segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sugestão aos candidatos às eleições de 2014.



Onda de calor

O calorzão que temos sentido nos últimos dias deveria refrescar as ideias de quem despreza o premiado projeto urbanístico básico de Brasília.
O padrão bucólio traçado por Lucio Costa precisa ser respeitado e até aprofundado para que a capital do Brasil continue sendo diferente no bom sentido, com mais verde na terra e mais azul no céu. Não tenhamos dúvida de que a avalanche de carros nas ruas, as seguidas baixas sofridas pelo bravo Cerrado urbano e as construções irregulares ou liberadas sem critério são a causa do crescente desconforto nas temporadas quentes.

A maioria de nossos filhos e netos tem mais consciência ecológica que nós, em virtude dos ganhos pedagógicos pós-Rio 92, embora os poderosos do planeta pouco tenham feito para mudar a velha dinâmica das Emissões de dióxido de carbono. A garotada nos ensina uma equação elementar e sempre esquecida: menos verde e mais concreto é igual a menos água e mais calor. Simples assim. É a partir da esperança nas novas gerações que faço aos parlamentares distritais e ao governador um apelo: se for para mexer no planejamento urbanístico deste patrimônio cultural da humanidade, que seja em favor de mais verde, menos fiação aérea e mais água.

Talvez caiba no conjunto cultural da República alguma jardinagem. Talvez. Quem sabe uma boa promessa de campanha rumo ao Palácio do Buriti seja a de plantar uma árvore por cidadão do DF, distribuindo milhões de mudas ou reforçando a cobertura vegetal de parques e recompondo áreas devastadas pelas costumeiras e criminosas Queimadas. É bom deixar bem clara uma coisa: o desprezo pela natureza remanescente neste quadradinho parece gerar consequências mais graves que as já percebidas mundo afora, com o Aquecimento Global pelo efeito dos gases estufa.
Prova disso são ilhas de calor nas cidades em volta do Plano provocadas pelos espigões e suas ondas térmicas. Quando falta água nas nossas torneiras nos períodos de pico de demanda, lembro logo que aqui estão nascentes de muitos rios do país. Quando a garganta dói com a secura, tenho a certeza de o Lago Paranoá é nossa âncora de civilidade. Quem paga impostos e vota nesta unidade da Federação precisa vencer com bom senso a batalha contra a especulação imobiliária. Sede e calor podem ser domados aqui de forma inteligente e elegante (ou sustentável, para ser atual) sob pena de termos de resolver nossos desatinos ambientais com oásis artificiais, a exemplo das zonas áridas de alta renda tipo Dubai.
Silvio Ribas- Correio Brazilense


A falta de planejamento urbano e as construções desordenadas no Distrito Federal e no Entorno criaram duas realidades na capital do país: um Plano Piloto arborizado e climatizado em contraste com o restante das cidades, repletas de concreto e de moradias capazes de criar ambientes cada vez mais quentes. O fenômeno das ilhas de calor, em que o centro faz mais calor do que a periferia, tem se tornado frequente na região. Também chama a atenção curiosas alterações no tempo de Brasília, como chuvas em junho, época de seca e baixa umidade relativa do ar.

Referência nos estudos de ilhas de calor no Brasil, a professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Magda Lombardo resume a extensa lista de problemas relacionados ao fenômeno (leia Palavra de especialista): “Aumento da temperatura e da poluição; diminuição da umidade relativa do ar; maior sonolência e baixa produtividade no trabalho; mais precipitação nos centros das cidades do que nos aquíferos; e estimula ataques cardíacos e problemas circulatórios em pessoas com mais de 65 anos, além de causar o estresse térmico”.

Satélite
As ilhas de calor preocupam desde o início da década passada. Em 2001, um estudo do professor de ciências ambientais da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo de Mello Baptista identificou zonas abafadas no centro de Taguatinga, no Setor Comercial Sul, em Vicente Pires e na Estrutural. “No DF, temos uma ilha polinucleada: os centros das cidades maiores ficam mais quentes do que o das cidades não adensadas”, ensina. Para o professor, a solução é simples: plantar árvores. “Aumentar o verde urbano é fundamental. A gente precisa ter vegetação para fazer sombra e incorporar o vapor d’água na atmosfera, além de ficar mais simpático e saudável.”

Correio Braziliense-Trecho do artigo: Mapa Comparativo Mostra Mudanças Climaticas no Distrito Fedeal-Mariana Rios- 04/06/2013