“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que
seus animais são tratados”
Mahatma Gandhi
A luta contra o
especismo é
também contra a 6ª extinção em massa das espécies.
[
EcoDebate]
Em 25 de agosto de 2018 acontece o Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE). É uma
data para denunciar e dar visibilidade ao genocídio das espécies, ao holocausto
biológico, aniquilação da biodiversidade, ao ecocídio e à escravidão animal. É
um dia para dar vez e voz aos seres sencientes que sofrem silenciosamente e dão
a vida e o sangue para satisfazer o apetite humano.
A luta contra o
especismo é
também contra a 6ª extinção em massa das espécies.
Como mostra o gráfico acima, se somarmos o peso de todas as
pessoas e do rebanho domesticado – vacas, ovelhas, porcos, cavalos, cachorros,
galinhas, perus, etc. – dá um total equivalente a 32 vezes o peso de todos os
mamíferos terrestres selvagens e aves – todos os elefantes, camundongos,
cangurus, leões, guaxinins, morcegos, ursos, veados, lobos, alces, chickadees,
garças, águias, etc. Por exemplo, biomassa das galinhas é mais do que o dobro
da massa total, combinada, de todas as outras aves da Terra.
Antes do advento da agricultura e das civilizações humanas,
no entanto, prevalecia uma realidade oposta: animais selvagens e pássaros
dominavam a Terra e seu número e massa eram várias vezes maiores que seus
números da massa de hoje. Antes do advento da agricultura, cerca de 11.000 anos
atrás, os seres humanos constituíam apenas uma pequena fração da biomassa
animal, e o gado domesticado não existia.
Estas observações são baseadas estão em um relatório de maio
de 2018, publicado na revista acadêmica Proceedings, da National Academy of
Sciences, por Yinon Bar-On, Rob Phillips e Ron Milo. Os autores usaram uma
variedade de fontes para construir um “censo da biomassa da Terra”, estimando a
massa de todas as plantas, animais, insetos, bactérias e outros seres vivos em
nosso planeta.
A taxa de extinção das espécies nunca foi tão alta desde a
extinção do Cretáceo-Paleogeno há 65 milhões de anos – a extinção provocada
pelo impacto de asteroides que destruiu os dinossauros. No Antropoceno, a menos
que reduzamos a escala e os impactos das sociedades e das atividades antrópicas
e a menos que compartilhemos mais equitativamente a Terra com as demais
espécies selvagens, entraremos totalmente em um grande evento global de
extinção.
O avanço da população humana e sua forma de produção e
consumo equivale à força de um tsunami que arrasa a biodiversidade do Planeta.
O impacto humano equivale ao choque de um asteroide que provoca uma aniquilação
biológica. Mas o ecocídio vai se voltar contra o próprio ser humano, pois a
economia depende da ecologia e não o contrário.
Estudo publicado na revista Science, (Pennisi, 08/09/2016),
mostra que a dimensão da perda de biodiversidade no mundo todo ameaça o
funcionamento dos ecossistemas da Terra e inclusive a sobrevivência dos seres
humanos. Em 58% da superfície terrestre, onde vive 71% da população mundial, “o
nível de perda de biodiversidade é substancial o suficiente para questionar a
capacidade dos ecossistemas de suportar as sociedades humanas”. O especismo
leva ao ecocídio e também ao suicídio.
O manifesto do Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE) diz:
“A fronteira da espécie não é, e não pode ser, uma fronteira moral. Nossa
sociedade deve evoluir para incluir os animais no nosso círculo de consideração
moral”. Como disse Mahatma Gandhi: “A grandeza de uma nação pode ser julgada
pelo modo que seus animais são tratados”. O vegetarianismo e o veganismo são
imperativos da ética de defesa animal.
Nesta mesma linha, nenhuma prática religiosa justifica o
racismo, o sexismo, o escravismo ou o especismo. É preciso defender o direito
dos animais e os direitos da natureza, começando por condenar a violência dos
abatedouros, os maus tratos nos zoológicos, a covardia das touradas e das
rinhas de galo, etc.
Para evitar o especismo, o ecocídio e o holocausto
biológico, todas as pessoas, em suas diferentes identidades e inserções
sociais, deveriam participar das atividades, no dia 25 de agosto, do DIA
MUNDIAL CONTRA O ESPECISMO.
Referências:
ALVES, JED. Redução da biodiversidade ou das atividades
antropogênicas? Ecodebate, RJ,21/05/2010
ALVES, JED. Direitos Humanos, Direitos da Terra e Direitos
da Biodiversidade. Ecodebate, RJ,12/01/2011
ALVES, JED. “Troque seu cachorro por uma criança
pobre”. Ecodebate, RJ,06/09/2011
ALVES, JED. Classismo, sexismo, escravismo, racismo,
xenofobismo, homofobismo e especismo, Geledes, 28/12/11
ALVES, JED. Do antropocentrismo ao mundo ecocêntrico.
Ecodebate, Rio de Janeiro, 13/06/2012
ALVES, JED. Erradicar o Ecocídio. Ecodebate, Rio de
Janeiro, 31/10/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: 100 milhões de
tubarões mortos por ano. Ecodebate,
RJ, 07/11/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: o massacre de elefantes e
o comércio de marfim. Ecodebate,
RJ, 21/11/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a ameaça de extinção dos
rinocerontes. Ecodebate, RJ,28/11/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a destruição da
Amazônia. Ecodebate, RJ,
01/02/2013
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: Gorilas ameaçados de
extinção. Ecodebate, RJ,
10/04/2013
ALVES, JED. Por um mundo mais selvagem! Ecodebate, RJ, 14/08/2013
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: o sumiço das abelhas.
Ecodebate, Rio de Janeiro, 18/09/2013
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a extinção dos tigres.
Ecodebate, Rio de Janeiro, 25/10/2013
ALVES, JED. Direitos Humanos e Direitos da Natureza.
Ecodebate, Rio de Janeiro, 06/12/2013
ALVES, JED. Reduzir a população de bovinos para combater o
desmatamento e o aquecimento global. Ecodebate, Rio de Janeiro, 07/02/2014
ALVES, JED. O naufrágio dos deltas devido às atividades
humanas. Ecodebate, RJ,
21/05/2014
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a extinção dos Guepardos.
Ecodebate, Rio de Janeiro, 22/08/2014
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a extinção dos leões na
África Ocidental e perda de biodiversidade no mundo. Ecodebate, Rio de Janeiro,
15/10/2014
ALVES, JED. Para evitar o holocausto biológico: aumentar as
áreas anecúmenas e reselvagerizar metade do mundo. Ecodebate, Rio de Janeiro,
03/12/2014
ALVES, JED. Deserto verde e Defaunação. Ecodebate, Rio de
Janeiro, 18/03/2015
ALVES, JED. Especismo, Ecocídio e a degradação da Grande
Barreira de Corais. Ecodebate,
RJ, 15/05/2015
ALVES, JED. Dia Mundial pelo fim do Especismo: 22
de agosto. Ecodebate, RJ,
19/08/2015
ALVES,
JED. Abolicionismo animal. Ecodebate, RJ, 06/11/2015
ALVES, JED. Escravidão
e morte de um Gorila inocente. Ecodebate, RJ, 06/06/2016
ALVES, JED. Ser humano: maior espécie invasora. Ecodebate, RJ, 19/12/2016
ALVES, JED. A humanidade é especista. Ecodebate, RJ, 26/08/2016
ALVES, JED. Beleza ameaçada. Ecodebate, RJ, 02/09/2016
ALVES, JED. A sobrepesca e a degradação dos
oceanos. Ecodebate, RJ,
15/05/2017
ALVES, JED. Humanos e chimpanzés: uma relação desigual,
especista e ecocida. Ecodebate,
RJ, 02/06/2017
ALVES, JED. Jornada Mundial pelo Fim do Especismo e do
Ecocídio. Ecodebate, RJ,
25/08/2017
ALVES, JED. ‘Half-Earth’: reservar metade da Terra para a
natureza. Ecodebate, RJ,
08/06/2018
ANDRADE, Rodrigo. Introdução ao Abolicionismo Animal, 2012
SINGER, Peter. Libertação animal, Martins Fontes, 1975
Gerardo
Ceballos, Paul R. Ehrlich, Rodolfo Dirzo. Biological annihilation via the
ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and
declines. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States
of America, PNAS, July 10, 2017
RON
PATTERSON, Africa In Peril. 16/07/2017
Brandon
Keim. With half the planet saved for nature, will we have enough to eat?
Anthropocene Magazine, Aug 15, 2018
Pelo fim da Escravidão Animal
Dia Mundial pelo fim do Especismo: 25 de agosto de 2018
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate,
é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em
População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal.
E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser
copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à
EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]