Jornal de Brasília - 19JUL11 - Cidades
Moradores reclamam de som alto, incidentes, bebedeiras e tumulto de carros
Da Redação
As festas eletrônicas, mais conhecidas como raves,
estão tirando a tranquilidade dos moradores do Park Way. Geralmente, os
organizadores não divulgam o horário, o dia nem o local dos eventos. O
interessado só fica sabendo após comprar o ingresso, como explicou a
assessoria da Administração do Park Way. "Essas festas são divulgadas
pela internet, mas o comprador só tem conhecimento do endereço após
adquirir o convite", explica. Segundo José Estrela, administrador do
Park Way, existe um acompanhamento das reclamações dos moradores e, com
isso, a administração está mapeando os locais das festas. "A dificuldade
de inibirmos a realização desses eventos é descobrir o local e o dia.
Vamos tomar providências, juntamente com as polícias Federal e Civil, e
Agefis". Para Flávia Ribeiro da Luz, moradora da Quadra 25, além do
incômodo, a realização das festas é desagradável. "Quem mora no Park Way
busca um ambiente silencioso e de contato com a natureza. Esse tipo de
evento vai contra o espírito do bairro e dos moradores", afirma . "As
autoridades agem muito pouco na região. É um total descaso, já que
pagamos um dos IPTUs mais caros de Brasília. Praticamente não se vê uma
coibição por parte dos responsáveis", reclama a moradora. De acordo com
Robson Neri, presidente do Conselho Comunitário de Segurança do Park Way
(Conseg), existem várias reclamações e é grande o incômodo para as
famílias. "A proibição das festas requer ação da Agefis e da
Administração do bairro, até porque, para a realização desses eventos é
necessário alvará de autorização, o que não pode ser concedido",
explica. Robson diz que os convidados das festas consomem bebidas
alcoólicas, o que gera acidentes de trânsito, como batida em poste de
luz. "Precisamos da presença do Detran e da Polícia Militar para multar
os carros estacionados em locais proibidos e operar com o uso do
bafômetro. Nas últimas festas não houve presença dos agentes", relata.
Ação coibiu a festa
De acordo com José
Estrela, administrador do Park Way, no último fim de semana estava
programada a realização de uma festa eletrônica na região. Segundo ele, o
evento não foi realizado e pode ter sido cancelado, devido a ação
promovida pela própria administração. "Havia a previsão de ocorrer a rave e,
por conta disso, buscamos informações pela internet, como interessados
em comprar o convite. O objetivo da ação foi saber o local da festa",
explica Estrela. A Polícia Militar foi acionada pela Administração pois,
segundo Estrela, houve conhecimento que os ingressos iriam ser vendidos
a partir das 17h do sábado em uma loja do centro comercial Gilberto
Salomão. "Em virtude desses procedimentos os organizadores poderiam ter
desistido da realização da festa, já que ela não ocorreu", afirma. Ainda
de acordo com o administrador do Park Way, as maiores reclamações
ocorrem nas sextas-feiras, sábados e domingos. "Sem contar que as festas
são uma espécie de vale tudo, pois existem denúncias de consumo de
drogas e de prostituição", explica Estrela.
Barulho é constante
Para José Campelo
Araújo, morador da Quadra 29 do Park Way, o barulho do som alto das
festas eletrônicas é constante. "Antes, essas festas começavam mais
tarde, mas agora iniciam por volta das 15h, 16h do sábado e vão até a
madrugada do domingo", reclama. "Se não existe freio para o volume do
som, que essas festas sejam levadas para uma área comercial e que não
fiquem aqui", diz o morador, indignado. Portador de hiperacusia aguda,
um distúrbio de audição que se refere à hipersensibilidade de alguns
sons, o militar reformado reclama da situação que vive os habitantes da
região. "Não estou reclamando em função do meu problema auditivo, mas
sim, devido à falta de sossego de todos os moradores. Deve ter muita
gente incomodada", afirma Araújo. O morador do Park Way explica que não
existe um obstáculo para a barreira de sons. Devido a esse fato, o
barulho ouvido é como se a festa ocorresse na porta de casa do
aposentado. "O problema maior era no sábado. Agora, algumas festas já
começam na sexta-feira. Precisa haver uma solução para isso o mais
rápido possível", reforça.
SAIBA +
De acordo com José
Estrela, administrador do Park Way, as festas não têm alvará para serem
realizadas. "São eventos que ocorrem em áreas particulares. Os
organizadores nunca pediram alvará. Na verdade eles não querem
autorização, pois fazem as festas às escondidas", declara. Segundo o
diretor do Detran, houve uma reunião na sexta-feira com o administrador
do Park Way onde ficou decidido que quando tiverem conhecimento do dia e
local das festas o Detran será acionado. Com a informação, será
deslocada equipe para realizar teste do bafômetro e levar guinchos para
retirar carros estacionados em locais proibidos. "O problema operacional
é que se não soubermos o dia e local do evento não há como fazer a
fiscalização", explica.