domingo, 24 de abril de 2016

Vídeo: Imagens chocantes.A história do cão sem rosto.

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Sacrifício de animais



O sacrifício de animais em rituais religiosos é prática mal vista pela sociedade ocidental de uma maneira geral, tanto devido à crueldade envolvida quanto devido à má impressão visual que causam, associação dessas práticas com feitiçaria etc. No entanto, muitas das pessoas que demonizam as religiões onde animais ainda são sacrificados ignoram que a crueldade envolvida no sacrifício de animais é similar à crueldade praticada quando o animal é abatido para consumo, seja por qual método seja.


A demonização dessas religiões, mais do que uma oposição ao sacrifício propriamente dito, denota um preconceito contra determinado sistema de crenças. Denota ignorância quanto ao fato de que todas as antigas religiões praticaram, em algum momento de sua história, o sacrifício de animais e/ou de seres humanos. O sacrifício está na raiz da maioria das religiões, ele não se configura em um ato isolado de determinado grupo. Condenar determinado sistema de crenças, qualificá-lo como inferior ou primitivo, em nada contribui com a causa animal. Todos os sistemas de crenças devem ser respeitados e dentro desse conceito, soluções devem ser buscadas para o problema do sacrifício de animais, jamais aceitando-o ou regulamentando-o, mas entendendo suas origens e buscando uma solução que se harmonize com as crenças dos grupos.

 
Sacrifício é a prática de oferecer alimento, ou a vida de animais ou pessoas, às divindades, como forma de culto. O termo deriva dos radicais ‘sacro' e ‘oficio', ou seja, oficio sagrado. Os motivos para a prática de sacrifícios são variáveis, conforme o sistema de crenças de cada religião. Em algumas religiões, a palavra utilizada para sacrifício está associada à palavra "aproximação", pois acredita-se que o sacrifício aproxima o devoto de sua divindade.
Alguns povos no passado acreditavam que parte do poder dos deuses só podia ser conservada às custas de constantes sacrifícios. Outros acreditavam que os sacrifícios não interferiam no poder dos deuses, mas sim os agradavam, de forma que colocavam o devoto em posição de negociar algum favor.


Havia também sacrifícios para aplacar a ira dos deuses. Animais ou seres humanos podiam ser ofertados como forma de expiar pelos pecados da comunidade. Os sacrifícios desempenhavam função social importante dentro de certos sistemas, pois eram uma forma do devoto oferecer alguma contribuição à instituição religiosa, uma forma de prover alimento para os sacerdotes e para os mais pobres. Dessa forma, após serem oferecidos aos deuses, os animais eram consumidos pelo devoto, pelos sacerdotes ou distribuídos aos pobres.


Os sacrifícios eram práticas diárias nas mais avançadas sociedades americanas pré-colombianas, sendo que algumas destas sociedades praticavam o sacrifício de seres humanos. A sociedade hebréia, os pagãos e animistas de todos os continentes, os romanos, gregos, os muçulmanos e as religiões derivadas dos cultos africanos, todas recorreram ou recorrem ao sacrifício de animais.


Os sacrifícios na sociedade hebréia
O primeiro sacrifício de animais citado na Bíblia foi realizado por Abel (Gen. 4:4), no entanto, este sacrifício e o realizado por Noé (Gen. 8:20) precedem o advento da religião judaica. Dentre os patriarcas, Abraão ofereceu um sacrifício de carneiro (Gen. 22:13) e Jacó é descrito como oferecendo dois sacrifícios, embora o texto não especifique o que tenha sido ofertado (Gen. 31:54 e Gen. 46:1).


O sacrifício de animais parece não ter sido estranho aos israelitas na época de escravidão no Egito (Êxodo 3:18), embora não haja evidencias de que isto fosse praticado neste período. Já na época do êxodo do Egito, os israelitas foram proibidos de imolar animais exceto como ofertas sacrificiais. Uma pessoa que abatesse um animal sem ofertá-lo no tabernáculo era considerado culpado por sua morte (Lev. 17:3-4). Já em Israel, os sacrifícios passaram a ocorrer no pátio do Grande Templo, em Jerusalém. (Lev 17:1-9, Deut. 12.5-7). Esporadicamente, outros lugares que não o Templo eram utilizados para sacrifícios (Juizes 2:5; Juizes 6:18-21, 25 e 1 Reis 18:23-38).


O livro de Levítico descreve em detalhes quais tipos de oferendas podiam ser oferecidas em cada ocasião e de que forma o sacrifício deveria ocorrer. As oferendas eram derivadas de vegetais (farinha, azeite, trigo torrado, bolos, incenso, vinho, etc), animais (bois, cabras, carneiros, pombas, rolinhas etc) e em alguns casos minerais (sal).


Os sacrifícios eram classificados como:
- Sacrifício de expiação pelo pecado (Lev 4 e Lev. 6:24-30): Dependendo de quem cometeu o pecado e das condições em que fora cometido, eram ofertados novilhos, bodes ou cabras.

- Oferta pela culpa ou holocausto (Lev. 5, Lev. 6:1-13 e Lev. 7:1-10): Eram ofertados carneiros, cordeiras e cabritas, mas os menos abastados podia ofertar pombas, rolas ou mesmo farinha (fermentada ou não).

- Sacrifícios pacíficos ou de ação de graças (Lev 3; Lev. 7:11-20): Era um sacrifício queimado para agradar a Deus. Eram sacrificados bois, cabras e carneiros, mas também bolos de farinha com azeite, não fermentados.

- Oferta de manjares (Lev. 2:1-11 e Lev. 6:14-23): Era um sacrifício queimado para agradar a Deus. Eram usadas preparações à base de vegetais não fermentados e sal.

- Ofertas de primícias (Lev. 2:12-16): O propósito era agradecer pela abundância da colheita. Eram oferecidos os primeiros grãos coletados, ainda verdes, azeite e mel.
Maimônides (1135-1204) explica que os judeus na verdade não tinham a necessidade de realizar sacrifícios para Deus, mas isto passou a ser praticado em Israel por influência das tribos pagãs que viviam ao redor. Estes povos utilizavam estes rituais como forma de aproximar-se de suas divindades. De acordo com Maimônides, se um sistema não houvesse sido criado para que os israelitas praticassem rituais semelhantes aos pagãos para se aproximarem de seu Deus, possivelmente sacrificariam para deuses estrangeiros. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem, e não uma necessidade religiosa real.


De fato, na Biblia há muitas passagens que mostram que o Deus de Israel na verdade buscava pelas orações e o sincero arrependimento, e não o sacrifício:


"Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres." (Salmo 40:6).


"Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos.Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus." (Salmos 51:16-17).


"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? - diz o SENHOR. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer." (Isaias 1:11-14)


"E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados." (Amós 5:22)


"Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniqüidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios." (Oséias 14:2)


Os sacrifícios foram abolidos há dois mil anos da sociedade hebréia, sendo substituído por orações.


Sacrifícios no cristianismo
O cristianismo, como religião, jamais utilizou como prática o ritual de sacrifícios, mas cristãos primitivos sem dúvida praticavam sacrifícios no Templo de Jerusalém até sua destruição no ano 70 d.C. Portanto cristãos e judeus deixaram de praticar sacrifícios de animais na mesma época. Há, no entanto, resquícios de práticas sacrificiais pagãs européias na tradição católica (touradas etc), o que mostra que pelo menos no início da cristianização da Europa, estes sacrifícios foram continuados, até sua definitiva incorporação à nova religião.


Na teologia cristã moderna, os sacrifícios não têm lugar visto que Cristo ofereceu-se a sim mesmo como sacrifício universal. A mera fé nisto conduz o devoto à salvação. No entanto, o culto e a eucaristia são práticas que remontam ao sacrifício, sendo a hóstia (no caso católico), a oferenda de carne. O simples fato de Jesus haver sido considerado uma oferenda válida mostra, porém, que o cristianismo aceita, teologicamente, a validade dos sacrifícios. Com efeito, o cristianismo não faria sentido sem a idéia de que Jesus serviu como um cordeiro sacrificial, para expiar pelos pecados do mundo.


Sacrifícios no islã
O período de peregrinação à Mecca (Hajj) é marcado por um rito sacrificial denominado Eid-ul-Adha (comemoração do sacrifício). Este sacrifício lembra que Abraão esteve prestes a sacrificar seu filho (que, de acordo com a tradição muçulmana não era Isaque, mas Ismael). Após as orações, aquele que têm condições leva um cabrito, uma cabra, uma ovelha, um camelo ou uma vaca, para serem sacrificados. A carne destes sacrifícios é compartilhada com a família e os amigos e um terço é dada aos pobres. Todos estes preceitos estão contidos na Surata Al-Hajj (o capítulo do Al-Corão que trata da peregrinação a Mecca).


No Al-Corão (22:37) está explicado que Deus não se beneficia da carne nem do sangue dos animais que são sacrificados, mas que a fé do devoto e sua boa intenção é que são considerados. O animal deve ser abatido tendo sua jugular cortada e seu sangue drenado. Não é permitido dar marretadas, eletrochoques ou perfurar o animal com qualquer objeto. Esta carne, apenas assim é considerada Halal, própria para consumo.


Sacrifícios no hinduísmo
O Yajurveda, um dos quatro Vedas, contém grande parte da liturgia e dos rituais necessários para a prática religiosa hindu. Isto inclui os ritos sacrificiais. No período de 1000 a.C. a 800 a.C., o hinduísmo passou a basear seu sistema de crenças na constante necessidade de sacrifícios. A população podia consumir a carne apenas de animais abatidos por brâmanes (sacerdotes). Neste período surgiu no hinduísmo o sistema de castas, o conceito de reencarnação e a concepção de que almas animais podiam evoluir até a condição humana.


Textos como o Ramaiana e outros demonstram que os sacrifícios de animais eram comuns na prática religiosa hindu. No século VI a.C., no entanto, devido a pressões ecológicas e o advento de novas concepções religiosas, os sacrifícios foram abandonado em sua maior parte.


Neste período, seguindo o desprezo pelos sacrifícios, a salvação da alma passa a estar atrelada às boas ações do indivíduo, entre elas evitar causar mal aos animais.


Por não ser, no entanto, uma religião organizada, o hinduísmo permite uma variedade de rituais nitidamente destoantes. Ao passo que na maior parte dos lugares os Templos abriguem animais desamparados e os devotos lhes ofereçam alimentos como parte de seu rito, em outras regiões mais isoladas e menos abastadas animais e mesmo seres humanos continuam a serem sacrificados.


Isto é especialmente verdadeiro nos templos dedicados á deusa Kali: Em 14 de junho de 2003 um homem tentou sacrificar sua filha no Templo de Kamakhya, tendo sido detido pelos sacerdotes e preso pela policia. Na aldeia de Parsari, distrito de Sagar, em Madhya Pradesh, um sacerdote hindu foi preso em 27 de março de 2003 por sacrificar um homem. Embora sacrifícios humanos sejam proibidos, eles continuam a acontecer na Índia.


Sacrifícios eram também praticados em outras antigas religiões da Ásia. Confúcio descreve a existência de sacrifícios na China do século VI a.C.


Sacrifícios pagãos
O sacrifício de animais e seres humanos foi praticado por pagãos de todos os continentes. Muito se tem discutido sobre a condição dos druidas (sacerdotes celtas), se eles eram pessoas pacíficas e simpáticas ou, como nos queriam fazer crer os romanos, bárbaros sanguinários. É possível que tenham sido ambos, um pouco dos dois. Há evidências arqueológicas de que na religião celta havia sacrifícios de seres humanos, ainda que raramente.


Os relatos de historiadores romanos e cristãos a esse respeito, embora provavelmente exagerados, dão alguma idéia da forma como esses rituais ocorriam.


Já com relação aos astecas, sabe-se que praticavam rituais de sacrifício humano praticamente diários. Esta era a forma que encontravam para aplacar a fúria do deus Huitzilopochtli, representado pelo Sol, e desta forma evitar catástrofes. Isto os colocava em constante guerra com seus vizinhos, pois com o intuito de evitar o sacrifício de seus próprios, sacrificava-se prisioneiros de guerra. Da mesma forma, os sacrifícios eram praticados na sociedade maia.


Sacrifícios eram praticados na cultura cretense minóica, pré-helênica, mas é possível que não como parte dos ritos diários, mas em casos especiais como para aplacar a ira dos deuses durante desastres naturais. Os sacrifícios durante este período evidenciam-se, além da arqueologia, pela perpetração de lendas relativas aos minóicos, como aquela em que a cidade de Atenas precisava enviar todos os anos sete rapazes e sete moças para Creta, para serem oferecidas ao Minotauro. Gregos e romanos ofereciam sacrifícios, principalmente de animais, em honra dos deuses.


Sacrifícios nas religiões africanas
A maioria das religiões africanas ainda pratica o sacrifício de animais e, em casos mais velados, também de seres humanos. Na antiga religião Zulu, ainda praticada na África do Sul, pessoas podem ser mortas não como parte de um sacrifício ritual, mas para que alguma parte de seu corpo seja utilizada como medicamento (Muti). Nesta forma de medicina, o pênis de um menino pode ser requerido pelo sangoma (curandeiro) para elaborar um elixir contra a impotência ou o estupro de uma virgem pode ser necessário para curar alguém de AIDS.

Os ritos sacrificiais africanos, trazidos para a América do Sul e Caribe no período colonial, ainda são praticados em muitas comunidades.


No candomblé, o sacrifício de animais é praticado pelo Axogun ou pelo Babalorixá. O primeiro que deve receber os sacrifícios é Exu, a quem é oferecida uma galinha. Em seguida o Orixá que se pretende contatar recebe sua oferta, sempre um animal quadrúpedes. Após morto e oferecido no ritual, o animal é consumido pelos devotos e seu couro pode ser utilizado para a confecção de instrumentos musicais.


No candomblé o sangue não apenas é vida, como possui uma energia elementar. O sangue e as visceras dos animais tem o objetivo de produzir axé, energia vital.

Apesar disto, há seguidores do candomblé que opõem-se à pratica de sacrifícios de animais, como é o caso do Pai-de-Santo Agenor Miranda Rocha.

Caio de Omulu não questiona a validade, ou necessidade, do uso de animais dentro da umbanda, mas sim sua freqüência. Prega que tais rituais deveriam ser exceção e não única prática como vem sendo realizado.


Não querendo discutir a validade do sacrifício no contexto do sistema de crenças de qualquer religião, a mera existência de locais onde estas mesmas religiões são praticadas sem a necessidade de sacrifícios de animais, rituais estes reconhecidos pelos centros onde animais ainda são utilizados, demonstra que a utilização de animais não é necessária. O ritual cumpre uma função que, mais do que uma obrigatoriedade religiosa, configura-se em uma forte impressão psicológica no devoto que a pratica.


Conclusões
Seja qual for a religião que pratiquemos ou não pratiquemos qualquer religião, um princípio que devemos ter claro é que o movimento abolicionista jamais deverá ser um movimento anti-religioso ou contra uma religião específica. Devemos procurar nos opor ao sacrifício de animais sem desmerecer o complexo de crenças dos indivíduos, porque a causa abolicionista não deve discriminar uma ou outra religião. As mesmas críticas que atualmente são dirigidas às religiões afro-brasileiras poderiam ser dirigidas a qualquer religião, porque o especismo encontra-se fundamentado em todos os povos, todas as religiões.


Devemos trabalhar, sim, a extinção do especismo em todas as religiões, porque embora ele esteja nelas impregnado, não é delas parte integrante. Queremos dizer que respeitamos a liberdade de culto e de fé, mas que isso não justifica a retirada de vidas. Queremos dizer que não somos superiores nem inferiores, e que também descendemos de povos e religiões que sacrificaram animais. Queremos dizer que o sacrifício de animais pode hoje fazer parte dos rituais de certa religião, mas que não precisaria ser assim; que eu outros lugares a mesma religião é praticada e que animais não são mortos.


Porque aquele que combate o sacrifício de animais desmerecendo a fé de um ser humano provavelmente não dispõe de qualidade moral suficiente para perceber que a utilização de animais para outros fins, o que erroneamente também pode ser chamado ‘sacrifício', pode ser considerado tão ou mais sanguinário. Opondo-se ao sacrifício ritual, a pessoa não vê problema em consumir a carne de um animal abatido dentro de uma instituição que preze por seu "bem-estar". Hipocrisia.


Porque se dentro daquela crença o sacrifício de animais agrada a um ser divino, aquele que condena esse ritual mas não o ritual diário em torno da mesa nas três refeições diárias, em verdade se coloca como um ser mais do que divino, a quem o "sacrifício" de animais para satisfação do apetite não fere nenhum conceito moral.




perfil greif
Sérgio Greif | sergio_greif@yahoo.com
Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável", além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.
Olhar Animal - www.olharanimal.org


Torturando até a morte seus próprios animais de estimação.

Retrocesso: Religiosos judeus voltam a fazer sacrifícios de animais após 2.000 anos

“Ensaio profético” da Páscoa contou com a presença de 400 pessoas.
Israel jerusalem sacerdotescohanim 1Judeus voltam a fazer sacrifícios de animais. (Foto: Divulgação)
O Templo judeu foi totalmente destruído pelo exército romano no ano 70. Desde então, os judeus cessaram os sacrifícios de animais. Embora a tradição continue entre os samaritanos, o sangue é derramado no monte Gerizim e não segue estritamente a tradição bíblica.

Em 2016, pela primeira vez em quase dois milênios, cordeiros de um ano foram sacrificados ao ar livre por homens que reúnem as condições de serem os novos levitas e sacerdotes.
Ainda que o Terceiro Templo não esteja de pé, os membros do Instituto do Templo conseguiram reunir cerca de 400 convidados para uma “cerimônia modelo”, no alto do Monte das Oliveiras.

Entre os convidados estavam líderes políticos e religiosos, que expressaram sua esperança que as mesquitas em breve sejam removidas do alto do Monte do Templo.


O político Arieh King afirmou esperar que Jerusalém logo esteja livre do que ele chamou de “abominação”. Ao mesmo tempo, o rabino Yisrael Ariel, um dos líderes do Instituto do Templo explica que o evento foi uma “preparação” para quando o monte Moriá for “limpo e consagrado” e o templo, reconstruído.


A cerimônia realizada na segunda (18) seguiu vários rituais antigos prescritos pela lei da Torá e judeus, incluindo o abate de um cordeiro pelos sacerdotes Cohanim (descendentes de Arão), a aspersão do sangue, a queima de gorduras e outras partes do cordeiro em um altar. Tudo ao som de trombetas de prata sopradas pelos levitas. O local do abate cerimonial foi a yeshiva Beit Orot, de onde se pode ver todo o Monte do Templo.


Segundo o calendário judaico, que é lunar e segue os tempos estabelecidos por Deus no Antigo Testamento, a Páscoa (Festa de Pêssach) começa ao pôr do sol desta sexta, 22 de abril e vai até o anoitecer de sábado, dia 30.
O rabino Ariel, que leu passagens do Talmude relativos ao Monte do Templo explicou que trata-se de mais um ensaio para que, quando as cerimônias forem retomadas no novo Templo, esteja tudo pronto.

Os organizadores do evento dizem que desejavam oferecer uma autêntica experiência judaica “com os cheiros, sons e cores que foram perdidos para nós nestes 2000 anos”. O objetivo final era “despertar no povo um desejo de renovar este ritual do Templo em nossos dias”.

O rabino Shmuel Eliyahu, importante líder judeu, salientou que “todos os judeus praticantes, vem rezando por isso três vezes ao dia durante os últimos 2.000 anos”. Ele estava feliz por ver as orações cantadas com acompanhamento musical após o abate do animal, enquanto os Cohanim usavam as peças cerimoniais que já estão prontas para serem utilizadas em breve no Templo.

Renovando a esperança
Esta é a segunda demonstração de como funcionam os sacrifícios feita este ano. No início de março, três membros do Sinédrio abriram as comemorações da chegada de mês bíblico de Adar, acompanhado de uma reconstituição do serviço do Templo.

Essa verdadeira aula de Antigo Testamento visa mais que lembrar um costume. Mostra o quanto os preparativos para o novo Templo são reais. Ao exibir tudo em público, ele também ajuda a acostumar os moradores de Jerusalém com a ideia de já existir uma nova classe sacerdotal.

Nos últimos anos, outros grupos judeus ortodoxos realizaram sacrifícios em frente ao Monte do Templo, em Jerusalém, tentando seguir o ritual descrito nos Livros de Moisés, mas não tão detalhadamente quanto o Instituto do Templo. Eles chamam isso de “ensaio profético”.

Para evitar conflitos com os muçulmanos, o governo de Israel não tem estimulado a prática e já prendeu ativistas que tentavam fazê-lo. Com informações de Israel National News e Jerusalém Post.

Nota do Olhar Animal: Esta prática é tão inaceitável quanto o abate de animais pelo candomblé ou por qualquer outra religião. Aliás, todas as maiores religiões praticaram o sacrifício de animais (humanos e/ou não humanos) em algum momento de sua história, como indica o artigo Sacrifício de animais. Em reação à demanda pelo fim dos sacrifícios, os religiosos se defendem sob o lamentavelmente eficaz argumento da "perseguição religiosa". Pior, parte do movimento de proteção animal engole a isca, transferindo para os animais responsabilidades e culpas humanas históricas, pessoas movidas talvez também pelo temor das consequências pessoais de uma eventual ira religiosa. Alguns fazem isso escondendo-se atrás da postura do "tudo ou nada", ou seja, ou se age simultaneamente pela mudança das práticas ritualísticas de todas as religiões ou não se age pela mudança de ritual algum. Os defensores dos animais esquivam-se, assim, de um posicionamento em favor dos animais que melindraria os seguidores daquela determinada religião. Curioso é que a argumentação do "tudo ou nada" têm sido um artifício dos exploradores de animais em outras áreas (experimentação animal, rodeios, farra do boi, etc.) para não alterarem suas práticas e, nestes outros casos, tal alegação é repudiada pelo movimento animalista. Já em relação aos rituais, uma falsa busca por isonomia de tratamento dado às religiões acaba penalizando os animais. A isonomia que verdadeiramente falta é na abordagem dos temas animais pelos ativistas, que acabam cedendo à tese de que é relevante a finalidade e o contexto em que os animais são explorados e não que a exploração em si é um problema. Não faltam motivações abstratas às quais se agarrarem para fugir das pressões sociais e do inequívoco dever moral de defender incondicionalmente os interesses dos animais diante de qualquer ameaça a eles. Mas o sofrimento e morte dos animais não são nada abstratos.


Comentário

A prova é que são animais de estimação fica evidente com a confiança com que se aninham no colo de seus donos.

Anônimo

Mais uma espantosa crueldade contra animais foi suspensa

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Festival mexicano Kots Kaal Pato é suspenso devido à crueldade contra os animais

A decisão partiu de um acordo da CEDH e do Conselho do Município Mexicano.

Tradução de Adriana Shinoda
MEXICO festival patos optFoto: Arquivo Cuartoscuro
A Comissão dos Direitos Humanos do Estado de Yucatán (Codhey) e a Prefeitura do Município de Izamal suspenderam o tradicional festival maia celebrado há 100 anos e conhecido como Kots Kaal Pato, devido à crueldade contra os animais.

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A decisão ocorreu após uma reunião entre o prefeito Warnel May Escobar e o ouvidor estatal Enrique Goff Ailloud, onde ambos acordaram ações de promoção da cultura de paz, assim como a valorização dos usos e costumes na comunidade de Citilcum do município de Izamal.


As festividades de Kots Kaal Pato, cujo significado é “golpear o pato”, em maia, vinha sendo realizado no mês de abril e utilizavam-se animais pendurados, degolados e golpeados dentro de piñatas até que estes morressem.



Goff Aillou especificou que se busca criar uma consciência na população sobre o respeito a seus semelhantes, assim como a cultura de paz através de diversas ações que permitam a celebração das festas tradicionais sem estes atos de violência.


O ouvidor atestou: “não queremos que as meninas e meninos vejam atos de violência como celebração ou tradição”.


A maioria dos animais utilizados são iguanas, ainda que sejam mais apreciados os gambás, marsupial ameaçado de extinção que inclusive é protegido em alguns países.

Os animais são condenados à morte, pois aqueles que sobrevivem as pauladas são lançados de um lado ao outro pela multidão sendo destroçados e pisoteados.


Os patos aparecem no final da celebração, suas patas são amarradas em uma estrutura de madeira enquanto os concorrentes pulam e pegam o pato pela cabeça, arrancando-a com as próprias mãos.  


Durante esta luta, que pode durar muitos minutos, cai uma chuva de sangue que banha os participantes.


Fonte: SDP Notícias

Greenpeace põe máscara em estátua para criticar poluição em Londres

terça-feira, 19 de abril de 2016


Os membros do grupo ambientalista Greenpeace colocaram uma máscara de gás na estátua Coluna de Nelson, monumento em homenagem ao Almirante Horatio Nelson, em Londres, na Inglaterra, nesta segunda-feira (18), em uma crítica à qualidade do ar.


Além da Coluna de Nelson, os ambientalistas fizeram a intervenção em outras 17 estátuas na região de Londres, segundo o jornal “The Guardian”.

Dois ativistas do Greenpeace escalaram a Coluna de Nelson, monumento de 52 metros de altura, para fazer o protesto contra a poluição do ar. Os ativistas Alison Garrigan e Luke Jones escalaram a estátua na manhã desta segunda-feira.

Fonte: G1

Mundo científico critica Austrália por descuidar da Grande Barreira de Corais

terça-feira, 19 de abril de 2016


As críticas do mundo científico contra o governo da Austrália por descuidar da conservação da Grande Barreira de Corais, declarada patrimônio da Humanidade, aumentaram nesta segunda-feira (18) com novas chamadas.


“Pelo amor de Deus! Levem isso a sério, escutem os cientistas, embora seja só por uma vez”, disse o biólogo Charlie Veron, um dos maiores especialistas do mundo em corais e recifes, segundo a rede “ABC”.

“Em geral, eles nunca atendem quando se fala em mudança climática e agora também não fazem com a Grande Barreira de Coral”, acrescentou o autor do livro “A Reef in Time: The Great Barrier Reef from Beginning to End” (Harvard University Press, 2008).

Um estudo da universidade australiana James Cook denunciou em março que o branqueamento, a perda de cor que indica a morte do coral, afeta 95% da zona norte da Grande Barreira.

Os recifes se branqueiam periodicamente e depois se recuperam, mas os cientistas temem que o processo atual possa ser irreversível.

“Estou furioso por que o Governo Federal segue sentado à toa”, indicou por sua vez Justin Marshall, da Universidade de Queensland.

O britânico David Attenborough, um dos divulgadores naturalistas mais conhecidos da televisão, advertiu em um documentário apresentado em abril que a Grande Barreira de Corais poderia desaparecer em algumas décadas por culpa da mudança climática.

“Os perigos trazidos pela mudança climática, o aumento da temperatura do oceano e a acidez ameaçam sua existência. De verdade, nos importamos tão pouco com a Terra na qual vivemos que não desejamos proteger uma das maiores maravilhas das consequências de nosso comportamento?”, questionou o cientista de 89 anos de idade.

A saúde da Grande Barreira, que abriga 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e 4 mil variedades de moluscos, começou a se deteriorar na década de 90 pelo aquecimento de água do mar e o aumento da acidez devido à maior concentração de dióxido de carbono na atmosfera.

Fonte: Terra

Chuveiro com sensor desliga assim que a pessoa sai de baixo da água

terça-feira, 19 de abril de 2016


Assim que o usuário se desloca para fora da área do chuveiro, ele simplesmente para de funcionar.


O chuveiro é um grande vilão doméstico quando se trata de desperdício de água e energia. Desligar o registro é um jeito simples de economizar, mas nem todo mundo lembra deste simples detalhes na hora do banho. Por isso, Evan Shneider, um jovem norte-americano decidiu criar o OaSense, um chuveiro que desliga assim que a pessoa sai de baixo da água.

A lógica por trás do equipamento é muito simples: cortar o consumo de água e energia quando eles não são necessários. Isso significa não desperdiçar recursos enquanto o usuário está se ensaboando ou lavando o cabelo, por exemplo.

Com um sensor acoplado próximo à saída de água, assim que o usuário se desloca para fora da área do chuveiro, ele simplesmente para de funcionar, sendo retomado quando a pessoa retorna ao espaço. O processo é o mesmo das torneiras equipadas com sensores.

Além disso, o OaSense possui controle de pressão para reduzir a quantidade de água gasta durante o banho. Como foi criado nos Estados Unidos, este é um detalhe muito importante, já que não é possível controlar a vazão dos chuveiros no registro, controla-se apenas a temperatura da água.

O criador está em busca de financiamento coletivo para produzir o OaSense em larga escala, mas o equipamento já está disponível para venda on-line. Clique aqui para mais detalhes.

Fonte: Ciclo Vivo

Desabafo de uma amante da natureza..



Nasci e cresci em São Paulo, na av Brigadeiro Luis Antonio esquina com a rua Estados Unidos. Na frente da minha casa havia já, naquela época, cinco linhas de carros. Já inalei fumaça de carro e de ônibus por cinco gerações. Quero ar puro, muito verde, flores com beija flores.


Sabem o que havia  a poucos metros da minha casa? Auto elétricos. Barulho de serra cortando metal dia e noite! E olha que meu bairro era considerado "bairro nobre" pomposamente chamado de Jardim Paulista.


Mas de Jardim só o quintal da minha casa, uma espécie de oásis dentro daquela nuvem cinza de poluição. Enquanto do lado de fora de casa só se ouvia o barulho de buzinas e de metal, dentro do meu quintal ouvia-se o cantar dos pavões e dos outros pássaros, o latido da mini pinscher da minha mãe, a falação dos nossos papagaios. A gritaria da criançada correndo. A única coisa silenciosa na minha casa era a minha tartaruga cujo casco eu, ainda criança, pintei de verde.


Acho que fiquei com essa dicotomia na minha cabeça: oásis x inferno. A frescura do verde x o cinza da poluição. O barulho irritante do metal sendo serrado X o cantar dos pássaros.


Terminando a historia, chegou um dia, contudo em que o inferno do lado de fora tomou conta do paraíso do lado de dentro. Os empregados dos auto elétricos descobriram que nós tínhamos pássaros em casa e que pássaros podiam ser vendidos por muito dinheiro. Então puseram olheiros para subir no muro de casa de tardezinha-- hora em que nossos pavões e papagaios se recolhiam para dormir-- para descobrir em que árvores estavam. E de noite vinham rouba-los.


Assim foram, pouco a pouco, desaparecendo todos os nossos pássaros. No começo, meu pai pensou que tivessem sido comidos por gatos e pensou até em espalhar gatoeiras pelo jardim. Mas como ele também amava os gatos nada fez.


Primeiro foram os pavões azuis que abriam a cauda em leque à menor provocação.Depois foi a seriema-- minha preferida-- com quem eu repartia meu sorvete de flocos que, por coincidência, era o sabor de sorvete preferido dela também, que desapareceu. Até um tucano de bico quebrado que batia no vidro da minha janela para receber “gradinho” no topo da cabeça, sumiu.


Meu pai, naquela altura com sérios problemas cardíacos, pouco pode fazer.


Minha tartaruga de casco verde foi a ultima a desaparecer. Lembro que ela sumia mas depois aparecia de novo e tivemos a esperança de que ela não seria roubada mas, um dia, desapareceu de vez.


Enfim, na briga entre o oásis e o inferno, na briga entre a frescura do verde e a fumaça toxica do cinza, o lado mais agressivo é o que ganha.

Infelizmente.

Flavia Ribeiro da Luz


Conselho suspende lei que alterava código de edificações e restringia poderes de fiscalização

por BEA — publicado em 19/04/2016 18:50
 
 
O Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, em decisão  liminar, por unanimidade, suspendeu a eficácia da Lei  5.646 de 22 de março de 2016, que altera a Lei  2.105 de 8 de outubro de 1998, que dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal, e condiciona a derrubada de edificações irregulares à conclusão de processo administrativo, dentre outras medidas. 


O Governador do Distrito Federal e a Procuradoria Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios ajuizaram duas ações diretas de inconstitucionalidade onde, em breve resumo, apontaram a inconstitucionalidade formal da lei distrital questionada, pela ocorrência de vício de iniciativa, pois a norma foi elaborada por parlamentar, mas trata de matéria cuja competência é privativa do Governador; e vício de inconstitucionalidade material, pois a lei diminui o poder de policia da Administração Pública ao exigir que a AGEFIZ tenha que aguardar o desfecho de processo administrativo individual para poder realizar a retirada de invasores de área pública, além de violar diretrizes urbanísticas e ambientais do DF, e os princípios da proibição ao retrocesso, prevenção, proporcionalidade, razoabilidade e interesse público.


Os desembargadores acataram o voto do relator, que registrou estarem presentes os requisitos para a concessão da liminar, e decidiu pela suspensão da eficácia da lei até o julgamento de mérito: “Assim, estando satisfeito o primeiro requisito para concessão da liminar – fumus bonis juris –, há, também, o perigo da demora, caso a constitucionalidade seja analisada apenas no julgamento de mérito. 


A norma estabelece diversos óbices à desocupação de áreas, colocando em risco a ordem urbanística e ambiental. Até mesmo a aplicação de multas e embargos a obras irregulares fica limitada, com flagrante ingerência no poder de polícia reservado ao Distrito Federal, conforme artigo 15, inciso XIV, da Lei Orgânica do DF. Assim, podem-se agravar situações de grave lesão à ordem ambiental e urbanística sem que a Administração disponha de meios céleres e eficazes para combatê-las. 


Até que se discuta o mérito das ações, é recomendável, portanto, que a eficácia da nova lei fique suspensa, com efeitos ex nunc”..


Processo: ADI 2016.00.2.007685-3
Processo: ADI 2016.00.2.007708-5

Mel brasiliense é detentor de prêmios como melhor do País

Clima seco e vegetação diversificada do Cerrado influenciam a qualidade da apicultura local


Jade Abreu, da Agência Brasília
 
 
22 de Abril de 2016 - 09:28
Foto: Andre Borges/Agência Brasília Brasília sempre esteve em destaque pela produção de mel nas premiações do Congresso Brasileiro de Apicultura Brasília sempre esteve em destaque pela produção de mel nas premiações do Congresso Brasileiro de Apicultura
Em 1883, Dom Bosco previu que, entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul, surgiria uma terra prometida onde jorraria leite e mel. O ponto descrito na profecia é Brasília, e o sacerdote é considerado padroeiro da capital. Não se pode dizer que o clérigo errou: a apicultura brasiliense é uma das mais reconhecidas no País e, durante 14 anos, o mel levou os títulos nacionais de mais puro e com o melhor pólen. O produto candango também é bicampeão internacional pela qualidade.


A cor e o sabor são diferenciados. Pelas características da flora do Cerrado, o mel silvestre tem composição que o deixa mais próximo do dourado. De acordo com o professor Osmar Malaspina, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Rio Claro e especialista da Associação Brasileira das Abelhas, a variabilidade de plantas propicia as características únicas do mel brasiliense.


"É um bioma muito diversificado, e esse conjunto de plantas permite um mel diferenciado", afirma. Em Brasília, o alimento é feito, principalmente, a partir do pólen do cipó-uva, do angico, da aroeira e do assa-peixe.


Outro fator que favorece a apicultura brasiliense é o clima seco. "A umidade ideal é por volta de 17% e 18%, não pode passar disso porque fermenta. Então, a seca auxilia muito a produção", explica Malaspina.


Títulos
Brasília sempre esteve em destaque pela produção de mel nas premiações do Congresso Brasileiro de Apicultura, a cada dois anos. De 1996 a 2010, foram sete títulos: cinco de melhor mel do País, um de segundo melhor mel cristalizado e outro de segundo melhor pólen. Em competições internacionais, a cidade foi premiada no 9º Encontro Ibero-Americano de Apicultura em 2011 e recebeu menção elogiosa no Congresso da Apia Mondi, em 2012.


José Carlos Fiuza, de 65 anos, foi o vencedor em 2010 do melhor mel do País no Congresso Brasileiro de Apicultura — anteriormente já havia ficado em segundo lugar na mesma categoria. Ele fabrica cerca de 1,6 tonelada do produto por ano, o que dá cerca de 2 mil potes. Vende cada um por R$ 30. Para fazer a colheita, o apicultor conta com o apoio de um único funcionário, porém, em 30 minutos, consegue retirar 300 quilos de mel.


Fiuza tem aproximadamente 60 mil abelhas, e, em um único dia, a rainha põe até 3 mil larvas. O retorno financeiro é rápido, segundo ele. "Em um ano, o valor investido é recuperado e, nos seguintes, é só lucro", conta.


Servidor público, comprou um sítio em Sobradinho e desejava ter um pomar. Para estimular a produção, resolveu desenvolver a apicultura. "As abelhas ajudam a polinizar e aumentam a quantidade de frutas." A rentabilidade do mel foi tão alta no primeiro ano que ele passou a se dedicar mais, fez cursos e investiu em equipamentos.


Apesar do reconhecimento e do aumento na renda, o maior interesse de Fiuza é produzir para consumo próprio, já que não come açúcar e adoça os alimentos com o mel. "No dia em que achar um com a qualidade do meu, eu paro."
Vitorias do mel Brasiliense AgenciaBrasilia
Assistência
Os produtores têm apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) em cursos, em técnicas de produção e em domínio da tecnologia. De acordo com o responsável pela apicultura na empresa, o médico veterinário Edson Garcia Cytrangulo, a quantidade de mel produzida na capital, de 24,55 toneladas por ano, é pequena em comparação a outras unidades da Federação. São 1.140 colmeias espalhadas pelo DF.

"A Emater ajuda principalmente no conhecimento, na troca de rainha, que deve ser feita a cada um ano e meio, e na de favos." Segundo Garcia, os agricultores brasilienses são bem instruídos e, normalmente, têm uma logomarca própria. Os méis brasilienses registrados pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural seguem o padrão de qualidade.

Abelhas
As abelhas são o grande diferencial do mel brasileiro em relação ao resto do mundo. De acordo com Denise Alves, pesquisadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, o País passou por três fases da apicultura. Na primeira, durante o século 19, as missões jesuítas sentiram a necessidade de produzir cera para fabricar velas que seriam usadas nas missas. Assim, padres portugueses trouxeram as abelhas-europeias. Esses insetos não se adaptaram ao clima tropical. Eles tinham pouca resistência, e a produção era considerada pequena.

O segundo ciclo começa quando o Brasil resolveu investir na produção comercial de mel. Para isso, os agricultores importaram as abelhas-africanas, acostumadas com a região dos trópicos e, portanto, mais tolerantes a altas temperaturas. Elas também são bastante resistentes a doenças, porém mais agressivas. Segundo a pesquisadora, os apicultores brasileiros não tomaram os devidos cuidados com a segurança pessoal, como o uso de vestimenta apropriada. Desta forma, muitos foram atacados pelas espécies africanas, que fugiram e cruzaram com as europeias que já viviam no País.

Como na origem da formação étnica do povo brasileiro, as abelhas nacionais são mestiças e englobam a mistura europeia com a africana. Por terem características predominantemente africanas, recebem o nome de africanizadas. Elas se espalharam pelo continente americano e, de acordo com Denise, já há relatos dessa espécie em alguns estados do sul dos Estados Unidos.

A produção do mel
As abelhas retiram o néctar das flores e o armazenam em uma bolsa dentro do corpo. Em seguida, esses insetos o levam para a colmeia, onde vive a abelha-rainha. Na colmeia, "abelhas-engenheiras" assumem a função de transformar o néctar em mel com a ajuda de enzimas próprias. Em média, uma colmeia tem 60 mil abelhas para apenas uma rainha, responsável para gerar mais insetos.


NY ganha floresta flutuante que produzirá alimentos grátis à população

terça-feira, 19 de abril de 2016


O complexo contará com mais de 80 tipos de alimentos, além de espaços diversas atividades culturais.


A cidade de Nova York está prestes a receber um modelo bem diferente de área produtivs. Ao invés de usar a terra como espaço para o plantio, a artista norte-americana Mary Mattingly, desenvolveu uma verdadeira floresta urbana flutuante.

A estrutura será instalada no rio Hudson, na região do Brooklyn. Apelidado de Swale, o projeto não está apenas ligado ao design e arquitetura. A ideia foi desenvolvida com o intuito de chamar a atenção da população e das autoridades para a produção de alimentos gratuitos em meio urbano.

“Nós gostaríamos de questionar se a comida saudável grátis poderia ser um serviço público, ao invés de ser uma commodity extremamente cara”, explicou Mary, em declaração à imprensa local.

A floresta chega ao rio Hudson em junho deste ano. O complexo contará com mais de 80 tipos de alimentos, além de espaços para apresentações musicais e outras atividades culturais.

A técnica usada no sistema que aproveita a água do rio para conservar o solo. Assim, o Swale usa uma base de vegetação própria de áreas úmidas, capaz de sugar os recursos do rio, filtrá-los e fornecer água para alimentar as outras plantas.

A escolha por um modelo de floresta produtiva deu-se pela maior facilidade em termos de manutenção em relação às hortas tradicionais, que precisam ser replantadas constantemente. De acordo com a artista, este formato foi pensado porque a vegetação consegue se manter praticamente sozinha, tornando-o ideal para ser replicado em áreas públicas.

O Swale estará aberto gratuitamente ao público, que será levado ao local em uma balsa e poderá colher qualquer alimento sem custo algum. “Nós vemos isso como um passo adiante em termos de mudanças na política da cidade, onde na maior parte das áreas públicas ainda é ilegal produzir livremente alimentos”, finaliza a criadora do projeto.

Fonte: Ciclo Vivo

MPF denuncia Eletronuclear, Ibama e ICMBio por mortes de tartarugas marinhas em extinção

terça-feira, 19 de abril de 2016


Eletronuclear, Ibama e ICMBio são responsabilizados cível e criminalmente pela mortalidade


O Ministério Público Federal (MPF) em Angra dos Reis (RJ) ajuizou ação civil pública contra a Eletrobrás Termonuclear S.A (Eletronuclear), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por ferimentos e mortes a 121 tartarugas-verdes (Chelonia mydas). A espécie está na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (Portaria MMA n. 444, de 17 de dezembro de 2014, ANEXO 1, n. 346). Além da responsabilização cível, o MPF busca, por meio de denúncia, a responsabilização criminal dos responsáveis.

Ação Civil Pública: 0031063-82.2016.4.02.5111
Ação criminal: 001609-62.2013.4.02.5111

A denúncia abrange, além dos ferimentos e mortes de tartarugas marinhas, o transporte irregular de espécimes da fauna silvestre sem autorização dos referidos órgãos ambientais.

A tartaruga-verde está na categoria Vulnerável (Vulnerable – VU) na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e também é considerada Em Perigo (Endangered – EN) na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas – “IUCN Red List ou Red Data List”. Segundo a “International Union of Conservation of Nature – IUCN” – uma espécie é considerada “Em perigo” quando a melhor evidência disponível indica que uma espécie provavelmente será extinta num futuro próximo e “Vulnerável” quando as melhores evidências disponíveis indicam que enfrenta um risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, a menos que as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.

Entenda como as tartarugas eram mortas e feridas – Após investigação cível e criminal, constatou-se que, pelo menos de julho de 2010 até setembro de 2013, tartarugas marinhas ingressavam no sistema de refrigeração do reator da Usina de Angra 2 e eram feridas e mortas pelo dispositivo basculante de limpeza (também denominada “skiper”).

Apesar de a Eletronuclear ter contratado veterinária para atuar após as ocorrências lesivas, ter aberto edital de licitação para contratação de grades e começado a relatar as ocorrências a partir de 2010, o MPF sustenta que não foi feita qualquer investigação pela Eletronuclear, Ibama ou ICMBio para se aferir as reais causas de capturas desses animais pela tomada de água de Angra 2, em especial porque essa Usina funciona desde 2001.

O MPF constatou, ainda, que diversos outros animais foram capturados pelo mesmo mecanismo de refrigeração, dentre eles pinguins e arraias, e a Eletronuclear não tomou qualquer providência, muito menos o Ibama e o ICMBio exigiram. Após tomar ciência do ocorrido, o Ibama e o ICMBio não autuaram a Eletronuclear e demoraram mais de um ano para realizar uma simples vistoria.

Apesar de os registros de capturas terem se iniciado em julho de 2010, o Ibama somente foi autuar a Eletronuclear em março de 2013, após o MPF ter ingressado com uma medida cautelar de busca e apreensão, que foi deferida pela Justiça Federal. A Eletronuclear, Ibama e ICMBio não exigiram quaisquer providências urgentes para a paralisação imediata dos ferimentos e mortes de tartarugas. Somente em abril de 2013 foi instalada uma simples tela de proteção na entrada no canal que serve ao sistema de refrigeração da Usina de Angra 2.

Para a procuradora da República Monique Cheker, “os fatos narrados nas ações cível e criminal revelam um capítulo deplorável na falta de cuidado com animais em extinção, tanto pela Eletronuclear, quanto pelo Ibama e pelo ICMBio, os quais abriram mão do seu poder de fiscalização, deixando que o particular, numa autofiscalização, mutilasse e matasse parte da biodiversidade marinha, muitas vezes com sofrimento intenso desses animais”.

Fonte: EcoDebate

Toninha: projeto aposta na educação ambiental para proteger espécie em perigo de extinção

Um balé sobre as ondas do mar. Pequenos grupos de toninhas (Pontoporia blainvillei) deslizam pelas águas da Baía da Babitonga, na costa de Santa Catarina. Tudo parece tranqüilo, mas na realidade não é bem assim. A toninha é o golfinho mais ameaçado de todo Atlântico Sul Ocidental e, hoje, essa espécie de pequeno cetáceo (mamíferos marinhos, como golfinhos, botos e baleias) corre o risco de desaparecer das águas salgadas do Brasil.

É o que diz a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, divulgada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). A população de toninhas, na Babitonga, conta cerca de apenas 50 indivíduos. “É uma situação bastante particular, pois, em geral, as toninhas não vivem em ambientes mais fechados, como baías, muito menos num nível de isolamento como é o caso da Babitonga”, conta a professora e coordenadora do Projeto Toninhas, Marta Jussara Cremer,  43 anos, doutora em zoologia. Segundo Marta Cremer, essa é uma população muito pequena, mas não existem dados anteriores para dizer o quanto ela foi reduzida.

POPULAÇÃO

Sabe-se, apenas, que centenas de toninhas morrem afogadas todos os anos, principalmente em mar aberto, presas às redes de pesca de grande e pequenas embarcações, confirmando a queda no número desses cetáceos na costa sudeste e sul do país. Ao longo do litoral, as estimativas mais recentes, de 2014, realizadas a partir de sobrevoos de avião, pela equipe do Projeto Toninhas, no trecho entre Florianópolis e Chui, indicaram a existência de 9,5 mil animais. Há dez anos, nesta mesma região, havia cerca de 16,5 mil deles. Cada cetáceo mede de 1,60 metro (o macho) a 1,70 metro (a fêmea), se alimenta de peixes e lulas, e pesa cerca de 33 quilos.

Integrante da Fundação Educacional da Região de Joinville e pesquisadora da Universidade da Região de Joinville (Univille), Marta Cremer avalia: “O custo de um levantamento como esse é bastante elevado e requer o trabalho de uma equipe especializada. Por esse motivo, não é fácil obter informações para toda a área de distribuição das toninhas e ainda monitorar a situação”. A professora da Univille explica que o risco de a espécie desaparecer é tão sério que o mamífero se tornou, há mais de uma década, objeto de estudos, pesquisas e estratégias conservacionistas por parte de especialistas da Universidade, cujo trabalho resultou, em 2010, na criação do Projeto Toninhas por iniciativa da própria Marta Cremer.

PERIGO NA REDE

Desde 2014, o Ministério do Meio Ambiente, reconhecendo a gravidade da situação, alterou a classificação da espécie de ameaçada (Instrução Normativa MMA 003/2003) para criticamente em perigo no Brasil, ao editar a Instrução Normativa MMA 44/2014. Encontrada desde o litoral do Espírito Santo, no Brasil, até o golfo de San Matias, na Argentina, sabe-se que a principal ameaça à conservação da toninha, em águas brasileiras, é a captura acidental em redes de pesca (emalhe). Milhares delas morrem, todos os anos, no Brasil, Uruguai e Argentina vítimas dessa interação.

Devido a essa perspectiva, a preocupação com a sobrevivência da espécie ultrapassou fronteiras. Em 2008, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) considerou este cetáceo como ameaçado, classificando-o na categoria “vulnerável” em âmbito global. As toninhas, segundo os especialistas do projeto catarinense, vivem nos mares há milhares de anos, mas as atividades humanas estão ameaçando sua existência.

AFOGAMENTOS

As toninhas capturadas nas redes de pesca morrem por afogamento e são, simplesmente, descartadas no mar. Sua inclusão no cardápio humano é proibida. E as mortes ocorrem porque, sendo mamíferos que respiram por meio de pulmões, os animais se afogam quando se prendem às redes de emalhe, colocadas no mar para a captura de peixes. “Não há clareza, até o momento, se as toninhas não conseguem detectar as redes em tempo de se afastar ou se elas se aproximam do instrumento para capturar os peixes retidos e se enroscam”, avalia a bióloga Marta Cremer.

A coordenadora do Projeto Toninhas relata que, em 2013, foi publicada uma instrução normativa reduzindo o tamanho das redes de emalhe. Marta Cremer chama a atenção para o fato de que o máximo permitido ainda torna insustentável a sobrevivência desses mamíferos. Além disso, quando uma toninha se enrosca na rede, diz Marta, a morte acontece em poucos minutos, oferecendo chances mínimas para uma tentativa de soltura. “Por este motivo, grande parte de nossa atuação na pesquisa é para comprovar que a espécie está sofrendo as consequências de um declínio acentuado e corre risco iminente de desaparecer. Por outro lado, fazemos um esforço grande para sensibilizar a população em geral que, em sua maioria, não conhece a espécie, o que dificulta um apelo maior”, avalia Cremer.

BABITONGA

As toninhas foram descobertas na Baía da Babitonga em dezembro de 1996 e, desde então, diversos trabalhos têm sido desenvolvidos em benefício da conservação desse animal. “A partir do ano 2000, tivemos o apoio da Univille, que, até hoje, abriga o Projeto”, conta Marta Cremer. De início, o trabalho era conhecido como Projeto Cetáceos da Babitonga e as pesquisas estavam voltadas à ecologia das duas espécies que ocorrem na Baía, que são a toninha e o boto-cinza (Sotalia guianensis).

A bióloga explica: “As toninhas são mamíferos marinhos pertencentes a um grupo atualmente denominado Cetartiodactyla, que reúne animais popularmente conhecidos como botos, baleias, golfinhos e toninhas, entre outros bichos”. E com base na realidade atual, Marta Cremer faz um alerta: “Para a população de toninhas que vive na Baía da Babitonga, o problema da captura acidental é muito preocupante”.

E, por ser um ambiente mais fechado, com importantes cidades ao redor, a degradação e a perda de habitat são ameaças sérias, insiste ela. A situação também é agravada, segundo a professora da Univille, em função do crescimento da atividade portuária na região, da contaminação da água por efluentes industriais, da atividade agrícola e da destruição dos bosques de manguezal.

PORÇÃO GAÚCHA

No litoral do Rio Grande do Sul, a situação da toninha também é preocupante, sendo acompanhada há 23 anos pelos biólogos do Projeto Mamíferos Marinhos do Litoral Sul, iniciado em 1988 e desenvolvido pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema). Seu coordenador, Kleber Grübel da Silva, conta que a instituição realiza o monitoramento mensal do litoral gaúcho, desde a barra de Rio Grande, na porção norte, até a parte sul, no Arroio Chuí.

Dados históricos do monitoramento de praia realizado pelo Nema, entre 1993 e 2014, segundo Kleber da Silva, mostram que a maioria dos encalhes de toninhas ocorre na primavera e no verão, principalmente nos meses de novembro e dezembro. “É a época de abertura das temporadas de pesca da corvina, pescada e pescadinha. Muitas toninhas ficam presas nas redes e morrem afogadas, sendo, então, lançadas ao mar, com suas carcaças encalhando na praia”, confirma o coordenador do projeto gaúcho. Alguns exemplares, diz ele, podem mesmo apresentar restos de rede enrolados no corpo.

A estimativa anual de mortalidade varia de 73 a 745 animais, a depender do período. Em resumo, explica Kleber, em um ano típico, podem morrer cerca de 300 toninhas nas praias do Rio Grande do Sul por causa, principalmente, das atividades de pesca. “É preciso conhecer e respeitar as leis de pesca de nossa região. Para prevenir a interação acidental da pesca de emalhe e da toninha, cabe destacar a INI MPA/MMA nº 12/2012, que estabelece critérios e padrões para o emprego de redes de emalhe na pesca em águas jurisdicionais brasileiras, inclusive nas regiões Sudeste e Sul”, esclarece Kleber Grübel da Silva.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Exemplo de boas práticas, como ocorre com o Nema no Rio Grande do Sul, o catarinense Projeto Toninhas, um dos finalistas do primeiro Prêmio Nacional de Biodiversidade de 2015, organizado pelo MMA/ICMBio, também atua no sentido de reduzir as ameaças que atingem a espécie no litoral brasileiro, principalmente na Babitonga (SC). A iniciativa desenvolve ações de pesquisa e de sensibilização ambiental, dando visibilidade à situação atual da espécie. Segundo Marta Cremer, os dados gerados já subsidiaram pelo menos três processos de licenciamento ambiental e uma proposta de criação de unidade de conservação, tendo a toninha como espécie bandeira.

O Projeto Toninhas é desenvolvido pela Fundação Educacional da Região de Joinville e reúne uma equipe de profissionais, além de alunos vinculados aos cursos de Ciências Biológicas da Univille. As pesquisas com mamíferos marinhos são desenvolvidas há mais de 15 anos na Baía da Babitonga, e voltadas, em especial, à ecologia e ao comportamento da toninha e do boto-cinza. As atividades têm como foco central a comunidade de São Francisco do Sul, principal município situado às margens da Babitonga.

Com base no número aproximado de toninhas existentes no litoral catarinense, Marta Cremer explica que as projeções confirmam o rápido declínio populacional da espécie. “Fazemos isso a partir das características reprodutivas deste animal, o que nos permitem afirmar que, no ritmo atual, em pouco tempo, a espécie estará extinta”, calcula, apesar de o sistema de acasalamento das toninhas não ser bem conhecido.

ESPÉCIE MONOGÂMICA

Mas, segundo a professora, há evidências, na literatura, que indicam ser a espécie monogâmica, formando casais para a reprodução. Em geral, as fêmeas têm apenas um filhote a cada dois anos, após uma gestação que dura de 10 a 11 meses. Os filhotes mamam por até nove meses, quando aprendem a caçar. E a maturidade sexual varia conforme a distribuição da espécie, mas, em geral, ocorre entre três e cinco anos de idade, e seu ciclo de vida pode chegar a duas décadas.

De posse dessas informações e na tentativa de reverter esse processo involuntário de eliminação da espécie, a equipe do projeto catarinense aposta na educação ambiental das populações dos nos seis municípios do entorno da Baía. O objetivo é sensibilizar as comunidades sobre a situação das toninhas e a importância da conservação dos ecossistemas costeiros, dos quais esses cetáceos dependem, que envolve, também, todo um conjunto de plantas e outros animais.

“Com o patrocínio da Petrobras, pudemos ampliar nossas ações e qualificar tanto a pesquisa como a educação ambiental”, conclui Marta Cremer. A principal finalidade do projeto, diz ela, é reduzir as ameaças à toninha e retirar o animal da lista de espécies ameaçadas de extinção.

Fonte: EcoDebate

No Brasil, bagaço da cana vira biodetergente e bandeja que substitui isopor

segunda-feira, 18 de abril de 2016


Os produtos foram desenvolvidos por jovens estudantes brasileiros.


Em diversas partes do país, jovens estudantes do ensino médio à universidade vêm desenvolvendo projetos acadêmicos usando a biomassa da cana-de-açúcar como base para a criação de produtos biodegradáveis. O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, cita duas destas soluções inovadoras premiadas no exterior: um detergente de origem renovável com potencial para ajudar no combate ao Aedes aegypti sem causar grandes impactos ao meio ambiente, e uma bandeja de bagaço e palha de cana que pode substituir algumas embalagens de isopor usadas por padarias e supermercados.

“É estimulante notar como a cana continua contribuindo para o futuro da ciência brasileira, motivando estes jovens pesquisadores a criarem produtos cada vez mais alinhados com a questão ambiental”, avalia o executivo da UNICA.

Biodetergente

Reconhecido na premiação “Idea to Products”, organizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, um projeto criado pelos alunos Paulo Franco e Guilherme Fernando Dias Perez, do campus de Lorena da Universidade de São Paulo (USP), concebeu um detergente “verde”. Com características de aplicação semelhantes a outros produtos fabricados a partir de derivados do petróleo, o biodetergente apresentou o diferencial de ser menos agressivo ao meio ambiente graças a presença do bagaço de cana em sua composição.

Segundo o professor orientador do trabalho, Silvio Silvério da Silva, a utilização deste resíduo de origem renovável, abundante em nosso país e de menor custo operacional em relação às fontes fósseis, faz com que o produto tenha um grande potencial de preço reduzido em relação aos seus concorrentes não biodegradáveis. “Além disso, sendo um produto natural produzido a partir do bagaço de cana, há diversos estudos que apontam vantagens como a biodegradabilidade e atoxicidade frente aos detergentes sintéticos, não apresentando riscos ambientais e a saúde”, explica.

Outra vantagem, de acordo com Silva, é que ele também tem características de um larvicída biológico, podendo ser usado para combater o mosquito transmissor da Dengue, vírus Zika e febre Chikungunya. “Testamos sua eficácia no combate de larvas de Aedes, em testes in vitro, demonstrando seu potencial neste sentido”, conclui o docente. Após quatro anos de desenvolvimento, a novidade já foi patenteada e, por enquanto, segue disponível nos laboratórios da USP para mais estudos.

Bandeja

Reduzir a quantidade de isopor descartado no meio ambiente, onde o processo de decomposição do material pode durar até 300 anos. Especialmente aquelas embalagens de carne, embutidos, frutas e verduras encontradas nas prateleiras de padarias e supermercados. Motivada por este objetivo, a aluna do ensino médio Sayuri Miyamoto Magnabosco criou uma solução sustentável inovadora: bandejas a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

“Se mantida em estoque, com boas condições de preservação, a embalagem se mantém boa para o uso por até dois anos. Quando vai para os lixões e aterros sanitários, em menos de seis meses já está decomposta. E se ficar em contato constante com a água, em quatro horas já está dissolvida”, informa a jovem de 16 anos.

Apoiada pelo programa Iniciação Científica do Colégio Bom Jesus, em Curitiba, a estudante criou o produto a partir de um processo de fabricação relativamente simples, em que utilizou biomassa de cana, temperos naturais e uma cola caseira feita de água e farinha. A ideia lhe rendeu medalhas na feira de ciências da Usina Itaipu, o terceiro lugar na Olimpíadas dos Gênios, em Nova York, e o título “Jovens Inventores” do programa Caldeirão do Huck.

De acordo com Sayuri, o maior desafio da sua invenção foi encontrar um modo para dar uma função antimicrobiana à bandeja, garantindo mais segurança alimentar para o consumidor. “Pesquisei nos produtos de limpeza, vi o que era utilizado, e encontrei uma substância que não teria nenhum efeito tóxico sobre o bagaço de cana”, explica, guardando segredo sobre o componente usado. “Há sempre algo que você deve melhorar e que pode ser ainda mais refinado”, complementa a menina.

Segundo o orientador da pesquisa de Sayuri e coordenador do projeto, o professor Cornélio Schwambach, no programa de Iniciação Científica do colégio Bom Jesus estão em cursos outros projetos visando a redução do uso de adubos químicos em monoculturas como a canavieira. “A cana tem um potencial fenomenal que pode ser mais investigado. Creio que o Brasil tem potencial para fazer uma revolução agrícola que considere fatores econômicos, sociais e ambientais”, explica.

“Sempre pergunto aos meus alunos: O que te incomoda? Crie soluções simples para problemas simples. Quantos problemas simples os produtores de cana devem ter? Muitos. Isto é fazer ciência”, encerra Schwambach.

Fonte: Ciclo Vivo