com Circe Cunha e MAMFIL
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Depois de inúmeras tentativas para solucionar os problemas decorrentes da perigosa proximidade do canil do Centro de Zoonoses do DF/Dival do Hospital da Criança, a presidente da Confederação Brasileira de Defesa Animal, Confaos — Brasil, Carolina Mourão Albuquerque, protocolou representação judicial no GDF, para que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal e os próprios responsáveis pelo canil adotem providências urgentes para a desativação total dessa unidade de descarte de animais.
A proximidade de 150 metros que separam o canil do hospital por si só já seria motivo mais do que suficiente para se constatarem perigos potenciais de contaminação por doenças infectocontagiosas, transmitidas dos animais para as crianças submetidas a delicados e complexos tratamentos oncológicos que, todos sabem, provocam baixas acentuadas no sistema imunológico dos pacientes.
O próprio relatório elaborado pela Polícia Ambiental do DF concluiu que os dejetos infectantes dos animais, sem controle, oferecem alto risco aos que estão, nas proximidades, em tratamento contra o câncer, especialmente os menores carentes. A destacar o elevado risco de contaminação a que as crianças estão expostas, com risco real de perda fatal a qualquer momento.
Há um perigo que pode passar sem que seja percebido. Trata-se do desnível do terreno do canil, construído de forma que favorece, no período de chuva, que o material infectante escorra para a área do hospital — fato que já pode ser um alerta em alto grau para a infecção das crianças. Os pais sabem da situação, mas nenhum quer tratar do assunto por causas óbvias de vulnerabilidade.
O que mais assusta quem deseja se aprofundar nesse assunto é que o canil acredita que a responsabilidade de recolher os animais mortos é da empresa que coleta lixo no DF, o que causa espanto, porque esse material infectante precisaria de incinerador apropriado. Também a Resolução nº 358, elaborada pelo pessoal do Conama, alerta: “Grande ameaça para o ser humano e para os animais, representando grande risco a quem manipula e tendo grande poder de transmissibilidade de um indivíduo para o outro, não existindo medidas preventivas e de tratamento para esses agentes”.
A demanda não é de agora. Há anos o descaso vem chamando a atenção da imprensa. Ratos no local, lixo infectado cheio d’água, galões com material biológico expostos são marcas da falta de interesse, da negligência, imprudência e imperícia para lidar com animais.
O Parque do Cortado, em Taguatinga, recebeu R$ 2 milhões para a reforma de um galpão que até hoje não foi entregue, enquanto, em Mogi das Cruzes, um complexo de tratamento animal foi erguido com R$ 600 mil. Certo é que, se o caso não for resolvido, a solução será arbítrio da Corte Internacional. Onde está a proteção dos direitos humanos quando uma criança vai dormir dizendo ao ouvir os uivos desesperados dos animais: “A gente morre aqui e os cachorrinhos ali”.
» A frase que foi pronunciada:
“Quanto melhor conheço os homens, mais amo os cães.”
Charles de Gaulle (ex-presidente da República Francesa)