Alívio:
nenhuma usina a carvão é contratada
por
Marcelo Laterman
31 de
agosto de 2018 |
Eólicas
destronam fontes fósseis em leilão de energia e reafirmam o potencial
avassalador das renováveis no Brasil
Eólicas já
são mais competitivas que fontes fósseis e abrem caminho para um futuro
brilhante das energias renováveis © Bernd Lauter / Greenpeace
O resultado
do leilão de energia A-6, realizado nesta última sexta-feira (31) mostrou que o
preço por potência instalada de eólica segue imbatível e a confiança na fonte
só aumenta. Foram contratados mais de 1.250 MW em empreendimentos eólicos
contra apenas 363,2 MW de energias fósseis – que se refere a apenas uma
termelétrica a gás. Vale lembrar que térmicas a gás lideravam a oferta de
energia cadastrada no leilão. Outra vitória a ser celebrada foi a derrubada da
maior ameaça deste leilão: nenhuma das duas usinas a carvão inscritas
no certame foi contratada.
“Que isso
sirva para o governo reavaliar sua visão sobre a fonte de energia elétrica mais
poluente que existe, ineficiente e, como vimos hoje, inviável economicamente”,
afirma Marcelo Laterman, especialista em Energia do Greenpeace Brasil.
O sucesso
das eólicas mostra a maturidade da fonte, que teve a forma de contratação
alterada e, por causa da nova regra, teve uma alta no preço em relação a
leilões anteriores – foi de R$ 67,60 para R$ 90,45/MWh. Ela passou a ter sua
energia contratada por quantidade e não por disponibilidade como anteriormente,
o que aumenta os riscos ao empreendedor. Ou seja, mesmo o governo impondo
regras mais duras para a fonte, ela ainda demonstra vantagens significativas em
relação às fósseis – contratadas por disponibilidade.
Mesmo com a
mudança de regra para as eólicas, a predominância na oferta de térmicas a gás e
o absurdo da inclusão de térmicas a carvão, esses resultados confirmam, a cada
dia, que fontes fósseis não têm mais espaço na nossa matriz. É importante
comemorar que o resultado deste leilão não confirmou seu potencial
catastrófico. Na última quarta-feira, dois dias antes do leilão, nossos
ativistas realizaram um protesto-funeral do carvão em
frente a uma grande termelétrica, no sul do país.
“Mas não
podemos relaxar. Há questões ainda em aberto: até quando o governo vai permitir
que o carvão ameace nossa matriz energética? Por que não incentivar a
geração de energia solar fotovoltaica e incluí-la no leilão?” aponta
Laterman. Nós, do Greenpeace, continuaremos pressionando por essas
respostas.
Ativistas
pedem que o governo brasileiro se comprometa com o fim do carvão, em frente à
termelétrica de Candiota (RS) © Marlon Marinho / Greenpeace