terça-feira, 23 de maio de 2023

São Paulo ganha novos minibosques urbanos, pequenos pulmões no meio do concreto da maior metrópole do país

 

https://conexaoplaneta.com.br/blog/sao-paulo-ganha-novos-minibosques-urbanos-pequenos-pulmoes-no-meio-do-concreto-da-maior-metropole-do-pais/#fechar



São Paulo ganha novos minibosques urbanos, pequenos pulmões no meio do concreto da maior metrópole do país

São Paulo ganha novos minibosques urbanos, pequenos pulmões no meio do concreto da maior metrópole do país

Em meio ao cinza e ao barulho dos veículos da maior metrópole do Brasil, pequenos oásis verdes. São Paulo ganhará até o mês de julho oito novas miniflorestas urbanas, pequenos bosques instalados em espaços públicos ao lado de alguns dos principais pontos de acesso a vias importantes da capital. Cinco deles estão ao longo da Marginal do Rio Tietê.

Com áreas que variam em tamanho entre 2,5 e 4,8 mil m² – o maior deles ao lado do Viaduto Aliomar Baleeiro, na Saúde, zona sul da cidade, tem mais de 14 mil m² – os futuros bosques estão todos sendo preparados para receber espécies de árvores nativas do Cerrado e da Mata Atlântica. No total, serão plantadas 3.600 delas, que em cinco anos já deverão estar adultas, dando flores e frutos.

Todavia, antes do plantio, o solo precisa de um trabalho de cerca de dois meses para receber as árvores. É descompactado, tem seu pH corrigido, adubado com material orgânico (restos de podas) e ainda recebe uma camada de proteção com resíduos provenientes das podas municipais. Depois disso, aí sim, é hora de receber jabuticabeiras, goiabeiras, imbaúbas, ipês, guajuviras, mirindibas rosas e outras tantas espécies da flora brasileira. 

A iniciativa da prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras, tem uma série de objetivos: ampliar a permeabilidade do solo; reconstituir habitats naturais; recuperar ecossistemas; aumentar a cobertura vegetal; preservar a flora e fauna, além promover a melhora da qualidade de vida da população.

O projeto dessas miniflorestas segue o modelo do primeiro já existente, ao lado da avenida do Estado, próximo ao Parque D. Pedro, no centro histórico da capital, na região da Sé.

A expectativa da prefeitura é que esses espaços verdes também ajudem a reduzir a poluição, servindo como uma espécie de “pulmões” espalhados pela cidade. Árvores absorvem o gás carbônico da atmosfera, o CO2, apontado como sendo um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.

Segundo os especialistas envolvidos no projeto, a cada sete árvores é possível sequestrar uma tonelada de carbono nos seus primeiros 20 anos de idade.

Cada um dos oito novos minibosques será batizado com o nome de uma ave. E que para que possa atrair a referida espécie em seu espaço, terá nele árvores que atraem esse pássaro. No Bosque das Maritacas, por exemplo, há uma quantidade maior de jerivás, uma palmeira que produz um fruto que é o alimento preferido das…. maritacas!

São Paulo ganha novos minibosques urbanos, pequenos pulmões no meio do concreto da maior metrópole do país

Imagem aérea do Bosque das Maritacas
(Foto: Edson Lopes Jr./Secom)

Novos minibosques da capital paulista

Cambacica: seu nome significa pássaro pequeno. Se alimenta de néctar, frutas e artrópodes. Localizado na alça de acesso à Ponte das Bandeiras.

Corruíra: é uma grande cantadora e seu canto é trinado, alegre e melodioso, considerado por muitos como a ave brasileira como canto mais bonito. Situado na alça de acesso à Ponte Cruzeiro do Sul.

Garça: comum à beira dos lagos, rios e banhados. Alimenta-se principalmente de peixes, mas também de roedores, anfíbios, répteis, insetos, pequenas aves. Fica na alça de acesso à Ponte Cruzeiro do Sul.

Curicaca: seu nome significa ave com bico em forma de foice e com cauda curta. Se alimenta de artrópodes, como centopeias, aranhas, insetos adultos e larvas. Pode predar pequenos lagartos, ratos, caramujos, anfíbios e pequenas serpentes. Localizado na alça de acesso à Ponte das Bandeiras.

Periquito: ave psittaciforme da família Psittacidae, que se alimenta de frutas, principalmente coquinhos e sementes. Situado na alça de acesso à Ponte das Bandeiras.

Tuim: a menor ave da família dos papagaios e periquitos no Brasil. São atraídos por árvores frutíferas como jabuticabeira, goiabeiras e imbaúbas. Adora os cocos de muitas palmeiras (alimentação predileta). Fica alça de acesso à Ponte das Bandeiras.

Asa-branca: ave que inspirou Luis Gonzaga e Humberto Teixeira a compor uma das mais conhecidas canções populares brasileiras, Asa Branca. Situado ao lado do Terminal Cidade Tiradentes.

Beija-flor: pequeno e colorido, é um importante polinizador, já que ao introduzir seu bico na flor em busca de alimento, milhares de grãos de pólen grudam em seu corpo e ele acaba levando-os de uma flor a outra. Maior de todos os bosques, com área total de 14.744,50 m², está na alça de acesso ao Viaduto Aliomar Baleeiro.

*Com informações da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo

Leia também:
Prefeitura de São Paulo aprova lei que prioriza plantio de árvores que atraem abelhas
Campo Grande, São Carlos e São José dos Campos estão entre as 120 cidades mais arborizadas do mundo
Avenida mais famosa de Paris vai ficar mais verde: com mais árvores e espaço para pedestres, e menos carros
Plantar árvores salva milhões de vidas nas grandes cidades
Prédio em Londres terá floresta com mais de 100 árvores e milhares de plantas no telhado

Foto de abertura: Edson Lopes Jr./Secom

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

 https://conexaoplaneta.com.br/blog/80-especies-de-aves-deixam-de-ser-observadas-no-interior-paulista-devido-a-degradacao-ambiental/#fechar



80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

Um mapeamento em quatro unidades de conservação no interior do estado de São Paulo soou um grave alerta: das 358 espécies de aves registradas há algumas décadas nessas áreas, apenas 278 foram observadas durante o mais recente monitoramento de campo. Ou seja, 80 delas podem ter deixado de ocorrer na região.

O trabalho, realizado entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), aconteceu na Reserva Biológica de Andradina e nas Estações Ecológicas de Marília, de Paulo de Faria e de Santa Maria. As aves eram identificadas por meio de binóculos e também de seus sons.

“Foram realizados inventários de aves nessas unidades de conservação de proteção integral porque elas são pouco conhecidas e estudadas. Nosso intuito era atualizar as informações sobre as suas aves, bem como aumentar a sua visibilidade para demais atividades, como pesquisa e educação ambiental”, diz Vagner Cavarzere, professor do Instituto de Biociências da Unesp e um dos autores do trabalho.

Das 80 espécies que não foram observadas nesse levantamento, 50% são florestais, que vivem apenas dentro das matas.

“Isso é um indicativo de que, depois da degradação ambiental que o interior paulista sofreu, mesmo as áreas destinadas para a preservação, sofrem com a falta de qualidade ambiental e não garantem a sobrevivência de determinadas espécies”, explica Cavarzere.

O pesquisador destaca que degradação ambiental envolve desde a fragmentação da vegetação nativa até a retirada ilegal de madeira, a ocorrência de queimadas e incêndios florestais e a ausência de proteção contra a entrada de gado.

“Não é uma batida de martelo, pois nosso esforço amostral não foi enorme. No entanto, conhecemos as espécies sem registro de anos de estudos de campo, então a não-detecção delas é um indicativo de que algo está errado com a vegetação”, diz o pesquisador.

Ainda segundo ele, o que chama atenção é que mesmo nessas áreas mais protegidas, as espécies florestais não foram registradas. Infelizmente, apesar de em geral unidades de conservação serem mais conservadas, ainda assim sofrem com queimadas caça ilegal.

Entre as espécies não registradas, todas endêmicas da Mata Atlântica, estão a juruva, o macuru-de-barriga-castanha, o surucuá-variado e o miudinho – na imagem que abre este post.

“Já entre aquelas ameaçadas [de extinção] e não avistadas estão a arara-vermelha, o mutum-de-penacho e a maracanã”, relata o especialista.

O artigo científico publicado na Revista do Instituto Florestal pode ser lido, na íntegra, neste link.

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

O surucuá-variado, também conhecido como surucuá-de-peito-azul
Foto: Dario Sanches from São Paulo, Brazil, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Leia também:
Mutum-de-penacho, espécie ameaçada de extinção, é reintroduzido em áreas de São Paulo e Mato Grosso do Sul
Extinção de espécies fará com que aves com características únicas desapareçam e sobreviventes sejam cada vez mais parecidas, temem cientistas
Uma em cada oito aves do planeta está em risco de extinção

Foto de abertura: Dario Sanches from São Paulo, Brasil, CC BY-SA 2.0 via Wikimedia Commons