Um protesto contra o aumento na tarifa do transporte público em
São Paulo terminou
em confusão, correria e 51 prisões nesta sexta-feira (9), no centro da
cidade. A PM (Polícia Militar) usou bombas de gás para conter mascarados
que estariam promovendo vandalismo durante o ato. As passagens passaram
de R$ 3,00 para R$ 3,50 na terça-feira (6).
Segundo a PM, pelo
menos 2.000 pessoas participaram da manifestação, enquanto o Passe Livre
fala em 30 mil. Acompanham o ato cerca de 800 policiais, sendo 110 da
chamada "Tropa do Braço" (soldados com treinamento em artes marciais).
A pista no sentido centro da Rua da Consolação foi totalmente
interditada. As ruas no entorno do Cemitério da Consolação foram tomadas
pelos ativistas.
Por telefone ao
UOL, o
manifestante Gilmar Lozano Júnior disse que o protesto seguia pacífico
até quando black blocs começaram a depredar lojas e espalhar lixo nas
ruas. O ato também tentou ocupar mais uma faixa de trânsito na
Consolação. Foi nesse momento que a polícia usou bombas de gás. Dos
detidos,
nove seriam black blocs.
Outro manifestante, o mestrando em arquitetura Guilherme Moreno, afirma
ter se ferido com uma bala de borracha no tórax e um estilhaço de bomba
de efeito moral, que atingiu o joelho. "Estive desde o início do ato,
que se manteve pacífico. Estava em uma fileira de pessoas próximo ao
gradil da rua da Consolação quando a PM jogou umas cinco bombas, a três
metros de nós. Tentei ir à rua Angélica, mas estava tomada por gás de
pimenta", descreveu o estudante.
Dentre os prejuízos materiais
estão a fachada de uma agência bancária na Consolação, os vidros de uma
concessionária de veículos na rua Augusta. Anteriormente, o perfil do
Twitter da PM-SP havia dito que um ônibus que foi incendiado na rua
Bahia, mas o fogo foi rapidamente controlado.
À noite, quando o
ato chegou na avenida Paulista, as tropas da PM isolaram a região e
dispersaram o protesto. Trabalhadores que iam para casa no horário
ficaram ilhados nos edifícios.
O ato estava marcado para se
encerrar no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand), para onde a PM também se dirigiu.
Notas oficiais
Em sua página no Facebook, o Movimento Passe Livre criticou duramente a ação policial na manifestação.
"Os manifestantes foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar,
que lançou bombas de gás, bombas de estilhaço mutilante e atirou com
balas de borracha para impedir que a marcha chegasse à Av. Paulista.
(...) Quando a marcha subia a rua da Consolação, a PM iniciou a
repressão, prendendo um grupo de manifestantes".
"Fugindo das
bombas e dos tiros, os milhares que participavam do ato correram para as
ruas laterais, seguindo pela Av. Angélica, direção Pacaembu, e pela rua
Augusta, na Bela Vista. A PM perseguiu os manifestantes que seguiam
agrupados, atacando-os. Dezenas de manifestantes foram cercados e presos
arbitrariamente pela Polícia. Com a brutal repressão policial, os
governos deixam sua resposta à justa reivindicação da população", disse o
comunicado.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo enviou à imprensa sua versão para o que aconteceu no protesto desta sexta-feira.
"A Polícia Militar lamenta que, por meio do silêncio, o Movimento Passe
Livre (MPL) endosse os atos de vândalos que depredaram o patrimônio
público e privado. A PM esclarece que atuou para garantir a segurança
dos manifestantes e da população, que respeita o pleno direito à
liberdade de manifestação e que só agiu para conter aquelas pessoas que,
lamentavelmente, agrediram policiais a pedradas, além de atacar
estabelecimentos comerciais, bancos e veículos do transporte público".
"As imagens da imprensa e da própria corporação deixam claro que as
agressões partiram de vândalos. Por isso, foi necessário o uso de
técnicas de dispersão para conter estas práticas criminosas, com a
prisão e detenção, até o momento, de cerca de 50 pessoas. A PM lembra
que mais de uma vez convidou o MPL para participar das reuniões
preparatórias do esquema de segurança da manifestação. Infelizmente, os
integrantes do MPL não compareceram", afirmou.
Se você está em um dos protestos pelo Brasil e tem mais informações, envie o seu relato, foto ou vídeo para o
UOL, pelo Whatsapp
(11) 97500-1925.
* Com informações da Agência Estado
Ato contra aumento da tarifa reúne 1.000 e termina sem confronto no RJ
Centenas de pessoas se reuniram no centro do
Rio de Janeiro
nesta sexta-feira (9) para protestar contra o aumento da tarifa de
ônibus na cidade, que passou de R$ 3 para R$ 3,40 no último sábado. O
grupo se dispersou por volta das 21h, depois de caminhar da Cinelândia
até a Central do Brasil e fechar por cerca de uma hora parte do trânsito
da Avenida Presidente Vargas, um dos principais acessos à zona norte da
cidade.
O ato começou por volta das 18h e reuniu cerca de 1.000
pessoas, segundo a Polícia Militar. Entre os manifestantes havia
representantes do MPL (Movimento Passe Livre), partidos políticos como
PSOL e PSTU e alguns black blocs.
Ao longo da Avenida Presidente
Antônio Carlos alguns comerciantes optaram por fechar as portas
conforme os ativistas se aproximavam. Às 20h, um grupo entrou na Central
do Brasil e a PM tentou fechar as portas. Houve corre-corre. Logo
depois o grupo deixou a estação sem tumulto. Dentro da Central, alguns
ativistas tentaram pular a catraca sem pagar, mas acabaram desistindo
diante do grande número de policiais presentes.
O protético Eron
Melo, que costuma participar de protestos no Rio de Janeiro vestido
como Batman e recentemente posou para fotografias ao lado do deputado
federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) durante ato pelo impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT),
foi expulso do ato.
Batman chegou por volta das 18h30 e saiu poucos minutos depois após se
envolver em uma briga com alguns manifestantes que gritavam "fascista" e
"oportunista", entre outras ofensas.
Os ativistas defendem que o
aumento não corresponde aos gastos reais das empresas e pedem a redução
da passagem para R$ 2,50, seguindo uma recomendação de técnicos do
Tribunal de Contas do Rio de Janeiro de 2013.
A frente dos
manifestantes havia uma grande faixa com os dizeres "Não vai ter
tarifa". Os ativistas carregavam também cartazes pedindo a libertação do
manifestante Igor Mendes da Silva, preso em dezembro por ter
descumprido o habeas corpus que o mantinha em liberdade, e faixas de
apoio à revista francesa Charlie Hebdo, atacada na quarta-feira (7).
Policiais dos batalhões de Choque e de Grandes Eventos acompanharam os ativistas durante todo o percurso.