Orgânica, o WWF-Brasil e a Korim;
  7. Cerca de 30% do território da Amazônia é ocupado por áreas úmidas – o equivalente a mais de 2 milhões de quilômetros quadrados.
  8. As áreas úmidas oferecem água e alimento para mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.
  9. Nas últimas quatro décadas, perdemos 35% do que restava delas;
  10. Para proteger as áreas úmidas, não polua e nem as drene. Ajude em sua conservação, restauração e principalmente, compartilhe esse post e diga ao mundo a importância das Áreas Úmidas!

O que podemos fazer para proteger estas áreas?

  • Restaurar áreas degradadas
  • Conservar
  • Usar estas áreas com sabedoria
  • Não drenar
  • Não construir sobre elas
  • Não degradar
  • Contar ao mundo sua importância
Quer saber mais? Visite página do WWF sobre as Áreas Úmidas, sobre o Pantanal e Amazônia. Visite também o site da Convenção Ramsar, um ambiente atualizado constantemente sobre as Áreas Úmidas no mundo.