Para imitar o mecanismo das teias de aranha em um adesivo artificial, os
pesquisadores projetaram um material que primeiro absorve a água dos
tecidos úmidos e depois liga rapidamente os dois tecidos. [Imagem: Felice Frankel]
Cola de aranha
Inspirados por uma substância pegajosa que as aranhas usam para
capturar suas presas, engenheiros do MIT projetaram uma fita dupla face
que pode selar rapidamente os tecidos do corpo humano.
Em testes em ratos e tecidos de porcos, os pesquisadores demonstraram
que sua nova fita pode unir tecidos - como pulmões e intestinos - em
apenas cinco segundos.
A fita dupla face também pode ser usada para conectar dispositivos
médicos implantáveis aos tecidos, incluindo o coração. Além disso, ela
funciona muito mais rápido do que as colas cirúrgicas tradicionais, que
geralmente levam alguns minutos para se prenderem firmemente e podem
pingar em outras partes do corpo.
A equipe espera que essa fita possa ser usada no lugar das atuais
suturas cirúrgicas, que não funcionam bem em todos os tecidos e podem
causar complicações em alguns pacientes.
"São mais de 230 milhões de cirurgias de grande porte em todo o mundo
por ano, e muitas delas requerem suturas para fechar a ferida, o que
pode realmente causar estresse nos tecidos e causar infecções, dor e
cicatrizes. Estamos propondo uma abordagem fundamentalmente diferente
para o selamento de tecidos," diz o professor Xuanhe Zhao.
Adesivo biológico natural
A formação de uma vedação perfeita entre os tecidos biológicos é
considerada muito difícil porque a água na superfície dos tecidos
interfere na adesão. As colas cirúrgicas existentes difundem moléculas
adesivas através da água entre as duas superfícies para uni-las, mas
esse processo pode levar vários minutos ou até mais.
Para criar uma fita dupla face que pudesse juntar rapidamente duas
superfícies úmidas, a equipe se inspirou no mundo natural -
especificamente, no material pegajoso que as aranhas usam para capturar
suas presas em condições úmidas. Essa cola de aranha inclui
polissacarídeos eletricamente carregados que podem absorver a água da
superfície de um inseto quase instantaneamente, criando um pequeno
pedaço seco ao qual a cola pode aderir.
Para imitar esse mecanismo em um adesivo artificial, os pesquisadores
projetaram um material que primeiro absorve a água dos tecidos úmidos e
depois liga rapidamente os dois tecidos. Para absorção de água, eles
usaram ácido poliacrílico, um material muito absorvente usado em
fraldas. Assim que a fita é aplicada, ela aspira água, permitindo que o
ácido poliacrílico forme rapidamente ligações fracas de hidrogênio com
os dois tecidos.
Essas ligações de hidrogênio e outras interações fracas mantêm
temporariamente a fita e os tecidos no lugar, enquanto grupos químicos
chamados ésteres NHS (N-hidroxissuccinimida), incorporados no ácido
poliacrílico, formam ligações muito mais fortes, chamadas ligações
covalentes, com proteínas no tecido. Isso leva cerca de cinco segundos.
Até cura natural
Para tornar a fita resistente o suficiente para durar dentro do
corpo, dando tempo para uma recomposição definitiva natural, os
pesquisadores incorporaram gelatina ou quitosana
(um polissacarídeo rígido encontrado nas cascas de insetos). Esses
polímeros permitem que o adesivo mantenha sua forma por longos períodos
de tempo.
Dependendo da aplicação para a qual a fita está sendo usada, é
possível controlar a rapidez com que ela se decompõe dentro do corpo
variando seus ingredientes. A gelatina tende a se decompor dentro de
alguns dias ou semanas no corpo humano, enquanto a quitosana pode durar
mais, um mês ou até um ano. Checagem com artigo científico:
Artigo: Dry double-sided tape for adhesion of wet tissues and devices Autores: Hyunwoo Yuk, Claudia E. Varela, Christoph S. Nabzdyk, Xinyu Mao, Robert F. Padera, Ellen T. Roche, Xuanhe Zhao Publicação: Nature DOI: 10.1038/s41586-019-1710-5
Por Reinaldo Azevedo -
Atualizado em 22 fev 2017, 22h57 - Publicado em 24 abr 2008, 14h19
Segundo manchete de hoje do Estadâo (aqui, link aberto), “o
Planalto vai fechar o cerco às organizações não-governamentais (ONGs),
na tentativa de coibir a biopirataria, a influência internacional sobre
os índios e a venda de terras na floresta amazônica”. O texto informa:
“A primeira ação de controle consta do projeto da nova Lei do
Estrangeiro, que está na Casa Civil e será enviado ao Congresso até
junho. Se a proposta for aprovada, estrangeiros, ONGs e instituições
similares internacionais, mesmo com vínculos religiosos, precisarão de
autorização expressa do Ministério da Defesa, além da licença do
Ministério da Justiça, para atuar na Amazônia Legal. Sem esse
procedimento, o ‘visitante’ do exterior terá seu visto ou residência
cancelados e será retirado do País.”
Podem esperar que vem gritaria por aí. HÁ NADA MENOS DE CEM
MIL ONGs atuando na Amazônia, e o projeto do governo indica que ninguém
sabe quem é e o que quer essa gente. Cem mil? Quer dizer que, se cada
organização tiver um único indivíduo, já serão cem mil pessoas só para
cuidar da região? As outras contas, vocês fazem sozinhos, né? Como se
vê, não existe área mais bem cuidada no Brasil…
Aí vem o ministro da Justiça, Tarso Genro, e manda ver: “Grande
parte dessas ONGs não está a serviço de suas finalidades estatutárias.
Muitas delas escondem interesses relacionados à biopirataria e à
tentativa de influência na cultura indígena, para apropriação velada de
determinadas regiões, que podem ameaçar, sim, a soberania nacional.”
Ah, é? Então o general Augusto Heleno, comandante geral da Amazônia,
estava certo? Mas não foi este mesmo Genro quem disse que o STF, ao
sustar a operação da Polícia Federal na reserva Raposa Serra do Sol,
estava agindo em função do clamor criado pela “mídia”? Espero que o
tribunal, ao julgar o caso, leve, então, em consideração as palavras do
próprio ministro da Justiça.
Cem mil ONgs na Amazônia? Queremos saber quais são, quantas pessoas
as integram, do que vivem e qual é o seu objeto. O governo estava
prestes a expulsar brasileiros de terras brasileiras sem nem mesmo saber
quantos são e o que fazem os estrangeiros que estão lá.
O lobby dessas organizações já começa a pressionar, acusando um viés
“militarista” no debate. O onguismo, com raras exceções, é um meio de
vida. Hoje, já deve “empregar” milhões de pessoas.
Parte considerável
recebe dinheiro de fora; outro tanto mama nas tetas oficiais; outro
pedaço ainda é só pretexto para abater pagamento de Imposto de Renda —
já que o onguismo ligado a grandes grupos empresariais também prospera.
Estranho que o país não seja ainda um paraíso, com tanta gente para
nos ensinar a ser verdadeiros patriotas. O Brasil é a velhinha cega do
planeta. Todo mundo quer ajudá-lo a atravessar a rua.
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcio Meira,
afirmou nesta quarta-feira (14) que 36 contratos firmados entre empresas
estrangeiras e aldeias indígenas como negociação de crédito de carbono
na Amazônia são considerados nulos e serão analisados individualmente
pela Advocacia-Geral da União (AGU).
A compra de terras indígenas por empresas estrangeiras veio à tona no
domingo (11) após reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”. O texto
informava que índios da etnia munduruku venderam uma área localizada em
Jacareacanga (PA), equivalente a 16 vezes o tamanho da cidade de São
Paulo, para a empresa irlandesa Celestial Green Ventures (CGV) por US$
120 milhões.
Em entrevista concedida em Brasília, Meira disse que não existe
regulamentação sobre a venda de terras por indígenas e por isso o
governo vai verificar que medidas serão tomadas neste caso.
O contrato previa como garantia à CGV “benefícios” sobre a
biodiversidade, além de acesso irrestrito ao território indígena. Em
contrapartida, os indígenas teriam que se comprometer a não plantar ou
extrair madeira das terras nos 30 anos de duração do acordo.
Mapa
divulgado pela Funai mostra em verde escuro 36 territórios indígenas
com propostas de contratos e projetos de Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação. Acordos de indígenas com empresas
estrangeiras são considerados nulos, diz presidente da instituição.
(Foto: Divulgação/Funai)
Em seu site, a empresa se apresenta como especializada em desenvolver o
mecanismo Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) e
informa que detém 17 áreas na Amazônia que vão contribuir para um
mercado de compensação de carbono, no qual farão parte empresas
emissoras de gases de efeito estufa da Europa.
A empresa Celestial Green Ventures, com sede em Dublin, foi procurada pela reportagem do Globo Natureza, mas informou que ainda não vai se manifestar sobre o assunto.
Irregularidades
De acordo com o Funai, ao menos 30 contratos como esse já foram
firmados e estão sendo acompanhados pelos departamento jurídico da
fundação há pelo menos um ano e meio. Juntas, essas áreas correspondem a
520 mil km² -- quase o tamanho total do estado da Bahia.
A instituição informa ainda que o principal risco deste tipo de acordo
com indígenas é falta de proteção às populações, que podem ser enganadas
ao assinar contratos de exploração em suas terras, além dar abertura
para a biopirataria (exploração ilegal de recursos naturais da
floresta).
Esse risco foi evidenciado na última semana pela ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira. A pasta informou que o debate sobre o tema é
responsabilidade da AGU e da Funai.
A assessoria de imprensa da AGU informou nesta quarta-feira que já
existe um parecer preliminar do contrato firmado entre a Celestial Green
Ventures e os índios Munduruku. O órgão se posiciona pela ilegalidade
de qualquer acordo, “uma vez que as terras habitadas pelos índios
pertence à União e não podem ser negociadas deliberadamente”.
Entretanto, a AGU ressalta que é um parecer preliminar, portanto,
inconclusivo, e que foi encaminhado aos órgãos envolvidos na questão
para que se posicionem no assunto.
A juíza substituta da 2ª Vara Cível
Federal da Seção Judiciária de Rondônia, Laís Durval Leite, anulou um
contrato entre a Associação Indígena Awo “Xo” Hwara e a organização
irlandesa Celestial Green Ventures PL para venda de usufruto de reserva
reserva indígena. A determinação questiona a venda da
propriedade de créditos de carbonos obtidos nas reservas indígenas
Igarapé Lage, Rio Negro-Ocaia e Igarapé Ribeirão, situadas no Município
de Guajará-Mirim/RO, configurando exploração comercial da terra
indígena.
A demarcação dessas reservas indígenas
foi homologada através do decreto nº 86.347, de 9 de setembro de 1981,
assinado pelo então Presidente da República, João Batista Figueiredo. A
área total corresponde a mais de 259.000.0000ha (duzentos e cinquenta e
nove mil hectares).
A Celestial Green Ventures PLC pagaria
a quantia de US$ 13 milhões de dólares americanos, em trinta parcelas
anuais de US$ 445 mil, à Associação Indígena.
Em sua decisão, a magistrada ratifica
que as terras indígenas são propriedade da União, portanto, ninguém pode
dispor daquilo que não lhe pertence. A informação foi divulgada por
Domingos Borges, do site NewsRondônia.
Ainda conforme a decisão, a as duas
partes devem se abster de negociar “quaisquer direitos sobre o usufruto
de terras indígenas, em qualquer lugar do território nacional, sem
anuência da União ou da FUNAI, sob pena de multa no valor de R$
1.000.000,00).
Uma operação da
Polícia Civil do Pará que prendeu quatro voluntários da Brigada de
Incêndio de Alter do Chão e apreendeu documentos da organização
não-governamental Projeto Saúde e Alegria (PSA) tem gerado protestos de
ativistas, entidades indígenas e grupos que atuam na Floresta Amazônica.
A Brigada de Alter do Chão é um grupo de voluntários formado em
2018 pelo Instituto Aquífero Alter do Chão para ajudar no combate às
queimadas na floresta e que atua em parceria com o Corpo de Bombeiros.
Já a ONG PSA, fundada por médicos, atua há 30 anos na floresta
fornecendo ajuda e serviços de saúde para a população local.
As
prisões e a busca e apreensão na sede da ONG fizeram da parte de
Operação Fogo de Sairé, lançada pela polícia para investigar incêndios
em Alter do Chão. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos
voluntários e os acusa de iniciar focos de incêndio para depois
combatê-los e arrecadar fundos enviados por entidades internacionais.
A
detenção dos brigadistas gerou mobilização de grupos indígenas,
movimentos sociais e ativistas pelo meio ambiente, que dizem que as
prisões tiveram motivação política e são uma tentativa de criminalizar
as ONGs, em meio à tensões fundiárias e pressões imobiliárias crescentes
na região — que é valorizada por ser um dos principais destinos
turísticos da Amazônia.
"Entendemos que essas acusações fazem
parte de uma estratégia para desmoralizar e criminalizar as ONGs e
movimentos sociais de forma caluniosa", diz em nota a associação
indígena Iwipuragã, do povo Borari, uma das mais de cem entidades que
saíram em defesa dos ativistas. "A Brigada de Alter sempre atuou em
defesa do nosso território, conhecemos a seriedade do trabalho e
honestidade dos nossos brigadistas."
Em coletiva de imprensa sobre
o caso, o delegado José Humberto Melo Júnior disse que que prisões
preventivas foram pedidas por existirem provas "robustas" da atuação dos
voluntários, citando vídeos feitos pelo grupo mostrando os incêndios e
áudios em que eles conversam sobre as queimadas. O inquérito ainda está
em andamento.
'Grande perplexidade'
A
Brigada, a ONG PSA, a defesa dos jovens presos e diversos ativistas
contestam as acusações feitas pela polícia. "[A prisão] é incabível, e o
que dizem ser provas não prova nada, é difamação", diz a arquiteta
Bruna Bichara, moradora da cidade e integrante da brigada. "A gente está
aqui para manter a floresta em pé."
A Brigada disse em nota que a
prisão "causou grande perplexidade" e que os brigadistas desde o início
contribuíram com as investigações da polícia, prestando depoimento e
fornecendo documentos. "A verdade real dos fatos virá à tona e a
inocência da Brigada será provada", diz a nota.
O advogado
Wlandre Leal, um dos que atuam na defesa dos quatro jovens presos, disse
que os critérios para a prisão preventiva não se aplicam ao caso e que
vai entrar com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do
Pará.
Segundo a legislação, para a prisão preventiva é necessário
que seja provado que há uma ameaça à segurança pública ou ao andamento
do processo.
A investigação do Ministério Público Federal não
apontou indícios de que os brigadistas tivessem iniciado o incêndio que
começou no dia 14 em Alter do Chão.
"Na investigação federal,
nenhum elemento apontava para a participação de brigadistas ou
organizações da sociedade civil", disse a entidade em nota publicada na
quarta (27).
A investigação apontou para outro caminho: a
suspeita é de que ele teria começado em terras invadidas por grileiros
investigados pelo MP desde de 2015. Um deles, Silas da Silva Soares, foi
condenado pela polícia e está foragido, segundo nota publicada pelo MPF em setembro.
O MPF, em um documento assinado por dez procuradores, também pediu à Justiça acesso ao inquérito completo da Polícia Civil, para avaliar se há competência federal para assumir a investigação, já que se trata do mesmo incêndio sendo investigado.
O incêndio que devastou Alter do Chão
Um
dos principais destinos turísticos da Amazônia, a floresta de Alter do
Chão foi atingida por um incêndio devastador que começou em 14 de
setembro e consumiu uma área de cerca de 650 mil m². Demorou quatro dias
para o fogo ser controlado pelo Corpo de Bombeirose e pelos
brigadistas.
A Polícia Civil afirmou que uma das provas contra os brigadistas é um vídeo feito pelo grupos onde "só estão eles" e o fogo.
As
brigadas de incêndio atuam em parceria com o Corpo de Bombeiros, mas,
segundo relatos feitos à BBC News Brasil, é comum que cheguem antes no
local dos incêndios, pois estão espalhados e moram mais perto das
regiões afetadas, que costumam ser de difícil acesso.
A
reportagem presenciou o grupo recebendo a notícia de alguns focos
restantes de incêndio, acompanhou a chegada ao local afetado antes do
Corpo de Bombeiros e apagando o fogo. Os brigadistas também fizeram
novas rondas pela região onde tinha ocorrido o incêndio para ver se não
havia novos focos — porque a mata seguia muito seca.
A arquiteta Bruna Bichara diz à BBC News Brasil que o
grupo não sai para fazer a detecção e o combate sem antes ter
autorização do Corpo de Bombeiros.
No dia 14 de setembro, quando a
fumaça na região foi vista pela primeira vez, o grupo acionou os
bombeiros e dois integrantes da brigada foram de moto até o local onde a
fumaça tinha sido vista, segundo ela.
Com a confirmação do fogo,
diz a arquiteta, um grupo de brigadistas se reuniu em frente à
delegacia da Polícia Civil de Alter do Chão e, dali, seguiu para o local
com a própria Polícia Civil.
"Fomos na viatura da polícia até o
ponto de fogo, onde a detecção havia sido feita, e eles voltaram para
nos buscar à noite", conta ela. "No dia seguinte, subimos o drone e
vimos a enorme linha de fogo que tinha na floresta. Foram três dias
intensos de combate ao fogo."
A BBC News Brasil questionou a Polícia Civil sobre isso, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Acusações citam até Leonardo DiCaprio
Em
entrevista coletiva sobre o caso, o delegado afirmou que a ONG criava
focos de incêndio para depois fotografar e que tinha um contrato para
vender fotos do incêndio por R$ 47 mil para a ONG WWF-Brasil.
Segundo
ele, as fotos teriam sido usadas em campanhas para amealhar doações
internacionais, incluindo uma do ator Leonardo de DiCaprio no valor de
U$ 500 mil.
A WWF-Brasil disse que essas acusações são
inverídicas. "A WWF-Brasil não adquiriu nenhuma foto ou imagem da
Brigada, nem recebeu doação do ator Leonardo DiCaprio." A entidade diz
que "fazer acusações sem provas é um desrespeito à Constituição".
A
WWF também afirma que repassou o valor de R$ 70 mil para a ONG comprar
equipamentos de combate ao fogo para os brigadistas, como abafadores,
sopradores, coturnos e máscaras de proteção.
Segundo a entidade, a Brigada ainda estava dentro do prazo para a prestação de contas sobre o uso do dinheiro.
A
Polícia Civil também afirmou que a Brigada teria recebido um
financiamento de R$ 300 mil, mas prestado contas de apenas R$ 100 mil.
A
Brigada, no entanto, diz que ainda estava em processo de prestação de
contas sobre as verbas que foram recebidas. "A Brigada fez a devida
declaração de doações no final do mês de setembro. Doações recebidas
após essa data estão sendo consolidadas e serão declaradas
apropriadamente."
O irmão de João Romano, um dos brigadistas que
foram presos, publicou um vídeo nesta quarta em que afirma que seu irmão
é inocente e que as acusações contra os brigadistas não são verídicas.
"Estão
colocando esses quatro meninos como criminosos, mas eles são vítimas de
alguma que eles mexeram lá, a gente não sabe direito o que acontece",
disse Moreno Romano no vídeo. "Esses quatro meninos arriscavam a vida
combatendo o fogo na Amazônia, defendendo a floresta"
"João mora
lá há três anos. Deixou uma vida confortável aqui em São Paulo para
morar numa cabana que nem parede tem no meio da floresta", diz.
Eugênio
Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria, diz que o destino dos recursos
recebidos da organização internacional Rainforest Alliance foi decidido
em conjunto com um grupo de trabalho composto pelas ONGs e por membros
do Corpo de Bombeiros, da Secretaria do Meio Ambiente e do ICMBio.
"Tinhamos
um recurso de R$ 140 mil e usamos para compra de material de combate e
treinamento de três brigadas. O único dinheiro repassado para a brigada
foi o que serviu para formação dos voluntários, que foi feita com o
apoio do Corpo de Bombeiros".
A Polícia Civil divulgou transcrições de áudios com
conversas de brigadistas dizendo que mais incêndios eram esperados, o
que, segundo as autoridades, seria prova de que os voluntários colocaram
fogo na floresta.
"É época de queimada, é claro que estavam
prevendo que teria muito mais fogo", diz Scannavino. A Brigada afirma
que os trechos de áudio estão sendo disseminados sem a devida
contextualização e que não são prova de nenhuma atividade ilegal.
Defesa das ONGs
Um
dos voluntários presos é Gustavo de Almeida Fernandes, que é gerente de
logística do Projeto Saúde e Alegria, alvo da operação de busca e
apreensão.
Segundo Eugênio Scannavino, os membros da ONG
acertavam os últimos detalhes de uma ação com 30 médicos para levar
atendimento e fazer cirurgia em um dos locais mais remotos do Pará
quando cerca de dez policiais armados entraram na sede da entidade.
Os
policiais, diz ele, levaram todos os equipamentos e documentos da ONG
que estavam no local. "Levaram tudo, os computadores, todas as nossas
notas fiscais, todos os documentos originais, o HD que tem o backup,
bloquearam nosso acessos às nossas contas."
A ONG foi recentemente
premiada pelo Prêmio Melhores ONGs do Brasil e é reconhecida pela Rede
de Empreendedorismo Social da Folha de S.Paulo.
"São prêmios
focados na gestão, na administração, que sempre foi impecável nos nossos
30 anos de trabalho", diz Scannavino. "Tivemos auditoria do Ministério
Público Estadual e passamos com louvor, temos um monte de auditoria o
tempo todo."
"Confio no trabalho dos brigadistas, tenho certeza
que eles não botaram fogo", afirma ele. "A gente recebe ameaças veladas
permanentes no nosso trabalho. Às vezes nossos carros são hostilizados,
nosso vigia já foi ameaçado. É um clima de insegurança permanente."
Caetano Scannavino, irmão de Eugênio e coordenador
do PSA, disse em coletiva de imprensa que a operação foi uma "situação
kafkaniana", em refererência ao livro O Processo, de Franz Kafka,
em que um homem inocente sofre um longo processo sem saber quais são as
acusações. Ele disse também que foi uma "ação política para tentar
desmoralizar as ONGs que atuam na Amazônia".
Mais de cem
entidades assinaram um manifesto de apoio ao Projeto Saúde e Alegria,
incluindo a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Belém, parte da
Igreja Católica, o Instituto Socioambiental (ISA), diversos sindicatos
de trabalhadores rurais que dependem da preservação da floresta,
diversos coletivos indígenas, redes de pesquisadores e instituições
educacionais que atuam na amazônia.
"Queremos que a polícia
investigue e prenda os grileiros e especuladores, as quadrilhas que
(...) usam o fogo como estratégia para limpar a área. E não que acuse
sem provas quem trabalha para defender a floresta", diz o manifesto.
A Anistia Internacional também se posicionou sobre o caso. "Não há, até
o momento, informações sobre as investigações ou os procedimentos
adotados pelas autoridades contra os acusados que justifiquem a decisão
pela prisão", diz a entidade.
Amazônia teve aumento de incêndios em 2019
Os incêndios são um problema crônico na Amazônia e costumam acontecer durante o período de seca.
Eles
podem ocorrer naturalmente, mas especialistas afirmam que a maioria dos
incêndios é causada pela atividade humana, como agricultores e
madeireiros limpando terras para plantio ou pastagem.
"O fogo
sinaliza a conclusão do processo de desmatamento", disse à BBC em
setembro a ecologista Michelle Kalamandeen, que trabalha na floresta
amazônica.
"As árvores gigantes da floresta tropical que
frequentemente associamos à Amazônia são cortadas, deixadas para secar
e, em seguida, o fogo é usado como ferramenta para limpar a terra para
prepará-la para pastagens, plantio ou até mineração ilegal."
O
número de incêndios foi o dobro entre janeiro e agosto de 2019 em
comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Área queimada na Amazônia brasileira
Questionado
sobre o problema, o governo do presidente Jair Bolsonaro inicialmente
desacreditou os próprios dados oficiais do Inpe, que é uma instituição
governamental, depois passou a afirmar que os fogos eram causados por
ONGs, sem apresentar evidências.
Depois das afirmações de
ativistas de que a prisão dos quatro brigadistas em Alter do Chão
tiveram motivação política, o governo do Estado do Pará soltou uma nota
dizendo que "não interfere em investigações da Polícia Civil, que é
autônoma".
Disse também que "não há nenhuma predisposição contra
qualquer segmento social", que "as ONGs são fundamentais para a
preservação das florestas no Estado" e que o governo "continua parceiro
de todas as instituições e entidades que respeitam as leis brasileiras."
Pacto lança desafio para restaurar mais 1 milhão de
hectares de Mata Atlântica, até 2025
07 Dezembro 2019
Organizações-membro do Pacto pela Restauração da Mata
Atlântica anunciaram hoje que pretendem promover a recomposição de mais 1
milhão de hectares de mata nativa até 2025. O desafio foi apresentado por
representantes dos 300 membros do movimento, que celebraram, em Belo Horizonte
(MG), os 10 anos da iniciativa.
A área que se espera recompor, ao longo dos próximos cinco
anos, equivale a quase duas vezes a do Distrito Federal. Em 15 anos de
movimento, o resultado acumulado será de 2 milhões de hectares de cobertura
florestal recuperada no bioma.
Lançado em 2009, o movimento identificou, este ano, que já
existem cerca de 740 mil hectares de mata em diferentes estágios de
restauração, em todo o bioma. Até o ano que vem, as organizações esperam
confirmar que esse número já esteja próximo de 1 milhão de hectares, com um
estoque de, pelo menos, 30 milhões de toneladas de carbono.
“Esperamos anunciar o alcance de 1 milhão de hectares em 2020 e mais 1 milhão
até 2025, acelerando o processo e concretizando uma contribuição efetiva do
Brasil para o combate ao aquecimento global, com recuperação da biodiversidade
e das paisagens florestais”, explica Renato Crouzeilles, pesquisador e
associado do Instituto Internacional para
Sustentabilidade (IIS), membro do Pacto.
Composto por ONGs, como o WWF-Brasil, institutos de
pesquisa, empresas, órgãos públicos e proprietários de terra, o Pacto Mata
Atlântica é formado por unidades regionais, sendo o maior esforço coletivo para
restauração de um bioma na América Latina. Para alcançar suas metas, no
entanto, precisará contar com a participação dos mais de 140 milhões de
brasileiros que vivem na área original da floresta atlântica.
“Precisaremos promover mais sensibilização e comunicação
para demonstrar que a restauração traz benefícios para todos os setores da
sociedade, incluindo agronegócio, indústria e turismo, além de melhorar a
qualidade de vida da população urbana e rural”, diz Crouzeilles.
“Não queremos a recuperação apenas por obrigação das leis,
que existem, mas pelo reconhecimento dos benefícios para a economia e a
produtividade rural”, completa.
Resguardada pela Lei da Mata Atlântica e também pela Lei de
Proteção da Vegetação Nativa, a recuperação de margens de rios, reservas
legais, áreas de preservação permanente e outras áreas desmatadas ilegalmente
tem também um grande potencial econômico. Envolvendo redes de coletores de
sementes, viveiros de mudas e profissionais comprometidos com a restauração da
floresta, a atividade gera trabalho e renda, melhorando os indicadores sociais
nas regiões onde ocorre.
Para acompanhar o andamento das atividades de restauração, o
Pacto também lançou, o seu sistema
de monitoramento online. A ferramenta, construída em parceria com o
MapBiomas, permite a visualização dos locais de projetos e áreas em processo de
recuperação no bioma Mata Atlântica, além dos viveiros e remanescentes
florestais existentes. Atualmente, o mapa aponta 37 mil hectares de projetos em
processo de restauração cadastrados e validados.
Segundo dados da Fundação
SOS Mata Atlântica, também membro do Pacto, o bioma abrange cerca de 15% do
território nacional, em 17 estados, sendo lar de 72% dos brasileiros e
concentrando 70% do PIB nacional. Restam apenas 12,4% da floresta da qual
dependem serviços essenciais como abastecimento de água, regulação do clima,
agricultura, pesca, energia elétrica e turismo.
Compromissos internacionais
A divulgação das metas para 2025 também faz parte do movimento #6D Its Now, que
aproveita a realização da 25a COP do Clima, em Madrid, esta semana,
para promover ações concretas contra as mudanças climáticas.
Por isso, nos próximos dias, membros do Pacto, como o Centro de Pesquisas
Ambientais do Nordeste (Cepan), de Pernambuco, o Grupo Ambiental Natureza Bela,
da Bahia, e a Associação Ambientalista Copaíba, de São Paulo, promoverão o
plantio de cerca 5 mil mudas, contemplando mais de 60 espécies da Mata Atlântica.
Ações de restauração de ecossistemas como essa são um dos
compromissos assumidos pelo Brasil junto à comunidade internacional para
limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C acima dos níveis
pré-industriais. Entre as ações voluntárias a serem conduzidas pelo país para
colaborar com o esforço global de combate ao aquecimento está a restauração de
12 milhões de hectares de ecossistemas naturais, até 2025.
“É um momento de importância estratégica muito grande,
porque marca o vínculo com as agendas internacionais, como o Desafio de Bonn e
os compromissos climáticos do Acordo de Paris, que têm uma ligação estreita com
os processos de restauração, principalmente do bioma Mata Atlântica”, comenta
Thiago Metzker, diretor-presidente do Instituto
Bem Ambiental (IBAM), membro do Pacto.
Entre os seis principais biomas brasileiros, a Mata
Atlântica deve ser o que receberá mais ações para viabilizar o alcance de cerca
de metade da meta nacional, totalizando aproximadamente 5 milhões de hectares
restaurados no período. A área é pouco maior que o estado do Rio de
Janeiro.
Os ambiciosos objetivos nacionais foram reforçados quando o
país aceitou o Desafio
de Bonn, em 2011, ano em que foi projetada a restauração de 150 milhões de
hectares de ecossistemas nativos até 2020, em todo o mundo.
Para cumprir esses compromissos, o Estado brasileiro criou a
Política Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa, em 2015, que estrutura as
ações de restauração, visando estimular e garantir a efetividade e verificação
dos resultados em campo, em larga escala.
As articulações internacionais serão impulsionadas nos
próximos anos pela Década
da Restauração, declarada de 2021 a 2030, quando a Organização das Nações
Unidas (ONU) prevê a ampliação dos esforços de recuperação de ecossistemas
terrestres e marinhos que se encontram em estágios críticos de degradação.
10 anos apoiando a restauração
Formado inicialmente por especialistas em restauração
florestal, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica priorizou o
desenvolvimento e validação de metodologias, como forma de garantir a
efetividade das ações, por meio de plantio de mudas ou regeneração natural
acompanhada, entre outras técnicas.
“O Pacto construiu a governança e as ferramentas necessárias
para estabelecer as bases do movimento, avançando em questões importantes, como
o referencial teórico, o protocolo de monitoramento e um banco de dados de
áreas que deram a consistência e a unificação do movimento”, explica Ludmila
Pugliese, Coordenadora Nacional do Pacto e sócia-fundadora da KAWA Estratégias Sustentáveis.
Os estudos permitiram a identificação dos custos e técnicas
para promover a restauração da forma mais eficiente, empregando cuidados
simples ou integrados para o crescimento de espécies como pau-brasil,
grumixama, ipê e jequitibá.
“Nos próximos 5 anos, esperamos continuar a fortalecer ainda
mais nossa incidência política e expandir os nossos resultados, por meio das
unidades regionais, ampliando as áreas recuperadas e engajando outros atores
nessa cadeia da restauração”, projeta Pugliese.
Raízes do Pacto
O objetivo de longo prazo do Pacto é restaurar 15 milhões de
hectares de mata nativa até 2050, recuperando áreas identificadas como
degradadas ou com baixa aptidão para agropecuária.
Para o sucesso das ações e redução dos custos envolvidos
neste processo, foi desenvolvido o ‘Referencial
Teórico sobre Restauração Ecológica da Mata Atlântica’. Elaborado pelo
Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF) da ESALQ/USP, documento
que contém metodologias e informações técnicas sobre reflorestamento, apoiando
o engajamento de atores importantes para o alcance das metas.
O Conselho de Coordenação do Pacto pela Restauração da Mata
Atlântica é formado por: ABRAMPA - Associação Brasileira do Ministério Público
do Meio Ambiente, Associações e colegiados Rede de ONGs da Mata Atlântica,
LASTROP - Laboratório de Silvicultura Tropical, LEPaC - Laboratório de Ecologia
da Paisagem e Conservação, CEPAN - Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste,
AES TIETE ENERGIA S/A, ARCPLAN SS Ltda, Florestal Maarin Ltda, KAWA Estratégias
Sustentáveis Ltda, MADASCHI PERIGO E SOUZA LTDA, Mudas Florestais Camará,
Nativus Sementes, Sig Ambiental, Sucupira Agroflorestal, Secretaria de
Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Fundação SOS Mata
Atlântica, IBAM - Instituto Bem Ambiental, Instituto ÇaraKura, IIS - Instituto
Internacional para Sustentabilidade, ISA - Instituto Socioambiental, Mater
Natura - Instituto de Estudos Ambientais, TNC - Instituto de Conservação
Ambiental The Nature Conservancy Brasil, WeForest e WRI Brasil.
A restauração florestal traz vários benefícios para a
biodiversidade e para a sociedade, entre eles: o aumento de conectividade entre
os remanescentes florestais, viabilizando a troca genética e assim a proteção
da biodiversidade; a regulação do clima e a mitigação dos efeitos de gases
estufa; a proteção hídrica por meio das matas ciliares que filtram sedimentos e
poluentes; a proteção do solo, minimizando a erosão e a sua degradação; além de
garantir o fornecimento de diversos produtos, como madeiras, plantas medicinais
e outros.
Protestos pedem mais ações para conter mudanças climáticas
Nova mobilização do movimento Greve pelo Futuro reuniu
milhares de pessoas em Berlim, Varsóvia, Lisboa, Tóquio e Johanesburgo.
Na França, manifestantes tentaram bloquear depósito do site Amazon.
Milhares de manifestantes se reuniram em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim
Milhares de manifestantes pelo mundo saíram às ruas nesta sexta-feira
(29/11) para exigir que líderes políticos adotem medidas concretas para
combater o aquecimento global. O movimento ocorre três dias antes do
início da Conferência sobre as Mudanças Climática (COP25) em Madri. A
mobilização mundial foi iniciada pelo movimento Greve pelo Futuro
(Fridays for Future) e, segundo os organizadores, ocorreu em 2.400
cidades em 157 países.
Na Alemanha, o movimento levou às ruas
habitantes de 500 cidades. Os organizadores calcularam que 100 mil
pessoas aderiram aos protestos. Dezenas de milhares de estudantes
concentraram-se em frente do Portão de Brandemburgo, em Berlim.
Ainda
na capital alemã, cerca de duas dúzias de ativistas ambientais saltaram
para as águas geladas do rio Spree em frente à sede do Bundestag
(Câmara baixa do Parlamento) para protestar contra o pacote climático do
governo alemão. Eles afirmaram que o conjunto de medidas não é
suficiente para reduzir os gases que provocam o efeito de estufa no
país. Parte do pacote foi bloqueado hoje pelo Bundesrat (Câmara alta do
parlamento), que representa os 16 estados do país, por divergências
sobre quem vai financiar algumas das medidas.
Alguns manifestantes em Berlim pularam nas águas geladas do rio Spree, em frente à sede do Bundestag
Os
primeiros protestos do dia foram registrados na Austrália, onde pessoas
afetadas recentemente pelos devastadores incêndios florestais que
atingiram o país se juntaram a grupos de ambientalistas para protestar
contra o governo, que é acusado de favorecer a energia fóssil.
A
jovem ativista Greta Thunberg, que deu início ao movimento em 2018, não
participou diretamente hoje. Ela ainda está atravessando o Atlântico num
veleiro para participar da Conferência em Madri. A COP25 estava
prevista para ocorrer originalmente no Chile, mas foi transferidapara
a Espanha depois da eclosão de protestos no país sul-americano. Ela
esperava chegar a tempo de participar dos protestos em Lisboa, mas a
viagem foi atrasada pelo mau tempo no oceano.
À distância, Greta
publicou uma mensagem de apoio aos manifestantes. "Todos são
necessários. Todos são bem-vindos. Junte-se a nós", escreveu no Twitter.
Outras
manifestações foram registradas na Coreia do Sul, na Polônia, na
Inglaterra, na Turquia, na Itália, na Espanha, na França e em Portugal.
Na África do Sul, manifestantes empunharam cartazes a com frases como
"parem a poluição agora" em frente à bolsa de valores Johanesburgo.
Manifestantes em Turim, na Itália, com uma faixa com o slogan: “Não há um planeta B”
No
Japão, centenas de pessoas protestaram no distrito de Shinjuku, em
Tóquio, para demonstrar seu apoio ao movimento. Em Varsóvia, na Polônia,
ativistas, alguns usando máscaras de gás, estenderam faixas com os
dizeres: "Salve nosso planeta" e "Polônia sem carvão em 2030".
Já
na França, ativistas protestaram em sedes da empresa Amazon para
protestar contra o mega evento anual de compras da Black Friday, que foi
acusado de agravar o consumismo desenfreado e aumentar a pressão sobre
os recursos do planeta.
Algumas dezenas de manifestantes fizeram
uma manifestação ao amanhecer em frente a um prédio administrativo da
Amazon em Paris, segurando placas como "Não à Amazon e ao seu mundo".
Outros ativistas em Lyon foram mais longe e tentaram bloquear o acesso a
um centro de logística da empresa nos arredores da cidade. A polícia
agarrou e arrastou vários manifestantes para liberar o acesso.
Na
Nigéria, vários jovens marcharam em Lagos com mensagens como "Não há
Planeta B" e "Parem de negar que a Terra está morrendo" enquanto
veículos que passavam buzinavam, em apoio.
JPS/lusa/ap/dpa
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Brasil está entre países com piores políticas climáticas, diz índice
Apesar de subir uma posição no Índice de Desempenho
perante as Mudanças Climáticas em relação ao ano passado, país deixa a
desejar em termos de políticas ambientais. EUA são apontados como
grandes vilões do clima.
"Especialistas estão preocupados com as taxas de desmatamento e com os extensos incêndios florestais na Amazônia", diz relatório
O Índice de Desempenho perante as Mudanças Climáticas (CCPI, na sigla
em inglês), divulgado nesta terça-feira (10/12) pelo Instituto
NewClimate, pela ONG Germanwatch e pela rede Climate Action Network,
destaca as economias com a maior intensidade de emissões de gases
poluentes do mundo e indica quem está trabalhando mais em termos de
proteção climática.
O estudo analisou e comparou os progressos
feitos em prol da meta estabelecida pelo Acordo de Paris, de manter o
aquecimento global abaixo de 2°C, em 57 países, além da União Europeia
(UE) como um bloco. Juntos, esses Estados são responsáveis por mais de
90% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Os países
foram classificados em quatro áreas: emissões de gases de efeito estufa,
parcela de energia gerada por fontes renováveis, consumo de energia per
capita e política atual e climática.
Apesar de ter avançado uma
posição no ranking em relação ao ano passado, passando do 22º para o 21º
lugar, na classificação geral, o Brasil aparece com desempenho "médio"
em relação à proteção climática.
Em termos de energia renovável, o
desempenho do país foi classificado como "alto". Com mais de 70% de sua
energia proveniente de hidrelétricas, o Brasil foi o líder mundial
nessa área.
No entanto, o país ficou entre os últimos colocados
(em termos de política climática. O relatório do CCPI aponta que, o
Brasil tem uma parcela comparativamente alta de energias renováveis, mas
falta planejamento para expandir essas fontes de energia.
Além
disso, "especialistas apontam para a para a falta de políticas de
redução de emissões no longo prazo e para a eliminação progressiva dos
subsídios aos combustíveis fósseis", diz o texto.
"Especialistas estão preocupados com as taxas de desmatamento, as mais altas da última década,
e com os extensos incêndios florestais na Amazônia, enquanto o governo
do presidente Bolsonaro cortou o orçamento da agência ambiental de
prevenção de incêndios", prossegue o relatório.
Assim
como o Brasil, os Estados Unidos tiveram sua política climática
avaliada como "muito baixa". Se houvesse uma segunda divisão para a ação
climática, o país seria rebaixado imediatamente. Já em declínio no
ranking de 2018, o país chegou neste ano ao fim da tabela.
"A
política de proteção climática está em retrocesso", disse Höhne sobre os
EUA. Sob o presidente Donald Trump, muitas regras ambientais foram
descartadas e Washington deverá deixar o Acordo de Paris no próximo ano.
O consumo energético per capita no país é mais que o dobro do da UE e
dez vezes maior que o da Índia.
Além de Brasil e Estados Unidos,
aparecem nas piores colocações em termos de política climática: Malta,
República Tcheca, Hungria, Romênia, Polônia, Japão, Argélia, Bulgária,
Turquia e Austrália.
Suécia no topo do ranking
Os
cientistas envolvidos no estudo concordam que, até o final deste
século, a temperatura do planeta deve ficar pelo menos 3°C mais alta do
que era antes da Revolução Industrial – a menos que sejam reduzidas
drasticamente e rapidamente as emissões de CO2 produzidas pelo ser
humano.
Até agora, há pouco sinal disso, de acordo com o índice
divulgado nesta terça. "Tradicionalmente, o índice de proteção climática
deixa em aberto os três primeiros lugares", disse à DW Niklas Höhne, um
dos autores do relatório. "E eles não foram ocupados novamente este
ano, porque nenhum país fez o suficiente para cumprir o acordo
climático."
Com nenhum país considerado digno de ouro, prata ou
bronze, a Suécia ficou em quarto lugar no ranking. A nação nórdica
obteve boa classificação em termos de política, na meta de alcançar o
fornecimento de 100% de energia renovável até 2040 e no imposto mais
elevado sobre emissões de carbono do mundo, com 114 euros por tonelada.
Em comparação, a Alemanha planeja introduzir um imposto de 10 euros por
tonelada de carbono emitido em 2021.
Atrás da Suécia, Dinamarca e
Marrocos ficaram em quinto e sexto lugares. A Alemanha ocupou o 23º
lugar. Atualmente, o maior perdedor climático da Europa foi a Polônia,
em 50º lugar. A China subiu no ranking em relação ao ano passado, mas
ainda está na metade inferior da tabela, na 30ª posição.
Um movimento sutil na direção certa
As
emissões totais estiveram caindo em mais da metade dos Estados
analisados, "particularmente os países industrializados menores e
aqueles em desenvolvimento", disse à DW Ursula Hagen, coautora do
relatório. "Esse é um aspecto positivo e nos dá esperança de uma
reviravolta."
"Vemos movimentos sutis na direção certa", afirmou
Höhne. Mas as maiores economias industrializadas do mundo, que fazem
parte do G20, "infelizmente ainda estão com um desempenho muito ruim".
"Mais da metade do G20 está na metade inferior do índice", apontou.
Logo
atrás de seu vizinho nórdico, a vice-campeã Dinamarca é um país pequeno
com grande pontuação em política climática. O objetivo é reduzir 70% de
suas emissões de CO2 até 2030, quando planeja eliminar gradualmente o
carvão.
O Marrocos também impressionou os pesquisadores. Já em
2015, ele se tornou um dos poucos países em todo o mundo a começar a
cortar subsídios aos fornecedores de energia fóssil, diz o estudo.
Também ganhou pontos pelo baixo consumo energético e pelo
desenvolvimento de energia renovável, que deverá suprir 52% de sua
demanda até 2030.
Neste ano, pela primeira vez, a Índia ficou
entre os dez primeiros do índice de proteção climática, obtendo notas
altas pelo consumo relativamente baixo de energia per capita e – ao
contrário dos EUA e da Europa – pelas baixas emissões de gases de efeito
estufa. A Índia também investiu pesado em energias renováveis, que
deverão fornecer 40% de sua demanda até 2030. "Acho algo extremamente
impressionante para um país nesse nível de desenvolvimento", afirmou
Höhne.
Pontos foram retirados, no entanto, pelos planos da Índia
de construir novas termelétricas a carvão, a fim de atender parte do
restante de sua crescente demanda por energia.
"Em minha opinião,
cabe à comunidade internacional ajudar a Índia a evitar esse
desenvolvimento, mudando, em vez disso, para fontes alternativas de
energia", acrescentou Höhne.
Europa e Alemanha precisam levar a sério
O
relatório saudou os apelos da nova presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, no sentido de que a União Europeia eleve suas
metas de redução de emissões para 2030 de 40% para 55%.
"Essas
metas são a razão pela qual atribuímos à UE uma boa classificação em
política climática", observou Ursula Hagen. "Assim como o objetivo de
neutralidade climática até 2050, isso agora deve ser alcançado com
medidas concretas. Até agora, há pouca ou nenhuma estratégia de fato."
Atualmente,
a UE não está a caminho de alcançar as metas climáticas de Paris. Nem a
Alemanha, cuja política climática Hagen descreve como "inexpressiva" e
"incompatível" com o Acordo de Paris.
Höhne descreveu o pacote de
política climática adotado recentemente pela Alemanha como "um passo na
direção certa, mas muito pequeno", acrescentando que o país precisaria
de "um compromisso claro com a neutralidade climática". Até lá, ele
ocupará uma posição mediana no índice, bem longe de um dos lugares
vazios no pódio dos vencedores.
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