sexta-feira, 29 de maio de 2015

O movimento pró-vida brasileiro tem perdido inúmeras de suas batalhas, mesmo com a população majoritariamente contrária ao aborto


Scott Klusendorf e Como Defender a Posição Pró-vida em 5 Minutos


 Scott Klusendorf
Créditos de Imagem: ProLifeTraining.com


O movimento pró-vida brasileiro tem perdido inúmeras de suas batalhas, mesmo com a população majoritariamente contrária ao aborto a causa abortiva tem teimado e avançado pedaço a pedaço tanto no judiciário assim como no legislativo enquanto a bancada evangélica se perde em suas próprias caricaturas anti-intelectualistas e demonstra falta de vigor argumentativo, não obstante gastam fortunas em novos templos e não se cria uma única universidade ou instituto para resistir à pressão progressista e combater espaços como é muito mais comum no conservadorismo americano onde vige a expressão idiomática “put your money where your mouth is“.


Seria útil que o movimento pró-vida brasileiro seguisse o exemplo de Scott Klusendorf, presidente do Life Training Institute, ele tem capitaneado debates com ativistas do porte de Nadine Strossen, advogada formada em Harvard fundadora do Feminists for Free Expression,  James Croft, ativista humanista de Cambridge e Harvard, Malcolm Potts, professor de Saúde Pública de Berkeley, Kathryn Kolbert, advogada que defendeu o aborto na Suprema Corte e Kathy Kneer, presidente da Planned Parenthood da California, muitos deles podem ser assistidos no YouTube.



Scott tem debatido assim como realizado aulas de treinamento intelectual para o movimento em mais de 70 universidades e faculdades como Stanford, USC, UCLA, Johns Hopkins, MIT, U.S. Air Force Academy, Cal-Tech. Ele é graduado com honra pela UCLA tendo um mestrado de apologética cristã na universidade privada cristã Biola University e lançou um livro de 2009 pela Crossway Books chamado “The Case for Life: Equipping Christians to Engage the Culture”. 



O nível de debate sobre aborto, tanto pró quanto contra, nos Estados Unidos está muito à frente da curva do que eventualmente aparece mastigado na boca de juristas e ativistas feministas e envolve biologia embrionária, ética assim como filosofia sendo um tema em constante atualização em que argumentos emocionais, e argumentos “a nível de rua” ficam em segundo plano.


Klusendorf dá aos iniciantes três passos para desequilibrar o oponente em 5 minutos. São eles: Clarifique o problema, defenda sua visão com ciência e filosofia e por fim o desafie a ser intelectualmente honesto.



É importante ressaltar de antemão que o movimento pró-vida é claramente pró-escolha quanto ao direito da mulher decidir seu marido, sua profissão, sua casa, sua religião, seu carro, enquanto que os movimentos pró-escolha não aparentam acreditar no poder feminino de decisão quando a mulher decide ser dona de casa como Sarah Palin, ter uma arma como Dana Loesch, e não ser feminista como Karen Straughan. 


Também para eles o poder de uma mulher escolher algo é limitado à natureza do que se está decidindo, especialmente se essa escolha polui o meio ambiente, e afinal, o adesivo “Não gosta de escravidão, não tenha escravos!” não colaria bem nos carros hoje em dia. É claro que algumas coisas não são meramente uma questão de gosto entre sorvete de baunilha ou de morango e remover o embrião não é como remover uma unha ou fio de cabelo. 



Conflitos divisivos a ponto de gerar uma guerra civil como foram o racismo e escravidão possuíram um lado que estava certo, e outro lado que estava errado, não havendo qualquer indício de uma possibilidade intelectualmente neutra.



É relativamente simples defender a causa pró-vida se alguém já tem como máxima “não devemos matar um ser humano inocente”, desse ponto em comum podemos clarificar o núcleo da questão: O nascituro é um ser humano? Matar alguém inocente para benefício de outros, tratando um ser de valor intrínseco, insubstituível como um instrumento dispensável, é um ato imoral. 



Não há diferença senão semântica entre aborto, infanticídio e homicídio já que os três tratam de um ataque contra a vida humana inocente, por isso para a maior parte dos argumentos pró-escolha, basta trazer uma criança de três anos e colocá-la no lugar do embrião e analisar se eles justificam o assassinato tanto de um quanto do outro. Se o argumento intendido a remover um embrião serve para eliminar uma criança, algo está errado.



Quando fiz minha Monografia de Conclusão de Curso em 2013 contra o aborto humanitário previsto no artigo 128, II do Código Penal Brasileiro, fiz igual alusão ao trazer a idéia de que se filho do violador sexual por alguma razão tiver nascido a sociedade não permitiria o bebê ser morto por causa das mesmas razões dadas para a passividade legal do aborto piedoso, antes se configuraria ao ato um crime tão chocante quanto o caso Nardoni, sem deixar de ter mencionado que a permissão para o aborto sentimental se estende por todos os nove meses, sendo o aborto na sua forma mais radical.



Parece um insulto, mas o primeiro ponto não é incontroverso, ativistas fazem uma apologia consciente ou inconsciente do assassinato de um ser humano inocente quando colocam argumentos que não só desumanizam qualquer nascituro, mas também qualquer ser humano, como dizia Abraham Lincoln: “não conheço um argumento para inferiorizar negros que não sirva também para inferiorizar brancos”. Argumentos como “escolha” ou “privacidade” beiram à irracionalidade: quem defenderia o assassinato de uma criança como uma escolha privada ou como sendo aceitável desde que realizado dentro de quatro paredes? Argumentos pró-escolha são em sua maioria asserções arbitrárias sem significância moral no debate devido à sua presunção de que o embrião não é humano, sendo sua grande maioria um caso de Petitio Principii 



São argumentos que assumem que o embrião, assim como outrora os negros, não fazem parte da humanidade e excluem da família humana a menor das minorias, os indivíduos mais frágeis da sociedade. A causa pró-vida pode reconhecer que os seres humanos se diferenciam em talentos e defeitos, mas é a que verdadeiramente luta pela igualdade entre os homens buscando o que há de comum na humanidade, um direito que seja natural e anterior à toda forma de governo, é a defesa de um direito anterior ao próprio direito de decidir, um direito que nasce com o indivíduo na sua concepção. 


Nesse nível, somente uma cosmovisão com sólidas crenças pode servir como apoio para justificar a razão da existência do valor objetivo do ser humano desde sua concepção e não somente quando este se torna “bonitinho” demais para morrer.



Científica e filosoficamente não há diferença entre o nosso estágio embrionário e o adulto que somos hoje, um embrião se desenvolve de dentro para fora, não é como um automóvel em que as peças são encaixadas por um agente externo, embriões direcionam seu próprio desenvolvimento como unidade distinta, uma nova pessoa é antes desenvolvida, não construída. Não é apenas um punhado de células, mas antes um organismo vivo com capacidade de coordenação, o que o diferencia de um corpo morto, onde as células continuam vivas mesmo com a impossibilidade de funcionarem como um organismo coordenado.



Dizer que alguém não possui o direito à vida por razão de seu tamanho, nível de desenvolvimento, grau de dependência e localização (da barriga da mãe para fora) excluiria da humanidade anões ou crianças de 15 em relação às de 8, salvariam-se adultos diante de bebês, poderiam pelo mesmo argumento relativizar o direito à vida de diabéticos dependentes de insulina e seria demasiado estranho imaginar que deixamos de ser humanos se mudamos de assento. Mesmo quem, de forma mais sofisticada propõe a favor do aborto grau de consciência, pessoas com QI menor de 20 ou 40 ou com síndrome de Down seriam declarados não pessoas (como Joseph Fletcher argumenta), ora, sabemos que pessoas em comatose reversível não perdem seus direitos naturais, o fato de que há aborto espontâneo não diz nada sobre a humanidade do embrião, tampouco que da natureza espontaneamente matando alguém deriva a conclusão que podemos deliberadamente matar pessoas, tampouco a capacidade totipotente da célula embrionária não significa que não havia um organismo unitário anterior.



Diante disso, fica simples perguntar ao oponente o que ele pensa sobre os pontos acima, mas já deixando claro que nem todos, em próprio interesse, ficarão convencidos, mas quem segue os fatos e coloca os interesses próprios abaixo da verdade sairá convencido.



E mais importante: para o Brasil, a causa pró-vida, quando bem entendida e defendida com os argumentos corretos (porque sim, há formas incorretas de argumentar a favor da vida), torna-se a grande bandeira para o reconhecimento do jusnaturalismo liberal nas universidades eliminando o pensamento que tem o Estado como criador de direitos e portanto, transformando políticos populistas em semi-deuses que acham que sua profissão é distribuir direitos achados na feira, talvez aí, a legalidade e a moralidade voltem a ficar em harmonia no Brasil e o Direito volte a ser a ciência moderadora dos apetites do poder, defensor do indivíduo contra a tirania e não um serviçal da vontade política.

Miguel Reale Jr e o culto à malandragem



Miguel Reale Jr., apresentado como “jurista tucano”, após fazer um parecer ainda não divulgado em que diria não haver fundamentação jurídica para pedir um impeachment pelas pedaladas fiscais deu uma entrevista reveladora ao jornal “O Estado de São Paulo”. Em poucas palavras, esta pessoa que tem sua fama profissional ligada uma ciência das leis, prega certa malícia para lidar com elas. Leiam abaixo:
Os meninos da marcha têm que entender: não é porque fizeram diferente do que eles queriam que virou um traidor da pátria”, disse, numa menção a Aécio Neves. “Há uma falta de informação e cultura política. O caminho da representação, que é mais seguro e está muito bem fundamentado, leva o procurador (geral da República, Rodrigo Janot) a ter que tomar uma medida.
tucano machucadoO que Miguel Reale Jr. está querendo dizer é que falta malandragem para os “meninos da marcha”. Adaptando, ele quer dar uma aula de realpolitik que só experientes como ele poderiam dar. O culto à prática política comum num lugar em que ela é tão deteriorada como aqui só pode ser coisa de sádico. Oras, é justamente por não estarem contaminados por certas práticas ruins da política nacional  que os “meninos da marcha” são apoiados e inspiram.


Vivência política não falta aos tucanos e é isso que os afasta de qualquer idealismo ou filosofia política para nortear suas ações. Malandragem é achar que pode-se ignorar alguns crimes pois fazer a lei ser cumprida daria trabalho. A vivência política de Aécio Neves, tantas vezes parceiro do PT, é responsável por toda a desconfiança e descrédito que ele recebe agora de muitos que votaram nele e de quem faz oposição ao PT.

Aliás, a vivência e cultura política dos tucanos, em outros tempos, poderiam nos enganar. Eles tentaram isso muitas vezes nas últimas semanas, não apenas no caso da farsa do impeachment. A vergonhosa aprovação de Fachin para o STF nos brindou com dois momentos de “vivência e cultura política” dos tucanos usadas da pior maneira possível.


Quando descobrimos que Aécio Neves, Tasso Jereissatti e José Serra iriam a Nova Iorque aplaudir FHC, ninguém se preocupou em dar uma justificativa razoável para a falta ao trabalho. Pior, a assessoria de Aécio divulgou uma nota ridícula querendo nos convencer de que eles de tudo fariam para sabatinar Fachin com rigor no senado. Pura mentirinha que virou notícia (quem não leu, aqui está um link de como a jogada foi noticiada na Veja) .


Dias depois a Veja foi novamente usada para aliviar a barra de Aécio, mas desta vez de uma forma humilhante: Anastasia foi sacrificado em ritual numa das notas mais esdrúxulas já publicadas pela coluna “Radar on-line”. Ali líamos que surpreendentemente Anastasia, cria política de Aécio Neves, não apenas teria ido contra seu líder quanto o havia desafiado em frente a toda bancada tucana do Senado (relembrem aqui). É como imaginarmos o Alexandre Padilha desautorizando o Lula em frente a outros petistas!


Miguel Reale Jr. poderia colaborar de várias formas ao movimento oposicionista. Poderia dar lições aos “meninos da marcha” no campo de seu notável saber jurídico. Em vez disso serviu como mais um subalterno tucano na ação de controle de danos à imagem do partido após o posicionamento pusilânime do partido no tema do impeachment. Nós não precisamos de mais matemáticos do cálculo político à moda brasileira. 

Precisamos mudar tanta coisa no país que, só de termos ações políticas pedindo para cumprirem a lei à risca, já sentimos um alento.


Leiam também: 


MPF/MG obtém decisão que obriga proprietário a demolir construções em APP, às margens de represa.E no DF ??

Publicado em maio 26, 2015 por


Proprietário fez construções em área de preservação permanente às margens do lago da usina Hidrelétrica de Itumbiara


O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) obteve sentença em ação civil pública para condenar o réu Wesley de Souza Pereira a demolir todas as construções e benfeitorias construídas às margens do lago da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, no município de Araguari (MG).


O proprietário deverá, no prazo máximo de 90 dias, demolir todas as obras e construções que se encontram na área de preservação permanente.


Segundo a ação do MPF, pretendendo ampliar a área aproveitável de sua propriedade, o réu decidiu invadir a área que margeia o reservatório de Itumbiara, no Rio Paranaíba, que é considerada uma Área de Preservação Permanente (APP), onde realizou a construção de benfeitorias irregulares sem autorização do órgão competente, com degradação de área ambiental especialmente protegida.


Danos – No laudo técnico feito pela perícia criminal da Polícia Federal, ficou constatada a degradação ambiental causada pela construção de casas de alvenaria, área de lazer com piscina, um estabelecimento comercial e galpões, além de uma fossa, todas dentro da APP, ocupando uma área total de 970 metros quadrados.


Ainda segundo o laudo, as construções e as áreas de solo impermeabilizado por cimento, pisos cerâmico e pedras ornamentais, reduzem a infiltração de água no solo e aumentam o escoamento superficial, o que pode causar erosão e assoreamento do reservatório, além de interferirem na vazão hídrica do lago tanto na época de chuvas quanto na de estiagem. As construções também impedem a regeneração da vegetação.


Os danos causados por essas construções pode diminuir a vida útil desses reservatórios.
“Dos exames dos autos, é possível extrair firmes conclusões a repeito da existência de danos ambientais, principalmente pelo teor dos laudos periciados apresentados e da prova testemunhal colhida em audiência”, relata a sentença.


Em 2012, a Justiça Federal já tinha concedido uma liminar que impedia que o proprietário fizesse novas construções na área ou qualquer alteração no imóvel, além de obrigá-lo a apresentar um projeto de recuperação da área degradada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sob pena de multa diária.


Saiba mais – A demolição de obra irregular em APP tem previsão legal e é medida que pode ser, inclusive, aplicada pelo órgão ambiental, após o devido processo administrativo (Lei 9.605/98, art. 72, VIII, e Decreto 6.514/2008, art. 191, I).


Em todo o estado, existem atualmente mais de 500 procedimentos e ações do MPF questionando a construção de casas de veraneio e condomínios de luxo às margens de reservatórios de usinas hidrelétricas. Os proprietários desses imóveis são considerados invasores, pois a área cedida à concessionária para geração de energia pertence ao Poder Público.


ACP 8816-23.2012.4.01.3803


Informações do Ministério Público Federal em Minas Gerais, publicadas pelo Portal EcoDebate, 26/05/2015

[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Brasil: tudo é crime, tudo é racismo. Não importa que haja crime, basta o ‘politicamente correto’ ser ignorado. Brincadeira entre jovens atletas é considerada racismo




Justiça manda Renner indenizar vendedora chamada de “filhote de macaco” por colegas de trabalho

Para Tribunal Superior do Trabalho, ficou constatada ‘conduta desrespeitosa, humilhante e discriminatória’

A rede de Lojas Renner S.A foi condenada a pagar R$ 40 mil de indenização por danos morais a uma assistente de vendas vítima de injúria racial de uma colega de trabalho e uma gerente. Para a Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que não foi favorável a um recurso da empresa, ficou constatada a ‘conduta desrespeitosa, humilhante e discriminatória em razão da raça da funcionária’.

[faz parte da maldita política petista a luta de classes e entre as várias formas estimuladas se destaca o esforço de transformar qualquer brincadeira entre jovens em crime hediondo.

As informações foram divulgadas no site do Tribunal Superior do Trabalho. Na reclamação trabalhista, a vendedora contou que passou por longo processo seletivo e foi selecionada para trabalhar em uma loja da rede em São Paulo. Ela disse que a costureira da loja constantemente se referia a ela como “filhote de macaco” e “lixo”, e a gerente dizia que ela deveria continuar trabalhando com “vassouras e baldes”. O tratamento, afirmou, era injustificado, pois sempre procurava trabalhar bem vestida, maquiada e de salto alto, disposta a conquistar os clientes.

Segundo a Justiça, testemunhas confirmaram que as ofensas eram reiteradas e que a vendedora chegou a conversar com a psicóloga da empresa e com a supervisora do setor sobre o caso, que teriam orientado a costureira a pedir desculpas. Ainda assim, contou a vendedora, nada mudou em relação aos xingamentos. Condenada pelo juízo de origem e pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) a pagar R$ 40 mil de indenização, a Renner tentou levar o caso ao TST por meio agravo de instrumento


A rede de lojas argumentou que não havia prova cabal que configurasse a existência do dano sofrido, e que a trabalhadora nunca sofreu qualquer humilhação, abalo ou dano à honra nas dependências da loja.

O relator do processo, ministro Vieira de Mello Filho, observou que o TRT fez uma análise “acurada e detalhada” dos fatos e provas, sobretudo a testemunhal, para chegar à conclusão de que ficou comprovada a conduta desrespeitosa da empresa, não cabendo discussão quanto à ocorrência do dano moral.   


“O empregado, ao firmar o contrato de trabalho com o seu empregador, não se despoja dos direitos inerentes à sua condição de ser humano, que devem ser respeitados pelo tomador dos serviços, em face dos postulados da dignidade da pessoa humana e da boa-fé objetiva”, afirmou, citando os artigos 1º, inciso IV, da Constituição da República e 422 do Código Civil de 2002.

A Renner foi procurada pela reportagem, mas ainda não respondeu ao contato.

Secretaria de Igualdade Racial encaminha caso do ginasta Ângelo para a Polícia e o Ministério Público

Ouvidor da secretaria vê crime de racismo agravado pela divulgação do vídeo com piadas ofensivas por meio das redes sociais – esse ouvidor quer transformar uma brincadeira entre jovens amigos em um crime.

As piadas contra o ginasta Ângelo Assumpção, que é negro, feitas por seus colegas de treinamento Arthur Nory, Fellipe Arakawa e Henrique Medina Flores, chocaram o ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Carlos Alberto Júnior, que resolveu enviar ofícios ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal (PF), à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da CBG. Por entender que o video exibido em primeira mão pelo GLOBO no dia 15 de maio evidencia dois graves crimes, o ouvidor solicitou que cada um desses órgãos tome providências cabíveis.

No que diz respeito ao MPF e da PF, é possível que estes determinem a abertura de um processo judicial e de inquérito policial contra os atletas. O caso ocorreu quando o grupo treinava em Portugal na segunda quinzena deste mês. 
Um vídeo divulgado por Arthur em sua página na rede social Snapchat mostrou cenas em que ele e os outros dois tentavam ridicularizar Ângelo por ser negro. Depois de dizerem que num celular em funcionamento a tela é branca, eles perguntavam a Ângelo de que cor era a tela de um celular com defeito, tentando fazer com que ele respondesse que era preta. Noutra piada, eles disseram ao rapaz que um saco de supermercado era branco, querendo saber de que cor era um saco de lixo. O trio desejava que Ângelo afirmasse que era preto.


Após analisar o vídeo e o material que vem sendo veiculado pela imprensa, Carlos Alberto Júnior comentou:  — Nós entendemos que ocorreram ali dois tipos evidentes de indícios de crime a serem apurados pela PF e pelo MPF. É perceptível que houve um crime de injúria racial, bem como houve outra violação, a da postagem do vídeo nas redes sociais. Isso fere o Artigo 20 da Lei 7.716, de 1989, sobre incitar e induzir à prática de discriminação racial. 


A Ouvidoria da Seppir [que tem o status de ministério = em 38 ministérios, um  a mais ou a menos nada significa; tem ministérios tão importantes – certamente a Seppir é um deles – que seus titulares precisam ser citados por edital.], mas recebe as denúncias dos cidadãos ou atua também nos casos expostos pelas redes sociais — explicou o ouvidor, por telefone, de Brasília. — O caso foi difundido amplamente pelos movimentos sociais de defesa dos negros, pelos blogs e pela mídia. Por isso, abrimos um procedimento administrativo para análise prévia e decidimos encaminhar o caso às quatro instituições citadas.


De acordo com o ouvidor da Seppir, os quatro órgãos aos quais a Seppir enviou ofício ainda não se pronunciaram. Para Carlos Alberto Júnior, uma denúncia de racismo pode, sim, ser levada adiante, mesmo que a vítima, no caso Ângelo não queira fazê-lo. Recentemente, na terça-feira, os quatro atletas prestaram depoimentos perante o auditor Felipe Bevilácqua, do STJD da CBG, no Rio, e de lá saíram se abraçando, como velhos amigos.  



No entender do ouvidor, isso, porém, não quer dizer que o tribunal não vá levar o caso adiante.  — Continuo insistindo que o crime de racismo independe da vontade e da amizade (entre as pessoas envolvidas), não podendo ser omitido, escondido ou entendido como brincadeira — advertiu. — Também não acredito que o STJD, que prega a democracia, a igualdade, o combate ao racismo deixe de repreender esta prática. Em especial num ano olímpico, nosso país não pode ser visto como racista ou como omisso diante da prática de racismo.


De qualquer forma, Arthur, Henrique e Fellipe já vêm sentindo a punição em seus bolsos, além de terem sido suspensos preventivamente por 30 dias pela CBG. Procurada pelo GLOBO a respeito do caso, a Caixa Economica Federal (CEF), patrocinadora da CBG, respondeu por meio de sua assessoria de imprensa, que aguarda uma posição final da CBG a respeito do caso, mas confirmou que por enquanto os vencimentos dos três atletas acusados estão suspensos: 


“A Caixa suspendeu a transferência de valores para pagamento de bolsas incentivos aos atletas envolvidos, conforme prevê o contrato, e aguarda a decisão final dos órgãos competentes. Em todos os contratos de patrocínio esportivo, há cláusula específica com obrigações e penalidades aos atletas e técnicos, no caso de sua participação ou envolvimento em atos não condizentes com a postura desportiva. 

As mesmas penalidades são aplicadas nos casos de condenação pela CBG, ou outro órgão controlador, por conduta desonrosa ou imoral”, afirmou o banco por meio de sua assessoria, antes de completar: “A Caixa repudia qualquer manifestação racista e acredita na dignidade de todo ser humano e na universalidade de seus direitos fundamentais.” 

 [a Caixa é presidida por pau mandado do governo petista – acho que a presidente atual é a viúva do ex-prefeito Celso Daniel – e tem se destacado pela piora constante na qualidade dos serviços.

os serviços que já eram ruins estão agora péssimos.
Quanto a Educafro está em todas as questões em que possa aparecer.]


A Educafro, que promove cursos pré-vestibulares para jovens negros e de classe sociais mais baixas, vem estudando uma ação na Justiça contra os três acusados, além de já ter enviado uma carta à CEF, exigindo uma posição oficial do banco sobre o assunto, solicitando até mesmo o corte do patrocínio à entidade esportiva. Presidente da Comissão de Igualdade Racial-CIR/ OAB-RJ e coordenador nacional de comunicação do Movimento Negro Unificado, o advogado Marcelo Dias lamentou que a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) não tenha respondido ao pedido de uma reunião com os quatro atletas. — 
Vou consultar e propor à direção da OAB-RJ que convide os quatro atletas a prestarem esclarecimentos à nossa comissão — antecipou.


Uerj tem instalações depredadas após protesto contra demolições na Favela do Metrô - um novo 64 se aproxima e desta vez sem os erros do anteior


Confronto na entrada da UERJ

Seguranças barraram entrada de estudantes que participavam de ato de moradores, e vidro da portaria acabou destruído

Um protesto contra demolições na Favela do Metrô foi parar dentro do campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Depois de um confronto entre os moradores e a Polícia Militar nos arredores da instituição, o hall de entrada acabou depredado. Isso porque alguns estudantes que participavam da manifestação tentaram se refugiar no Pavilhão João Lyra Filho, quando homens do Batalhão de Choque intervieram. O grupo foi barrado por seguranças, que lançaram jatos d'água. Na confusão, o vidro da portaria acabou destruído. A confusão deixou quem estava do lado de dentro em pânico. - Começaram a falar que o Batalhão de Choque ia invadir. O professor chegou a recolher as provas com medo do que estava acontecendo. Estava tudo muito barulhento - disse Luiza Morais, estudante de direito.


CONFRONTO NA RADIAL OESTE


Um vídeo divulgado pelo blog do Ancelmo Gois mostra os estudantes encurralados dentro da universidade. Policiais militares do 4°BPM (São Cristóvão) e do Batalhão de Choque cercaram o campus. Segundo a PM, cerca de 300 pessoas participavam do ato, que começou na Radial Oeste. Durante o protesto, alguns manifestantes lançaram pedras contra os policiais e guardas municipais que acompanhavam o ato. Houve tumulto, e os PMs chegaram a disparar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Pneus queimados na Avenida Radial Oeste durante manifestação de moradores da Favela do Metrô - Reprodução / CET-Rio

A Radial Oeste foi fechada três vezes, nos dois sentidos, entre a Avenida Professor Manoel de Abreu e a Rua São Francisco Xavier.  


Mais cedo, um pneu chegou a ser incendiado na pista em direção ao Méier, impedindo a passagem dos veículos. De acordo com o Centro de Operaçoes da prefeitura, no sentido Centro, os veículos são desviados para a Rua São Francisco Xavier. Em direção ao Méier, o desvio é feito para a Rua Radialista Waldir Amaral, por onde os veículos acessam a Rua São Francisco Xavier, no sentido Zona Norte. O esquema foi o mesmo realizado durante as outras interdições. Os reflexos chegam à Praça da Bandeira e também na Avenida Marechal Rondon.

Outra alternativa do Centro para o Méier é seguir para Vila Isabel e depois acessar a Rua Barão do Bom Retiro. Quem segue para a Tijuca pode utilizar a Rua Doutor Satamini.


Por volta de 18h45m, havia retenção ao longo da Radial Oeste e da Praça da Bandeira, sentido Méier, com reflexos na Avenida Presidente Vargas. 

 
TRÊS PRÉDIOS DEMOLIDOS EM AÇÃO DA SEOP



A manifestação começou por volta das 17h45m. Os moradores pedem que uma igreja da comunidade não seja demolida na operação da Seop. A secretaria, no entanto, nega a existência de uma igreja no local. Na manhã desta quinta-feira, um imóvel de três andares e outros dois de dois andares foram derrubados. As construções, que não estavam habitadas, foram erguidas em área pública e tiveram a estrutura condenada após vistoria técnica. 


Na quarta-feira, um ferro-velho com problemas estruturais no prédio e que funcionava sem alvará também foi derrubado no local, em outra ação do município contra a desordem na região da comunidade.





AS IMAGENS DA DEMOLIÇÃO

Prédio da Favela do Metrô é demolido - Pedro Teixeira / Agência O Globo
Além dos agentes da Seop, participaram da ação, nesta quinta-feira, guardas municipais, agentes da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva), da CET-Rio, da Subprefeitura da Tijuca e da Comlurb, com o apoio de policiais.



Lula e Dirceu comandavam o esquema em Santo André




Cesar Benjamin: Lula e Dirceu comandavam esquema em Santo André que resultou no assassinato de Celso Daniel

O sociólogo e editor Cesar Benjamin foi militante do PT de 1980 a 1995.
 
 
Foi ele que revelou na Folha, em 2009, o caso do “menino do MEP”, o preso que Lula se gabou de ter tentado subjugar sexualmente nos 30 dias em que ficara detido e “que frustrara a investida com cotoveladas e socos”.


Cesar Benjamin conhece bem as violações lulopetistas.

Em 2005, durante o escândalo do mensalão, ele já denunciava ao Estadão que “tinha havido uma série de financiamentos que desconhecíamos”, “de bancos e empreiteiras, para a campanha do Lula” de 1994(!) e que o processo de corrupção “talvez tenha começado antes”. “Quando vejo essa situação atual, tenho consciência de que não começou agora e é a expressão de uma prática continuada e sistêmica, que foi introduzida através do Lula e do Zé Dirceu”. 

Naquele ano, quase uma década antes de explodir o petrolão, Benjamin também disse à Época:  “Isso foi vivido como ascensão social para um grande número de quadros, de lideranças do PT, que mudaram individualmente de classe social. Passaram a ter um nível de vida que não tinham e viveram isso muito alegremente.” 

Questionado se este processo gerou o cadáver de Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, o ex-militante petista respondeu:Eu não acho, tenho certeza. E houve muitos cadáveres morais. Este foi o físico.” 

Não só este, diga-se. Sete outras pessoas ligadas ao caso morreram, inclusive o legista que atestara que o prefeito fora barbaramente torturado antes de ser assassinado.  Agora, Cesar Benjamin voltou a tratar do assunto no Facebook, por ocasião da morte no domingo (24) de um dos fundadores do PT. 

Reproduzo seu post na íntegra, grifando os trechos sobre Lula e Dirceu: “Acabo de saber da morte de Antônio Neiva. Muito teria a dizer sobre ele: seu companheirismo, seu humor, sua lealdade, sua honestidade. Velho militante da época da ditadura, permaneceu no PT até o fim. Escolho apenas um momento das nossas vidas.

 
Eu era da direção do PT quando percebi que o processo de corrupção se alastrava no partido. Tentei debater isso na direção, sem sucesso, pois àquela altura todos já temiam os dois comandantes da desagregação, Lula e José Dirceu. 

 
Restou-me levar a questão ao Encontro Nacional do PT realizado em 1995 em Guarapari, no Espírito Santo. Fui à tribuna, que ficava numa quina do grande salão, de onde era possível ver, simultaneamente, o plenário e a mesa.

 
Logo depois de começar meu pronunciamento, vi José Dirceu se levantar, se colocar de frente para o plenário, de lado para mim, e fazer sinais na direção de um grupo que – depois eu soube – era a delegação de Santo André. 

 
Pelo tom da minha fala, Dirceu achou que eu trataria do esquema de corrupção nesse município, que ele e Lula comandavam e que resultaria depois no assassinato de Celso Daniel.

 
Ele estava enganado. Eu não falaria disso, simplesmente porque desconhecia esse esquema. Minha crítica era à perda geral de referência ética e moral no partido, que nessa fala eu denominei de ‘ovo da serpente’. 

Mobilizados por Dirceu, os bandidos de Santo André saltaram sobre mim, para interromper meu pronunciamento na base da porrada.

Foi Antônio Neiva quem se interpôs entre mim e eles, distribuindo safanões e impedindo a continuidade do massacre. Foi minha última participação no PT, que agora agoniza, engolido pela serpente que cultivou.

Descanse em paz Antônio Neiva, irmão, homem honrado. 

Cesar Benjamin.”

Uma espertinha exibicionista que está ADORANDO toda a atenção que está recebendo ou mais uma vitima inocente desses homens "tão malvados e preconceituosos?"

Jovem que teve fotos de sexo em ônibus divulgadas sofre ataques na internet - essa mulher, para dizer o mínimo, é uma vagabunda



Internautas xingam a mulher e chegam a chama-la de “lixo”

Dois após a divulgação de fotografias em que uma jovem aparece em ato sexual com rodoviários dentro de um ônibus do transporte público do Distrito Federal, a mulher continua a sofrer ataques nas redes sociais. Após saber da circulação das imagens, na terça-feira (26), a estudante deletou seus perfis da internet, mas ainda recebe mensagens e comentários discriminatórios. 


 [o que essa vagabunda pretendia? se a mulher quer transar, por opção, tesão ou carência, é um direito dela mas procure um local adequado - Brasília e todo o DF são bem servidos na área, tanto em termos de motéis quanto hotéis de alta rotatividade.

Inaceitável é que a vagabunda use um transporte público, permita que filmem/fotografem e ainda quer sigilo.
Ainda ameaça processar as redes sociais.

O correto é a demissão sumária dos dois baderneiros (nome mais adequado aos 'rodoviários' do DF) por justa causa - haja vista que praticaram ato libidinoso em pleno horário de trabalho e no interior de veículo do seu empregador - e que a vagabunda seja tratada com o desprezo que merece, sem esquecer que praticou ato obsceno em local público o que é crime, portanto deve ser processada. Se a moda de processar e receber indenização pega qualquer hora uma vagabunda dessa vai decidir f ... com um macho em plena rodoviária e processar os que filmarem.]

Em uma rede social, internautas usam palavras ofensivas para se referir à mulher e questionam sua conduta. Uma internauta chama a mulher de “lixo”.  — Mulher lixo, isso sim, diz o comentário.

Outros internautas tratam o caso de forma pejorativa. Em um breve texto, outra mulher diz que a menina só queria “sexo passageiro”. Apesar das mensagens que ofendem a vítima do casamento das fotos íntimas, dezenas de usuários de redes sociais defendem a mulher.

— MAS E ELES? [...]. Só vejo gente esculachando a mulher de tudo que é nome, mas não vejo ninguém fazendo mesmo com os homens. Eles também estão ali na foto (de uniforme e no local de trabalho!!!!) e provavelmente, eles as vazaram. [...] ela consentiu com o sexo, não a divulgação, afirma uma mulher.  



[a autora deste comentário certamente é uma das famosas SEM NOÇÃO; será que os dois neurônios dessa SEM NOÇÃO não permitem que ela deduza que consentir na prática do sexo em área pública e pretender impedir a divulgação é absurdo. Tão absurdo quanto o comentário idiota da SEM NOÇÃO.]

Em entrevista exclusiva ao Portal R7 a jovem disse que está psicologicamente abalada e que sua vida virou um caos após a divulgação das imagens. Eu estou mal, meu psicológico está acabado. [uma coisa é certa. não tem nada acabado nesta vadia, já que vergonha ela não tem e psicológico ela não sabe nem o que é.]
 

A jovem diz conhecer os homens que aparecem nas imagens. Vestidos com uniformes de motorista e cobrador, eles posam ao lado da mulher seminua. Ela afirma ter contatos com os rapazes, mas afirma que não autorizou a divulgação das fotos. Sobre a atitude criminosa dos envolvidos, ela só pede punição.
 

Ao contrário do que informou a Viação Pioneira, a mulher afirma que o ato sexual ocorreu em um dos coletivos da empresa. Ela ainda acrescenta que os funcionários foram demitidos. O Portal R7 não conseguiu confirmar a informação com a empresa.






Consumo das famílias cai pela 1ª vez em 12 anos - mais um recorde negativo é batido por Dilma, a cérebro baldio que ainda preside o Brasil


Segundo IBGE, resultado negativo é reflexo do aumento do desemprego e da inflação e da falta de crédito no mercado

O consumo das famílias recuou 0,9% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta sexta-feira. Trata-se da primeira queda verificada pelo indicador desde o terceiro trimestre de 2003.

O resultado é reflexo da alta da inflação, escassez de crédito e dos dados negativos do mercado de trabalho, que mostram o aumento desemprego e a queda do rendimento médio.

Em comparação com os últimos três meses de 2014, o consumo das famílias caiu 1,5%, a primeira baixa desde o quarto trimestre de 2008. Em valores correntes, o consumo das familias somou 887,76 bilhões de reais nos primeiros três meses de 2015. No trimestre imediatamente anterior, o montante havia ficado em 914,06 bilhões de reais.

[a queda comprovada em apenas um semestre é a certeza que o consumo cairá em 2015, no mínimo, 1,0%]

 

Investigação da Fifa dá força a 3 iniciativas que prometem mudar futebol brasileiro


Estádios vazios viraram marca de um futebol brasileiro em crise por problemas de gestão: o escândalo da Fifa pode mudar isso?
"Esta é a Copa do Mundo da Fraude. Hoje estamos mostrando a eles o cartão vermelho." Essa declaração, dada pelo chefe de investigação criminal da receita dos Estados Unidos, Richard Weber, comentando o esquema de corrupção na Fifa investigado pelo FBI, surpreendeu quem achasse que a organização máxima do futebol fosse imune a perseguições judiciais.

No Brasil, a investigação e a prisão de oito cartolas da Fifa causaram euforia em setores que há anos criticam a gestão do futebol no país. Para muitos jornalistas, jogadores e até parlamentares - que se movimentaram para a criação de uma "CPI do futebol" - a quarta-feira do anúncio das prisões foi um "dia histórico".

As investigações provocaram a criação de uma nova CPI do futebol no Senado, a abertura de um inquérito pela Polícia Federal por determinação do Ministério da Justiça e deram força à aprovação da MP 671 - que tramita no Congresso e quer melhorar a gestão do futebol pelos clubes, tornando-a mais rigorosa.

Muitos se mostram otimistas sobre mudanças reais no modelo de gestão e no combate à corrupção nas entidades que regem o esporte, em particular ao fato de as investigações envolverem a polícia americana.

Leia mais: Fifa é alvo de denúncias há mais de duas décadas; veja histórico

"Encontramos um fio da meada que traz esperança. É uma satisfação para quem há décadas luta contra esse sistema que está aí", disse à BBC Brasil o jornalista esportivo Paulo Calçade, da ESPN.
Derrota por 7 a 1 pra Alemanha na Copa já havia despertado discussões sobre os rumos do futebol brasileiro
"Vamos parar tudo e vamos refundar o futebol brasileiro. Abrir as contas. Mostrar quem é quem na gestão do futebol aqui, qual é o interesse deles. Já deveria ter feito isso por questão técnica de dentro do campo após o 7 a 1 (para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo no ano passado). Agora a questão é de fora de campo, que replica o que está acontecendo dentro."

O Bom Senso FC, movimento de jogadores fundado em 2013 para lutar por melhorias no futebol brasileiro, também está otimista. "É chegada a hora de discutir e investigar o comando do futebol brasileiro. É hora de democracia e transparência no futebol", afirmaram, por meio de nota.
A CBF, por sua vez, acredita que a investigação de corrupção na Fifa afetará o futebol brasileiro positivamente e afirma já estar implementando uma "modernização".

"Ela (a investigação) cria um impacto grande que não pode parar aí", disse o ex-deputado federal Walter Feldman, que entrou na CBF em abril, chamado pelo atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, que foi vice de José Maria Marin - um dos oito dirigentes presos a pedido do FBI.
"Mas essa nova gestão já começou com disposição para uma modernização acelerada. Começamos pegando as críticas do passado para fazer diferente".

Inquérito da PF

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu abertura de investigação sobre irregularidades cometidas por dirigentes e ex-dirigentes do futebol brasileiro na quinta-feira. Agora Cardozo se reunirá com o procurador geral da República Rodrigo Janot para definir uma atuação conjunta de Ministério Público e PF na investigação.

"O inquérito correrá pela Superintendência do Rio de Janeiro, por força da competência da PF local. Vamos apurar com seriedade e buscar coletar todas as provas e situações para averiguar se há ocorrência de crimes", disse Cardozo.

No passado, outras investigações envolvendo grandes nomes que comandavam o futebol - como o do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que esteve no cargo de 1989 a 2012 - já foram levadas ao Ministério Público, mas terminaram sem punições. O fato de agora haver uma polícia internacional do peso do FBI no meio, porém, gera expectativas bem mais positivas.

"A investigação internacional vai expor o que aconteceu e vai caber a nós fazer alguma coisa pra não mostrar ao mundo que a gente não interessa punir essas pessoas", disse Calçade.

MP 671

Pouco antes de a nova gestão da CBF, inaugurada em abril, veio a Medida Provisória 671, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em março. Muitos a viram como um possível começo no caminho para a modernização do futebol.
Dilma Rousseff já sancionou a Medida Provisória de 'modernização do futebol', mas CBF diz que texto representa 'intervenção do Estado'
A medida diz respeito a renegociação da dívida de R$ 4 bilhões que os clubes brasileiros têm com o governo. Ela propõe contrapartidas para o refinanciamento do valor em 240 meses - como a limitação de mandatos de presidentes de clubes e federações e o rebaixamento de times que não mantiverem suas contas em dia.

Leia mais: Patrocinadores pressionam Fifa após escândalo de corrupção

Enquanto os atletas do Bom Senso pedem medidas duras e rígidas para uma "gestão mais democrática e transparente", a CBF alega que o texto da MP - que agora tramita na Câmara – representa uma "intervenção estatal" em uma entidade esportiva privada.

Há quem acredite, porém, que as investigações da Fifa poderão ter impacto até mesmo sobre o texto final da MP, tornando-a mais rigorosa, nos moldes da desejada pelos jogadores do Bom Senso.


"A MP tem contrapartidas duras, mas necessárias porque a gente sabe com quem está lidando. Com essa investigação, a bancada da bola (de parlamentares ligados ao futebol) vai ter seu argumento enfraquecido. Então talvez a gente consiga produzir um documento melhor do que aquele que estava se encaminhando", disse Calçade.

CPI

No Congresso Nacional, o anúncio da investigação do FBI e do envolvimento de alguns dos principais nomes do comando do futebol brasileiro nos últimos anos (além de Marin, os empresários J. Hawilla e José Lázaro Margulies) acabou inspirando a criação de uma CPI, proposta pelo ex-jogador e senador Romário para investigar irregularidades no futebol brasileiro.


"Hoje é o pontapé de um novo momento no futebol brasileiro", disse Romário à rádio Jovem Pan. Na quinta-feira, em plenário, o Senado aprovou a instalação da CPI, que deverá iniciar os trabalhos nos próximos dias. A própria Câmara dos Deputados iniciou movimentação parecida por uma "CPI da CBF".
Ex-jogador Romário recolheu assinaturas, protocolou e aprovou CPI do futebol no Senado
Essas iniciativas não são novidades no país, mas tiveram pouco sucesso no passado. Duas outras CPIs do futebol foram instaladas entre 1998 e 2000. A primeira demorou 19 meses para ser ativada na Câmara e terminou sem o relatório aprovado. A segunda teve fim semelhante, com as investigações dos supostos crimes descobertos na CPI barradas no Ministério Público.

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"Eles (então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e outros dirigentes do futebol) tinham um negócio organizadíssimo. Tinha uma casa que eles alugaram em Brasília para promover churrascos e conseguir apoio dos parlamentares. Naquela época, a CBF podia doar dinheiro para campanhas políticas e eles faziam isso para se proteger", contou à BBC Brasil Silvio Torres, relator da CPI CBF/Nike que acabou em 2000.

Doutor Rosinha, outro deputado da época que fez parte da comissão, disse que "nunca mais viu futebol ou torceu para a seleção brasileira desde a época da CPI", tamanho foi o choque com as descobertas.

Agora, no entanto, há otimismo de que as novas investigações – se não no Congresso, ao menos no FBI – resultem em punições severas que tragam renovação e transparência às instituições que comandam o futebol. "Aqui, o poder desses caras é gigantesco. Mas como a investigação é internacional, dá pra ter esperança", disse Calçade.

A CBF disse estar disposta a colaborar com as investigações. "Já estávamos analisando todos os contratos anteriores antes dessa investigação, só não tínhamos divulgado isso. Nós cumpriremos o papel de apresentar tudo, a CBF vai colaborar", afirmou Feldman.