quinta-feira, 1 de junho de 2017

Cinco unidades de conservação federais ganham seus planos de manejo


Espelho d’água no Parque Nacional de Anavilhanas (AM). Foto: Dolvane Machado/WikiParques
Espelho d’água no Parque Nacional de Anavilhanas (AM). Foto: Dolvane Machado/WikiParques

Na última quarta-feira (24/05), cinco unidades de conservação federais ganharam seus planos de manejo. As portarias de homologação nºs 350, 351 e 352 foram assinada pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ricardo Soavinski. Entre elas está o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes (SP) que, criado em agosto de 2016, ganhou seu Plano de Manejo antes de um ano de existência, batendo recordes – e a própria expectativa – do ICMBio.


Além do refúgio de vida silvestre, utras unidades que ganharam seus planos de manejo foram: Parque Nacional de Anavilhanas (AM), Estação Ecológica de Tupinambás (SP), Estação Ecológica de Murici (AL) e a Reserva Extrativista Alto Tarauacá (AC). A reserva extrativista ganhou, além do plano, um acordo de gestão que permitirá que as famílias locais desfrutem legalmente dos recursos naturais da UC. O acordo é uma ação exclusiva das unidades de conservação de uso sustentável e é uma ferramenta para definir as regras de uso pelas comunidades tradicionais.



*Com informações do ICMBio

FT/Valor Econômico – UE e China fazem pacto para acelerar acordo climático



Por Pilita Clark

A China e a União Europeia (UE) formaram uma aliança verde para combater as mudanças climáticas e contrabalançar um eventual recuo de atuação internacional por parte dos EUA de Donald Trump.

Num claro realinhamento de forças, os documentos a que o "Financial Times" teve acesso mostram que Pequim e Bruxelas (sede da UE) acertaram medidas para acelerar o que chamam de afastamento "irreversível" dos combustíveis fósseis e a "conquista histórica" do Acordo Climático de Paris.

Essa colaboração deverá ser anunciada amanhã numa reunião de cúpula dos líderes da UE e Li Keqiang, o premiê da China, na mesma semana que Trump disse que decidirá sobre a retirada ou não dos EUA do Acordo de Paris.

A iniciativa foi anunciada dias após uma tensa cúpula do G-7 (grupo dos sete maiores países ricos do mundo) na Itália, que terminou com Trump em choque com outros líderes quanto ao Acordo de Paris e o livre comércio.

O clima azedo intensificou-se depois que a premiê alemã, Angela Merkel, sugeriu, posteriormente, haver um fosso mais profundo entre EUA e UE, dizendo que a Europa não poderá mais "contar integralmente com outros" e que "precisamos lutar nós mesmos pelo nosso próprio futuro".

A aliança UE-China é uma expressão da frustração internacional com relação a Trump, que já tomou iniciativas no sentido de reverter medidas introduzidas por Barack Obama, seu antecessor, como parte do Acordo de Paris, aprovado por quase todos os países em dezembro de 2015.

A declaração conjunta acertada por Pequim e Bruxelas diz que os dois lados estão "decididos a avançar" com medidas e "liderar a transição energética" para uma economia global de baixo carbono.

A UE, maior mercado de carbono do mundo, concordou em dar à China € 10 milhões para apoiar o plano chinês de implantar neste anos um sistema nacional de comercialização de emissões de carbono, iniciativa que, dizem as autoridades, acelerará a possibilidade de integrar os dois esquemas.

Os dois lados também acertaram ajudar os países mais pobres a desenvolver economias mais ecológicas. Isso poderá ser importante para manter o apoio dos países em desenvolvimento ao Acordo de Paris, caso Trump retire os EUA.

"Anunciarei minha decisão sobre o Acordo de Paris nos próximos dias", escreveu Trump ontem pelo Twitter. A mídia americana informou que Trump teria decidido abandonar o acordo, mas isso não foi confirmado.

A UE e a China também pactuaram uma cooperação sobre o uso de carros elétricos, rotulagem contendo dados sobre eficiência energética e inovação verde. Eles também trabalharão no desenvolvimento de formas para estimular o crescimento da utilização de energias renováveis.

Folha de S. Paulo – Donald Trump deve tirar EUA de acordo climático, diz imprensa


O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciará nesta quinta-feira (1º), às 16h de Brasília, sua decisão sobre retirar ou não o país do Acordo de Paris sobre o clima, em meio a relatos da mídia americana de que ele pretendia abandonar o pacto.


As autoridades citadas pelos jornais, porém, ponderavam que o republicano ainda não havia tomado a decisão definitiva, e parte de seu gabinete tentava dissuadi-lo de deixar o acordo global.


Trump usou uma rede social para dizer que faria o anúncio nesta quinta e repetiu seu slogan de campanha "Fazer a América grandiosa de novo", o que foi visto como um possível indício de que sairia do acordo.


Formulado em 2015 e assinado por 197 países e blocos, o tratado é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas ao criar o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C (em relação à era pré-industrial) até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5°C.


Na cúpula do G7 (grupo das sete principais economias desenvolvidas) na semana passada na Itália, o líder americano foi pressionado por líderes mundiais a manter os EUA no pacto. O país é o segundo maior emissor de gases-estufa, atrás da China.


Segundo o jornal britânico "Financial Times", o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o organismo tem pressionado os EUA a se manterem no acordo e vinha tentando convencer Trump de que sair do tratado poderia ameaçar a segurança e a economia do país.


Durante a campanha eleitoral em 2016, Trump classificou o aquecimento global de "farsa" e ameaçou retirar os EUA do acordo —o governo de Barack Obama fora um dos fiadores do tratado, por meio do qual os países se comprometem com metas de redução da poluição.
Parte da base eleitoral do presidente contesta o aquecimento global, apesar das provas científicas, ou contesta sua velocidade ou a responsabilidade do homem pela mudança climática.


Além disso, o republicano afirma que o pacto ameaça a capacidade produtiva dos EUA ao estabelecer limites para a emissão de poluentes. Ele também vem relaxando regulamentações ambientais e tenta cortar a verba da área.


A eventual saída dos EUA poderia comprometer metas do acordo e mudar a forma como outros governos, sobretudo os de países em desenvolvimento como China e Índia, tratam o compromisso.


Durante as negociações, esses países arrogaram-se o "direito de poluir" por mais tempo, já que sua industrialização e sua consequente ação poluidora é mais tardia.

Também nesta quarta, porém, reportagem do "Financial Times" informou que a China e a União Europeia anunciarão um acordo nesta sexta (2) para tomar medidas que "acelerem o processo irreversível de reduzir o uso de combustíveis fósseis".


Tal entendimento e o consequente engajamento chinês no processo poderiam, segundo analistas, mitigar parte do efeito da saída dos EUA do Acordo de Paris.

Correio Braziliense – Brasil à venda / Artigo / Marco Antônio Delfino e Juliana de Paula Batista


Marco Antônio Delfino é Procurador da República em Mato Grosso do Sul
Juliana de Paula Batista é Advogada do Instituto Socioambiental (ISA)


Rondônia: 2017. Trinta e sete mortos em conflitos fundiários apenas no período entre janeiro de 2015 e setembro de 2016. Os dados comprovam que o governo federal não foi capaz de implementar uma política de desenvolvimento sustentável e, muito menos, uma política de regularização fundiária que respeite os direitos humanos das populações do campo. As notícias de invasões de grandes extensões de áreas públicas e de terras indígenas transformaram-se em rotina.


Para resolver parte dos problemas fundiários e ambientais na Amazônia Legal, foi criado, em junho de 2009, o Programa Terra Legal. A justificativa era a de promover a regularização fundiária de posses rurais em terras públicas da União com até 1,5 mil hectares ou 15 módulos fiscais. O programa deveria ser encerrado em junho de 2017, mas o governo Temer editou, em dezembro, a Medida Provisória 759/2016, que, entre outros assuntos, ampliou a iniciativa para todo o Brasil. Com isso, estima-se que 40 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia, que hoje pertencem à União, passem ao domínio privado.


A MP seguiu para a Comissão Mista do Senado. O relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), introduziu significativas alterações. O Projeto de Conversão da MP foi aprovado pela Câmara e segue agora para o Senado. Se aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República, poderão ser regularizadas ocupações de até 2,5 mil hectares. Assim, o Programa Terra Legal deixará de ser instrumento de regularização fundiária de pequenas e médias posses rurais para viabilizar a grilagem de grandes extensões de áreas públicas.


O rol de benefícios àqueles que grilaram terras públicas alcança as normas administrativas. Tanto que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) editou a Instrução Normativa nº 87, de 28.3.17. A norma equiparou os preços de titulação de assentamentos, criados por políticas públicas (via de regra, até um módulo fiscal, ou 100 hectares) para as famílias mais empobrecidas que vivem no campo, com o preço que deverá ser pago na regularização fundiária pelo programa, beneficiando os que ocuparam irregularmente terras públicas, não raramente consolidadas de forma violenta e ilegal.



Na contramão do discurso governamental, a Instrução Normativa estabeleceu que áreas ocupadas recentemente obtivessem o maior desconto, com redução do preço de titulação em até 10 vezes. Só para dar um exemplo: uma nova ocupação irregular, de até 2,5 mil hectares, em Brasnorte (MT), terá o valor reduzido de R$ 10.800 para R$ 1.100 por hectare. No município, há duas áreas reivindicadas para demarcação pelo povo indígena manoki. Uma das justificativas para a medida seria a impossibilidade de os titulados pagarem o preço mais alto. Coincidentemente, porém, ela deverá beneficiar grandes proprietários de terras.


Dessa forma, o programa de regularização fundiária transmudou-se em programa de desregulamentação fundiária com intenso subsídio governamental e consequente prejuízo ao erário. Os descontos concedidos caracterizam manifesta inversão do princípio da capacidade contributiva: os que mais possuem pagarão menos ou quase nada. 



Além disso, há a quebra injustificável do regime de licitação, pois, se há grandes parcelas de terras públicas a serem destinadas, o razoável seria a abertura de concorrência ampla e impessoal àqueles que desejam adquiri-las. Mas não. A medida vem em benefício dos que se valeram da regra “o mundo é dos espertos” e expropriaram o patrimônio público.
Enquanto o governo reduz unidades de conservação, a exemplo das MPs 756 e 758, a MP 759 libera importantes remanescentes florestais na Amazônia para a ocupação privada, com o consequente agravamento do desmatamento, ameaça a povos indígenas, as comunidades tradicionais e assassinatos derivados de conflitos fundiários.


A implementação inadequada da primeira etapa do Programa Terra Legal, ainda no governo Lula, tem sido apontada como uma das causas da retomada do crescimento das taxas de desmatamento na Amazônia. É previsível que, com a MP 759, o país se desvie definitivamente das metas assumidas internacionalmente para contribuir com o enfrentamento das mudanças climáticas por meio da redução da derrubada da floresta e das emissões de gases do efeito estufa dela decorrentes.


O mais contraditório é que tudo isso é feito em nome da “segurança jurídica”, quando a invasão de terras públicas é conduta prevista como crime pela legislação brasileira desde 1966. A conta de tanta irresponsabilidade já chegou: recentemente, 10 trabalhadores rurais foram assassinados em Pau D’Arco (PA), outros nove morreram em Colniza (MT) e 22 indígenas Gamela foram covardemente atacados e feridos no Maranhão.


Não podemos simplesmente acreditar que a nova onda de violência no campo não tenha relação direta com a atuação do Congresso. Como Gabriel García Marquez, podemos começar a escrever, muitas e muitas mais, crônicas de mortes anunciadas.

Portal Terra – Guaranis-kaiowás fazem apelo no Parlamento Europeu



31 mai 2017
16h02

Deutsche Welle

Situação do grupo indígena é abordada em conferência organizada por eurodeputados dos grupos socialista, ambientalista e de esquerda. Eles preparam relatório sobre conflitos de terra."Eles estão matando meu povo. Com veneno, com balas. Hoje, no Brasil. Eu trago aqui, para a Europa, a profunda tristeza do meu povo. Temos 16 áreas reconhecidas pelo governo, mas elas foram entregues a grandes plantações de açúcar", disse o líder guarani-kaiowá Ladio Veron, em uma conferência em Bruxelas organizada por eurodeputados dos grupos socialista, ambientalista e de esquerda.


Após confrontos em abril de 2017, a situação dramática desse povo foi reconhecida em uma resolução de urgência do Parlamento Europeu votada no mesmo mês. Mas a situação não melhorou. E, dentro de instituições europeias, surgem vozes lembrando o Brasil sobre seus deveres constitucionais, tais como a demarcação de territórios indígenas e seus compromissos com a legislação internacional - o Brasil, por exemplo, ratificou em 2002 a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho que prevê a consulta prévia sobre qualquer uso de territórios ancestrais.


Em discussão estava a intensificação da transferência de terras para a agricultura intensiva -a soja e cana para uso como biocombustíveis - e também a privatização do segundo maior aquífero do mundo, que se encontra em território guarani.
Embora o problema perdure há tempos e já dure vários governos, as últimas medidas tomadas pelo governo Michel Temer - como o corte de verbas para organizações indígenas, o fim de programas sociais, a falta de avanço na demarcação de terras reconhecidas como indígenas, o endurecimento contra protesto sociais - agravou ainda mais a situação.


"É a nossa terra, não vamos deixar que fiquem com ela", disse Veron, cujo pai foi morto por homens armados em 2003.
Em 2016, de acordo com a ONG de direitos humanos Front Line Defenders, 56 líderes indígenas foram assassinados no Brasil - o número chega a 370 nos últimos 14 anos. Apenas 6% desses crimes foram solucionados.


Na delicada situação política atual, os guaranis estão relegados à própria sorte. Ativistas como Fernando Burgés, da UNPO (Organização das Nações e Povos Não Representados) falam de um desinteresse e desinformação sobre a sua causa.
"Os povos indígenas estão sozinhos no Brasil. Na Câmara há apenas dez pessoas que apoiam sua causa. E o lobby do agronegócio reage muito mal à pressão", diz Burges, que apela por mais apoio europeu.


Reação europeia
Existem conflitos entre empresas e indígenas em vários países da América Latina. Um relatório parlamentar europeu que aborda a questão das terras indígenas e empresas europeias deve ser divulgado depois do verão. Francisco Assis, eurodeputado espanhol do bloco socialista, é responsável pela elaboração.


No momento, está se formando um grupo parlamentar para apoiar a causa indígena. Um membro é o eurodeputado italiano Ignazio Corrao, do bloco Europa da Liberdade e da Democracia Direta. "Vamos seguir o caminho do dinheiro para descobrir quem é culpado por este genocídio", disse.


"Esse genocídio está intimamente ligado com o alto nível de corrupção que provocou essa difícil situação política no Brasil", disse Corrao à DW. "Por outro lado, temos a especulação e a falta de escrúpulos das corporações transnacionais. Para nós, é importante colocar como condição para acesso ao nosso mercado de 500 milhões de consumidores o respeito pelos direitos humanos disse ele, citando as negociações de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.



"Há ações que poderiam ser tomadas mais rapidamente se houvesse vontade política real", disse por sua vez Xabier Benito, eurodeputado espanhol do bloco da esquerda e vice-presidente da delegação para as relações com os países do Mercosul. Segundo ele, biocombustíveis provenientes de conflitos de terra não deveriam ter acesso ao mercado europeu.