quinta-feira, 24 de junho de 2021

Imagens da Nasa mostram antes e depois da maior seca no Brasil em quase um século









Imagens da Nasa mostram antes e depois da maior seca no Brasil em quase um século

Comparação mostra i 

mpacto da seca no Lago das Brisas: imagem à esquerda foi registrada em 12 de junho de 2019 e imagem à direita, em 17 de junho deste ano – NASA

Imagens de satélite capturadas pela Nasa, a agência espacial americana, mostram a gravidade da seca que atinge o centro e sul do Brasil, a pior em quase um século.

Os registros foram capturados no Lago das Brisas, no rio Paranaíba (Minas Gerais), pelo instrumento Operational Land Imager (OLI), do satélite Landsat 8, em 17 de junho, e comparados com os de 12 de junho de 2019.

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Cinco reservatórios próximos registraram níveis de água mais de dois metros abaixo da média (1993-2002), de acordo com o Global Reservoir and Lake Monitor, que monitora variações na altura da água de superfície para aproximadamente 70 lagos e reservatórios em todo o mundo usando uma combinação de conjuntos de dados de altimetria de radar de satélite.

Segundo a Nasa, os baixos níveis de água são perceptíveis ao redor de vários lagos na bacia do rio Paraná, que abrigam várias barragens hidrelétricas e reservatórios que ajudam a fornecer energia à região.

Sete dos 14 principais reservatórios próximos estavam em seus níveis mais baixos desde 1999.

Nesta terça-feira (23/6), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o Brasil terá que passar por um “período educativo” de racionamento de energia para evitar uma “crise maior”. Mais tarde, voltou atrás.

Imagem em alta resolução do entorno do Lago das Brisas (MG) registrada em 12 de junho de 2019 pelo instrumento Operational Land Imager (OLI), do satélite Landsat 8 – NASA
Imagem em alta resolução do entorno do Lago das Brisas (MG) registrada em 17 de junho de 2021 pelo instrumento Operational Land Imager (OLI), do satélite Landsat 8 – NASA

“Falei há pouco com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que esclareceu que a Medida Provisória não irá trazer qualquer comando relativo ao racionamento de energia”, escreveu.

“Será feito o incentivo ao uso eficiente da energia pelos consumidores de maneira voluntária”, acrescentou.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério de Minas e Energia voltou a negar a possibilidade de racionamento.

Após reunião extraordinária no fim de maio, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, ligado ao Ministério de Minas e Energia, disse que a escassez de chuvas faz com que seja importante flexibilizar restrições à operação de algumas hidrelétricas, incluindo Jupiá, Porto Primavera e Ilha Solteira, em São Paulo, e Furnas, em Minas Gerais.

Os níveis de água do rio Paraná estão cerca de 8,5 metros abaixo da média perto da fronteira do Brasil com o Paraguai. A vazão baixa pode interromper o tráfego de navios de carga na bacia e tornar o transporte de mercadorias mais caro.

O clima mais seco do que o normal também está afetando a produção de importantes safras brasileiras, como café, milho, cana-de-açúcar e laranja.

A produtividade da segunda safra de milho no Estado do Mato Grosso, por exemplo, foi reduzida ainda mais, e pode atingir o menor nível em, pelo menos, quatro anos, aponta a Consultoria AgResource, especializada em análise de tendências do mercado agrícola.

Já a produção de café no Estado de São Paulo pode cair mais de 30% em um ano que já seria de menor produtividade por conta do ciclo bianual, segundo relatório recente da Organização Internacional de Café (OIC).

Mapa do Brasil, segundo Índice de Estresse Evaporativo (ESI, na sigla em inglês) – NASA

Estresse hídrico

Outra imagem compartilhada pela Nasa mostra o impacto da falta de chuvas na vegetação.

O chamado Índice de Estresse Evaporativo (ESI, na sigla em inglês) incorpora observações das temperaturas da superfície da terra dos satélites NOAA e do índice de área foliar (do inglês Leaf Area Index, ou LAI) do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) nos satélites Aqua e Terra da Nasa.

As observações do ESI são uma medida de evapotranspiração, ou quanta água está evaporando da superfície da terra e das folhas das plantas.

“Com base nas variações nas temperaturas da superfície da terra, o mapa ESI indica como a taxa de evapotranspiração de 7 de maio a 4 de junho se compara com condições normais. As áreas marrons indicam plantas estressadas devido à umidade inadequada, mesmo que suas folhas ainda não tenham murchado ou se tornado visivelmente marrons. Grande parte da vegetação estressada está localizada em Estados agrícolas importantes, incluindo Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná”, diz a Nasa, em seu site.

O Brasil tem registrado chuvas abaixo da média desde pelo menos outubro de 2019.

A estação chuvosa de novembro a março de 2020/2021 trouxe chuvas excepcionalmente baixas nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Segundo especialistas, essa escassez de chuvas está em grande parte relacionada ao fenômeno La Niña, resfriamento periódico nas águas do Oceano Pacífico que tende a reduzir as chuvas no centro-sul do país.

Mas, em entrevista à BBC News Brasil, eles lembram que esses grandes fenômenos “são só parte da resposta”.

Eles argumentam que o desmatamento do Cerrado agrava a escassez nos reservatórios do Paraná, responsáveis pela maior capacidade de geração de energia hidrelétrica do país.

“É uma resposta preguiçosa atribuir a variação nos reservatórios apenas ao El Niño ou à La Niña”, disse o geógrafo Yuri Salmona, doutorando em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB), à BBC News Brasil em entrevista recente.

Nos últimos anos, vários especialistas têm associado o desmatamento na Amazônia à diminuição das chuvas em outras partes do Brasil. Segundo eles, a derrubada das árvores faz com que a floresta deixe de bombear para a atmosfera uma imensa quantidade de água que posteriormente se transformaria em chuva, os chamados “rios voadores”.

No início de junho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou “situação crítica” de escassez de recursos hídricos na bacia do rio Paraná de junho a novembro de 2021.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) assinaram o Alerta de Emergência Hídrica pela primeira vez em função das previsões de chuvas próximo ou abaixo da média entre maio e setembro deste ano.

Fonte: BBC

 


Aditivo usado em plástico é encontrado em ovos de gaivota-prateada

NO REINO UNIDO, PESQUISADORES DETECTARAM 13 OVOS DA ESPÉCIE CONTAMINADOS COM FTALATO, ADITIVO QUÍMICO UTILIZADO PARA AUMENTAR A FLEXIBILIDADE DO PLÁSTICO

Ovos da gaivota-prateada (Larus argentatus) foram encontrados com ftalato no Reino Unido (Foto: Stu’s Images/Wikimedia Commons)

Utilizados em plásticos para aumentar a maleabilidade do material, os ftalatos também estão em locais onde não deveriam — como no interior de ovos de gaivota-prateada (Larus argentatus) coletados no Reino Unido.

Cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da Universidade de Queensland, na Austrália, constataram a presença do aditivo químico em ovos recém-colocados e alertaram para os possíveis prejuízos aos filhotes, bem como para a saúde das mães dessa espécie, que habita diversos países do Hemisfério Norte.

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Ainda não se sabe detalhes do impacto do ftalato no desenvolvimento embrionário, mas um dos efeitos estimados é o aumento do estresse oxidativo, que já pode ocorrer naturalmente durante o processos de amadurecimento e eclosão dos ovos.

Para evitar a condição estressante nas células, a mãe geralmente transmite nutrientes como lipídios e vitamina E aos embriões. Mas o composto plástico tem potencial de agir no sentido contrário no corpo. “Infelizmente, nossos achados sugerem que as mães estão inadvertidamente transmitindo ftalatos e produtos que causam danos lipídicos — e ovos com maior contaminação por ftalato também contêm maiores quantidades desses danos e menos vitamina E”, explica o professor Jon Blount, da Universidade de Exeter, em comunicado.

Os resultados da análise dos 13 ovos de gaivota-prateada encontrados com ftalato estão disponíveis desde a última quinta-feira (17) em artigo publicado na revista Marine Pollution Bulletin. “Ao testar os ovos, nosso estudo nos dá um panorama da saúde da mãe”, afirma Blount. “Agora, mais pesquisas são necessárias para descobrir como os descendentes em desenvolvimento são afetados por serem expostos a ftalatos antes mesmo de emergirem como um filhote.”

A pesquisa não confirmou onde as gaivotas-prateadas adquiriram o composto sintético, mas, além de o ftalato já ter sido encontrado em animais dos quais as aves se alimentam, elas são conhecidas por engolir plástico. “Precisamos olhar mais profundamente para as ameaças generalizadas dos plásticos — não apenas a quebra de itens plásticos em si, mas também a dispersão dos múltiplos produtos químicos que eles carregam”, conclui o pesquisador.

Fonte: Galileu

Ação exige plano do governo para prevenir repetição de queimadas no Pantanal

 

Ação exige plano do governo para prevenir repetição de queimadas no Pantanal


 
Pantanal em chamas
Pantanal em chamas. Foto de arquivo / EBC

Ação exige plano do governo para prevenir repetição de queimadas no Pantanal

Partidos vão ao STF demandar que União e Estados pantaneiros apresentem medidas em 30 dias para evitar repetição de queimadas que destruíram 26% do bioma em 2020.

Quatro partidos políticos (PSOL, Rede. PSB e PT) ingressaram, nesta terça-feira (22/06), no Supremo Tribunal Federal com uma ação demandando que o governo federal e os governos estatuais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentem em 30 dias um plano de prevenção às queimadas no Pantanal.

O objetivo é pressionar o poder público de forma a evitar que se repita a catástrofe de 2020, quando uma seca extrema, combinada com queimadas originadas em sua maioria por fazendeiros, causou a destruição de 26% do bioma, que é patrimônio da humanidade e protegido pela Constituição.

As condições meteorológicas em 2021 favorecem uma nova temporada de queimadas intensa no Pantanal. O Centro-Sul do país enfrenta sua seca mais grave em mais de 90 anos e partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão sob risco de fogo crítico, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Estudos Espaciais).

A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) apresentada pelos partidos lembra que o governo não tomou providências para prevenir o fogo em 2020, mesmo com os alertas do Ibama de que os incêndios se intensificariam.

O Ministério do Meio Ambiente chegou a dizer que teria responsabilidade por “apenas 12% do Pantanal”, já que a maior parte do bioma é composta de áreas privadas. O argumento, porém, não se sustenta, já que o Pantanal é expressamente protegido pela Constituição – cuidar dele, portanto, é atribuição do governo federal.

Em maio deste ano o Congresso Nacional liberou recursos suplementares para o Ministério do Meio Ambiente: um total de R$ 29,7 milhões serão destinados à “prevenção e controle dos incêndios em áreas federais prioritárias” pelo Ibama e mais R$ 52 milhões para o Instituto Chico Mendes.

No entanto, os recursos chegam no meio do ano, já em plena temporada de queimadas, e há risco de eles não serem executados pela falta de planos de manejo integrado de fogo – que incluam contratação de brigadistas, compra de equipamentos e definição de áreas prioritárias antes de as queimadas acontecerem.

“Não se combate incêndio despejando dinheiro de helicóptero”, diz Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima. “A gestão do fogo neste governo tem sido marcada por cortes orçamentários e baixa execução do que existe de recurso. É preciso assegurar que o dinheiro liberado pelo Parlamento seja usado, a demanda dos partidos também tem esse objetivo.”

A ação pede que o ministro que for sorteado relator da ADPF decida monocraticamente, com o referendo da corte, por determinar a apresentação dos planos pelos governos, e com transparência à sociedade. O pedido se justifica pela pressa: a estação seca no Pantanal já começou e as queimadas podem se agravar nas próximas semanas.

“O Brasil e a comunidade internacional assistiram atônitos às queimadas no Pantanal no ano passado. Elas foram provocadas em sua grande maioria de forma criminosa, por falta de fiscalização e inação do governo federal, conforme ficou provado pela Comissão Externa da Câmara. Assistimos ao sofrimento e à morte de animais, e ao sofrimento dos pantaneiros, indígenas e não-indígenas, que perderam suas roças e atividades do turismo. É preciso cobrar das autoridades que se planejem para evitar novamente o desastre criminoso neste ano”, afirmou o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).

“A Rede Sustentabilidade está, em conjunto com outros partidos, ingressando com ADPF que objetiva que o Governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, apresente um plano consistente de medidas para impedir a repetição dos incêndios do Pantanal neste ano de 2021. A ação prevê pedido de medida cautelar para que o plano seja apresentado nos próximos 30 dias, uma vez que a demora na apresentação e execução do plano poderá resultar em mais um cenário de catástrofe ambiental, assim como tivemos em 2020, com a perda irreparável da fauna e da flora da região pantaneira”, disse Heloísa Helena, Porta-voz nacional da Rede.

“Este é um governo que adotou a destruição ambiental como política. Não ficaremos de braços cruzados: vamos cobrar na Justiça que nossos biomas sejam preservados”, afirmou o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/06/2021

 

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