Uma plataforma contra fake news ambientais apoia a outra
Salada Verde terça-feira, 4 agosto 2020 11:23
A plataforma Fakebook.eco acaba de ganhar um reforço de peso: a parceria com o Skeptical Science,
o principal site de combate ao negacionismo climático no mundo, que
disponibilizará seu conteúdo em português na iniciativa brasileira,
pioneira no combate à desinformação sobre temas ambientais. O
fakebook.eco é uma iniciativa do Observatório do Clima e conta com a
colaboração de ativistas, cientistas e jornalistas de dezenas de portais
de notícias especializados em temas ambientais e científicos
brasileiros, incluindo ((o))eco.
Já o Skeptical Science é um bem sucedido site criado para lutar
contra o negacionismo climático e traz um amplo repositório de
refutações das falácias, dos mitos e dos mal-entendidos mais comuns
sobre mudança do clima, em três níveis de aprofundamento – do básico ao
avançado. A plataforma nasceu em 2007, pelo físico australiano John
Cook, hoje professor na Universidade George Mason, nos EUA, e é mantida
por uma rede global de voluntários.
“Desde o início o Skeptical Science foi uma inspiração para o
Fakebook.eco, e adaptar o conteúdo deles nos levará a um outro patamar”,
disse Claudio Angelo, idealizador e colaborador-sênior do Fakebook.eco.
(Daniele Bragança)
Observatório do Clima cria plataforma contra fake news ambientais
Duda Menegassi segunda-feira, 8 junho 2020 19:18
Agências e iniciativas de checagem se popularizaram em resposta à
proliferação das ‘fakenews’ nos últimos anos. Agora, há uma iniciativa
pioneira especializada no combate à desinformação sobre temas
ambientais. A plataforma, lançada nesta segunda-feira (08) é a ‘Fakebook.eco’
e traz esclarecimentos sobre os principais mitos, verifica o discurso
de autoridades públicas e informações falsas que circulam pelas redes
dentro da temática do meio ambiente. A iniciativa é do Observatório do
Clima e conta com a parceria de ((o))eco e outros portais de notícias
ambientais e científicas.
A plataforma sistematiza de forma didática os principais mitos
ambientais, as falácias frequentes e as verificações rápidas de
declarações de autoridades, para ajudar a esclarecer distorções e
informações equivocadas que circulam entre as pessoas, inclusive o
negacionismo climático, que voltou a ganhar força no discurso político
na fala de membros do atual governo, como o atual ministro de Relações
Exteriores, Ernesto Araújo. Além disso, há também um canal pelo qual o
público pode enviar notícias suspeitas para averiguação.
“Infelizmente vivemos numa era de desinformação, frequentemente
promovida pelo próprio governo, e de obscurantismo importado, em que até
mesmo o negacionismo climático, que parecia superado no Brasil, anda
conquistando espaço no debate público. Achamos importante ter um lugar
que funcionasse como um repositório de informações na temática
ambiental, juntando vários setores, e ao mesmo tempo fornecesse
respostas rápidas para as fake news mais escandalosas”, explica o
coordenador de comunicação do Observatório do Clima, Claudio Angelo.
'
Para marcar o lançamento, o Fakebook.eco traz um artigo sobre a
Operação Verde Brasil 2 e o desmatamento na Amazônia, escrito pelo ex
diretor do INPE, Ricardo Galvão, exonerado em julho de 2019,
após o presidente Jair Bolsonaro questionar os dados de monitoramento
do desmatamento do INPE. No site também está o segundo vídeo da série
“Fatos Florestais”, produzido por Fernando Meirelles e com direção de
Gisela Moreau, que traz o engenheiro florestal Tasso Azevedo e a atriz
Marisa Orth num papo para esclarecer o tema licenciamento ambiental. Na
página de verificações, o Fakebook.eco já checou as afirmações do
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre o programa Floresta +,
do governo federal.
O esforço em checar as fake news ambientais do governo de Jair
Bolsonaro começou já em 2019, numa parceria do Observatório com
Greenpeace e ClimaInfo, e resultou num livreto de 35 páginas, o Fakebook
original, que incluía um roteiro mínimo a jornalistas, investidores e
membros de governos e organizações internacionais que precisassem lidar
com o discurso do governo sem ter conhecimento prévio da situação
ambiental do Brasil. A plataforma Fakebook.eco nasceu de uma junção
deste primeiro Fakebook com o Agromitômetro, feito desde 2018 pelo
Observatório do Clima para checagem de informações ambientais.'
'''''''
Além de ((o))eco, o Fakebook.eco outros portais de notícias
especializados em temas ambientais e científicos apoiam a iniciativa:
Infoamazônia, Direto da Ciência, Projeto Colabora, e o blog O que Você
Faria se Soubesse o que eu Sei?, do climatologista Alexandre Araújo
Costa. Juntos, os veículos irão apoiar o Observatório do Clima na
apuração e checagem das (des)informações ambientais.
Monitoramento pioneiro identifica extensão das áreas queimadas no Pantanal
Duda Menegassi domingo, 16 agosto 2020 14:28
Entre 12 de junho e 14 de agosto, as queimadas já consumiram cerca de
1.552.000 hectares no Pantanal brasileiro, o equivalente a mais de 1,5
milhão de campos de futebol. Os dados são do Laboratório de Aplicações
de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) que desenvolveu um monitoramento pioneiro para calcular a
extensão atingida pelo fogo no bioma em tempo quase real. O objetivo do
sistema, batizado de ALARMES (Alerta de Área Queimada com Monitoramento
Estimado por Satélite) é auxiliar as equipes que atuam no combate aos
incêndios florestais, em especial as brigadas do PrevFogo do Ibama,
parceiras da iniciativa.
A principal técnica de monitoramento de queimada feita por satélite é
através da identificação de focos ativos de calor, como faz o Programa
de Queimadas do INPE. Esse método localiza pontos de fogo de forma
rápida, mas não funciona para calcular a extensão da área atingida pelas
chamas.
“É muito comum a detecção de fogo ativo. Enquanto o satélite está lá
em cima, ele passa e se está pegando fogo ele detecta. E essa informação
dos focos de calor é dada alguns minutos ou horas depois que o satélite
passa, é muito rápido, é o monitoramento em tempo quase real. Depois
que o fogo acaba ou passa por uma região, é que a gente vai conseguir
monitorar a extensão que queimou. Porque quando a gente está falando de
foco de calor, o satélite vê um ponto, não a área e quantos hectares
queimaram. Isso é muito mais complicado de fazer. O que se faz há muito
tempo é você detectar a área queimada depois que passa algum tempo, o
que em geral demora 1, 2 até 3 meses. Isso é o que a maioria dos centros
fazem e essa informação vai ser útil, mas a gente perde essa
temporalidade e pros gestores é muito difícil esperar esse tempo todo
para ter essa informação. Fica uma lacuna. Porque eles precisam
gerenciar o incidente e qual a real situação, o tamanho da área
atingida, a magnitude do evento. Em geral isso é muito custoso para
eles, porque eles precisam de veículo aéreo, contingente para monitorar a
área, para sobrevoar, ver a extensão” explica a professora do
Departamento de Meteorologia do Instituto de Geociências da UFRJ, Renata
Libonati, que é uma das coordenadoras do LASA.
O que o ALARMES faz é justamente calcular através de imagens de
satélite a extensão dessa área queimada. “O nosso produto consegue num
curto espaço de tempo, de um dia para o outro, fornecer a área queimada
dos dias passados. Em tempo quase real. O satélite passou ontem, eu pego
essa imagem, já processo e no dia seguinte eu já tenho a estimativa da
área que queimou. Essa é a grande diferença”, pontua Renata.
Ela esclarece ainda que pela rapidez com que a informação é
processada, há limitações no processo. “Por eu estar dando uma
informação muito rápido, ela é menos precisa do que uma informação
processada por semanas-meses. Mas, por outro lado, pro tipo de uso que
esse dado vai ter, que é assistir os gestores no gerenciamento da
resposta ao incidente, eles não querem uma precisão tão grande. De
repente em vez de 100 hectares, eu digo que são 90, mas por outro lado
eu estou dizendo para eles o que acabou de acontecer e eles podem usar
isso para melhor aplicar os recursos, para aplicar rapidamente autos de
infração de multa considerando o total da área queimada, melhorar as
estatísticas de combate e direcionar as equipes”, acrescenta.
A Nota Técnica
divulgada pelo Laboratório traz um mapa com o avanço do fogo no período
e também um mapeamento de confiabilidade das detecções feitas pelo
sistema de monitoramento. Quanto mais vermelho a área, mais confiável é
aquela informação; e quanto mais para o azul, menor a certeza. “No geral
os pontos mais azuis estão nas bordas das cicatrizes. A cada rodada do
modelo, ele vai atualizando essa informação, então esses lugares que
estão azuis agora, amanhã já vão estar com uma cor mais pro amarelo e
depois pro vermelho. Porque no geral essas bordas são as regiões que
ainda estão queimando. Fica difícil monitorar quanto queimou quando
ainda está queimando.
Quando o fogo já se extinguiu, a detecção é
melhor”, esclarece a pesquisadora.
A ferramenta ainda é considerada um protótipo e está em fase de
validação no campo – um retorno que tem sido animador para as equipes. O
sistema foi financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) e pelo PrevFogo. A metodologia foi
desenvolvida no âmbito da tese de doutorado de Miguel Mota Pinto, da
Universidade de Lisboa, através do projeto Andura, parceiro do
Laboratório da UFRJ na iniciativa.
O Laboratório está produzindo uma plataforma online onde esses dados
do monitoramento poderão ficar disponíveis para consulta online. De
acordo com a pesquisadora, a expectativa da equipe é conseguir lançar a
plataforma virtual até o final de agosto. Enquanto isso, as equipes têm
desenvolvido relatórios semanais para atualizar a situação do fogo no
bioma.
Mico-leão-dourado ganha viaduto vegetado para conectar populações
Duda Menegassi segunda-feira, 10 agosto 2020 21:23
A fragmentação de áreas naturais é um dos principais obstáculos para
conservação da biodiversidade.
O ameaçado e carismático
mico-leão-dourado, endêmico do estado do Rio de Janeiro, é um dos
exemplares da fauna brasileira “ilhado” em porções de floresta divididas
por rodovias, pastos, plantações e cidades. Passagens dedicadas ao
trânsito de animais silvestres têm se tornado bandeiras cada vez mais
fortes para tentar minimizar os impactos dessa fragmentação de habitats.
No início de agosto (2), foi inaugurado o primeiro viaduto vegetado em
uma rodovia federal no Brasil. Localizado no km 218 da BR-101, no
município de Silva Jardim, ele irá ajudar a conectar as populações de
mico-leão da Reserva Biológica de Poço das Antas com seus vizinhos que vivem pros lados do Parque Estadual dos Três Picos.
Uma população de animais isolada num fragmento pode até não sofrer
impactos visíveis no curto prazo, mas no longo prazo, a tendência é que
os bichos comecem a reproduzir dentro das suas famílias, o que diminui a
variabilidade genética deles e representa um risco para a conservação
da espécie no longo prazo.
”O mico até chega a usar o chão em algumas circunstâncias, mas com a
duplicação você forma uma barreira muito grande porque você tem duas
pistas, canteiro central, acostamento dos dois lados, sem contar o
movimento dos carros. Então a gente considera que vai consolidar uma
barreira definitiva para fauna e pros micos acessarem a Reserva
Biológica [Rebio] Poço das Antas”, explica o secretário-executivo da
Associação Mico-Leão-Dourado, Luis Paulo Ferraz.
O viaduto foi feito pela concessionária Arteris Fluminense como
condicionante para duplicação da via, já que a expansão torna ainda mais
intransponível essa barreira para fauna. A obra teve um custo de R$ 9
milhões. Um segundo viaduto está previsto pelo licenciamento ambiental
para este trecho da BR-101, na altura do km 240. A estrutura será
construída depois que forem averiguados os resultados deste primeiro.
De acordo com o secretário da Associação, a expectativa é que os
micos se sintam confortáveis em percorrer a passarela na medida em que
as mudas que foram plantadas cresçam e ofereçam ao mico um ambiente
acolhedor, mas nem tanto. “Com o crescimento das árvores ele vai se
sentir muito mais confortável para atravessar de um lado ao outro da
rodovia. A princípio não pretendemos plantar nenhuma muda que fixe o
bicho porque o objetivo é que ele atravesse”, comenta Luis.
Ele acrescenta que não dá para precisar quando esse trânsito pelo
viaduto irá começar, mas reforça que é necessário ter cobertura arbórea,
portanto, baseado no tempo estimado para o crescimento das mudas, isso
deve levar de 2 a 4 anos. “É uma espécie arborícola, ela não anda nem no
chão nem no topo das árvores, ele anda sempre no meio da floresta, por
isso a gente precisa aguardar o desenvolvimento dessa floresta”.
A conservação dos micos
O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é uma espécie
que ocorre apenas na Mata Atlântica fluminense, no estado do Rio.
Considerada Em Perigo de extinção pela Lista Vermelha da Fauna
Brasileira, o mico é alvo dos esforços de conservação desde os anos 60. O
mais recente levantamento populacional da espécie, feito em 2017 pela
Associação Mico-Leão-Dourado, indicou apenas 2.500 micos na natureza. O
número representa uma queda com relação ao censo de 2014, quando foram
contabilizados 3.700 indivíduos. A redução populacional tem nome e
sobrenome: febre amarela.
“Pela primeira vez a gente começa a ter uma perda. E na Reserva de
Poço das Antas a perda foi muito grande, é uma área super afetada pela
febre amarela. Nós já tivemos 450 micos ali, agora essa população está
bem reduzida, nossa perspectiva atual ali é de menos de 40 animais”,
lamenta.
Para garantir a sobrevivência da espécie no longo prazo, Luis reforça
que a chave é mesmo a conexão. “Existe um plano que prevê que para
salvar o mico-leão-dourado do risco de extinção, a gente precisa ter uma
população razoável numa área suficientemente grande. Nossa meta de
conservação é ter pelo menos 2 mil micos monitorados, numa área com pelo
menos 25 mil hectares de florestas protegidas e conectadas. É nessa
meta que a gente está trabalhando. Hoje a gente até tem mais de 2 mil
micos, mas não temos 25 mil hectares protegidos e conectados na nossa
região. Não adianta ter 10 mil micos em fragmentos pequenos e isolados.
Estamos construindo essa conexão, com o viaduto, plantios de corredores e
tudo mais, que vão nos ajudar a alcançar esse objetivo de ter essa
região conectada”, explica.
“Nós estamos trabalhando para consolidar o que a gente chama de uma
paisagem de conservação que envolve todos os remanescentes florestais
que a gente tem na região. São 12 grandes blocos de florestas ainda
existentes e nós vamos montando esse quebra-cabeça”, acrescenta. Com
esse objetivo, a Associação investiu numa fazenda do outro lado da
rodovia, onde estão fazendo a recuperação florestal de 90 hectares
degradados, além da implementação de outros corredores vegetados em
pontos-chave.
“Tem todo um projeto de conexão florestal, pensando no longo prazo
para passagem do mico e de outras espécies. O mico-leão acaba virando
uma espécie bandeira, mas [a conexão] é para manter todo equilíbrio
ecológico da Reserva [Poço das Antas] e da região também, conclui.
Eduardo Pegurier quarta-feira, 19 julho 2017 15:30
Os satélites são cronistas mecânicos do processo de desmatamento da
floresta Amazônica. Ao vasculhar e documentar através dos anos a
degradação e os vazios criados pelo corte raso da mata, firmam um
veredito: dois terços da área desmatada virou pasto. No chão, a contagem
do gado mostra que a Amazônia é território mais de boi do que de gente.
Em 2016, a quantidade de gado na região chegou a 85 milhões de cabeças,
em comparação a uma população humana de 25 milhões de habitantes — mais
de três bois por pessoa. No município de São Félix do Xingu, que contém
o maior rebanho do país, essa proporção chega a 18 para 1.
Os números amazônicos costumam ser imensos. A Amazônia Legal abrange
61% do território do Brasil e contém 40% do rebanho nacional. O gado é
mantido em cerca de 400 mil fazendas espalhadas pela região, com
tamanhos que variam de alguns poucos até dezenas de milhares de
hectares. Então, quando a ONG Imazon terminou um novo e detalhado levantamento sobre os frigoríficos da região,
a grande surpresa foi encontrar um número pequeno: apenas 128
instalações de frigoríficos ativos, pertencentes a 99 empresas, são
responsáveis por 93% do abate anual, algo como 12 milhões de cabeças de
gado.
“Se entre 2016 e 2018 a taxa de desmatamento
recente se repetir, 90% das novas perdas de floresta estarão dentro da
área de influência de compra de 128 frigoríficos”
Já era sabido que os frigoríficos são o gargalo da cadeia de criação
do gado. Mas o levantamento do Imazon é inédito porque revelou a
geografia da pecuária na Amazônia, vista pela zona de influência destes
pouco mais de cem abatedouros. Para se ter uma ideia, ocupar a
capacidade de abate anual de um único frigorífico de grande porte
demanda uma área de pasto de quase 600 mil hectares, três vezes maior do
que o município de São Paulo. O conjunto de frigoríficos analisados no
estudo, operando a plena capacidade, demandaria uma área de pasto de 68
milhões de hectares (maior do que o estado de Minas Gerais). Essa
quantidade supera a soma dos pastos hoje existentes na região, indicando
que o futuro da atividade gerará mais desmatamento.
Esses resultados reforçam o acerto de um processo em curso. Desde
2009, com início no Pará, o Ministério Público Federal pressiona os
frigoríficos da região a assinar o chamado TAC da Carne.
TAC é abreviação de Termo de Ajuste de Conduta, uma espécie de contrato
entre o MPF e cada frigorífico que o assina, o qual passa a ser
obrigado a fiscalizar a origem do gado que compra para barrar o “boi de
desmatamento”.
Paulo Barreto, pesquisador do Imazon que liderou o estudo, compara:
“é como se para conversar sobre o problema, houvesse duas opções, reunir
num auditório os representantes destas cem empresas frigoríficas ou,
como alternativa, alugar cinco estádios como o Maracanã para colocar
todos os fazendeiros envolvidos na criação do gado”.
Risco de desmatamento
A análise que detalhou a influência de tão poucos frigoríficos sobre
quase todo o rebanho amazônico envolveu trabalho de detetive e
tecnologia de geoprocessamento. A primeira etapa foi obter os endereços
de todos os frigoríficos de maior porte e confirmá-los usando imagens de
satélite de alta definição, para verificar se naqueles locais havia
instalações típicas da atividade, como currais e tanques de tratamento
de água.
A partir daí, os pesquisadores queriam responder a pergunta: qual era
a zona potencial de compra de cada frigorífico? E dois, como essa zona
potencial se relaciona com as áreas já desmatadas e as que estão sob
maior risco de desmatamento no futuro próximo?
O primeiro passo era descobrir a distância máxima que cada
frigorífico alcançava nas compras de gado. Isso foi feito através de
entrevistas telefônicas com os gerentes de frigoríficos e cruzamentos de
dados. Havia casos curiosos, como um frigorífico no Acre, que não
adquiria boi mais longe do que a 20 km das suas portas, e, no extremo
oposto, no Amazonas, havia outro que comprava a mais de 1.000 km de
distância, indo até Roraima, para compensar a falta de gado na sua
região na época da seca.
“O somatório das regiões de influência dos 128
frigoríficos analisados abrange a quase totalidade das áreas embargadas
pelo Ibama e 88% do desmatamento ocorrido na Amazônia entre 2010 e
2015”
O estudo lidou com duas categorias de frigoríficos, aqueles que têm
licença SIE (Sistema de Inspeção Estadual), que podem vender carne nos
seus estados, e SIF (Sistema de Inspeção Federal), que podem vender no
país todo e exportar. Em média, frigoríficos com licenças estaduais têm
capacidade para abater 180 animais por dia e compram de fazendas que
podem estar a até 153 km de distância. Os frigoríficos com licença
nacional abatem 700 animais/dia e vão buscá-los a uma distância que
chega a 360 km.
Baseado nas distâncias máximas, o segundo passo era estabelecer a
área potencial de compra dos frigoríficos. Hora de voltar à tecnologia
geoespacial. “O Imazon tem um mapeamento completo de estradas oficiais e
informais na Amazônia, uma base que vem sendo atualizada desde 2008”,
conta Amintas Brandão Jr., outro dos autores do estudo. “Rodamos uma
análise espacial em que você insere no software as coordenadas do
frigorífico e a distância máxima que ele compra, digamos, 100 km. Daí, o
software sozinho percorre todas as estradas e rios navegáveis
acessíveis àquele frigorífico até atingir os tais 100 km. Assim,
conseguimos delinear uma zona potencial de compra”. Segundo Brandão, o
diferencial do trabalho foi este, estabelecer a área de influência de
cada frigorífico usando a rede de infraestrutura, a malha de estradas e
rios navegáveis por onde o gado pode ser transportado.
O somatório das regiões de influência dos 128 frigoríficos analisados
abrange a quase totalidade das áreas embargadas pelo Ibama e 88% do
desmatamento ocorrido na Amazônia entre 2010 e 2015. Desmatamento futuro
O
estudo gerou uma previsão de onde estarão as próximas áreas desmatadas
na Amazônia. De novo, os pesquisadores recorreram aos softwares de
análise geoespacial. Eles dividiram a Amazônia Legal em quadrados com 1
km de lado. Para cada um deles, foi estimada a probabilidade de
desmatamento baseada na presença de fatores que o estimulam, como
disponibilidade de transporte por estrada ou rio, distância até mercados
e potencial da terra.
Criaram, assim, um mapa de probabilidade de
desmatamento para toda a Amazônia Legal. Usaram a área desmatada nos
três anos anteriores, 1,7 milhão de hectares (17 mil km2),
como estimativa do total de desmatamento que poderá ocorrer no triênio
2016 a 2018. Em seguida, a partir do mapa de probabilidades,
determinaram quais são as áreas com maior chance de ocorrência de novos
desmatamentos. A última etapa foi sobrepôr as zonas de influência de
compras dos frigoríficos. A coincidência entre as duas áreas foi de 90%.
Em outras palavras, se entre 2016 e 2018 a taxa de desmatamento
recente se repetir, 90% das novas perdas de floresta estarão dentro da
área de influência de compra de 128 frigoríficos.
Consequências
“Da perspectiva da fiscalização, o trabalho pode ajudar no controle
do desmatamento mostrando onde estão os ‘hot spots’, os pontos onde há
mais floresta e/ou chance de desmatamento”, diz Brandão.
Para Barreto, “chama atenção como um número pequeno de empresas está
no fim da cadeia que envolve quase 400 mil pecuaristas”. Segundo ele,
isso confirma que está certo o caminho de envolver os frigoríficos na
fiscalização do desmatamento, como obrigam os acordos com o MPF.
Mas
destaca que 30% do abate é feito por frigoríficos que não assinaram
acordos. Isso significa que não fiscalizam a origem dos seus bois. Pior,
esses frigoríficos estão na mesma área de atuação daqueles que
assinaram os acordos e, assim, se tornam alternativas para a venda de
gado criado em pastos abertos ilegalmente.
O estudo do Imazon criou um panorama detalhado da influência que os
frigoríficos podem ter sobre o desmatamento. “Já temos um mapa, as
tecnologias estão disponíveis para rastrear o gado da sua origem até o
local de abate”, diz Barreto. “Falta agora uma pressão consistente e
punições para criadores e frigoríficos que compactuam com crimes
ambientais”. Ele diz que isso aconteceu no caso da febre aftosa, quando o
setor percebeu que perderia os mercados mundiais se não fosse feito um
programa efetivo de vacinação. A pressão do mercado funcionou para os
fazendeiros se organizarem e firmarem parcerias com o governo. Para
Barreto, um bom começo seria uma nova rodada de aperto sobre o setor
liderada pelo MPF e pelo Ibama.
O Brasil alcançou um bom controle de febre aftosa, um feito e tanto.
Se quiser, pode fazer o mesmo para acabar com a pecuária que derruba
floresta. Será um enorme passo rumo ao desmatamento zero na Amazônia.
O que é grilagem e o que ela tem a ver com o desmatamento na Amazônia
Observatório do Clima domingo, 6 agosto 2017 22:25
A grilagem de terra, o ato de ocupar ilegalmente terras públicas,
está intimamente ligada com o desmatamento na Amazônia. Após a sanção,
sem vetos, da Medida Provisória 759 (atual Lei 13.365), no começo de
julho, o governo Temer ampliou a anistia à grilagem em sete anos e
elevou de 1.500 para 2.500 hectares o tamanho das propriedades passíveis
de regularização, o que permite legalizar a posse de grandes
propriedades, em especial na Amazônia.
Como funciona a grilagem de terras, porque ela está relacionada com
crimes que vão de desmatamento ilegal ao trabalho escravo e o que essa
história tem a ver com a recente tentativa de reduzir a proteção da
Floresta Nacional do Jamanxim é o que o Observatório do Clima explica,
nesse vídeo de quase 3 minutos. Assista.
Grileiros já tomaram quase 12 milhões de hectares de florestas públicas na Amazônia
Duda Menegassi domingo, 28 junho 2020 19:44
Enquanto o desmatamento avança na Amazônia, quase 50 milhões de
hectares de florestas públicas permanecem numa espécie de limbo,
enquanto esperam o governo – federal ou estadual – decidir o que são e a
quem pertencem. Essa indefinição de uso e governança deixa essas áreas
de floresta não destinadas mais vulneráveis à invasão e, de acordo com
um estudo publicado recentemente, grileiros já tomaram 11.6 milhões
dessas florestas, o equivalente a 23% do total. Os números foram
levantados por uma equipe de pesquisadores do Núcleo de Altos Estudos
Amazônicos da Universidade Federal do Pará em parceria com o Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
O artigo foi publicado no periódico Elsevier
sob o título “Terra sem lei na terra de ninguém: as florestas públicas
não destinadas na Amazônia brasileira” e destaca o avanço da grilagem e
do desmatamento nesses territórios. “A falta de segurança da posse da
terra é uma fonte de desmatamento, exploração predatória de recursos
naturais, atividades econômicas insustentáveis e violência no campo”,
descreve o artigo. De acordo com o levantamento, até 2018 já haviam sido
desmatados 2.6 milhões de hectares em áreas não destinadas.
“Esse é um processo histórico, de grilagem de terra, mas que agora
está se intensificando justamente dentro das florestas não destinadas.
Existe um processo de privatização dessas áreas que passa a ser
facilitado, inclusive, com essas flexibilizações que a gente vem
acompanhando na legislação, como a Medida Provisória 910, a MP da
Grilagem, que agora se transformou no Projeto de Lei 2.633.
Essas flexibilizações vão dando margem para que essas pessoas
mal-intencionadas comecem de fato a lucrar com esse ato. Porque elas
acabam conseguindo o título da terra, ou mesmo quando não conseguem o
título da terra, elas conseguem vender essa terra a terceiros por um
preço que é muito maior do que elas tiveram que colocar para conseguir
aquela terra”, explica a professora-titular do Núcleo de Altos Estudos
Amazônicos da UFPA, Claudia Azevedo-Ramos, uma das autoras do estudo, em entrevista a ((o))eco.
Ela conta que o estudo foi feito através de bases de dados públicos como o Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNFP)
e o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SISCAR), feitos pelo
Serviço Florestal Brasileiro, e informações do Incra, do Inpe e do
Ministério do Meio Ambiente. “Todos os dados que a gente utilizou nesse
estudo são dados públicos e isso também é muito importante porque indica
que os governos têm noção do que está acontecendo, porque a maioria da
informação veio justamente dos dados que estão dentro dessas
instituições”, esclarece Claudia.
“Nós tiramos as sobreposições e sobraram 49.8 milhões de hectares de
florestas que ainda não foram destinadas, é mais ou menos o tamanho da
Espanha. O que são essas florestas não destinadas? São florestas que são
públicas, pertencem ao governo federal ou estadual, mas ainda não foram
alocadas para nenhuma categoria de uso. Elas não são unidade de
conservação, não são Terra Indígena, território quilombola, não são
assentamento, não são nada. E elas não têm um gestor específico ali
cuidando.
E quando nós demos um zoom para ver o que estava acontecendo
dentro dessa área, nós vimos que uma área equivalente a dois estados do
Rio de Janeiro, 11.6 milhões de hectares, estavam sendo griladas. E isso
já acendeu todas as luzes vermelhas porque imagina você ter um
patrimônio desse tamanho em plena Floresta Amazônica, que está sendo
perdido porque esses grileiros estão entrando nessas áreas públicas e
registrando pedaços dessa floresta pública no CAR [Cadastro Ambiental Rural].
Como o Cadastro é auto declaratório, você registra o que você quiser e
só depois você precisa validar essa informação, e o CAR ainda não chegou
nesse estágio de verificação. Nesse meio-tempo, essas pessoas
mal-intencionadas entram e começam a derrubar a floresta para tomar
posse. Nós avaliamos o desmatamento dentro dessas áreas e até 2018 foram
2.6 milhões de hectares desmatados, um território mais ou menos do
tamanho do Sergipe. Ou seja, dentro daquela Espanha de florestas não
destinadas, tinha um Sergipe desmatado”, diz a pesquisadora.
O artigo destaca que vários especialistas já alertaram que esse é um
cenário que pode piorar nos próximos anos em função das recentes
mudanças políticas no Brasil como o atual enfraquecimento governamental
das agências ambientais e dos direitos à terra indígena; congelamento da
designação de novas áreas públicas; legalização de armas nas áreas
rurais; expansão do agronegócio, que resultam na intensificação de
conflitos de terra, violência rural e exploração ilegal de recursos
naturais.
O texto cita ainda que 30% do desmatamento e das queimadas na
Amazônia em 2019 ocorreram dentro de florestas públicas não destinadas,
de acordo com dados divulgados pelo IPAM.
A professora da UFPA ressalta ainda que o primeiro passo para lidar
com os crimes ambientais cometidos nessas florestas não destinadas é,
justamente, destiná-las e fazer o ordenamento deste território. “Ao
destinar essas terras a gente está entregando elas à gestão de alguma
instituição que vai fazer o monitoramento e o manejo daquela área. Hoje,
se existe invasão em floresta pública não destinada, quem que a gente
chama? Fica muito fácil de um empurrar pro outro e ninguém fazer nada. A
destinação é a primeira coisa, inclusive para propriedades privadas, o
que também é previsto”, completa.
Além disso, ela aponta que é preciso ter vontade política e uma ação
efetiva do governo no combate aos crimes ambientais, tanto em campo, com
fiscalização e aplicação da lei, quanto no discurso dos governantes.
“Quando você está na ponta, lá no campo, você está atento ao discurso
das lideranças, do governo, e você se move de acordo. Se lá na ponta
chega um discurso que diz que agora vale tudo, é só o sinal que basta
para você começar a distribuir motosserra. Porque se o próprio governo,
que deveria estar fiscalizando essas áreas que são públicas, está
passando a mensagem de que nada vai acontecer, o seu trator não vai ser
queimado ou confiscado, a Polícia Federal não vai chegar até você, você
pode entrar na Terra dos Indígenas que está tudo bem, pode fazer
mineração à vontade… É terra sem lei, mesmo”, conclui.
Polícia Federal deflagra operação contra desmatamento ilegal
Redação
Polícia Federal/PA
A Polícia Federal deflagrou hoje (29/7) a Operação Carranca, para reprimir a exploração ilegal de madeira na região de Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, no estado do Pará.
Estão sendo cumpridas, ao todo,
60 medidas cautelares, sendo 14 mandados de medidas cautelares diversas
da prisão, 7 mandados de afastamento do emprego ou função pública, 4
mandados de suspensão da atividade de natureza econômica, 7 mandados de
sequestro de bens e 28 mandados de busca e apreensão.
A
investigação policial teve início no primeiro semestre de 2016, a
partir de denúncias da extração ilegal de madeira no município de Brasil
Novo/PA. Com o avanço da investigação, foi possível identificar grupos
que atuavam em todas as etapas da cadeia produtiva da madeira: extração,
serragem, falsificação de documentos, fiscalização, transporte e compra
da madeira ilegal.
Esses grupos criminosos foram divididos em 4
núcleos, conforme sua atuação no esquema criminoso. O primeiro núcleo
se refere aos madeireiros de pouco poder econômico, que atuam na linha
de frente da extração ilegal de madeira nos municípios mencionados. O
segundo núcleo é dos madeireiros de grande poder econômico, que
financiam uma grande cadeia de extração, serragem e distribuição de
madeira ilegal, inclusive realizando a manipulação de créditos
florestais e falsificação de documentos.
Já, o terceiro núcleo
está ligado aos servidores públicos das Secretarias municipais de Meio
Ambiente, advogados, engenheiros florestais e outros ligados a esses,
que utilizam sua função pública para favorecer e acobertar os crimes
ambientais, além de, em alguns casos, participarem do comércio de
madeira ilegal.
O quarto núcleo, cuja identificação foi feita
com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, é composto por servidores
policiais que realizavam fiscalização ilegal na rodovia Transamazônica,
cobrando vantagem indevida dos caminhoneiros como condição para
prosseguirem viagem ou passando informações de fiscalização rodoviária.
Dentre eles há um servidor público federal e outros do estado do Pará,
além de batedores caminhoneiros que repassavam informações.
Os tipos penais investigados são:
- exploração econômica de floresta nativa em terra de domínio público (Lei nº 9605/1998);
- fornecimento de nota fiscal em desacordo com a legislação (Lei nº 8137/1990);
- integrar ou financiar organização criminosa (Lei nº 12850/2013);
- recebimento de madeira para fins comerciais sem exigir a exibição da licença (Lei nº 9605/1998);
-
falsidade ideológica, associação criminosa, corrupção passiva,
prevaricação, peculato, violação de sigilo funcional e concussão (todos
do Código Penal Brasileiro).
Cinco são presos em garimpo ilegal em Apiacás; maquinário é apreendido
Redação
Divulgação/PJC
Garimpo ilegal em Apiacás
Cinco homens foram detidos na tarde desta quinta-feira
(30), na zona rural de Apiacás (1.010 km ao norte de Cuiabá), durante
ação integrada da Polícia Civil do município e da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente (Sema) de combate a crimes ambientais na região.
Os
suspeitos de 51, 52, 55, 58 e 65 anos foram autuados em flagrante por
usurpação (produzir bens ou explorar matéria prima pertencente à União
sem autorização legal) e por poluição (construir ou fazer funcionar,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença).
O trabalho foi deflagrado em apoio à equipe da Sema
para fiscalização de um garimpo situado em uma propriedade rural situada
na estrada W3. Chegando nas proximidades, as equipes avistaram uma
escavadeira e barulho de motores em funcionamento. Os policiais e
fiscais foram recebidos por um homem que se apresentou com o
proprietário do local e foi solicitado que o mesmo desligasse o motor
que estava na beira do córrego e chamasse as outras pessoas que estavam
garimpando dentro de uma escavação.
No local foram encontrados
três motores, sendo dois em funcionamento de uma s draga de seis
polegadas. Foi constatada a existência de um córrego, que passa ao lado
do garimpo, um braço do rio Das Primas, cujas águas estavam sendo
utilizadas para a garimpagem. Também foi localizada uma máquina
escavadeira, que não estava em funcionamento, porém, utilizada no
garimpo. As equipes constataram quatro garimpeiros trabalhando dentro de
um buraco.
Diante dos fatos, as cinco pessoas foram conduzidas
para a Delegacia de Apiacás para as providências cabíveis. Todos os
materiais utilizados no garimpo foram apreendidos pela Sema.
Os
conduzidos foram interrogados e responderão pelos crimes de usurpação
(produzir bens ou explorar matéria prima pertencente à União sem
autorização legal) e por poluição (construir ou fazer funcionar,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença).
Sema flagra garimpo de ouro ilegal e aplica multa de R$ 400 mil
Foram identificados aproximadamente 22,5 hectares de desmate entre áreas de preservação permanente e de mata nativa.
Redação
Sema/MT
A Secretaria de Meio Ambiente (Sema-MT) realizou fiscalização contra garimpo de ouro sem autorização de operação na região de Carlinda e Alta Floresta.
Fiscais da Unidade Descentralizada de Alta Floresta e da Coordenadoria
de Fiscalização de Empreendimentos aplicaram multa de R$400 mil por
supressão vegetal e operação ilegal na atividade e embargo.
A operação ocorreu em parceria com a Polícia Judiciária Civil e incluiu a zona de amortização do Parque Estadual Cristalino e foi resultado de denúncias e de análise de imagens de satélite
monitoradas pela regional de Alta Floresta. A fiscalização flagrou
atividade implantada de extração mineral com sinais recentes de desmate e
perfurações no solo trazendo significativo impacto nas florestas e
corpos hídricos.
Foram feitos o levantamento em campo, por meio
de uso de veículo aéreo não tripulado, da extensão do dano e também
identificação de outros focos de desmatamento realizados pela atividade.
Foram identificados aproximadamente 22,5 hectares de desmate entre áreas de preservação permanente e de mata nativa.
Os responsáveis responderão administrativamente o embargo e também pelas infrações cometidas.
Atividade essencial
As
atividades de fiscalização ambiental, que incluem as ações de
monitoramento e controle de crimes ambientas como desmatamento e
exploração florestal ilegais, pesca predatória, caça ilegal, poluição
causara por empreendimentos, dentre outros, seguem em pleno
funcionamento durante a pandemia do Covid-19.
De acordo com
artigo 8° do decreto Estadual 432/2020, a fiscalização ambiental é
considerada atividade essencial no Estado. Ao se deparar com crimes
ambientais, o cidadão pode fazer denúncias pelo 0800 65 3838 ou via
aplicativo MT Cidadão (disponível para IOS e Android).
Monitoramento Diário
Desde
2019, por meio da Sema, o Estado de Mato Grosso é beneficiário da
Plataforma de Monitoramento da Cobertura Vegetal (ferramenta) adquirida
pelo Programa REM, por meio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(Funbio), com recursos da Alemanha e Reino Unido.
Além das
imagens diárias de alta resolução espacial, são disponibilizados alertas
semanais de desmatamento e degradação da vegetação em toda a área do
Estado. Os alertas permitem detectar desmates a partir de um hectare e
acompanhar a alteração da cobertura vegetal de forma rápida e precisa.
Denúncias
O
cidadão pode denunciar crimes ambientais à Ouvidoria Setorial da Sema:
0800-65-3838 ou via WhatsApp no (65) 99281- 4144, nas regionais da Sema
ou pelo aplicativo MT Cidadão.
Ação integrada apreende helicóptero que jogava agrotóxico na Floresta Amazônica
Piloto conseguiu fugir e
duas pessoas foram conduzidas para a delegacia após flagrante de
desmatamento ilegal e outros crimes ambientais
Juliana Carvalho
Sema-MT
Operação integrada da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente (Sema), polícias Civil e Militar e Centro Integrado de
Operações Aéreas (Ciopaer) na segunda-feira (15.06) flagrou a
pulverização de agrotóxico em floresta nativa, áreas de regeneração e
pasto, ocasionando danos visíveis à flora.
Esta é a primeira vez
que Mato Grosso apreende um helicóptero sendo utilizado para realizar
desmatamento ilegal. A equipe considerou o crime um atentado contra a
saúde pública e o meio ambiente.
Na
ação realizada a 63 quilômetros do município de Colniza (Noroeste de
Cuiabá), duas pessoas foram conduzidas para a delegacia de polícia. O
piloto do helicóptero não foi localizado. A aeronave apreendida será
periciada e removida, enquanto os produtos utilizados na pulverização
serão periciados no local.
A operação teve origem em denúncia
anônima que relatou o uso de agrotóxico por diversas propriedades no
entorno da Vila Maguila, distrito de Colniza.
Após um trabalho
pelo Núcleo de Inteligência e Operações Integradas (NIOC) da Sema, a
área foi identificada e o Ciopaer foi acionado para sobrevoar a área. Os
agentes identificaram a vegetação amarelada e localizaram a aeronave
com os pulverizadores acoplados.
Aequipe também encontrou os
tanques utilizados no armazenamento de agrotóxicos, nas margens de um
lago que aparenta ser uma nascente hídrica represada. As investigações
iniciais apontam para a contaminação da lagoa. De acordo com o relato de um dos conduzidos, foram
pulverizados 83 galões de 20 litros de agrotóxicos em duas
propriedades, em uma área aproximada de 850 hectares e estavam
preparando para realizar o trabalho na terceira propriedade.
O
suspeito relatou ainda que todo material era manipulado às margens da
nascente. Demais sanções administrativas estão sendo calculadas e a
Polícia Civil conduz o inquérito criminal.
Desmatamento ilegal zero
A
ação realizada em Nova Bandeirantes integra Operação Amazônia Arco
Norte do Governo de Mato Grosso em parceria com a Operação Verde Brasil
do Governo Federal, visando zerar o desmatamento ilegal em Mato Grosso.
Desde
o início da Operação, em maio, foram aplicados R$ 101 milhões em multas
por crimes contra a flora, como desmatamento, exploração florestal e
queimadas ilegais, dentre outros. Foram embargados mais de 21 mil
hectares e apreendidos 44 tratores.
Desde janeiro, Mato Grosso
aplicou R$ 555 milhões por crimes contra a flora e embargados 78 mil
hectares. As ações conduzidas resultaram na apreensão de 116 tratores e
27 caminhões.
Atividade essencial
As atividades de
fiscalização ambiental, que incluem as ações de monitoramento e controle
de crimes ambientas como desmatamento e exploração florestal ilegais,
pesca predatória, caça ilegal, poluição causara por empreendimentos,
dentre outros, seguem em pleno funcionamento durante a pandemia do
Covid-19.
De acordo com artigo 8° do decreto Estadual 432/2020, a
fiscalização ambiental é considerada atividade essencial no Estado. Ao
se deparar com crimes ambientais, o cidadão pode fazer denúncias pelo
0800 65 3838 ou via aplicativo MT Cidadão (disponível para IOS e
Android).
Militares cercados pelo fogo são resgatados por helicóptero em Poconé
Redação
Corpo de Bombeiros - MT
Seis militares bombeiros que combatiam incêndio no
Pantanal, no muncípio de Poconé, viram-se cercados pelo fogo na última
sexta-feira (14).
Eles conseguiram se comunicar com a base e
foram localizados por uma aeronave que também auxilia o trabalho dos
bombeiros na região. Em seguida um helicóptero da Força Aérea Brasileira
conseguiu pousar e resgatá-los.
Segundo informado pelo
bombeiros, o vento forte fez as linhas de fogo avançarem rapidamente em
direção ao setor norte do hotel Sesc Porto Cercado.
Cerca de 200
mil hectares foram consumidos pelo fogo desde o início do incêndio que
começou há três semanas no Pantanal mato-grossense.
As
ações para defesa da maior planície alagável do mundo, contam mais 134
pessoas atuando no combate aos incêndios. São 38 bombeiros militares de
Mato Grosso e 12 de Mato Grosso do Sul. Do Governo Federal, atuam oito
militares da FAB e 23 da Marinha, além de 14 brigadistas do ICMBio. O
Sesc Pantanal disponibilizou 39 funcionários, sendo quatro em parceria
com a Universidade Federal de Mato Grosso.
Para ação, estão
sendo empregados duas aeronaves de combate a incêndio do CBMMT e outas
duas do ICMBio. Um helicóptero da Força Aérea Brasileira e outro da
marinha atuam na operação para deslocamento de equipes e identificação
das éreas atingidas. Na sexta-feira (14), mais um helicóptero do Ibama
começou atuar na região do Porto Jofre, em Poconé.
Por terra, as
equipes recebem o apoio de duas camionetes, uma van, um caminhão, um
ônibus e dois quadriciclos também do Corpo de Bombeiros Militar e três
máquinas oriundas de apreensão cedidas pela Sema. De recursos privados,
estão em campo uma aeronave e três camionetes do Sesc Pantanal, três
caminhões pipa, três tratores pipa, um microônibus, um quadriciclo e uma
van. Máquinas de diversos produtores rurais estão sendo empregadas na
construção das linhas de defesa. As estimativas apontam que uma área de
204 mil hectares foi atingida pelo fogo nos municípios de Barão de
Melgaço e Poconé
Duas
aeronaves do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT)
utilizaram cerca de 45 mil litros de a?gua para impedir que o fogo
atingisse uma casa de pau-a-pique (foto acima) do seu Dito Verde
(Benedito Alves da Silva), morador mais antigo da reserva RPPM Sesc
Porto Cercado. Além das aeronaves, combatentes, dois barcos e um
helicoóptero da Marinha foram empenhamos para impedir que casa de seu
Dito Verde fosse destruída pelas chamas. O incidente aconteceu na
quarta-feira (12/08).