Publicado em dezembro 1, 2015 por
Redação
[
EcoDebate]
A pesquisadora científica da Universidade Federal do Paraná, Sônia
Stertz, doutora em Tecnologia de Alimentos, presidente da Sociedade
Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos na Regional do Paraná,
registra que as crianças apresentam níveis duas vezes mais elevados de
pesticidas no sangue e seus efeitos são até 10 vezes mais intensos do
que em adultos.
“Até a idade de dois anos, crianças produzem pouco de uma enzima
chamada Paraoxonase-1, que auxilia na detoxificação ou eliminação de
pesticidas organofosforados. Algumas crianças só atingem níveis normais
dessas enzimas aos 7 anos”, assevera, citando investigação feita pela
Universidade de Berkeley, na Califórnia.
Dados oficiais do governo americano revelam que pesticidas
organofosforados são encontrados no sangue de 95% das pessoas testadas.
Esta exposição se relaciona e é registrada como causa da hiperatividade,
de distúrbios de comportamento, de distúrbios do aprendizado, também de
atrasos do desenvolvimento e de disfunção motora.
A maior motivação para o consumo dos orgânicos deve ser o que estes
alimentos estão isentos, pois são livres de resíduos e aplicações de
agrotóxicos em geral. Alimentos orgânicos são produzidos sem hormônios,
antibióticos, pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos, irradiação
e modificações genéticas.
“O agrotóxico no alimento, ao ser ingerido pela população, tem um
efeito cumulativo, vai se acumulando no organismo. Pode levar a algum
tipo de doença crônica não transmissível”, alerta a Agência Brasileira
de Vigilância Sanitária (ANVISA).
“Principalmente neurológicas, endócrinas, imunológicas e hoje a
questão do aparelho reprodutor, como infertilidade, diminuição do número
de espermatozoides e a questão do câncer”, explica Heloísa Pacheco,
coordenadora do ambulatório de Toxicologia da UFRJ. Exposição a
agrotóxicos é muito mais responsável por casos de câncer e neoplasias do
que se imagina.
Os
agrotóxicos podem
ser hidrofílicos ou lipofílicos quando se combinam com moléculas de
água ou gorduras respectivamente, e se acumulam no organismo. E por isso
induzem a moléstias muito tempo depois d serem acumulados.
A médica Silvia Brandalise, pesquisadora da Unicamp, estuda as causas
de câncer, principalmente entre crianças. Ela atesta que pesquisas já
comprovaram que, a exposição aos venenos usados nas plantações estão
relacionadas com a leucemia e tumores no cérebro.
A alimentação com
excesso de agrotóxicos e produtos químicos também faz parte dos fatores
de risco, conforme já exposto, em proporção muito maior que se imagina.
Entre os alimentos bastante consumidos estão batata, morangos, cenoura, tomate, repolho, cebola, alface, trigo e leite.
Pesquisas mostram que os alimentos orgânicos apresentaram uma
tendência, que pode ser considerada mais satisfatória, com teores mais
elevados de nutrientes, como matéria seca, cinzas, fibra alimentar,
carboidratos e alguns minerais considerados relevantes para a saúde,
como o ferro e o selênio.
As amostras que mais se destacaram foram a batata com 33% de selênio,
54% de ferro, 36% de fósforo, 17% de cálcio e 21% de fibra alimentar, e
o morango com 342% de ferro, 63% de fósforo, 183% de magnésio, 80% de
potássio, 34% de cálcio, 26% de fibra alimentar, 24% de proteínas e 56%
de sacarose, seguidos do agrião com 145% de Selênio e 82% de Ferro, a
cenoura com 425% Selênio e finalizando a couve-flor com 95% de Selênio.
Para uma alimentação mais segura, se recomenda o consumo de alimentos
certificados, como os orgânicos, e os alimentos de época, que a
princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem
produzidos.
A percepção de que cada vez mais as pessoas estão preocupadas com a
qualidade dos produtos que consomem e também com o impacto ambiental
causado pelo consumo exagerado tem levado ao incremento do mercado de
orgânicos para recém-nascidos.
Os cardápios são preparados sem alimentos provenientes de agricultura
convencional, conservantes ou produtos químicos, utilizando o
ultra-congelamento como forma segura de preservar a textura, aroma e o
valor nutritivo.
Na chamada agroecologia, por exemplo, se utilizam policultivos que já
eram disseminados entre os primitivos indígenas, e que são incentivados
por escolas como a da permacultura, como forma de manter o equilíbrio
da biodiversidade de forma de insetos, plantas, bactérias e fungos
convivam em harmonia, sem se reproduzirem de forma descontrolada. As
“pragas” da agricultura convencional são tratadas como meras indicações
da ocorrência de desequilíbrios, pelas práticas de agricultura
agroecológica.
Os mecanismos mais comuns de operação dos agrotóxicos é a inibição da
ação de enzimas que acabam gerando colapsos sinápticos, ou seja, de
transmissão de informações ao cérebro através de conexões de neurônios.
Convenhamos que ao menos as crianças devem ser preservadas destes
cenários apocalípticos.
http://revistacorpore.com.br/materias/nutricao—alimentacao/organicos/alimentos-com-agrotoxico-trazem-mais-riscos-a-saude-das-criancas
Dr. Roberto Naime,
Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental.
Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade
Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na
Amazon.
in
EcoDebate, 01/12/2015
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