segunda-feira, 9 de outubro de 2017

As pouco conhecidas frutas brasileiras com superpoderes


As pouco conhecidas frutas brasileiras com superpoderes

Frutas brasileiras com poder anti-inflamatório e antioxidante
Frutas pouco conhecidas, como a grumixama, têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante.
[Imagem: B.navez/Wikimedia Commons]
 
Superfrutas
Os nomes de algumas frutas nativas da Mata Atlântica ainda soam estranhos para a maioria dos brasileiros: bacupari-mirim, araçá-piranga, cereja-do-rio-grande, grumixama e ubajaí.
Se depender de suas propriedades bioativas, contudo, é um questão de tempo para que elas possam estar não só disputando espaço nas gôndolas dos supermercados, como ganhando posição no ranking dos superalimentos.


"Não havia muito conhecimento científico sobre as propriedades dessas frutas nativas. Agora, com os resultados do nosso estudo, a ideia é fazer com que elas sejam produzidas por agricultura familiar, ganhem escala e cheguem aos supermercados. Quem sabe elas não se tornam um novo açaí?", comentou o professor Severino Matias Alencar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) em Piracicaba (SP), que realizou o estudo em colaboração com pesquisadores da Universidade de La Frontera, no Chile.


A equipe avaliou os compostos fenólicos - estruturas químicas que podem ter efeitos preventivos ou curativos - e os mecanismos anti-inflamatórios e antioxidantes do extrato de folhas, sementes e polpa de quatro frutas do gênero Eugenia e uma do gênero Garcinia: araçá-piranga (E. leitonii), cereja-do-rio-grande (E. involucrata), grumixama (E. brasiliensis), ubajaí (E. myrcianthes) e bacupari-mirim (Garcinia brasiliensis), todas típicas da Mata Atlântica.


Essas espécies já são raras em ambiente natural, tendo sido necessário usar plantas fornecidas por sítios localizados no interior de São Paulo que comercializam as plantas com o objetivo de preservação. Um dos produtores possui a maior coleção de frutas nativas do Brasil, somando mais de 1,3 mil espécies plantadas.
Frutas brasileiras com poder anti-inflamatório e antioxidante
Esta é a cereja-do-rio-grande.
[Imagem: Erika Silva/Wikimedia Commons]


Antioxidantes
As quatro espécies do gênero Eugenia apresentaram um vasto potencial econômico e farmacológico, sendo exemplos de alimentos funcionais, que, além das vitaminas e valores nutricionais, têm propriedades bioativas como o combate aos radicais livres - átomos instáveis e altamente reativos no organismo que se ligam a outros átomos, provocando danos como envelhecimento celular ou doenças.


As plantas brasileiras mostraram um potencial tão significativo quanto frutas já mundialmente famosas, como o mirtilo.


"A araçá-piranga, espécie ameaçada de extinção, teve a melhor atividade anti-inflamatória em comparação com a de outras frutas do gênero Eugenia", disse o professor Pedro Rosalen, membro da equipe. "O mecanismo de ação também é muito interessante, pois ocorre de forma espontânea e logo no começo da inflamação, impedindo uma via específica do processo inflamatório. Ela age também no endotélio dos vasos sanguíneos, evitando que os leucócitos transmigrem para o tecido agredido, reduzindo a exacerbação do processo inflamatório."


Rosalen destaca que os antioxidantes não têm como função única combater o envelhecimento ou a morte celular, atuando na prevenção de doenças mediadas por processo inflamatório crônico.
"A ação oxidante dos radicais livres também significa o surgimento de doenças inflamatórias dependentes, como diabetes, câncer, artrite, obesidade, doença de Alzheimer," disse.


 "Não percebemos muitas dessas lesões provocadas pelos radicais livres. São as inflamações silenciosas. Por isso, é importante a ação de sustâncias antioxidantes, que podem neutralizar os radicais livres."


O pesquisador ressalta que há cerca de 400 espécies pertencentes ao gênero Eugenia distribuídas pelo Brasil, incluindo várias espécies endêmicas. "Temos uma imensidão de frutas nativas com compostos bioativos que trariam benefícios para a saúde da população. É preciso estudá-las", disse.

Para um "eu" melhor, é preciso ter um "nós" de apoio


Para um "eu" melhor, é preciso ter um "nós" de apoio

Para um
Pessoas com relacionamentos de suporte têm maior vontade de crescer pessoalmente e se sentem mais confiantes.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
 
Suporte
Se você é um daqueles indivíduos com alta motivação e que perseguem ativamente objetivos de crescimento pessoal, deixe um tempinho para agradecer à sua família e aos amigos que o apoiam.
Isto porque as pessoas que veem seus relacionamentos como um suporte para si mesmas se esforçam com mais confiança para seu crescimento. Em outras palavras, ao menos uma parte de sua motivação e garra vem do apoio que você sente vindo dessas pessoas.

Pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) chegaram a essa conclusão analisando pessoas dos EUA e do Japão, para levar em conta eventuais diferenças culturais.
Eles queriam determinar se o crescimento pessoal é resultado mais dos traços de um indivíduo ou mais das relações positivas que eles possuem com os outros.

Esforço para melhorar
No primeiro experimento, cerca de 200 participantes foram distribuídos aleatoriamente em uma de três condições de relacionamento: de suporte, não-suporte e neutro. No primeiro grupo, os voluntários tinham que pensar em uma pessoa em sua vida com quem eles se sentiam confortáveis; no segundo, em uma pessoa que não faria a menor diferença se ela sumisse de suas vidas; e o terceiro grupo era orientado a pensar em um conhecido com quem eles não tinham sentimentos fortes.


A seguir, todos leram um cenário hipotético no qual tinham que escolher entre um emprego com salário inicial maior para fazer um trabalho que eles conheciam (Empresa A) ou um emprego com salário inicial menor, mas que exigia aprendizado que permitiria seu desenvolvimento na carreira a longo prazo (Companhia B).

Entre os participantes do grupo de suporte, 65% selecionaram a Companhia B, enquanto apenas 40% daqueles sem suporte escolheram a mesma empresa. O grupo neutro se dividiu igualmente entre as duas empresas.

A conclusão da equipe é que os participantes que pensavam em uma pessoa que lhes dava suporte estavam mais dispostos a escolher um emprego que promovesse o crescimento pessoal, mesmo com salários mais baixos, em parte porque tinham mais autoconfiança.


Apoio para o crescimento pessoal
Outros dois experimentos analisaram a percepção das pessoas sobre o apoio recebido dos familiares e amigos para determinar tendências de crescimento pessoal.

As perguntas incluíram: "Quanto sua família (e seus amigos) realmente se preocupam com você?" e "Quanto você pode se abrir para eles sobre suas preocupações?" O questionário também avaliou a vontade individual de desenvolver potencial e crescer como pessoa, bem como de autoconfiança.

As pessoas que relataram ter relacionamentos com suporte tinham maior vontade de crescer pessoalmente e se sentiam mais confiantes. Os resultados foram semelhantes nos grupos do Japão e dos EUA.

"Quanto maior o suporte da pessoa, maior sua tendência de crescimento pessoal, mesmo em uma cultura que coloca mais ênfase no coletivo e não no indivíduo," disse David Lee, referindo-se às diferenças culturais entre os EUA, mais individualista, e o Japão, mais coletivista.

Conexões sociais positivas
Segundo Lee, os resultados apoiam a perspectiva "Eu através de nós", o que significa que as tendências sociais de se conectar com os outros, e as tendências pessoais de se esforçar e crescer como indivíduo, não são mutuamente exclusivas e podem aumentar e reforçar uma à outra.
"Em outras palavras, os relacionamentos não são necessariamente conflitantes, mas ajudam a sustentar o crescimento pessoal," disse o professor Oscar Ybarra.

Isso mostra um equilíbrio entre a importância de se distinguir dos outros, cumprindo objetivos pessoais, e também ser um bom integrante de um grupo, cumprindo obrigações sociais e cultivando relacionamentos de apoio.

"Construir conexões sociais positivas com os outros deve colocar as pessoas em uma boa posição para receber apoio social, o que é fundamental para o crescimento pessoal. Assim como é importante também permitir que as pessoas busquem um equilíbrio entre dois valores fundamentais: se esforçar e se conectar," concluiu David Lee.

Fogo e outros perigos: como proteger a biodiversidade paulista


 

Fogo e outros perigos: como proteger a biodiversidade paulista



09 Outubro 2017   |   0 Comments
 
O fogo corre pela mata seca, assusta os animais e ameaça parte da Mata Atlântica da Fazenda Catadupa, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) na Serra da Bocaina, no estado de São Paulo. Ao todo, quatro dias de chamas consumiram o local na última semana, sendo contidas apenas no último dia 24, graças aos esforços de voluntários da região, o trabalho de 30 bombeiros e de três helicópteros da Polícia Militar.

O cenário é triste, mas já demonstra sinais de esperança com a união de forças na região. Se antes as RPPNs paulistas estavam isoladas, hoje, graças ao trabalho conjunto do WWF-Brasil e da Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (Frepesp), elas contam com uma verdadeira rede de apoio em proteção à Mata Atlântica.

Workshop para proteção das RPNNs
Um exemplo disso foi o workshop SIM-RPPN, no dia 15/09, que contou com a participação de mais de 14 donos de reservas, da Frepesp, do WWF-Brasil, da Polícia Militar Ambiental, da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), da Fundação Florestal, da Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (CEA/SMA) e do Instituto Ecofuturo.

O evento faz parte do projeto SIM-RPPN e teve o objetivo de criar o Plano de Apoio e Proteção das RPPNs presentes, estreitando relações entre elas e a Polícia Militar Ambiental. O SIM-RPPN é um projeto nacional conduzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que apoia a criação e o monitoramento das reservas.

Para auxiliar na elaboração dos planos de apoio à proteção da biodiversidade, o Instituto Ecofuturo apresentou durante o workshop uma série de vetores de pressão pela visão e experiência do Parque das Neblinas, local onde foi realizado o evento. O Ecofuturo também é parceiro do WWF-Brasil, por meio do projeto com a Suzano Papel e Celulose.

Também como forma de apoio, o CEA/SMA apresentou o aplicativo Denúncia Ambiente, onde os proprietários podem registrar as ocorrências e entrar em contato direto com a PM Ambiental. E a Cetesb falou sobre como funciona o licenciamento ambiental e as formas de denúncia: PM Ambiental (190) e app Denúncia Ambiente. O 0800 não funciona mais.

Ao final, foi entregue um mapa de cada RPPN presente com a delimitação da área de cada um e seus respectivos vetores de pressão para que, juntamente com a PM Ambiental, fosse feito o Plano de Apoio e Proteção.

Líderes indígenas alertam sobre mudanças do clima

Líderes indígenas alertam sobre mudanças do clima



04 Outubro 2017   |   0 Comments
por Clarissa Presotti

Quase 4% das terras do Brasil são reservados aos povos indígenas. Somente na Amazônia os territórios dos índios representam uma reserva de cerca de 13 bilhões de toneladas de carbono (46,8 bilhões de toneladas de CO2) – 30% do que existe estocado na floresta.

Se essas terras não continuarem protegidas, pode agravar ainda mais as mudanças climáticas no planeta. Portanto, os indígenas são chave no jogo do aquecimento global e fundamentais para o sucesso da política de clima no Brasil.

Mas eles são altamente prejudicados pelas interferências que os vizinhos fazendeiros fazem ao clima. Segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), desde o início da década de 80 até hoje, cerca de 6 milhões de hectares foram desmatados no entorno do Parque Indígena do Xingu.

Em 2010, incêndios florestais atingiram 10% do território da reserva. Para os indígenas, cada vez mais o calor afeta as plantações, mata e afasta os animais, mexe com o dia a dia da floresta.

E as alterações do clima não se confirmam apenas pela ciência. Um grupo de indígenas foi à Câmara dos Deputados contar como as mudanças climáticas estão interferindo em seus modos de vida. Eles participaram de um seminário nesta terça-feira (3) na Comissão de Meio Ambiente sobre as “Percepções e experiências dos Povos Indígenas no Contexto das Mudanças Climáticas”.

O evento reuniu líderes dos povos Yanomami, Krenak, Baniwa, Bororo, Wajãpi, Kaxinawa, Apinajé, Taurepang, entre outros.

Para Davi Kopenawa Yanomami, um dos mais respeitados líderes indígenas brasileiros, a mudança do clima já é considerada uma epidemia pelo seu povo. “Percebemos que muitos índios estão morrendo, mas pela responsabilidade do homem branco que vai queimar nossa floresta”.

Kopenawa, que foi premiado pela ONU, destacou que mesmo com a trovoada não tem chovido nas suas terras. E antes a água era anunciada pelo trovão, mas vários desses indicadores que estão deixando de funcionar. “Mas os não-índios também estão sofrendo pelas alterações do clima”.

Na avaliação do líder indígena Ailton Krenak, doutor honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora, os conhecimentos tradicionais dos índios são fundamentais para a preservação das florestas. “O nosso povo, por antiguidade, desenvolveu formas de percepção do ecossistema, dos ambientes onde vivemos. Essa memória confere com os relatórios do IPCC e está muito presente no pensamento, mas pouco no nosso coração”.

Segundo Krenak, as pessoas estão tomando esses relatórios como se fossem só estatísticas e não um indicador de que estamos perdendo qualidade de vida, e perdendo também a nossa profunda relação com a terra".

A coordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental do Conselho Indígena de Roraima, Sineia do Vale, contou que há um estudo que demonstra que eles já têm percebido alterações por causa das mudanças climáticas.

“Isso tem afetado o modo de vida da comunidade. Perdemos a variedade de peixes porque a temperatura da água aqueceu mais que o normal”, alertou Sineia, que é do povo indígena Wapichana.

Sineia representa a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) dentro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas. Ela avalia que as mudanças do clima não têm afetado só localmente, mas todo o planeta.

“Precisamos levar a importância de manter as florestas e as terras indígenas para as instâncias de governo, tanto nacionalmente como internacionalmente. E cobrar dos países o cumprimento do Acordo de Paris. A luta não é só dos índios, mas de todos os povos”, ressaltou Sineia.

O presidente da comissão e autor do requerimento para o debate, deputado Nilto Tatto (PT-SP), destacou que a relação especial dos índios com a natureza tem muito a contribuir com a meta assumida pelo Brasil de zerar o desmatamento até 2030.

"Temos que reconhecer que os povos indígenas são o principal parceiro da conservação das florestas no Brasil. Só 3% das terras indígenas têm desmatamento, menos até do que em unidades de conservação. E o desmatamento é um dos principais fatores de emissão dos gases do efeito estufa", lembrou Tatto.

Mais de quinze indígenas foram ouvidos no seminário, que servirá de subsídio para a delegação brasileira que vai participar da COP 23, a nova conferência internacional do clima, prevista para novembro, na Alemanha.

Estudo

Durante o seminário também foi citado um estudo realizado pelos indígenas do Alto Rio Negro, mais especificamente do Rio Tiquié, que identificou com precisão os ciclos de vida de peixes, animais, plantas e cultivos, entre outras atividades de manejo praticadas nas comunidades.

Os pesquisadores indígenas vêm coletando informações que podem indicar mudanças climáticas e como elas impactam os ecossistemas locais (saiba mais).

Ameaças

As lideranças também apontaram que estão sofrendo diversos ataques no Legislativo contra os direitos constitucionais dos povos indígenas, principalmente para que sejam alterados os processos de demarcação e exploração de suas terras.

Para Estevão Bororo, que faz parte do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC), esse é um momento de reflexão e de luta pelos direitos. “Os nossos direitos estão garantidos na Constituição Federal e na Convenção 169, que assegura a consulta aos indígenas sobre suas terras. A nossa luta não começou em 88 e sim há mais de 500 anos”.
© Cleia Viana/Câmara dos Deputados Enlarge

Adultos podem afetar autoestima de crianças desde cedo

Adultos podem afetar autoestima de crianças desde cedo

Adultos podem afetar autoestima de crianças desde cedo
"Nossos resultados mostram o impacto que o outro pode ter sobre o senso de autoestima das crianças em uma idade muito jovem."

[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
 
Self  infantil
Crianças pequenas têm um sentido de si próprias - self - que não é muito diferente do que o apresentado pelas crianças mais velhas e mesmo pelos adultos.

Isso indica que nossa capacidade de pensar sobre nossa autoestima como indivíduos se desenvolve bem no início da vida - e também sugere que a falta dessa capacidade pode incutir o desânimo e o desencorajamento frente à vida mais cedo do que os psicólogos pensavam.

"Os autoconceitos das crianças pequenas não são qualitativamente diferentes dos de crianças e adultos mais velhos," ressalta o professor Andrei Cimpian, da Universidade de Nova York (EUA). "As crianças pequenas podem pensar sobre si mesmas como possuindo traços e habilidades abstratas, e também podem argumentar sobre sua autoestima, o que tem implicações para essa autoestima.

"No entanto, esse nível de maturidade de ponderar sobre o eu também significa que as crianças pequenas podem se abater diante do fracasso, não sendo os otimistas intrépidos que as teorias anteriores descrevem. À luz deste novo trabalho, precisamos pensar cuidadosamente a respeito e investigar maneiras de apoiar a motivação das crianças pequenas e seu envolvimento com atividades importantes, mas muitas vezes difíceis, como a escola," detalhou Cimpian.


Autoestima
Os cientistas sempre defenderam que as crianças pequenas pensam em si mesmas em termos concretos e comportamentais e, ao contrário dos adultos ou das crianças mais velhas, seriam cognitivamente incapazes de ponderar sobre suas próprias características ou seu valor como indivíduos.

A equipe de Cimpian testou essa teoria em uma série de experimentos com crianças de quatro a sete anos de idade. Os pesquisadores apresentaram-lhes vários cenários hipotéticos - comumente empregados nas pesquisas de psicologia para essa faixa etária - que variaram em vários aspectos. Neles, as crianças precisavam imaginar situações encorajadoras - "Você vai conseguir" - e desencorajadoras - por exemplo, que não conseguiriam completar uma tarefa, como resolver um quebra-cabeça, mesmo que tentassem com afinco.

Os resultados mostraram que mesmo crianças de quatro anos de idade podem raciocinar de forma flexível sobre suas habilidades e seu senso global de autoestima com base no contexto, e isto afeta seu comportamento e seu rendimento nas tarefas.

Por exemplo, as crianças apresentaram uma pior avaliação de suas próprias habilidades, mas não da sua autoestima global, quando lhes foi dito que não conseguiram completar uma tarefa que era fácil. Por outro lado, elas diminuíram sua avaliação de sua autoestima global, mas não de suas habilidades, quando lhes foi dito que falharam em uma tarefa solicitada pelo adulto (versus autoiniciada) - em outras palavras, o envolvimento do adulto e o não-atendimento à sua expectativa afetou negativamente a autoestima, independentemente de se tratar de uma tarefa fácil ou difícil.

"Esta evidência revela uma continuidade surpreendente entre os autoconceitos das crianças pequenas e das crianças e adultos mais velhos. No entanto, mais importante, nossos resultados mostram o impacto que o outro pode ter sobre o senso de autoestima das crianças em uma idade muito jovem.

"Assim, é importante que pais e educadores entendam que nossas crianças podem ficar mais desanimadas do que nos dávamos conta anteriormente, e buscar maneiras de promover um ambiente de aprendizagem produtivo," recomendou o professor Cimpian.

Líderes em tecnologia pedem proibição de robôs assassinos

Líderes em tecnologia pedem proibição de robôs assassinos

Tecnologia de matar
Mais de cem especialistas em robótica estão cobrando da ONU uma iniciativa para prevenir o desenvolvimento de "robôs assassinos".

Em uma carta à organização, líderes de setores que usam inteligência artificial alertam para o risco de "uma terceira revolução (na tecnologia) de guerra" e pedem a proibição do uso de inteligência artificial (IA) no desenvolvimento e uso de armas.

"Uma vez desenvolvidos, elas permitirão um conflito armado numa escala maior do que nunca, e em intervalos de tempo mais rápidos que os humanos podem compreender", diz a carta assinada por 116 especialistas. "Estas podem ser armas de terror, armas que déspotas e terroristas usam contra populações inocentes, e armas que podem ser hackeadas (e reprogramadas) para fazer coisas indesejáveis."

Há um tom de urgência na mensagem dos líderes de tecnologia, que alertam que "não há muito tempo para agir". "Uma vez a caixa de Pandora seja aberta, será difícil fechá-la", acrescenta.
Por isso, eles pedem que essa tecnologia "moralmente errada" seja acrescentada à lista de armas banidas pela Convenção das Nações Unidas sobre Certas Armas Convencionais (CCW).
Armamento autônomo
Na carta, os especialistas também lamentaram o adiamento para novembro de uma reunião de um grupo da ONU focado em armamento autônomo, que deveria discutir o assunto nesta segunda-feira.
Uma possível proibição no desenvolvimento de tecnologia de robôs matadores já tinha sido discutida por comitês da ONU. Em 2015, mais de mil especialistas de tecnologia, cientistas e pesquisadores escreveram uma carta alertando sobre os perigos das armas autônomas.

Entre os signatários da carta de 2015 estavam, além de Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, o cientista Stephen Hawking e o cofundador da Apple Steve Wozniak.
O que é um 'robô assassino'?
Um robô assassino é uma arma totalmente autônoma que pode selecionar alvos sem a intervenção humana. Nenhuma arma assim foi apresentada pela indústria e não se sabe da existência de nenhuma, mas os avanços na tecnologia o tornam cada vez mais próximo da realidade.

Defensores dessa tecnologia dizem que as leis de guerra atuais são suficientes para resolver quaisquer problemas que possam surgir se eles forem usados.

Os que se opõem ao seu uso acreditam que se trata de uma ameaça à humanidade e que quaisquer "funções de morte" autônomas devem ser banidas.

A Carta Aberta às Nações Unidas sobre Determinadas Armas Convencionais está disponível em inglês, contendo também a lista completa dos signatários.

Efeito da dieta depende da flora bacteriana de cada pessoa


Efeito da dieta depende da flora bacteriana de cada pessoa

Dieta e flora bacteriana
Como todos já sabem, a mesma dieta que funciona para algumas pessoas, levando efetivamente à perda de peso, simplesmente não funciona para outras pessoas.
Mas por quê?

Uma das razões - talvez a principal delas - é que o efeito da dieta depende da combinação particular de bactérias nos intestinos de cada pessoa, afirmam Mads Hjorth e Arne Astrup, da Universidade de Copenhague (Dinamarca).

"Estes resultados são revolucionários ao demonstrar que certas espécies bacterianas desempenham um papel decisivo na regulação do peso e na perda de peso. Agora podemos explicar por que uma dieta rica em fibras nem sempre leva à perda de peso. A flora bacteriana intestinal humana é uma parte importante da resposta e de agora em diante irá desempenhar um papel crucial no tratamento do sobrepeso," disse Hjorth.

Nova dieta nórdica
Em seu estudo, a dupla usou a cada vez mais popular "nova dieta nórdica", rica em fibras, que parece funcionar bem para algumas pessoas, mas não apresentar qualquer resultado para outras.
Um grupo de 62 participantes com excesso de peso foi dividido aleatoriamente para seguir a nova dieta nórdica ou uma especificação geral de alimentação, que a equipe chamou de "dieta dinamarquesa média".

Os dois planos alimentares variam muito no volume de fibras alimentares e de cereais integrais consumidos - a dieta é mais rica em fibras e coloca maior ênfase nos alimentos integrais, como vegetais e frutas, do que a alimentação média.

Os resultados de exames intestinais permitiram também dividir os participantes em dois grupos diferentes quanto às bactérias enterotípicas ou intestinais. Isto foi feito com base na abundância de bactérias Prevotella em comparação com espécies de Bacteroides. Cerca de metade do grupo apresentou alto volume de Prevotella, enquanto a outra metade apresentou baixa proporção desses microrganismos.

Perda de peso e placebo da dieta
Na média, os 31 voluntários que adotaram a nova dieta nórdica por 26 semanas perderam 3,5 quilogramas, enquanto os 23 voluntários que seguiram a dieta dinamarquesa média e chegaram até o fim do experimento perderam 1,7 quilograma.

Mas os resultados são diferentes quando se cruza a dieta com as bactérias intestinais.

A nova dieta nórdica funcionou bem para os participantes no grupo Prevotella de alto volume. Eles perderam 3,15 kg de gordura corporal em média.

Suas cinturas também diminuíram significativamente, e sua perda de peso foi mantida após seguir a dieta por um ano após o final do estudo.

Por outro lado, o tipo de dieta seguida não teve qualquer influência sobre a quantidade de peso que os participantes no grupo de baixa proporção de Prevotella perderam, indicando que sua perda de peso pode ter tido algo a ver com um efeito induzido pela participação no estudo, e não exatamente pelo tipo de alimentação, dizem os pesquisadores.

Use seu coração como senha - ninguém tem um igual

Use seu coração como senha - ninguém tem um igual

Use seu coração como senha - ninguém tem um igual
O novo sistema de identificação usa um radar Doppler em miniatura e continua monitorando seu coração o tempo todo. [Imagem: Bob Wilder/Universidade de Buffalo]
 
Biometria do coração
Nem senha, nem digital, nem olhos - o futuro da biometria pode estar bem lá no fundo do seu peito.
Uma equipe da Universidade Buffalo, nos EUA, construiu um protótipo de sistema de identificação que detecta o coração do usuário para lhe dar acesso ao seu computador, celular ou qualquer aparelho eletrônico.

O sistema usa um radar de baixíssima potência - equivalente a uma conexão Wi-Fi - para detectar a geometria do coração, seu formato e tamanho, e como ele se movimenta, para criar uma assinatura pessoal.

"Nunca foram encontradas duas pessoas com corações idênticos," garante o pesquisador Wenyao Xu, acrescentando que o coração das pessoas também não costuma mudar, a menos que elas sofram alguma doença cardíaca grave.
Use seu coração como senha - ninguém tem um igual
O aparelho de biometria cardíaca é composto pelos dois sensores à esquerda. À direita está um atuador que simula o coração para realização de testes. [Imagem: Chen Song et al. (2017)]
 
Radar pessoal
Sistemas biométricos baseados no coração têm sido demonstrados há alguns anos, mas vinham dependendo de eletrodos medindo sinais de eletrocardiogramas.

O novo sistema, baseado em um radar Doppler, é não-invasivo e sem contato, e permanece monitorando o usuário continuamente, o que significa que a pessoa pode sair tranquilamente da frente do computador tendo certeza de que nenhuma outra pessoa conseguirá usá-lo.
O protótipo leva 8 segundos para identificar um coração pela primeira vez, e depois passa a reconhecê-lo de forma praticamente instantânea.

A equipe garante que o equipamento é seguro e agora vai trabalhar em sua miniaturização.
"O leitor [emite] cerca de 5 miliwatts, menos de 1% da radiação dos nossos smartphones. Estamos vivendo em um ambiente inundado de Wi-Fi todos os dias, e o novo sistema é tão seguro quanto os dispositivos Wi-Fi," disse Xu.
Bibliografia:

Cardiac Scan: A Non-contact and Continuous Heart-based User Authentication System
Chen Song, Feng Lin, Yan Zhuang, Wenyao Xu, Changzhi Li, Kui Ren
MobiCom 2017 Proceedings
https://sctracy.github.io/chensong.github.io/pdf/mobicom17.pdf

Curativo com microprocessador cuida do horário dos remédios

Curativo com microprocessador cuida do horário dos remédios

Curativo com microprocessador cuida do horário dos remédios
Cada fibra pode ser carregada com um medicamento diferente .[Imagem: Pooria Mostafalu et al. - 10.1002/adfm.201702399]
 
Curativo inteligente
Um curativo dotado de um microprocessador e controlado remotamente é a nova esperança para melhorar os tratamentos de ferimentos, evitando infecções e reduzindo o tempo de cicatrização.
A inovação é resultado da junção de duas tecnologias que vêm mostrando rápido desenvolvimento: as roupas eletrônicas - e suas fibras capazes de conduzir eletricidade - e o desenvolvimento de terapias que usam a eletricidade para otimizar o processo de cura.

A bandagem consiste de fibras eletricamente condutoras recobertas por um gel no qual são incorporados antibióticos, fatores de crescimento para regeneração dos tecidos, analgésicos e outras medicações que forem necessárias para cada caso em particular.

Cada fibra pode ser carregada individualmente com um fármaco específico necessário ao tratamento.


Curativo com processador
Um microcontrolador, um chip do tamanho de um selo postal, que pode ser acionado por um aplicativo no celular, controla a liberação de uma pequena corrente elétrica pela fibra que deve liberar seu medicamento a cada momento. A eletricidade aquece a fibra e seu hidrogel, que então libera sua carga de medicamento.

Isto permite não apenas dosar os medicamentos, como também liberar cada um segundo seu cronograma de aplicação.
Curativo com microprocessador cuida do horário dos remédios
Estrutura das fibras que compõem o curativo microprocessado - os medicamentos ficam no hidrogel. [Imagem: Pooria Mostafalu et al. - 10.1002/adfm.201702399]
 
"Esta é a primeira bandagem que é capaz de liberar os medicamentos com doses controladas. Você pode liberar múltiplas drogas com diferentes perfis de aplicação. Esta é uma grande vantagem em relação a outros sistemas," disse o professor Ali Tamayol, da Universidade de Nebraska, nos EUA.
A equipe pretende fazer os primeiros testes de seu curativo inteligente em pacientes com feridas crônicas derivadas do diabetes, que tipicamente têm um longo processo de cicatrização. Antes disso, porém, será necessário seguir os protocolos de saúde, com testes em animais, antes dos ensaios clínicos em humanos.

Até lá, os pesquisadores esperam que o curativo já incorpore em suas fibras sensores capazes de medir glicose, pH e outros indicadores de saúde da pele. No futuro, a expectativa é que os dados desses sensores permitam que o curativo seja ainda mais inteligente, liberando os tratamentos de forma autônoma, dispensando o aplicativo no celular.

Bibliografia:

A Textile Dressing for Temporal and Dosage Controlled Drug Delivery
Pooria Mostafalu, Gita Kiaee, Giorgio Giatsidis, Akbar Khalilpour, Mahboobeh Nabavinia, Mehmet R. Dokmeci, Sameer Sonkusale, Dennis P. Orgill, Ali Tamayol, Ali Khademhosseini
Advanced Functional Materials
DOI: 10.1002/adfm.201702399