sábado, 17 de setembro de 2016

Raios T permitem ler livros fechados


Esqueça os óculos de raios X: Vêm aí os óculos de raios T
À medida que o livro é deslocado, a câmera captura imagens de diferentes profundidades. Um algoritmo desembaralha os dados, mostrando as letras pertencentes a cada página. [Imagem: Albert Redo-Sanchez et al. - 10.1038/ncomms12665]
 
 
 
Óculos de raios T
Hoje parece divertido, mas quando o físico alemão Wilhelm Rontgen descobriu os raios X houve tanto boato e promessas infundadas de novas aplicações que até leis foram feitas para proibir a fabricação de "óculos de raios X" que pudessem ser usados para ver através das roupas dos outros.




Talvez esses temores possam voltar à tona com o desenvolvimento dos tão esperados "raios T". Ao contrário dos raios X, a radiação terahertz não é ionizante, o que significa que ele não causa danos aos tecidos biológicos.




Albert Sanchez e seus colegas do MIT, nos EUA, acabam de construir um protótipo de "óculos de raios T" - na verdade uma câmera de raios T, que permite nada menos do que ler livros fechados, enxergando o texto de até 20 páginas de "profundidade".



Ler livros fechados
Por enquanto a leitura é garantida para as primeiras nove páginas superpostas, mas a equipe já está aprimorando seu algoritmo que anula os ruídos das imagens para ler ainda mais fundo.



"O Museu Metropolitano de Nova Iorque demonstrou um grande interesse nesta tecnologia porque eles gostariam, por exemplo, de olhar no interior de livros antigos que eles não gostariam nem mesmo de tocar," explicou o professor Barmak Heshmat.



Segundo ele, as aplicações da "visão terahertz" não se restringem a livros, com a tecnologia podendo ser utilizada em quaisquer estruturas em camadas, como revestimentos de máquinas e produtos, no interior de embalagens, dentro de cápsulas de medicamentos e, claro, em exames médicos de melhor qualidade e sem riscos.
Esqueça os óculos de raios X: Vêm aí os óculos de raios T
Visão lateral (esquerda) e frontal (direita) das páginas internas. [Imagem: Albert Redo-Sanchez et al. - 10.1038/ncomms12665]




Radiação terahertz
A radiação terahertz é a faixa do espectro eletromagnético entre as micro-ondas e a luz infravermelha. Ela possui várias vantagens sobre outros tipos de ondas que podem penetrar os materiais, como raios X ou ondas sonoras (ultrassons).




Embora os equipamentos para sua exploração plena ainda estejam sendo desenvolvidos, a radiação terahertz tem sido largamente pesquisada para aplicações industriais e de segurança, já que cada composto químico absorve as várias frequências dos raios T de forma diferente, o que produz uma assinatura para cada material.




Além disso, os raios T podem ser emitidos em rajadas curtas, permitindo calcular distâncias por meio da medição do tempo desde sua emissão até o retorno de sua reflexão, oferecendo uma resolução de profundidade muito melhor do que o ultrassom.




No caso deste experimento, os raios T conseguem distinguir entre a tinta e o papel, algo que os raios X não conseguem. Para ler em várias camadas de profundidade, o aparelho explora o fato de haver minúsculas bolsas de ar entre as páginas de um livro.



Essas bolsas têm apenas cerca de 20 micrômetros de profundidade, mas a diferença de índice de refração entre o ar e o papel significa que a fronteira entre os dois irá aparecer claramente nas medições, permitindo saber onde é a superfície de cada página. Assim, é só separar o que é tinta do que é papel e reproduzir o que está escrito em cada página superposta do livro fechado.

Bibliografia:

Terahertz time-gated spectral imaging for content extraction through layered structures
Albert Redo-Sanchez, Barmak Heshmat, Alireza Aghasi, Salman Naqvi, Mingjie Zhang, Justin Romberg, Ramesh Raskar
Nature Communications
Vol.: 7, Article number: 12665
DOI: 10.1038/ncomms12665



Agricultura Sintrópica: Da horta à floresta

sexta-feira, 21 de agosto de 2015


Agrofloresta com Ernst Gotsch



Ernst Götsch é um agricultor e pesquisador suíço que migrou para o Brasil no começo da década de 1980 e se estabeleceu em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia. Desde então, vem desenvolvendo técnicas de recuperação de solos por meio de métodos de plantio que mimetizam a regeneração natural de florestas.

https://youtu.be/C7h-JbaJjn4

Com o acúmulo de mais de três décadas de trabalho que resultaram na recomposição de 410 hectares de terras degradadas (dos quais 350 foram transformados em RPPN, a primeira da Bahia), Götsch elaborou um conjunto de princípios e técnicas que viabilizam integrar produção de alimentos à dinâmica de regeneração natural de florestas, sempre complexificando sistemas, ao que convencionou chamar de Agricultura Sintrópica (ANDRADE, PASINI, 2014).


No vídeo "Da horta à floresta", produzido por Dayana Andrade e Felipe Pasini, são apresentadas os sítios de Juã e de Rômulo, no Distrito Federal, em que ambos colocam em prática a agricultura sintrópica. Trabalhando com agroflorestas, os dois agricultores "ajudam" a natureza a otimizar seus processos. O resultado é recuperação de áreas extremamente degradadas e produção econômica significativa, mais eficiente que os plantios orgânicos convencionais.


Vale a pena assistir e perceber que nem sempre a interferência humana na natureza é ruim. O vídeo mostra exemplos bem ao contrário, em que os humanos podem colaborar na regeneração de ecossistemas devastados. Mesmo os solos mais compactados podem voltar a ter vida abundante. A agricultura sintrópica, ao conjudar floresta e agricultura pode ser aplicada em larga escala, alimentando o mundo com alimentos saudáveis e, ao mesmo tempo, preservando a natureza.


Como diz Gotsch ao final do documentário: "Temos que criar áreas de inclusão premanente, não áreas de proteção permanente". Com isso ele expressa seu pensamento: é na interação entre pessoas e ecossistemas que se encontra a saída para a crise ambiental - a interação positiva, regeneradora dos processos da vida, boa para o planeta e para todos nós.

Assista ao documentário "Da horta à floresta", em português (legendas em inglês), no youtube:

Para conhecer mais sobre o trabalho de Ernst Gotsch, veja:

Website: Agenda Gotsch

O filme pode ser assistido também no Vimeo AQUI.

Sem chuva, Distrito Federal declara estado de alerta.Mas o Rollemberg continua querendo desmatar.




seca-no dfA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa-DF) declarou hoje (16) estado de alerta por causa da situação crítica de escassez de água para a capital do país. A Adasa já estuda uma sobretaxa para quem aumentar o consumo de água, para evitar que o nível dos principais reservatório da cidade chegue a 20% de sua capacidade.


Por causa da escassez de chuvas em Brasília, a barragem do Rio Descoberto atingiu o nível mais baixo de sua história. Responsável pelo abastecimento de 65% do Distrito Federal, o reservatório estava com 40% da capacidade até as 14h35 de hoje, quando o ideal é que se mantenha acima de 60% do volume útil. O reservatório de Santa Maria, o segundo maior do DF, apresentava 50,35% da sua capacidade até ontem (15).


Entre as medidas de racionalização que serão adotadas pela Adasa estão a intensificação de campanhas educativas e o aumento da fiscalização para coibir a captação ilegal de água. Também poderá ser adotada a redução da pressão de distribuição entre as 22h e as 5h para forçar a queda no consumo na cidade.



O diretor-presidente da agência, Paulo Salles, assinou uma resolução determinando que sejam suspensas as autorizações para uso dos recursos hídricos para fins que não sejam extremamente necessários e orientar a população a evitar o uso de água tratada para lavar carros e garagens, para irrigação paisagística e encher piscinas. De acordo com Salles, a situação é delicada e pede a contribuição efetiva dos brasilienses para economizar. “Se cada um reduzir seu consumo, vamos conseguir chegar ao período de chuvas sem necessidade de adotar medidas mais rigorosas.”


Por causa dos baixos níveis de captação e do aumento do consumo de água, em função das altas temperaturas, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) está fazendo cortes na distribuição de água em algumas regiões. Segundo a Caesb, a medida é temporária e tem como objetivo preservar os níveis dos reservatórios e evitar falta de água em maior proporção.



Falta de chuvas
Segundo a Adasa, as poucas precipitações no período e o aumento no consumo de água pela população nos últimos anos impactaram diretamente no esvaziamento das bacias. Brasília está há 86 dias sem chuva este ano, e o ciclo de chuvas de 2015-2016 na região onde fica a barragem do Rio Descoberto é o quarto menor de uma série histórica que começou a ser medida em 1978-1979.


De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as altas temperaturas registradas em em setembro intensificam a evaporação da água, o que acelera a redução das bacias que abastecem o Distrito Federal. A última quarta-feira (14) foi o dia mais quente do ano, com 34º de temperatura e 15% de umidade relativa do ar.


Nesta sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho,  entrou em contato com o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, para tornar pública sua preocupação com a questão e colocar a estrutura da pasta à disposição do governo local. Sarney Filho citou a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, ligada ao ministério, e a Agência Nacional de Águas (ANA) como instâncias que podem atuar junto ao governo distrital neste momento de ameaça de falta de abastecimento.



Da Redação com informações da Ag. Brasil

Nota da Funai


notafunaiA Funai lamenta que a organização dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, por meio de comunicado oficial divulgado no site do evento, promova ofensa e desrespeito aos povos indígenas do Brasil, referindo-se ao "infanticídio ou homicídio, abuso sexual, estupro individual ou coletivo, escravidão, tortura, abandono de vulneráveis e violência doméstica" como "práticas tradicionais" indígenas.

A Funai entende que tal posicionamento revela uma total incompreensão sobre a realidade indígena no país, refletindo uma visão preconceituosa e discriminatória sobre esses povos, suas culturas e seus modos de vida.

O comunicado faz referência ao Projeto de Lei nº 1057/2007, conhecido como "Lei Muwaji", aprovado pelo Plenário da Câmara, em agosto de 2015. O PL desconsidera a falta de dados concretos sobre a suposta prática de "infanticídio", uma vez que não existem dados coletados com rigor e em número suficiente para afirmar que essa seja uma ação frequente e costumeira por parte de povos indígenas, como se tem alardeado. A alegação dessa suposta prática serve, muitas vezes, como tentativa de criminalização e demonstração de preconceito contra os povos indígenas, e também como justificativa para penalizar servidores públicos que atuam em áreas indígenas.

Ainda, a Funai repudia que um evento que tem entre seus objetivos dar visibilidade às pessoas com deficiências, promovendo, justamente, o respeito à diversidade e ao próximo e combatendo o preconceito e a discriminação, utilize concepções baseadas em ideias preconceituosas e discriminatórias para se referir aos povos indígenas do Brasil.

Fundação Nacional do Índio - Funai
Brasília, 16 de setembro de 2016