segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Funcionários roubam 7 mil insetos e lagartos de museu nos EUA

10/09/2018 - 09H09/ atualizado 09H0909 / por Redação Galileu

Centopéia gigante do deserto está entre os bichos roubados do museu de insetos (Foto: The Philadelphia Insectarium and Butterfly Pavilion)


Aparentemente, não é só o Brasil que enfrenta problemas com museus. Cerca de sete mil insetos, aranhas, escorpiões e lagartos do foram roubados do Philadelphia Insectarium and Butterfly Pavilion, museu de bichos naFiladélfia, nos Estados Unidos. As investigações policiais apontam que os responsáveis pelo crime são sete empregados do próprio local. Até o FBI está envolvido no caso.


Estima-se que as criaturas roubadas tenham valor de US$ 40 mil. As autoridades suspeitam que os ladrões vão tentar vendê-las para colecionadores.


Espécies exóticas como louva-a-deus orquídea, milípedes africanos e lagartixas-leopardo estão entre as desaparecidas. Barata-rinoceronte, várias tarântulas e aranhas de seis olhos da areia também foram roubados. No total, os ladrões fugiram com mais de 80% da coleção do museu, conforme apurou a CNN.


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"Simplesmente os retiraram das exposições, os colocaram em recipientes e os levaram embora", disse John Cambridge, dono do Insectarium. Ele também declarou que o seguro do museu provavelmente não vai conseguir cobrir todas as perdas.

De acordo com o portal Live Science, este pode ser o maior roubo de insetos vivos da história dos Estados Unidos. Cambridge acredita que o crime pode ter sido comandado por um funcionário que foi demitido e ficou com raiva. A pessoa, que não foi identificada, chegou a prender seu antigo uniforme de trabalho na parede usando facas. "Foi para 'mandar uma mensagem'", relatou o dono do Insectarium.

Ex-funcionário prendeu uniforme com facas na parede do museu de insetos (Foto: The Philadelphia Insectarium and Butterfly Pavilion)


Imagens das câmeras monstram que os empregados começaram a retirar os bichos a partir do dia 21 de agosto, e continuaram até que os sumiços ficaram perceptíveis. Os criminosos também levaram os registros documentais das criaturas, dificultando o mapeamento de tudo o que foi roubado.


Sete empregados estiveram envolvidos no roubo, sendo que duas pessoas se entregaram e alegaram aos oficiais que agiram por "pura pressão". Os demais envolvidos seguem foragidos.


O crime pode levar problemas enormes para os ladrões. Isso porque oito tarântulas roubadas são consideradas evidências federais. O Insectarium era um lar temporário para elas, que haviam sido contrabandeadas para o país e confiscadas pelas autoridades. "Somos uma das instalações que podem abrigar essas criaturas e cuidar delas", falou Cambridge.


O Insectarium está passando por uma reforma dos dois últimos andares e espera reabri-los ao público no início de novembro deste ano. O museu lançou a campanha "Save the Philadelphia Insectarium" (Salve o Insectário da Filadélfia, em tradução livre), para ajudar a substituir a coleção perdida.


Parte interno do museu onde alguns dos animais ficavam expostos (Foto: Insectarium and Butterfly Pavilion/Wikimedia Commons)

Marcha Mundial do Clima e Conferência vão aquecer o ativismo ambiental nos próximos dias


Marcha Mundial do Clima e Conferência vão aquecer o ativismo ambiental nos próximos dias
07/09/2018 18h12  Atualizado há 3 dias

O ativismo ambiental terá um fim de semana rico, e a semana seguinte seguirá dando oportunidade para que se expanda um pouco mais a briga por mais respeito aos bens que a natureza nos dá de graça. É uma briga, sim, sem violência nem partidarismos, e que precisa, acima de tudo, de informações verdadeiras, sem fake news, para ser travada como se deve travar uma briga consciente, em que todos os envolvidos, no fim e ao cabo, serão beneficiados. Uma briga que poderia servir para desconstruir polarizações em nome de um bem comum, a melhor qualidade de vida para todos.

Centenas de manifestações deverão ocorrer em cidades e vilas ao redor do mundo, segundo o site do evento. Não há menção ao Brasil, no site da organização, na lista dos que estarão enfrentando os desmandos cometidos contra a natureza. Nosso país está, infelizmente, de tal forma mergulhado numa crise política, institucional, econômica, agravada pelo atentado contra um dos candidatos à presidência que poderá parecer até impertinente, de minha parte, lembrar que haverá pessoas reunidas em mais de 90 países para protestar contra o fracasso dos políticos em lidar com a crise ambiental global, como lembra a reportagem de hoje do jornal britânico “The Guardian”.

De qualquer maneira, nada haverá para se comemorar entre os manifestantes. Pelo contrário. Há uma crescente frustração. Nick Bryer, do grupo de campanha 350.org, que está organizando o evento, disse ao repórter do Guardian:

“Os políticos estão falindo. Eles ainda estão protegendo os interesses das empresas de combustíveis fósseis sobre os interesses das pessoas, apesar das crescentes evidências da devastação dessas empresas e este sistema está causando o aquecimento do planeta. ”
Bryer se refere, certamente, à retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, iniciativa infeliz do presidente Donald Trump, que carreou com ele o empobrecimento da militância sobre a causa ambiental.

Em alguns países, a Marcha está já se encaminhando. Portugal, por exemplo, terá cerca de 40 organizações que vão sair, amanhã (8) às ruas de várias cidades para protestar contra a indústria do petróleo. As palavras de ordem exigirão uma “transição justa e rápida para as energias renováveis". Ao lado dos ambientalistas, como um forte apelo para reunir um público consistente, está o fato de o país europeu ter sido consumido por um verão escaldante, com seca e vários incêndios que trouxeram muitos problemas aos cidadãos.

Mas a mobilização de cidadãos para a causa está longe de querer dizer que há uma hegemonia de opiniões em Portugal com relação aos motivos que levam às mudanças climáticas. Talvez para pegar carona nos holofotes sobre o tema que vão trazer o assunto ao centro das atenções nos próximos dias, começou hoje, na Universidade do Porto, uma conferência de negacionistas do clima que desagradou bastante à maioria que acredita nos resultados das pesquisas científicas que vêm comprovando os efeitos do CO2 no aquecimento do planeta.

Ocorre que a professora de geografia da UP Maria Assunção Araújo, conivente com aqueles que não acreditam, fez um apelo para a reitoria da universidade ceder espaço para uma conferência sobre o clima, sem especificar, exatamente, o conteúdo da reunião. Foi atendida. O título da conferência – “Basic Science of a Changing Climate” (Ciência Básica sobre Mudança do Clima em tradução literal) não convidava a se descobrir que ali seriam debatidas questões que divergem das constatações científicas sobre o tema.

“Nós não negamos as alterações climáticas. Lutamos é contra a falta de seriedade científica. Achamos que não há uma explicação simples nem linear para as variações", defende a professora numa entrevista ao jornal “O Público”.

Seja como for, até agora parece que só umas setenta pessoas compareceram ao evento.

Já no resto do mundo, aqueles que acreditam que uma mudança radical nos métodos de produção e consumo pode melhorar a qualidade de vida estão se preparando para um barulhaço no fim de semana. Segundo o site dos que estão organizando o evento, haverá manifestações na Alemanha por mais desinvestimento; grandes palestras e comícios em outras cidades europeias e mulheres que vão marchar, na Ásia, pedindo uma política pública que elimine o carvão usado como energia. E mais protestos poderão ser vistos e ouvidos nas ilhas do Pacífico, na África, na Tailândia.

Abre-se, desta forma, uma série de eventos em prol do meio ambiente que já vão deixando caminho preparado para a reunião de Ação Climática Global que vai acontecer de 12 a 14 de setembro em São Francisco, na Califórnia. Para esta reunião estão sendo esperados políticos e pensadores influentes. 

Num artigo escrito para o site da Conferência, a Secretária Executiva das Nações Unidas, Christiana Figueres, diz que esta reunião vai mostrar a vanguarda da ação climática local e regional e “uma plataforma para novos compromissos que acelerem a transformação de baixo carbono que está em andamento”. Figueres tem um discurso otimista, diz que a previsão é de que a produção de energia renovável esteja mais barata do que os combustíveis fósseis até 2020.

“Tempo é essencial. Como temos sido rudemente lembrados neste verão, não há mais espaço na atmosfera para nossa poluição por carbono. A partir de 2020, as emissões globais anuais de gases de efeito estufa precisam ser metade do que eram na década anterior. A boa notícia é que países e líderes que entendem a necessidade de velocidade estão acelerando sua ação climática e também acelerando seu crescimento. Uma nova revolução industrial está sobre nós, uma que coloca o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental em condições equitativas. Aquele que entende que a saúde e o equilíbrio ecológicos são intrínsecos ao bem-estar e prosperidade a longo prazo. Aqueles que abraçam essa mudança acabarão ganhando a corrida”, escreveu ela.

Na época da Guerra Fria, uma frase soava sempre que se queria dizer que um plano daria certo se a outra parte envolvida , muitas vezes adversária, aceitasse embarcar na ideia. Lembrei-me dela e acho que pode ser uma boa conclusão para a minha reflexão num feriado tão conturbado: “Agora, só falta combinar com os russos”.

Amélia Gonzalez  (Foto: Arte/G1)

Notícias sobre a relação às vezes muito perigosa entre homem e natureza


Notícias sobre a relação às vezes muito perigosa entre homem e natureza


10/09/2018 10h10  Atualizado há 35 minutos


Seria um exagero dizer que o mundo todo se levantou ontem (9) para marchar contra os abusos cometidos contra a natureza. Estava programado, sim, um barulhaço, a Marcha Mundial do Clima. No site da organização que pensou o evento, há fotos de pessoas em várias capitais europeias, nas Filipinas, em Nova York. Foram 95 países em sete continentes, com 900 ações para chamar atenção.


A mensagem dos organizadores é otimista:

“Juntos, eles (os manifestantes) mostraram ao mundo como é a verdadeira liderança climática. As pessoas em todos os lugares estão se afastando da era dos combustíveis fósseis e é hora de os políticos seguirem. Não há tempo a perder”.


Corri os sites de notícias sobre o meio ambiente e, em vez de boas, trago motivos para reflexão sobre o velho imbróglio entre métodos de produção e a natureza, onde o meio ambiente continua sendo agredido. Como uma espécie de resposta, estão chegando ao Oceano Altântico mais dois furacões, Florence e Helene, que certamente causarão destruição.

Vejam alguns exemplos do “business as usual” que precisa entrar na agenda de políticos para ser modificado, repensado. Foram citados no site de notícias sobre meio ambiente Mongabay.

- No Sul do Chile, mais de 600 mil salmões estão agora soltos, no mar aberto, depois que uma tempestade atingiu as gaiolas onde os peixes são criados, alimentados, para depois servirem de alimento aos humanos. O problema disso é que o salmão é um peixe carnívoro e não faz parte daquele ecossistema. Uma vez no mar, ele vai tentar se alimentar e isto vai causar um impacto tremendo nos peixes nativos e nos ecossistemas da Patagônia, que são particularmente vulneráveis, com muitas espécies endêmicas frágeis. Grande parte da indústria do salmão do país está localizada nesta região sul.

- Em dezembro de 2016, China e Hong Kong, dois dos principais mercados de marfim do mundo, anunciaram seu compromisso de fechar todo o comércio doméstico de marfim. A China implementou uma proibição total no final de 2017, tornando ilegal vender ou processar marfim no país. Hong Kong anunciou que eliminaria completamente o comércio doméstico de marfim até 2021, dando aos comerciantes um período de carência de cinco anos para vender o restante do marfim. O que está acontecendo é que, em vez de livrar os elefantes da barbárie cometida contra eles – morrem para ceder uma parte pequena do corpo para enfeitar os humanos – todos estão comprando em Hong Kong.

- Dados recentes mostram que os países tropicais perderam 158 mil quilômetros quadrados (39 milhões de acres) de cobertura florestal em 2017. Este número é o segundo maior desde que este conjunto dedados começou a ser apurado, em 2001. E significa uma área do tamanho de Bangladesh.

- O Brasil foi o país que mais perdeu cobertura florestal entre todos os países tropicais, uma reversão das reduções de desmatamento que vinham ocorrendo nos últimos 14 anos. 

 A perda de cobertura florestal também aumentou dramaticamente na República Democrática do Congo e na Colômbia. O desmatamento na Amazônia brasileira continua a se elevar, relata o Imazon, ONG que acompanha de maneira independente os desdobramentos na maior floresta tropical da Terra. Segundo os dados recentemente publicados, 778 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados em julho, um aumento de 43% em relação ao ano anterior. Mas as descobertas do Imazon contrastam com dados oficiais da agência nacional de pesquisa espacial do Brasil, o INPE, que mostra uma linha de tendência comparativamente plana.

Por outro lado, algumas lutas que a sociedade civil vem travando contra as barbaridades cometidas por grandes corporações contra o meio ambiente estão progredindo. A empresa de mineração Banks Group, por exemplo, está enfrentando resistência de respeito com seu projeto em Pont Valley, no Reino Unido. Os moradores do local afirmam que a vida selvagem estará letalmente comprometida caso comecem a perfurar a região. Um juiz já decidiu a favor de transformar a região numa espécie de Unidade de Conservação.

“É uma oportunidade única para estabelecer um precedente legal e fazer com que o nosso governo aja de forma responsável quando há tanto em jogo pela vida selvagem e pelo clima”, diz June Davison, moradora e ativista, no site que criou para atualizar as pessoas sobre os passos da campanha.

Do poder público também não se consegue muitos avanços no sentido de preservar o ambiente em que se vive. Enquanto a Califórnia queima num incêndio florestal – mais um – de imensas proporções, o que faz o secretário do Interior dos Estados Unidos? Culpa os ambientalistas!Sim, disse que ficam exagerando nessa convocação para fazer manejo florestal, o que acaba juntando madeira demais, algo assim.

"A América é melhor do que permitir que esses grupos radicais controlem o diálogo sobre a mudança climática", disse Zinke à KCRA, uma estação de TV no norte da Califórnia, no domingo. 

“Ambientalistas extremos fecharam o acesso público. Eles falam sobre o habitat e, no entanto, estão dispostos a queimá-lo ”.

Zinke não falou sozinho, é claro. Há um mês, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump revelou, num tweet, os incêndios foram “agravados pelas más leis ambientais que não permitem que quantidades massivas de água prontamente disponível sejam adequadamente utilizadas”. A alegação, referindo-se a disputas de décadas sobre os direitos à água na Califórnia, foi mal recebida pela população, até porque os bombeiros não estão lutando contra a escassez de água. A Casa Branca ainda tem que oferecer uma resposta ou explicação.

De fato, fica mais difícil empreender ações em respeito ao meio ambiente quando o país mais rico do mundo se nega a acreditar que as mudanças do clima poderiam ser revertidas, pelo menos amenizadas, com um consumo mais consciente. Por isso mesmo. é cada vez mais necessário. Daqui a dois meses, no início de dezembro, vai acontecer a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), informalmente chamada de COP24. Será na Polônia.

É uma mega reunião, anual, com todos os países membros, prática adotada na Rio92, com o objetivo de: “evitar a interferência humana perigosa no sistema climático”. Quando foi pensada, lá atrás, os congressistas no Rio podem ter achado que este objetivo seria alcançado sem problemas. Não foi assim, não está sendo assim. Mas muita coisa já foi alcançada, e é importante que se continue a batalha.