domingo, 8 de abril de 2018

Aplicativo Plantadores de Rios ajuda na preservação de nascentes


Aplicativo Plantadores de Rios ajuda na preservação de nascentes


Nascente
Nascente. Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Agência Rádio Mais
O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água doce presentes no mundo. Apesar disso, há áreas críticas, onde a escassez hídrica deixou de ser apenas uma ameaça. A maioria das pessoas só percebe que a situação hídrica está em risco quando a localidade onde moram passa por racionamentos ou cortes de água. Para conscientizar e alertar as pessoas de que, muitas vezes, os problemas relacionados à falta de água começam nas nascentes dos rios, está disponível para a população o aplicativo Plantadores de Rios.

A ferramenta põe em contato pessoas ou instituições dispostas a investir ou restaurar áreas vulneráveis com os proprietários de áreas rurais responsáveis pelas localidades ameaçadas. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, explica como a ferramenta funciona.

“A pessoa entra em um aplicativo, na hora em que ela olha, ela pode saber onde tem nascentes perto dela, em quilômetros ao redor dela. E ela pode adotar uma nascente. Olha, essa nascente aqui precisa de plantio de árvore, precisa de uma cerca. Então a pessoa pode adotar essa nascente. Por meio da internet, ele entra em contato com o proprietário, diz que quer adotar a nascente e o proprietário fecha um relacionamento entre eles.”

Com acesso aos dados de localização do dispositivo, o Plantadores de Rios identifica e sinaliza, em um mapa, locais com vários tipos de nascentes. Existem aquelas que precisam de plantio, as que têm vegetação, as nascentes adotadas pelo usuário, entre outras. É possível escolher o raio de busca, que pode variar entre um e 15 quilômetros.

O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, explica que o aplicativo facilita a participação das pessoas e empresas que pretendem colaborar com a preservação das nascentes.
“Qualquer pessoa urbana, certamente todos nós fazemos o uso da água. Ou qualquer empresa jurídica, que faça muito o uso da água, possa dizer: olha, independente das ações do estado, do município, da união e das ONG’s, eu pessoalmente quero ajudar. E ele se relaciona direto com o produtor. Sua relação privada e faz a sua contribuição. Estou fazendo minha parte, estou adotando uma nascente.”

O aplicativo Plantadores de Rios está disponível gratuitamente para download em celulares com sistema operacional Android e iOS. Após baixar a ferramenta, o usuário deve se cadastrar com número do CPF, para pessoas físicas, ou do CNPJ, para pessoas jurídicas, e endereço de e-mail.
A ferramenta é uma iniciativa de vários órgãos e instituições, entre eles a Agência Nacional das Águas (ANA), uma das dez agências reguladoras brasileiras. No Congresso Nacional, se discute o Projeto de Lei 6621, de 2016, que promete melhorar a gestão das agências reguladoras.

O PL é de autoria do presidente do Senado, Eunício Oliveira, e quer unificar as regras sobre gestão, poder e controle social das agências, a fim de dar mais autonomia, transparência nas atividades e evitar que essas autarquias sofram interferência do setor privado. Caso o PL seja aprovado na Câmara, assim como no Senado, o presidente passará a nomear os diretores de agências reguladoras com base em listas tríplices. Os nomes da lista serão escolhidos após uma pré-seleção baseada na análise do currículo dos candidatos que atenderem a um “chamamento público”.

Reportagem, Paulo Henrique Gomes

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/04/2018

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Artigo discute os pontos fracos dos estudos de impacto ambiental em projetos de infraestrutura

Artigo discute os pontos fracos dos estudos de impacto ambiental em projetos de infraestrutura



construção de estrada
Foto: EBC

Caros Colegas
O artigo [Road Risks & Environmental Impact Assessments in Malaysian Road Infrastructure Projects] anexo acaba de aparecer como o principal artigo em Jurutera: The Journal of Malaysian Engineers. É um artigo que todo cientista ambientalista e conservacionista deveria ler.
É uma tentativa de explicar as muitas fraquezas e desvantagens dos Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) em linguagem clara para os engenheiros de construção – as pessoas que realmente projetam e supervisionam a construção de novas estradas e outros projetos de infraestrutura.
A coisa boa sobre este artigo é que você poderia substituir “Malásia” com qualquer país que você deseja e seria tão relevante quanto. Os problemas descritos aqui aplicam-se praticamente em todos os lugares, e mais especialmente em nações em desenvolvimento, onde a grande maioria dos novos projetos de infraestrutura e desenvolvimento está ocorrendo agora.
Para acessar o artigo, no formato PDF, clique no link 180405Alamgir et al. 2018-Environmental Impact Assessments
Por favor, passe este artigo para outras pessoas – é breve e simples, e acerta na cabeça para muitas das preocupações críticas sobre os EIAs.
Tudo de bom a todos(as),
Bill
William F. Laurance, PhD, FAA, FAAAS, FRSQ
Distinguished Research Professor
Australian Laureate & Prince Bernhard Chair in International Nature Conservation (Emeritus)
Director of the Centre for Tropical Environmental and Sustainability Science (TESS)
Director of ALERT (ALERT-conservation.org)


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/04/2018

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Demanda por carne barata também é causa de extinção das espécies


  • “As alterações climáticas e a destruição do habitat não são os únicos culpados por tantos animais em extinção. O impacto da demanda dos consumidores por carne barata é igualmente devastador e é vital que enfrentemos esse problema se quisermos ter uma chance de reduzir seu efeito sobre o mundo ao nosso redor”.

    A mensagem acima é de Philip Limbery, executivo da ONG Compassion in World Farming, em seu livro “Dead Zone – Where the Wild Things Were” (“Zona Morta – onde as coisas selvagens estão”, em tradução literal). Pode servir também como uma espécie de cartão de visitas do trabalho de Limbery, ativista ambiental que já conseguiu compromissos antes inacreditáveis dos mais renhidos representantes da indústria de alimentos no que diz respeito a uma consciência maior sobre a forma de lidar com animais. Por influência dele, por exemplo, o McDonald’s, uma das cerca de 800 empresas visitadas pelo pessoal de sua organização, só está usando ovos caipiras na Grã-Bretanha e em toda a cadeia localizada na Europa Ocidental.

    Li um de seus artigos recentes publicado na edição digital da revista “Ressurgence & Ecologist”. Lymbery é uma daquelas pessoas que dedica a vida por uma causa mas que prefere sempre o diálogo do que o enfrentamento para fazer valer seu ponto de vista. Está sendo assim atualmente, desde quando o ativista fez uma importante ligação entre a extinção de espécies e a prática da agricultura intensiva. Foi quando visitou a praia de Boulders, na África do Sul, famosa por seus pinguins:

    "Eu queria ir ver os pinguins africanos. Enquanto estava na praia, li um aviso que dizia que a grande ameaça aos pinguins era uma redução no suprimento de comida – sobretudo sardinhas e anchovas - devido à sobrepesca. Percebi, pelo trabalho que fiz no Pacífico olhando para a pescaria de anchovas para fazendas industriais, que a razão pela qual o outrora numeroso pinguim africano está agora em extinção é que estamos transportando enormes quantidades desses pequenos peixes pelágicos para fora do oceano a fim de triturá-los e fazer farinha de peixe para alimentar animais criados industrialmente. Isso deixando os pinguins - assim como os papagaios-do-mar no Hemisfério Norte - famintos. Foi um elo que me fez refletir sobre quantos vínculos mais podem existir entre a agricultura industrial, que mantém os animais enjaulados, apertados e confinados, e o fim da vida selvagem”, escreve ele no artigo.

    Lymbery foi mais longe com suas reflexões a respeito dessa ligação. Para ele, alguns ambientalistas mais conservadores sempre tiveram dificuldade para fazer o link entre o gado tratado pelas indústrias alimentícias a fim de ser consumido pelo homem e seu efeito sobre o ambiente natural. Esses mesmos conservadores acreditam que o confinamento dos animais é bom para a vida selvagem, pois deixa espaço para que os bichos se espalhem mais na natureza.

    “Nada pode estar mais longe da verdade, porque colocando os animais nessas gaiolas, o que se precisa fazer é guardar vastas extensões de terra arável em outros lugares para produzir alimentos para eles, o que desperdiça grande parte do valor da colheita para ser convertida em carne, leite e ovos. Para mim, isso é loucura”, desabafa ele.

    Sim, as pessoas entendem que botar bichos confinados em gaiolas, como as galinhas usadas pela indústria alimentícia, é cruel, entende Lymbery. Mas agora é preciso levar adiante mais uma informação: além de cruel, também está colaborando para a extinção de algumas espécies, como o próprio pinguim africano, protagonista dessa história. Por causa disso, a organização que Lymbery coordena está lançando uma mega campanha de comunicação sobre o tema, envolvendo palestras, exposição interativa e uma Conferência que aconteceu em Londres no ano passado.

    Basicamente, o que Lymbery e seu time quiseram demonstrar é que, sobretudo a pecuária industrial é um dos principais propulsores do declínio da vida selvagem.

    “Nós, do movimento verde, temos obrigação de tentar parar esse processo”, diz ele no artigo para a revista.

    O barulho foi feito. A conferência foi um sucesso, envolveu vários líderes das principais indústrias de alimento, e debateu também sobre o papel da pecuária nos direitos humanos. Falou-se ainda sobre as implicações da ética e da saúde humana na hora de comer animais; sobre desmatamento e emissões de gases de efeito estufa; sobre os limites planetários. Houve momento também de expor casos de inovações técnicas, incluindo hambúrgueres à base de vegetais, imitando carnede tal maneira que chegam a ‘sangrar’ com um belo suco de beterraba.

    Mas teve quem criticasse o encontro. No blog Global Food Justice, a ativista ambiental Merisa Thompson tocou num ponto extremamente delicado e muito oportuno. A questão é: até que ponto as soluções apontadas em tais encontros, como esse hambúrguer de vegetais mesmo, é um caminho para uma mudança?

    “Ocorre que tais 'soluções' tendem a ocorrer dentro de estruturas estabelecidas de poder, no lugar de desafiá-las”, escreveu Thompson.

    Como eu disse no início do texto, Lymbery não é de comprar briga, muito pelo contrário. De qualquer maneira, vai levar adiante o assunto numa outra Conferência que está sendo preparada para acontecer em Bruxelas. Nesse encontro, vai ser debatida a necessidade de se diversificar as proteínas e a redução da dependência humana em carnes e laticínios. O fim das exportações de animais vivos, das crueldades mais odiosas que os humanos cometem, também será parte da agenda desse encontro e torço, pessoalmente, para que este tema seja debatido à exaustão, a fim de tornar a proibição uma espécie de política pública universal.

    São mensagens mais do que urgentes, necessárias. Já está passando da hora de assumirmos uma conduta mais humana e respeitosa para com as vidas de outras espécies.

O caminho para um consumo mais consciente

  • O caminho para um consumo mais consciente

    Estávamos no meio da tarde, entre uma e outra atividade para preparar o Protocolo Comunitário, sob um calor amazônico que só quem viveu sabe o que é. As redes do barco onde passáramos já uns cinco ou seis dos dez dias previstos para a viagem ao Arquipélago do Bailique, no Amapá, quase fronteira com a Guiana Francesa, estavam paradas. Não havia brisa e as águas da Foz do Amazonas pareciam um espelho, de tão quietas. O cenário deixava a cabeça meio sonolenta, sobretudo depois de um bom prato de açaí. Mas ninguém dormia. E a conversa ia se arrastando, até que alguém decidiu propor uma brincadeira de memória. Do que mais sentíamos falta ali, tão longe dos centros urbanos onde morávamos?

    Éramos um grupo de cerca de dez pessoas e viajávamos  a convite do Grupo de Trabalhos Amazônicos (GTA). Ninguém se conhecia antes do início da viagem, mas àquela altura parecíamos todos amigos de infância. E começamos a listar, de memória, nossas saudades. Não valia gente ou bicho, só coisas. Foi divertido. Lembro que botei na roda da brincadeira o gosto da “minha” geleia de framboesa misturada ao queijo sobre uma torrada sem glúten. Teve quem citasse a cadeira preferida, o chá, um livro que esquecera de levar na viagem. Os sentidos iam se aguçando, as lembranças tinham sabor, cheiro.

    Lembrei-me disso hoje. Estou em processo de mudança de casa e, como sói acontecer, abismada com a quantidade de coisas que acumulei vida afora sem a menor necessidade. Objetos que nem mesmo me fizeram falta naquela viagem tão longa, numa situação de pouco conforto. Há de ter explicações para essa compulsão por ter, mais ainda por guardar sem sentido. Mas o que me interessa refletir aqui neste espaço é, justamente, o consumo. Porque é o ato de consumir que impulsiona  a produção industrial e que vai impactar diretamente as pessoas que precisam ser deslocadas por causa de grandes empreendimentos e o meio ambiente.

    Ou seja, é tudo uma grande rede e depende – e muito – de nós, cidadãos comuns, a pavimentação para um caminho sustentável da economia. Depende, em última instância, de criarmos novos hábitos, com valores revistos para fazermos frente às exigências de uma nova ordem mundial.

    Decidi buscar informações sobre o consumidor brasileiro e, por coincidência, neste mesmo dia em que me deixava refletir, recebi da assessoria do site especializado em trocas pela internet, o OLX, a informação de que o número de pessoas que negociaram seus itens com sucesso nos últimos três anos aumentou 392% (70% ao ano) mostrando uma mudança nos hábitos de consumo do brasileiro. Ou seja: em vez de comprar em lojas, o povo estaria mais interessado em trocar seus pertences.

    E temos também, em evidência neste cenário, “a crise”. Uso aspas porque ouvimos que estamos em crise há dez anos, desde que o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, declarou falência há dez anos. Desde então, várias outras situações extremas no setor econômico e financeiro nos deixaram sob tensão, mas a crise teve início lá.

    Aqui no Brasil demoramos um pouco a senti-la. Mas hoje, por conta dos revezes palacianos, de empresários corruptores e políticos corruptos, estamos navegando em mares que ainda não nos oferecem garantia. Sendo assim, um estudo chamado “O Brasil Pós-crise: Transformações que vieram para ficar”, feito por profissionais da agência Publicis e pelo Instituto Locomotiva e divulgado no mês passado, mostrou que 93% dos brasileiros entrevistados assumiram que mudaram seus costumes por causa da crise.

    "Oitenta por cento diminuíram o consumo de alguma categoria de itens, 53% migraram para marcas com preços mais baratos e 24% pararam de comprar algum tipo de produto por conta da piora do ambiente econômico", diz o texto que apresentou a pesquisa.

    O presidente do Instituto Locomotiva,Renato Meirelles, diz que a crise resultou em uma melhora na maturidade do brasileiro.

    "Uma coisa é adiar o sonho de viajar pela primeira vez de avião. Outra coisa é descobrir como é bom viajar de avião e ter que voltar a fazer São Paulo-Fortaleza dentro de um ônibus", diz Meirelles.

    De qualquer maneira, é sempre bom começar mais cedo. As crianças devem perceber, no comportamento dos pais, um desejo de mudança. Para elas é mais fácil absorver. Sim, estou falando de menos coisas e mais contato com o que já existe e está aí, em natura. Ensinar que ser não é ter pode ser um bom caminho.

    Para isso, o Instituto Akatu de Consumo Consciente, organização que sempre martelou sobre o tema, enviou sugestões ao Conselho Nacional de Educação (CNE), que foram aprovadas e inseridas na versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em dezembro passado pelo Ministério da Educação (MEC). A BNCC é um documento previsto na Constituição de 1988 com o objetivo de organizar e determinar o conteúdo mínimo que deve ser ensinado em todas as escolas públicas e privadas do país.

    Para se ter uma ideia, para o primeiro ano a turma do Akatu, que desenvolve desde 2008 as sugestões para as escolas mas só agora foi ouvida, sugeriu que, na área de Ciências, as crianças pudessem ouvir de seus professores que é possível comparar características de diferentes materiais presentes em objetos de uso cotidiano, "discutindo sua origem, seu descarte, e como usá-los de forma mais consciente". Já para o ano seguinte, a proposta de inserção temática foi relacionada com a área de Geografia, sobre mobilidade: "comparar diferentes meios de transporte e de comunicação, indicando o seu papel na conexão entre lugares, e discutir o seu uso mais consciente de modo a reduzir os riscos para a vida e para o meio".

    Teremos, assim, a possibilidade de criar gerações mais atentas a um dos grandes gargalos que empatam o caminho de um desenvolvimento que, verdadeiramente, leve em conta as causas de pessoas e do meio ambiente.

Robôs e legislação ambiental marcam fim da globalização?



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Desglobalização: será que a globalização está mesmo indo embora?[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Fim da globalização
Há décadas que nos dizem que a globalização é uma força irresistível, e que todos devem se juntar à onda ou "ficarão fora do mercado".
Contudo, para um professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fatores que vão desde a automação e a impressão 3D, até legislações ambientais e expectativas dos clientes estão sinalizando o início do fim para a fabricação globalizada.
O professor Finbarr Livesey afirma que, embora a globalização digital continue em ritmo acelerado, já podem ser vistos os primeiros sinais de uma mudança radical na produção e na distribuição de bens, com as cadeias de suprimentos globais encolhendo à medida que as empresas começam o deslocar sua produção de volta para casa - para os seus países de origem ou para os seus mercados consumidores.

Volta produção, empregos não voltam
Livesey argumenta que vários dos principais pressupostos sobre a globalização e a terceirização já estão errados e que a economia global está mudando sutilmente de uma forma que ainda está por ser captada pelos indicadores macroeconômicos.
"Os robôs estão se tornando mais baratos do que a mão de obra no exterior, a preocupação climática e os voláteis mercados de combustíveis fósseis estão restringindo as pegadas de carbono, e os consumidores esperam cada vez mais produtos sob medida com entrega expressa. Distribuir a produção por todo o planeta já está fazendo cada vez menos sentido econômico," diz Livesey. "Continuar contando as conhecidas histórias sobre a economia global não é mais uma opção, à medida que mudanças tecnológicas e políticas fazem zombaria de qualquer consenso passado."
No entanto, ele adverte contra falsas reivindicações de que essas mudanças sejam uma vitória para o protecionismo: as tecnologias que permitem o retorno da produção para as economias de alto custo não deverão significar o prometido retorno dos empregos - a produção volta automatizada.
Além disso, lembra Livesey, o regionalismo nunca desapareceu de fato. Uma porcentagem significativa das exportações continua a desembarcar na mesma área terrestre de onde se originam: cerca de 50% na Ásia e na América do Norte, e até 70% no caso da Europa.

Casos de desglobalização
O professor chama a atenção para exemplos do que ele acredita serem "fracos sinais precoces de mudança" - como grandes empresas estão começando a fazer uma curva de 180º na globalização.
A nova Speedfactory da Adidas usa automação e impressão 3D para produzir tênis de alta tecnologia - não na China ou no sul da Ásia, mas na Alemanha. "E nos disseram que os têxteis nunca voltariam," lembra Livesey.
A poderosa General Electric recentemente rejuvenesceu uma enorme "cidade fantasma" no estado de Kentucky (EUA) quando percebeu que os aparelhos poderiam ser fabricados ao mesmo custo ou mais baratos nos EUA do que na China.
A Foxconn, empresa que fabrica os circuitos do iPhone, espichou as orelhas quando se sugeriu que robôs poderiam substituir um milhão de trabalhadores chineses - e que a produção poderia até mesmo se mudar para os EUA como resultado disso.
Em última análise, a jornada da produção rumo ao cliente pode ser medida em metros, em vez de continentes. Por exemplo, a Espresso Book Machine da Livraria de Harvard usa informações de arquivos digitais para imprimir e encadernar novos livros na loja conforme o cliente os pede.
O professor Livesey destaca ainda as patentes de impressão 3D móvel solicitadas pela Amazon em 2015 como indicadores de uma direção hiper-local, e não hiper-global, para a produção.
"Embora [a tecnologia da Amazon] não seja atualmente viável, pode vir um momento em que o produto que você comprou seja impresso no caminho para sua casa," finalizou.

Água potável é extraída do ar do deserto



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Água extraída do ar

No ano passado, uma equipe norte-americana usou um material ultraporoso, conhecido como MOF (sigla em inglês para estrutura metal-orgânica), para coletar água potável do ar ambiente usando apenas energia solar.

Agora eles demonstraram que esse sistema de extração de água da atmosfera pode funcionar em condições reais. Ele foi testado em campo no ar muito seco da cidade de Tempe, localizada na área desértica do Arizona, nos EUA.

A demonstração incluiu algumas melhorias significativas em relação ao conceito inicial. O sistema, baseado em materiais relativamente novos e de grande área superficial - as estruturas metal-orgânicas ou MOFs - extraiu água potável mesmo do ar extremamente seco do deserto, onde a umidade relativa medida foi de apenas 10% durante o teste.

Os métodos atuais para extração de água do ar exigem níveis muito mais altos - 100% de umidade para métodos de coleta de neblina e acima de 50% para sistemas de coleta de orvalho baseados em refrigeração, que também exigem grandes quantidades de energia para resfriamento.

Assim, o novo sistema é promissor para preencher uma necessidade não atendida de água mesmo nas regiões mais secas do mundo - embora ainda haja trabalho a ser feito para passar dos protótipos para um produto em escala comercial.

Coleta de água potável do ar
Colocado sobre o telhado de um prédio no campus da Universidade do Estado do Arizona, o aparelho foi alimentado exclusivamente pela energia solar. Embora o protótipo use um MOF muito pequeno, extrapolando as medições reais os resultados são equivalentes a mais de um quarto de litro de água por dia por quilograma de MOF.

Os pesquisadores afirmam que, com uma escolha do material ideal, algo a que eles vão se dedicar a partir da agora, a produção de água pode atingir três vezes a da versão atual.

Outro ponto que merecerá atenção é que a versão atual só pode operar em um único ciclo de noite e dia utilizando a energia solar. "Mas a operação contínua também é possível, utilizando fontes de calor abundantes de baixa qualidade, como biomassa e calor residual," disse o pesquisador Hyunho Kim.
A equipe testou a água produzida pelo sistema e não encontrou vestígios de impurezas. Os testes feitos com espectrometria de massa mostraram que "não há nada do MOF que vaze para a água. Isso mostra que o material é realmente muito estável e podemos obter água de alta qualidade," disse a professora Evelyn Wang, coordenadora da equipe.

Veja outros resultados de esforços para coletar água potável da neblina ou da umidade ambiente:
Bibliografia:

Adsorption-based atmospheric water harvesting device for arid climates
Hyunho Kim, Sameer R. Rao, Eugene A. Kapustin, Lin Zhao, Sungwoo Yang, Omar M. Yaghi, Evelyn N. Wang
Nature Communications
Vol.: 9, Article number: 1191
DOI: 10.1038/s41467-018-03162-7