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O calorzão que temos sentido nos últimos dias deveria
refrescar as ideias de quem despreza o premiado projeto urbanístico
básico de Brasília.
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O
padrão bucólio traçado por Lucio Costa precisa ser respeitado e até
aprofundado para que a capital do Brasil continue sendo diferente no bom
sentido, com mais verde na terra e mais azul no céu. Não tenhamos
dúvida de que a avalanche de carros nas ruas, as seguidas baixas
sofridas pelo bravo Cerrado urbano e as construções irregulares ou liberadas sem critério são a causa do crescente desconforto nas temporadas quentes.
A maioria de nossos filhos e netos tem mais consciência ecológica que
nós, em virtude dos ganhos pedagógicos pós-Rio 92, embora os poderosos
do planeta pouco tenham feito para mudar a velha dinâmica das Emissões
de dióxido de carbono. A garotada nos ensina uma equação elementar e
sempre esquecida: menos verde e mais concreto é igual a menos água e
mais calor. Simples assim. É a partir da esperança nas novas gerações
que faço aos parlamentares distritais e ao governador um apelo: se for
para mexer no planejamento urbanístico deste patrimônio cultural da
humanidade, que seja em favor de mais verde, menos fiação aérea e mais
água.
Talvez caiba no conjunto cultural da República alguma jardinagem.
Talvez. Quem sabe uma boa promessa de campanha rumo ao Palácio do Buriti
seja a de plantar uma árvore por cidadão do DF, distribuindo milhões de
mudas ou reforçando a cobertura vegetal de parques e recompondo áreas
devastadas pelas costumeiras e criminosas Queimadas.
É bom deixar bem clara uma coisa: o desprezo pela natureza remanescente
neste quadradinho parece gerar consequências mais graves que as já
percebidas mundo afora, com o Aquecimento Global pelo efeito dos gases estufa.
Prova disso são ilhas de calor nas cidades em volta do Plano provocadas
pelos espigões e suas ondas térmicas. Quando falta água nas nossas
torneiras nos períodos de pico de demanda, lembro logo que aqui estão
nascentes de muitos rios do país. Quando a garganta dói com a secura,
tenho a certeza de o Lago Paranoá é nossa âncora de civilidade. Quem
paga impostos e vota nesta unidade da Federação precisa vencer com bom
senso a batalha contra a especulação imobiliária. Sede e calor podem ser
domados aqui de forma inteligente e elegante (ou sustentável, para ser
atual) sob pena de termos de resolver nossos desatinos ambientais com
oásis artificiais, a exemplo das zonas áridas de alta renda tipo Dubai.
Silvio Ribas- Correio Brazilense
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A falta de planejamento urbano e as construções
desordenadas no Distrito Federal e no Entorno criaram duas realidades na
capital do país: um Plano Piloto arborizado e climatizado em contraste
com o restante das cidades, repletas de concreto e de moradias capazes
de criar ambientes cada vez mais quentes. O fenômeno das ilhas de calor,
em que o centro faz mais calor do que a periferia, tem se tornado
frequente na região. Também chama a atenção curiosas alterações no tempo
de Brasília, como chuvas em junho, época de seca e baixa umidade
relativa do ar.
Referência nos estudos
de ilhas de calor no Brasil, a professora da Universidade Estadual
Paulista (Unesp) Magda Lombardo resume a extensa lista de problemas
relacionados ao fenômeno (leia Palavra de especialista): “Aumento da
temperatura e da poluição; diminuição da umidade relativa do ar; maior
sonolência e baixa produtividade no trabalho; mais precipitação nos
centros das cidades do que nos aquíferos; e estimula ataques cardíacos e
problemas circulatórios em pessoas com mais de 65 anos, além de causar o
estresse térmico”.
Satélite
As ilhas de
calor preocupam desde o início da década passada. Em 2001, um estudo do
professor de ciências ambientais da Universidade de Brasília (UnB)
Gustavo de Mello Baptista identificou zonas abafadas no centro de
Taguatinga, no Setor Comercial Sul, em Vicente Pires e na Estrutural.
“No DF, temos uma ilha polinucleada: os centros das cidades maiores
ficam mais quentes do que o das cidades não adensadas”, ensina. Para o
professor, a solução é simples: plantar árvores. “Aumentar o verde
urbano é fundamental. A gente precisa ter vegetação para fazer sombra e
incorporar o vapor d’água na atmosfera, além de ficar mais simpático e
saudável.”
Correio Braziliense-Trecho do artigo: Mapa Comparativo Mostra Mudanças Climaticas no Distrito Fedeal-Mariana Rios- 04/06/2013