8 de setembro de 2015
Nas décadas de 1980 e 90, o dólar estava
nas alturas, viagens internacionais eram algo luxuosíssimo, importações
eram dificultadas por impostos e barreiras e, além de tudo, havia muita
inflação e crises econômicas sucessivas.
Isso lembra alguma coisa, não? Pois é:
já que Dilma Rousseff instituiu um clima RETRÔ em nossa economia, e
também considerando que precisamos de alguma forma desanuviar, soltamos
esta lista com 10 produtos clássicos da época em que os importados eram
quase sempre provenientes do nosso vizinho e amigo Paraguai (“Paráguas”,
para os íntimos).
Vamos lá!
Acepipes Diferentes
Quando alguém aparecia com essas “iguarias” da culinárias “saudável”,
havia apenas uma certeza: alguém da família tinha ido para o Paraguai –
ou, no máximo, tinha passado no muambeiro do bairro (todo bairro tinha
um).
Era infalível a presença do CHICLETE DE BOLINHA, do CHICLETE DE METRO e da BATATINHA “PRÍNGÔUS”:
E o susto quando abríamos a batata pela primeira vez e ela “estourava” por causa do ar comprimido?
Bônus: dava muita raiva quando algum idiota fazia isso (e sempre tinha algum idiota que fazia isso):
Tenis e Boné
A galera menos abastada ganhava o glorioso FORWARD, que durava
exatamente 3 partidas de futebol (há relatos de um forward que, sem
ficar completamente destruído, teria aguentado 5 jogos – mas isso
circula apenas como lenda):
Quem tinha mais grana, por sua vez,
trazia os cobiçadíssimos REEBOOKS e NIKES, não raramente com nomes
diferentes como REDOK, NAKE e afins. Na imagem, um original, mesmo:
E, por fim, no final dos 80s veio a moda
do BASQUETE AMERICANO, impulsionada por nomes como Magic Johnson e
Michael Jordan. Ostentar um boné como este da imagem era coisa finíssima
nas mais variadas turminhas (e a coisa chegou ao ponto de que era comum
ver até FLÂMULAS de times da NBA, NFL e até HOQUEI nas casas da
rapaziada, sem que ninguém de fato torcesse ou acompanhasse qq coisa
daquilo):
Brinquedos
Hoje, estamos todos acostumados com a infinidade de bonequinhos,
bonequinhas e demais brinquedos de todo tipo oferecidos na rua, por
camelôs, ou ainda a preços razoáveis até nas lojas de shopping. Mas
houve um tempo em que eles eram bem caros e, mais ainda, inacessíveis.
Aí o jeito era recorrer aos amigos da SACOLA, que vinham de PUERTO STROESNNER com coisas do tipo:
Muitas vezes as “barbies” e “gijoes” não eram propriamente originais e vinham com, vamos dizer, alguns defeitinhos aqui e ali
Games
Depois do Atari, certamente uma grande febre, veio o Master System,
contra o qual também surgia o Phanton System. No chute, podemos afirmar
que o Master ganhou breve dianteira, mas a concorrência acabou levando a
melhor. Motivo: as fitas do NINTENDO eram compatíveis e, contra elas,
não havia como competir.
Mas eram caras, difíceis. Aí a solução era mandar trazer lá de vocês sabem onde:
Material Escolar
Até coisas chatas – como fazer dever de casa ou até mesmo ir à escola –
ficavam menos modorrentas assim que a molecada ganhava os materiais
provenientes da fronteira. Vale destacar dois deles: a caneta de DEZ
CORES (cuja tinha ainda por cima tinha cheirinho de chiclete químico), a
“uni-ball” com a qual a rapaziada fazia tatuagem fake (que durava
exatamente 5 minutos) etc.:
Relógios
Assim como o tênis Forward, os relógios do Paraguai não eram exatamente
famosos pela resistência. Qualquer descuido poderia ser o fim dessas
peças. Selecionamos dois verdadeiros ÍCONES da relojoaria sul-americana:
o de joguinho de carro de corrida e o G-SHOCK (este, por sua vez,
diziam que aguentava tudo e mais um pouco):
Whisky
O governo acaba de aumentar a tributação sobre o uísque vendido no
Brasil, fazendo lembrar os “ótimos” tempos de décadas atrás. Quem
quisesse tomar um uiscão mais-ou-menos, pagaria uma fortuna nas
importadoras daqui ou… pois é, trazia da nação irmã.
Não era raro que o líquido no interior
da garrafa fosse um tanto diferente daquilo que constava de sua
descrição (em alguns casos, era perfeitamente possível colocar no tanque
de uma Kombi e ela andaria numa boa por dois quarteirões). No destaque,
dois grandes nomes dessa era:
Perfume
Por mais que a propaganda dissesse que, com Avanço, elas avançariam, a
rapaziada ainda assim tinha lá seus critérios para escolher o OLOR a ser
exalado nas festinhas. Desse modo, e considerando a total
inacessibilidade aos produtos importados por aqui, acabavam por adquirir
fragrâncias como estas:
Estatisticamente, era mais provável acertar
na LOTO (a megasena da época) que comprar alguns desses realmente
originais lá no paráguas.
VHS e Fita Cassete
Antes da revolução digital, as coisas eram um pouco menos fáceis e bem
mais “românticas”. Ver filme, por exemplo, era algo que dependia do que
houvesse na TV (e só havia TV aberta) ou do que pegaríamos na locadora
(sim, já existiu isso). Mas, de todo modo, era preciso ter o aparelho e
ele era caro.
Menos no Paráguas. Lá, algo assim era
acessível (e o Zé da Muamba também tinha para vender algumas PACOTEIRAS
com várias fitas para poder gravar pegadinha do Silvio Santos, filme do
Supercine, entre outros):
Eram comuns os relatos de videocassetes
trocados por MINÉRIO (vulgar pedra) na hora de embalar. O cara abria
aqui e ficava meio chateado.
O mesmo vale para os gravadores de FITINHA CASSETE:
E a raiva quando você tava gravando uma música e o locutor falava em cima? Oloco!
Mini TV
O artefato em comento é hoje visto em portarias, pontos de táxi e que
tais. Mas, acreditem, já foi um produto de ALTÍSSIMO LUXO. Além da
diferença entre classes sociais, havia uma outra fundamental: não pegava
nada. Era simplesmente impossível ver qualquer coisa nessa tevezinha.
Era só chuvisco. Aí ficavam só no rádio, mesmo:
Não há um único registro de mini TV dos 80/90 que tenha funcionado com mínima nitidez, mas ainda assim muita gente comprava.
Enfim, os “bons” tempos estão de volta!
Inflação disparando, dólar nas alturas, crise econômica deflagrada, mais
e mais pessoas em busca de alguma atividade diante do desemprego… Não
tardará para que a atividade MUAMBEIRO DO PARAGUAI retome a força das
décadas passadas.
O jeito é rir para não chorar.