quinta-feira, 25 de julho de 2019

Educação Ambiental: todo mundo simpatiza, mas não dá bola e o governo simplesmente ignora

Educação Ambiental: todo mundo simpatiza, mas não dá bola e o governo simplesmente ignora


por Samyra Crespo – 

No Brasil há todo um arcabouço legal que institui e define o que é EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Desde a Constituição de 1988 até 1999 levou quase uma década para que fosse aprovada uma Lei Nacional (9.795 de 27 de abril de 1999) na gestão do presidente FHC. Depois levou mais de uma década para que a Política Nacional de Educação Ambiental tomasse a forma que tem, ou tinha até hoje quando o novo governo extinguiu tanto esta área no Ministério da Educação quanto no Ministério do Meio Ambiente, ambos definidos legalmente como gestores da Política e do Plano Nacional de Educação Ambiental.

Assim, sem mais, a um golpe de caneta autoritária (foi discutido com quem?) Deletou as duas áreas como já tinha sido deletada no Ibama pela Marina, assim como virou uma diretoria sem real importância na pasta que ocupei no MMA de 2008 a 2013, tendo que defender a todo momento sua equipe e seu desempenho perante ministro (no caso ministra) e secretário executivo. Nilo Diniz, um dos ultimos diretores do período em que lá estive e Renata Rozendo Maranhão que o sucedeu, podem confirmar o que digo. O Instituto Chico Mendes preferiu criar uma universidade corporativa onde a educação ambiental entrou como um dos conteúdos.

A ANA – Agência Nacional de Águas criou um programa de Educação Ambiental bastante exitoso mas com a desvinculação do Ministério do Meio Ambiente, sabe-se lá que destino terá. Nos Estados praticamente inexistem programas institucionais de educação ambiental de peso. Nos municípios idem. Quando existem, são direcionados a professores, escolas e concorrem com outras pautas. Ou então atendem a momentos específicos de projetos de caráter público: limpar praias no verão, plantar árvores nas datas celebrativas, etc. Verba pouca, duração curta.

Em grossas e curtas palavras, a questão é: por que um conteúdo, forma e função – aparentemente tão necessários conhecidos como educação ambiental – tiveram tanta dificuldade para se institucionalizar nestes anos todos e por que agora é simplesmente deletada pelo governo federal?
Este novelo, ou novela, não é fácil de ser deslindado, e corro o risco de sem a permissão de alguns decanos da área – Marcos Sorrentino, Moema Viezzer, Marcos Reigota e Mônica Pilz Borba, entre outros – ser desautorizada. Porque se há um grupo que defende seu território e seus membros com argumentos e barulho é a Rede Brasileira de Educação Ambiental, espalhada em sub redes pelo Brasil afora. Essa rede e suas subs têm uma comunicação intensa e sempre estão chateadas com alguma coisa. Agora com razão eu penso.

São em geral grupos militantes sim, gastam sandálias e vão a onde o povo está – igual na música do Milton Nascimento. Não têm medo de pegar voadora nos rios, de ir às comunidades rurais mais afastadas, de percorrer estradas poeirentas nem de dormir em barracas ou ao relento. Muitos tem origem proletária, indígena e nas etnias e cores do nosso caldeirão chamado Brasil. Também estão nas escolas de classe média e nos programas de empresas. Alguns núcleos universitários se fortaleceram e a produção acadêmica da área é abundante. Muita tinta, muito papel e teclado. Muita prática. Mas cadê os frutos?

Definem -se como socioambientalistas. Escrevem tratados internacionais e nacionais e são em geral tratados (sem trocadilho) como o Brasil trata todos os seus professores e a educação de um modo geral: bem mal.

Minha proposta aqui não é futucar vespeiro, mas entender o desprestígio da área (até no MEC e no MMA) e por que a coisa desandou quando os relatórios mundiais – e nacionais – mostram que os problemas ambientais se agravaram, que há risco de colapso e que é necessária a mobilização de agentes públicos e da sociedade – para modificar este quadro?

Não teriam aí os educadores ambientais um papel chave?

Segundo a Lei e a Política Nacional cabe à educação ambiental promover a compreensão integrada dos problemas numa chave de leitura transversal, holística, democrática, plural e tudo o mais. Todos os chavões da Política do Bem estão lá com vírgula e ponto e vírgula. Por que falhou? Por que empacou?

Por que não cumpre tão nobre papel?

Óbvio que não posso aqui esmiuçar todas as possíveis respostas, mas vou abrir umas gavetinhas incômodas e contar um pouco do bastidor.

No próximo post.

Com a melhor das intenções.
Este texto faz parte da série sobre o ambientalismo brasileiro que venho publicando, desde abril, no site Envolverde/Carta Capital

Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.

“O mundo é tão lindo” – Do antropoceno ao ecozoico

“O mundo é tão lindo” – Do antropoceno ao ecozoico


por Patrícia Kalil – 
Um movimento jurídico global trabalha na criação de lei internacional para proteger o meio-ambiente e toda forma de vida contra agressões de grandes corporações e dos governos


planeta está doente e os poucos com poder de decisão estão torrando tudo. Antes fosse por desprendimento, sede de mudança ou loucura. Nada disso. É a ganância que apaga a consciência desses poucos de sangue frio. É culpa também dos mecanismos de controle e vigilância que impedem os de sangue quente de perceberem o azul do céu e do mar.

No ritmo que as coisas avançam, dá para saber que em pouco tempo vai faltar recursos (o gás Hélio já está acabando). Não vai ter herança, nem margarida, nem terra preta, nem água doce, nem umidade no ar. Ah, se pelo menos pudéssemos tirar uma foto histórica da crise civilizatória juntos. Que fossemos todos para Paris enfrentar esse climão de fim do mundo. Exclamaríamos juntos: quelle canicule, desprezando em desapego zen as roupas lindas de Givenchy, Dior e Chanel. Mas sabemos que isso não é possível. Não cabe todo mundo em Paris, somos quase 8 bilhões. Além do mais, assim como os americanosos europeus não gostam muito de toda essa gente que não nasceu por lá. Rumos e muros.

Dia desses, em palestra transmitida online para todo cidadão conectado na internet poder ver, apareceu o famoso economista brasileiro Ladislau para explicar o colapso sistêmico global. Importante lembrar que em outro momento, Chomsky, o ilustre linguista, já havia pedido para todos decifrarem Ladislau e abrirem os olhos. Pois lá estava o economista de sandálias franciscanas explicando a perversidade das corporações globais e a necessidade de um despertar global.

O debate mundial entre economistas, juristas e cientistas da natureza sobre as condições do planeta é intenso. Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química de 1995, cunhou o termo Antropoceno para explicar a nossa era. A Terra não aguenta mais tanta destruição. Estamos aí com o aumento de desastres naturaisextinção acelerada de espécies provocadas por ação humana, poluição e crise mundial de lixo. Nem o setor financeiro tem argumentos para se defender quando mais de metade do mundo vive com menos de 6 dólares por dia. O número de famílias de baixa renda cresce em todos os países e a ampliação das desigualdades tem gerado um subproduto político perverso, com convulsões ditatoriais em diversos países. A Bienal de Taipei, em 2014, já falava sobre isso. A exposição principal e atual no Museu do Amanhã trata do mesmo tema.

Precisamos entender que é nesse contexto que o mundo questiona o retrocesso das políticas ambientais no Brasil. Para se ter ideia da velocidade do desmatamento este ano na Amazônia, são derrubados 19 campos de futebol de floresta por hora. Barulho de motosserra por toda parte, caminhões cheios de grãos em novas estradas e o vaivém de cargueiros nos rios amazônicos.

Esse é o cenário do avanço do agronegócio na floresta. Para quem está longe, é possível acompanhar o desmatamento por imagens de satélite em tempo real que mostram a floresta sendo comida pelas bordas. Se o céu for o limite, atenção, o xamã yanomami já mandou avisar que o céu vai cair. Falar que a Europa desmatou no século retrasado e logo temos o mesmo direito é não entender nada. É fazer vista grossa, inclusive, para as consequências ambientais do crime da Vale em Minas Gerais, com a morte de duas bacias hidrográficas: rio Paraopeba e rio Doce. O contexto atual não nos permite mais agir de forma irresponsável com a água, nem com o meio ambiente, tampouco com os povos da floresta. Os tempos são outros. Simples assim.

O grande alerta é que o ritmo da destruição ambiental pode levar à extinção de nossa própria espécie em 2050. Calcule. Não é apenas um cientista louco que está dizendo isso. É a maioria da comunidade científica. De acordo com a teoria da ressonância mórfica, a informação que uma mudança radical na forma como fazemos as coisas é necessária já está na consciência coletiva.
Para nos alegrar um pouco, vamos agora falar de uma nova e possível era. O historiador e eco-teólogo americano Thomas Berry (1914-2009) se autodefinia como um Acadêmico da Terra. Entre seus livros, “The Great Work: Our Way Into The Future”, publicado dez anos antes de sua morte, falava do período de transição e entrada da humanidade na Era Ecozóica.

A transformação se daria por crescente pressão da opinião pública para garantir condições básicas de sobrevivência no futuro próximo. No século XXI, o crescimento de um movimento jurídico global caminha para criar uma base legal internacional em defesa da “comunidade da vida”. Essa jurisprudência da Terra começou a ser debatida de forma mais profunda a partir de 2010, com a Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra e criação da Aliança Global pelos Direitos da Natureza. Surge a Aliança das Mulheres da Terra com o objetivo de fortalecer lideranças locais para movimentos ambientais de base.

Precisamos juntar o econômico, ambiental e social num sistema que funcione. E podemos. O leque de opções em causas urgentes do planeta é grande e variado: diminuição e cuidado com o lixo, diminuição de consumo, cuidado com a água, reflorestamento de áreas devastadas, proteção de animais, criação de áreas verdes urbanas, criação de hortas coletivas orgânicas urbanas, defesa de uma nova alimentação saudável e não industrializada ao alcance de todos, pela diminuição do uso de agrotóxicos, pela proteção dos povos tradicionais, pelo fim do trabalho infantil, pelo fim do trabalho escravo, pelo acolhimento de refugiados, pelo trânsito livre dos cidadãos do mundo, pelo acesso à informação, pela transparência, pela paz…

Que comecemos hoje mesmo a defender causas que nos importam e que juntos façamos parte dessa aliança global para transformar o mundo. Porque a vida merece, as próximas gerações dependem dos passos que damos hoje. “O mundo é tão lindo!”, anotou o artista em um bilhete. É sim, a gente sabe disso. 🌎
Ilustração óleo sobre tela de José Roberto Aguilar
(O Boto/#Envolverde)

Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil

Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil



Por Ivanir Ferreira, do Jornal da USP – 
Em exposição crônica aos agrotóxicos, brasileiro corre mais risco de morte e desenvolvimento de doenças


Um ousado trabalho de geografia que mapeou o nível de envenenamento dos alimentos produzidos no Brasil foi lançado em maio, em Berlim, na Alemanha, país que contraditoriamente sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo. Quem estava presente no lançamento do atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia ficou perplexo com a informação sobre o elevado índice de resíduos agrotóxicos permitidos em alimentos, na água potável, e que, potencialmente, contamina o solo, provoca doenças e mata pessoas. A obra, que já foi publicada no Brasil, é de autoria da geógrafa Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

O Brasil é campeão mundial no uso de pesticidas na agricultura, alternando a posição dependendo da ocasião apenas com os Estados Unidos. O feijão, a base da alimentação brasileira, tem um nível permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior do que aquele permitido pela União Europeia; na água potável brasileira permite-se 5 mil vezes mais resíduo de glifosato (herbicida); na soja, 200 vezes mais resíduos de glifosato, de acordo com o estudo, que é rico em imagens, gráficos e infográficos. “E como se não bastasse o Brasil liderar este perverso ranking, tramita no Congresso nacional leis que flexibilizam as atuais regras para registro, produção, comercialização e utilização de agrotóxicos”, relata Larissa.

A pesquisadora explica que o lançamento do atlas na Europa se deu pelo fato de a Alemanha sediar a Bayer/Monsanto e a Basf, indústrias agroquímicas que respondem por cerca de 34% do mercado mundial de agrotóxicos. A Monsanto, recentemente incorporada ao grupo Bayer, é a líder mundial de vendas do glifosato, cujos subprodutos têm sido associados a inúmeras doenças, incluindo o câncer e o Alzheimer. “Queríamos promover discussão sobre a contradição de sediarem indústrias que controlam toda a cadeia alimentar agrícola – das sementes, agrotóxicos e fertilizantes – e serem rigorosos quanto ao uso de mais de um terço dos pesticidas que são permitidos no Brasil. Eles são corresponsáveis pelos problemas gerados à população porque vendem e exportam substâncias sabidamente perigosas, porém, proibidas em seu território”, diz.

Geógrafa Larissa Bombardi, autora da pesquisa que deu origem ao atlas da 
 Geografia do
uso de agrotóxicos no Brasil – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Intoxicação e suicídios

Segundo a geógrafa, as perdas não se limitam à contaminação de alimentos e dos cursos d’água. O atlas traz informações de que, depois de extensa exposição aos agrotóxicos, ocorrem também casos de mortes e suicídios associados ao contato ou à ingestão dessas substâncias.

Atlas: Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, de Larissa Mies Bombardi – Laboratório de Geografia Agrária da FFLCH – USP, São Paulo, 2017
Entre 2007 e 2014, o Ministério da Saúde teve cerca de 25 mil ocorrências de intoxicações por agrotóxicos. O atlas mapeia as regiões mais afetadas: dos Estados brasileiros, durante o período da pesquisa, o Paraná ficou em primeiro lugar, com mais de 3.700 casos de intoxicação. São Paulo e Minas Gerais ficaram na segunda colocação, com 2 mil. Das 3.723 intoxicações registradas no Paraná, 1.631 casos eram de tentativas de suicídio, ou seja, 40% do total. Em São Paulo e Minas gerais o porcentual foi o mesmo. No Ceará, houve 1.086 casos notificados, dos quais 861 correspondiam a tentativas de suicídio, cerca de 79,2%. Os mapas de faixa etária mostram que 20% da população afetada era composta de crianças e jovens com idade até 19 anos. Segundo Larissa, no Brasil, há relação direta entre o uso de agrotóxicos e o agronegócio. Em 2015, soja, milho e cana de açúcar consumiram 72% dos pesticidas comercializados no País.
O atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia, em português, foi lançado no Brasil em 2017 e traz um conjunto de mais de 150 imagens entre mapas, gráficos e infográficos que abordam a realidade do uso de agrotóxicos no Brasil e os impactos diretos deste uso no País. A pesquisa que deu origem à publicação teve o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Em Berlim, o lançamento aconteceu na sede do ENSSER (European Network of Scientists for Social and Environmental Responsability), rede europeia sem fins lucrativos que reúne cientistas ativistas responsáveis ambiental e socialmente, em Glasgow, Escócia. O suporte financeiro para o lançamento do atlas na Europa foi da FFLCH e da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP.


Entre 2000 e 2010, o Brasil aumentou em 200% o consumo de agrotóxicos. 
A soja foi a cultura que mais consumiu pesticidas



Mapa de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola (2007-2014)



Uso de malationa (inseticida) na cultura do feijão – Limite máximo 
de resíduos permitido 
no Brasil e nos países da comunidade europeia


Mais informações: Larissa Mies Bombardi, larissab@usp.br ou pelo telefone (11) 3091-3769. Atlas versão em português – Atlas versão inglês
(#Envolverde)

Poluição em Manaus pode afetar chuvas e fotossíntese na Floresta Amazônica

Poluição em Manaus pode afetar chuvas e fotossíntese na Floresta Amazônica


Por:  Amazônia Real – 

Pesquisa da iniciativa Green Ocean Amazon (GOAmazon) mostra que as queimadas de áreas desmatadas, entre outros poluidores, influenciam na formação de nuvens e na radiação solar (Foto: Carlos Durigan)

Manaus (AM) – A queima de combustível pelos veículos, os aparelhos de ar condicionado, a energia termelétrica e as queimadas de áreas desmatadas, presentes em Manaus e em seu entorno, são alguns dos fatores que estão elevando em até 400% a produção de aerossóis na Floresta Amazônica. Aerossóis são partículas ainda misteriosas para ciência, mas são importantes na manutenção do clima e balanço da radiação solar terrestre. No entanto, o excesso das partículas, como foi detectado em pesquisa da iniciativa Green Ocean Amazon (GOAmazon) na capital do Amazonas, pode trazer consequências que impedem a formação de nuvens e alteram o processo de fotossíntese da floresta.

As informações da pesquisa foram publicadas no artigo da revista Nature Communications: “Urban pollution greatly enhances formation of natural aerosols over the Amazon rainforest”. O pesquisador do Pacific Northwest National Laboratory, Manish Kumar Shrivastava, um dos autores do artigo, disse que, de maneira natural, a floresta produz partículas de aerossóis, que são chamadas primárias e secundárias, dependendo do processo de formação, mas em concentrações muito baixas.

“No entanto, a observação realizada através do GOAmazon mostra que a poluição de Manaus contribui para o aumento das emissões de óxidos de nitrogênio que, por sua vez, aumentam a presença de oxidantes como o ozônio e radicais hidroxila, o que acelera muito a formação das partículas secundárias”, afirma Manish Shrivastava em entrevista àAmazônia Real.

A pesquisa é resultado do trabalho da iniciativa GOAmazon, uma parceria entre o governo brasileiro e os Estados Unidos que, desde 2014, estuda processos que produzem chuva na região dos trópicos úmidos e avalia a poluição na área urbana de Manaus e sua influência no ciclo de vida das nuvens.
O estudo foi realizado com a colaboração de 36 pesquisadores de diversas nacionalidades, sendo nove brasileiros. Eles analisaram medições, realizadas com aviões do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Dentre os dados estão as medidas em superfície, e um programa de computador que simula a química da atmosfera em escala regional para interpretar as medidas experimentais à luz da meteorologia e dos complexos processos químicos.

Vista da zona centro sul de Manaus, com forte fumaça proveniente de queimadas, em 
2018 (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)
Já era sabido que o processo de urbanização altera totalmente a produção de aerossóis em florestas tropicais preservadas, pois tal fenômeno foi observado em outras regiões na África e Sudoeste da Ásia. Mas nunca os dados foram tão elevados como na Amazônia, onde a produção aumenta em mais de 400% e influência na formação de nuvens e na radiação solar na floresta. O dado é de extrema importância, pois em condições normais, os aerossóis primários respondem por 75% a 85% da massa do aerossol presente na floresta amazônica.

O pesquisador Manish Shrivastava acrescenta que a floresta é, provavelmente, muito mais sensível às mudanças na produção de aerossóis do que outras regiões já observadas pelos pesquisadores. Isso acontece porque ela é muito primitiva, ou seja, preservada e com pouquíssima interferência antropogênica. O cientista também alerta que o aumento na produção de aerossóis pode alterar as nuvens e os padrões de chuva.

“O efeito geral e a sensibilidade da floresta a essas mudanças não são bem compreendidos ainda. Sabe-se também que, além da produção de aerossóis, o aumento do ozônio altera a absorção de carbono e os processos fotossintéticos da floresta. Em resumo, o aumento da presença das partículas, e de ozônio, pode afetar a floresta, em aspectos de clima, ecologia e padrões de chuva, além da saúde humana”, explica Shrivastava.

Uma das contribuições do estudo diz respeito ao impacto da poluição urbana em uma floresta tropical intocada, como a Floresta Amazônica. Agora, já se sabe que as emissões de poluição provocam grandes mudanças na formação de aerossóis e que isso pode acarretar efeitos climáticos. Por isso, no momento, o mundo não pode arriscar um aumento de poluição com essa dimensão.

O Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário, limitou a meta do aumento da temperatura em abaixo de 2ºC, de preferência 1,5ºC, até 2035. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), essa meta só será atingida se a humanidade cortar as emissões em 45%, nos próximos 11 anos. Mas, segundo a Agência Internacional de Energia, a demanda global por energia subiu 2,3% em 2018, aumentando as emissões de gás carbônico por queima de combustíveis fósseis em 1,7%. Isso quer dizer que as emissões de gases do efeito estufa estão aumentando, quando deveriam diminuir.

“Ainda não se sabe quais serão os reais impactos de tudo isso, mas a poluição está causando um distúrbio nos processos naturais. As partículas de aerossóis primários agem como as ‘sementes’ das nuvens. O vapor d’água se condensa nos aerossóis e as nuvens então começam a ser formadas. O excesso dele pode mudar o padrão de formação de nuvens e, consequentemente, o de chuva”, acrescenta uma das autoras do artigo acima mencionado, e pesquisadora do Max Planck Institute for Biogeochemistry, Eliane Gomes Alves.

Impactos da urbanização vão além das cidades


O meteorologista e coordenador do programa de pós-graduação em Clima e Ambiente
(PPG-Cliamb), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em associação com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Luiz Cândido, destaca que a maior contribuição
dos novos resultados dessa pesquisa é mostrar a importância da conservação de áreas de
floresta no meio urbano.


Essa conservação contribui para mitigar os impactos sobre a atmosfera das cidades, minimizando os efeitos da poluição de material particulado, aerossóis e gases do efeito estufa. A pesquisa também mostra que a vegetação circundante também pode ser afetada pelas emissões urbanas.
“Os resultados trazem informações positivas e negativas sobre a produção de aerossóis na Floresta Amazônica associada à poluição urbana gerada em Manaus. A situação influencia não só a cidade, mas também o ecossistema ao redor”, explica Cândido à reportagem.

O aspecto positivo desse fenômeno diz respeito ao aumento da radiação solar espalhada, ou seja, difusa, pelos aerossóis primários, aqueles produzidos pela vegetação; e secundários, que são associados à pluma de poluição urbana. “O efeito combinado desses aerossóis faz com que a floresta receba mais luz em camadas foliares inferiores, as mais escondidas. Isso favorece os processos de fotossíntese que deixam a floresta mais robusta, por causa do aumento da biomassa”, diz o pesquisador.

“Mas não é totalmente benéfico, pois quanto mais aerossóis na atmosfera, maior será a concorrência dos potenciais núcleos de condensação, pois aerossóis funcionam como núcleos de condensação, pelo vapor d’água presente na atmosfera. Isso significa que será favorecida a formação de nuvens mais desenvolvidas verticalmente, mas enfraquecidas. Com grande desenvolvimento vertical, mas com menos chuva”, acrescenta Luiz Cândido.

Conforme constam em outros estudos, não só a fotossíntese das árvores pode ser afetada pelos efeitos da poluição, mas o crescimento também. O biólogo Giuliano Locosselli, da Universidade de São Paulo (USP), pesquisa a reconstrução do clima e da poluição, baseada no crescimento de árvores urbanas. Ele explica que a nuvem de poluição formada sobre Manaus pode ter dióxido de carbono (CO2), que contribui para o efeito estufa, e também deve carregar óxidos nitrosos e outros elementos, que geram impacto negativo sobre o crescimento das árvores.

“É sabido que o clima tem um efeito muito grande sobre o crescimento das árvores. Se alterarmos as características climáticas regionais, ou microclimáticas, alteramos o ritmo de crescimento das árvores. Além do efeito direto da poluição, pode haver um efeito indireto pelas mudanças nas condições climáticas locais e regionais”, diz Locosselli à Amazônia Real.

Pessoas e atividades humanas são necessárias


Nos meses de setembro e outubro há fumaça em Manaus
(Foto: Amazônia Real/Amazônia Real)
As atividades humanas já modificaram significativamente a atmosfera terrestre em quase todas as regiões continentais. É difícil para a ciência deduzir quais seriam os níveis ideais de aerossóis presentes na atmosfera sem influência humana. Mas a Amazônia, que possui supostas condições primitivas, que representam os tempos que antecederam a Revolução Industrial, é o laboratório que mais se aproxima do ambiente ideal para se estudar o assunto. No meio da floresta está Manaus e seus mais de 2 milhões de habitantes, que produzem as características adequadas para concretizar pesquisas nesse sentido. Por isso, esse ambiente pode trazer informações mais precisas sobre o meio natural, de floresta praticamente intocada, e urbano, modificado pela atividade humana, e a influência mútua que a interação entre ambos exerce um sobre o outro.

Em Manaus, a poluição tem uma relação linear com o processo de urbanização. “A poluição está associada à expansão e incremento da cidade. Quanto maior o avanço da urbanização, maior o aumento das emissões de material particulado, que é poluição, no ar. Grande parte das emissões têm origem na queima de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. O nosso Distrito Industrial não é uma indústria de transformação, mas usa energia elétrica, que vem de usinas termelétricas”, diz Luiz Antônio Cândido.

“A pesquisa da GOAmazon mostra a importância de se repensar o desenvolvimento não só de Manaus, mas de outras cidades. Será que precisamos de grandes cidades? Não seria melhor primar pela qualidade do meio ambiente e de vida da população?”, provoca o meteorologista. Na opinião de Cândido, limitar o desenvolvimento de cidades e criar mais distritos e vilas seriam alternativas viáveis.

Escavações arqueológicas do projeto Amazônia Central (PAC)0 nos arredores de Manaus
(Foto:Alberto César Araújo/Amazônia Real)
O pesquisador Charles Clement estuda há mais de 20 anos a domesticação da Floresta Amazônica. Segundo ele, ao contrário do que por anos esteve presente do imaginário da população, a floresta não é necessariamente um bioma intocado, mas sim manejado pelos indígenas, há cerca de 10 mil anos.
Ele diz que as evidências estão presentes em vestígios arqueológicos, botânicos e genéticos. Os povos originários tiravam, por exemplo, plantas do ambiente natural e as plantavam novamente em outro local, como é o caso da mandioca (Manihot esculenta), da castanha do Brasil (Bertholletia excelcia), do açaí (euterpe oleracea) e da pupunha  (Bactris gasipaes).

Com base nas evidências de que a presença humana tornou a Amazônia o que é hoje, Clement defende a interiorização do desenvolvimento do Brasil, como solução para os problemas provocados pela urbanização e crescimento desordenado das cidades. Para ele, é preciso desenvolver o país, respeitando o Acordo de Paris – mesmo fragilizado pelo Governo Bolsonaro – e com a floresta em pé.

“Nas plantações de soja o que menos se vê são pessoas trabalhando. Só temos máquinas no campo. E nas cidades, o que mais se tem são pessoas precisando de emprego”, alerta Clement em entrevista à Amazônia Real.

O cientista explica que não se trata apenas de pegar pessoas e deslocar para o interior, mas de oferecer oportunidade e condições de vida digna a elas onde forem morar. “Ninguém quer viver abandonado, sem saúde, educação e emprego, como estão os nossos interiores hoje”, diz Clement.
“Para colocar o Acordo de Paris em prática no Brasil, temos que colocar gente de volta na floresta, pois é uma opção social e ambientalmente aceitável. Os indígenas nos mostram como fazer isso há séculos”, conclui ele, reforçando a importância do papel dos povos nativos na conservação e cuidado com o meio natural da floresta amazônica.
(#Envolverde)


Terra entra no cheque especial a partir de 29 de julho

Terra entra no cheque especial a partir de 29 de julho


Essa data nunca aconteceu tão cedo desde que o planeta entrou em déficit ecológico no início dos anos 1970.  Desse dia em diante, a natureza não consegue mais regenerar ainda este ano tudo o que a humanidade consumir até o final do ano

A conta da humanidade com a Terra entra no vermelho a partir de 29 de julho. Desse dia em diante, passaremos a consumir mais recursos do que o planeta consegue regenerar.  Neste ano, o limite bateu um recorde: nunca havia acontecido tão cedo desde que o planeta entrou em déficit ecológico no início dos anos 1970.  Há 20 anos, essa data caiu em 29 de setembro; dez anos atrás, em 18 de agosto.

O motivo pelo qual isso acontece é nosso atual padrão de consumo, que exige uma quantidade maior de recursos do que a natureza consegue oferecer. Projeções moderadas das Nações Unidas para o aumento da população e do consumo indicam que em 2030 precisaríamos da capacidade de duas Terras para acompanhar nosso nível de demanda por recursos naturais.  O cálculo também é feito para os países: é quando o Dia da Sobrecarga da Terra cairia se toda a humanidade consumisse como as pessoas daquela nação. No caso do Brasil, a data cai dois dias depois, em 31 de julho.

Os dados são da Global Footprint Network, organização internacional de pesquisa responsável pelo cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra e da Pegada Ecológica, da qual a rede WWF (Fundo Mundial pela Natureza) é parceira. Para se chegar a essa data, a Global Footprint Network calcula o número de dias exigidos da biocapacidade da Terra (a quantidade de recursos ecológicos que o planeta é capaz de gerar naquele ano) para atender à Pegada Ecológica da humanidade. O restante do ano 

corresponde à sobrecarga, que é causada por quatro fatores principais: 1) o quanto nós consumimos; 2) com que eficiência os produtos são feitos; 3) quantas pessoas existem no planeta; e 4) quanto os ecossistemas da natureza são capazes de produzir.

Em vários países, o principal fator de pressão para a exploração desenfreada dos recursos naturais é o crescente nível de consumo, mas no caso do Brasil o problema é a acentuada queda na biocapacidade, como mostra o gráfico abaixo.  A biocapacidade de uma cidade, estado ou nação representa o quanto seus ativos ecológicos (incluindo terras agrícolas, pastagens, terras florestais, áreas de pesca e terras construídas) conseguem produzir.

Quando entramos no cheque especial do planeta, os juros são altos e vêm na forma de escassez de água potável, erosão do solo, perda de biodiversidade e acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera, com as consequências que já conhecemos: secas severas, inundações, aumento na quantidade e intensidade dos incêndios florestais ou furacões. “Para a economia, isso significa grandes prejuízos e maiores riscos aos investimentos. Para as pessoas, significa preços mais altos dos alimentos, maiores chances de contrair doenças e perda de bens e de vidas. Na prática, estamos deixando o mundo mais poluído, mais inóspito e mais pobre em biodiversidade”, sintetiza Renata Camargo, especialista em Conservação do WWF-Brasil.

“Há uma percepção equivocada, compartilhada por alguns, de que o Brasil é país que mais preserva o ambiente no Planeta e que não teríamos qualquer problema nesse aspecto. No entanto, vamos entrar no cheque especial dos recursos naturais praticamente junto com o restante do Planeta. Temos muito o que fazer, a começar por implementar com mais rigor as regras de proteção ambiental que construímos ao longo das últimas décadas, as quais ainda são muito frequentemente deixadas de lado”, alerta Raul do Valle, do WWF-Brasil.


O que é a Pegada Ecológica
Do lado da demanda, a Pegada Ecológica mede a quantidade de área terrestre e marinha necessária para produzir todos os recursos consumidos por uma população e para absorver seus resíduos. “O uso de combustíveis fósseis no sistema de transporte e o desperdício de alimentos estão entre os principais vetores de pressão da demanda por recursos naturais no Brasil”, explica Camargo.


Um componente importante da Pegada Ecológica é a Pegada de Carbono, que representa a área de terra necessária para sequestrar as emissões de dióxido de carbono geradas pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras fontes, como produção de cimento e fermentação entérica de bovinos, por exemplo. 


Atualmente, a pegada de carbono representa 60% da Pegada Ecológica total da humanidade e é também a parte de crescimento mais rápido. Porque estamos emitindo dióxido de carbono no ar a uma taxa muito mais rápida do que pode ser absorvido, ele está se acumulando na atmosfera e no oceano. Ou seja, o aumento em nossa Pegada de Carbono é o principal impulsionador da crise climática, que é o resultado mais conhecido – junto com a perda de biodiversidade – de nosso gasto ecológico excessivo. Portanto, reduzir significativamente a pegada de carbono é um passo essencial tanto para reduzir nossa pegada ecológica como também para mitigar a crise climática.

O conceito de Dia de Sobrecarga da Terra foi concebido pela primeira vez por Andrew Simms, da New Economics Foundation, entidade britânica de consultoria, que se associou à Global Footprint Network em 2006 para lançar a primeira campanha global sobre o tema. O WWF participa desde 2007.

A Pegada Ecológica Global e as métricas de biocapacidade são calculadas anualmente nas Contas da Pegada Nacional e Biocapacidade. Utilizando as estatísticas da ONU, essas contas incorporam os dados mais recentes e a metodologia contábil mais atualizada. Para manter a consistência com os dados e a ciência relatados mais recentes, as métricas da Pegada Ecológica de todos os anos desde 1961 são recalculadas a cada ano, de modo que as métricas de cada ano compartilham um conjunto de dados comum e exatamente o mesmo método contábil

Dicas para reduzir a pegada ecológica
 Se conseguirmos postergar o Dia de Sobrecarga da Terra em cinco dias a cada ano, em menos de três décadas estaremos dentro dos limites do planeta antes.  Todo mundo pode ajudar:

 Em Casa: Desligue sempre as luzes e os eletrodomésticos que não estão em uso; limite o tempo do banho; prefira iluminação e ventilação naturais; recicle seu lixo; faça uma composteira doméstica, diminuindo o lixo orgânico; sempre que possível, deixe o carro na garagem e saia a pé, de bicicleta ou transporte público; aproveite a cidade e peça menos delivery (diminuindo o uso de embalagens), opte por um filtro ou beba água da torneira, diminua o uso do ar condicionado.

Ao fazer compras: Evite fazer compras por impulso ou desnecessárias, opte por produtos não-descartáveis e maior durabilidade; evite trocas periódicas de equipamentos (celular, por exemplo), escolha produtos naturais, frescos e com menos embalagens. Sempre que possível, compre do produtor local, o que evita gastos de energia para transporte e armazenamento. Prefira frutas da época e evite peixes na lista vermelha de extinção. Não compre produtos que tenham microesferas de plástico, como algumas pastas de dente ou esfoliantes.

No trabalho: Faça grupos de carona; desligue luzes e monitores sempre que não estiverem sendo usados; traga sua caneca de casa e diminua/ elimine o uso de copos descartáveis; desligue o ar condicionado quando não for necessário; vá de bicicleta, a pé ou transporte público; quando for viável opte por reuniões pela internet (em vez de atravessar a cidade ou viajar); imprima somente o necessário, optando por diminuir os processos que necessitam de papel.

Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, apartidária e sem fins lucrativos, que trabalha em defesa da vida com o propósito de mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro no qual sociedade e natureza vivam em harmonia.

Criado em 1996, o WWF-Brasil integra a Rede WWF (Fundo Mundial para a Natureza), presente em mais de 100 países. O objetivo da rede é alterar a trajetória das curvas de perda de biodiversidade e do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) – ou seja, conter a extinção de espécies e o desaparecimento de ecossistemas, assim como mitigar os principais causadores das mudanças climáticas. Soma-se a esses desafios a crescente demanda por alimentos e por recursos naturais em todo o planeta, acarretando na necessidade de promover o uso racional de tais recursos e uma produção sustentável de alimentos.

Apoie nosso trabalho: https://wwf.org.br/doe

A vitória dos agrotóxicos


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O novo marco regulatório para avaliação e classificação toxicológica de agrotóxicos aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) omite riscos à saúde humana, segundo especialistas ouvidos pelo HuffPost.

As mudanças anunciadas ontem abrangem a reclassificação dos produtos, de acordo com a toxicidade, e os rótulos.

Com as novas regras, agrotóxicos extremamente tóxicos passarão a ser incluídos em categorias mais baixas, como moderadamente tóxicos.

“Retirar ou omitir o risco de um substância pode gerar um risco sério à saúde humana e ainda gerar mais brechas na legislação para aprovar mais agrotóxicos”, avalia Marina Lacorte, coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace.

Inclusive, na segunda-feira, o governo Bolsonaro liberou mais 51 agrotóxicos — totalizando 290 no ano. Ao menos 32% desses são proibidos na União Europeia, de acordo com o Greenpeace.

A editora de Comida do HuffPost, Luiza Belloni, explica as novas regras nesta reportagem.

Boa leitura e mais atenção com o que vai para sua mesa!

Diego Iraheta

Editor Chefe HuffPost Brasil