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Olavo de Carvalho: o banditismo como arma de guerra revolucionária. |
Transcrevo
como segue inclusive com o texto de abertura a entrevista que o
jornalista, escritor e filósofo Olavo de Carvalho concedeu ao site do
Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF).
Entrevista como esta jamais será veiculada pela grande mídia já que se
contrapõe à narrativa dominante da engenharia social por meio da
ideologia do politicamente correta, voltada à domesticação das massas.
Os bandidos passam a ser os guardiães do poder dos comunistas do Partido
dos Trabalhadores, no caso brasileiro, enquanto nos porões do Palácio
do Planalto prepara-se uma lei para desmilitarizar as polícias militares
ao mesmo tempo em que a grande mídia inteira e seus jornalistas idiotas
e criminosos se encarregam de desmoralizar as polícias.
Por tudo
isso, esta entrevista de Olavo de Carvalho merece ser lida com atenção,
principalmente pelos senadores e deputados e seus assessores. Leiam:
O
filósofo Olavo de Carvalho é certamente o mais comentado intelectual
brasileiro da atualidade. É autor de vários livros, dentre os quais O
Jardim das Aflições, O Imbecil Coletivo, O Futuro do Pensamento
Brasileiro, entre outros.
Além de ser fundador e editor-chefe do website
de media watch e opinião Mídia Sem Máscara, escreve para o jornal Diário do Comércio, de São Paulo. Também ministra aulas online em seu Seminário de Filosofia
Sinpol-DF:
Segundo as estatísticas do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em 2013, cerca de 490 policias foram mortos no Brasil. De 2009
para cá, o número chega a 1.170 policiais. O número total de homicídios
no país ultrapassa os 50 mil. São números alarmantes que indicam um
estado de guerra civil não declarada. Porém, ao noticiar tais
estatísticas, a imprensa deu destaque às mortes de civis provocadas por
confronto com as forças policiais, para concluir que a polícia
brasileira “mata muito”. O senhor concorda?
Olavo de Carvalho:
Pelo menos, desde os anos 60 do século passado, a esquerda
internacional e nacional não esconde seu propósito de utilizar o
banditismo como arma de guerra revolucionária para a conquista do poder
total.
A
ideia, sugerida inicialmente por Herbert Marcuse, é aplicada em
diferentes dimensões.
No aspecto cultural, trata-se de mostrar os
criminosos como vítimas inocentes da injustiça social, legitimando as
suas ações delituosas como forma de protesto. Expliquei isso na série de
artigos “Bandidos e Letrados” (Jornal do Brasil, 26 de dezembro de 1994), cuja leitura recomendo a vocês para que eu não precise me repetir aqui.
Um
segundo aspecto é a aproximação direta entre militantes políticos
armados e gangues de assaltantes, narcotraficantes e sequestradores.
Expliquei isso nos capítulos finais do livro A Nova Era e a Revolução
Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci, cuja quarta edição foi
publicada em 2014 pela Vide Editorial. Com isso passa-se da mera guerra
cultural à criação de um poder armado capaz de abalar a ordem social.
O
terceiro passo é desarmar a população civil e, em seguida, a própria
polícia, sob os pretextos mais rebuscados e estapafúrdios, enquanto as
quadrilhas de criminosos se armam cada vez mais, com a complacência,
senão a ajuda ativa do partido governante (o traficante Fernandinho
Beira-Mar descreveu em detalhes como comprava cocaína das Farc –
quadrilha associada ao PT no quadro do Foro de São Paulo – em troca de
armas trazidas do Líbano).
Não é
preciso dizer que, num país onde ocorrem de cinquenta a setenta mil
homicídios por ano, a polícia matar dois mil bandidos não é de maneira
alguma um fenômeno anormal ou escandaloso, e a mídia, ao apresentá-lo
assim, está apenas prosseguindo à guerra cultural acima mencionada e
fazendo a ponte entre ela e o planejado desarmamento da polícia.
O
Brasil está numa fase avançadíssima de guerra revolucionária – muito
mais avançada do que em 1964, com a diferença essencial de que agora a
mídia praticamente inteira se tornou um instrumento auxiliar do
movimento comunista, encarregando-se de desinformar e anestesiar a
população para que não perceba o que está se passando, bem como de
instigar o ódio a todos que possam constituir obstáculos à consecução
dos seus objetivos totalitários.
Sinpol-DF: Uma
das queixas mais frequentes no meio policial é a extrema desvalorização
pela qual passa a profissão. Os policiais brasileiros sofrem um
verdadeiro “bullying” institucional. Em meio a difícil missão de manter a
ordem e garantir a lei numa sociedade tomada pelo crime, são difamados
pela mídia, criticados por intelectuais, desrespeitados pelos cidadãos e
perseguidos pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Parece que
trabalhar pela segurança pública no país tornou-se algo proibitivo. A
que o senhor atribui isso?
Olavo:
A explicação é simples: um partido revolucionário aliado à gangues
internacionais de narcotraficantes e terroristas tomou o poder, controla
todos os setores da administração federal, do sistema judiciário, da
máquina eleitoral e, mais sutilmente, da própria mídia, e está empenhado
em neutralizar ou destruir todos os seus adversários potenciais.
Sempre
que um partido revolucionário sobe ao poder numa democracia, por via
eleitoral, sua conduta revela uma ambiguidade desnorteante, pois ele tem
de se fazer de guardião da mesma ordem pública que ele está tentando
destruir. A polícia, cuja subordinação não é a nenhum partido, continua a
cumprir a sua obrigação normal de manter a ordem pública, e isto basta
para fazer dela um temível obstáculo no caminho das ambições
revolucionárias.
Sinpol-DF: No
enfrentamento ao crime, as forças policiais vivem hoje uma espécie de
“guerra assimétrica”, na qual um dos lados “pode tudo” e o outro,
representado pelo Estado, está adstrito a uma série de regras e
procedimentos que criam embaraços à sua atuação, sem contar os
inumeráveis questionamentos legais e judiciais que são feitos a
posteriori, no conforto dos gabinetes, desconsiderando as dificuldades
inerentes à atividade policial, que lida com situações-limite. O senhor
pode comentar isso?
Olavo:
Enquanto continuarmos a identificar o Estado com o partido
revolucionário que se apossou dele e que ainda o controla mediante a
fraude eleitoral da apuração secreta – fenômeno jamais visto em nenhuma
democracia do Ocidente –, a polícia continuará dividida entre duas
lealdades: de um lado, à lei e à ordem; do outro, ao governante que,
fingindo defendê-las, tudo faz para destruí-las. A única solução do
dilema é seguir a lei e a ordem, ignorando as falsas autoridades que
semeiam o ódio à polícia e favorecem descaradamente o banditismo.
***
Trecho
do ensaio “Bandidos e Letrados”, citado por Olavo na entrevista, e
publicado no Jornal do Brasil em 26 de dezembro de 1994 (depois
reproduzido em O Imbecil Coletivo, Rio, Faculdade da Cidade Editora,
1997).
Não
conheço um único bom livro brasileiro no qual a polícia tenha razão, no
qual se exaltem as virtudes da classe média ordeira e pacata, no qual
ladrões e assassinos sejam apresentados como homens piores do que os
outros, sob qualquer aspecto que seja. Mesmo um artista superior como
Graciliano Ramos não fugiu ao lugar-comum: Luís da Silva, em Angústia, o
mais patológico e feio dos criminosos da nossa literatura, acaba sendo
mais simpático do que sua vítima, o gordo, satisfeito e rico Julião
Tavares — culpado do crime de ser gordo, satisfeito e rico. Na
perspectiva de Graciliano, o único erro de Luís da Silva é seu
isolamento, é agir por conta própria num acesso impotente de desespero
pequeno-burguês: se ele tivesse enforcado todos os burgueses em vez de
um só, seria um herói. O homicídio, em si, é justo: mau foi cometê-lo em
pequena escala.
Humanizar
a imagem do delinquente, deformar, caricaturar até os limites do
grotesco e da animalidade o cidadão de classe média e alta, ou mesmo o
homem pobre quando religioso e cumpridor dos seus deveres — que neste
caso aparece como conformista desprezível e virtual traidor da classe —,
eis o mandamento que uma parcela significativa dos nossos artistas tem
seguido fielmente, e a que um exército de sociólogos, psicólogos e
cientistas políticos dá discretamente, na retaguarda, um simulacro de
respaldo “científico”.