segunda-feira, 13 de maio de 2024

Liberação de desmatamento em 28 milhões de hectares da Amazônia está na pauta do Senado

 

 

*Por Leila Salim

Salvos por um atestado médico. Durante a maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul e uma das maiores do país, com o país consternado e mobilizado em ações de solidariedade, a  Comissão de Constituição e Justiça do Senado pretendia pautar, na quarta-feira (08/05), o projeto de lei que expõe 28,17 milhões de hectares (ou 281.661 km²) de áreas de floresta na Amazônia legal ao desmate. O PL 3334/23, do ruralista Jaime Bagattoli (PL-RO), só não entrou na pauta da comissão porque o seu relator, o também ruralista Marcio Bittar (União-AC), alegou questões de saúde e não compareceu à sessão. 

O parecer de Bittar, sem surpresas, é favorável ao projeto, um dos 25 que compõem o chamado Pacote da Destruição do Congresso Nacional.  O texto modifica o Código Florestal (Lei 12.651, de 2012) e permite a redução da reserva legal de imóveis rurais em áreas de floresta na Amazônia dos atuais 80% para 50%. 

A alteração proposta prevê que estados e municípios que tenham mais da metade de seu território composto por terras indígenas (TIs), unidades de conservação (UCs) ou áreas de domínio das Forças Armadas possam diminuir a área protegida em propriedades rurais. Atualmente, a legislação prevê exceções para a redução dos 80% de reserva legal apenas em estados e municípios que tenham mais de 65% de seu território composto por áreas protegidas, como TIs ou UCs (sem considerar áreas das Forças Armadas). 

As novas regras liberariam para desmatamento uma área equivalente a todo o estado do Rio Grande do Sul, segundo Nota Técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Elaborado pela Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento do MMA, o documento calculou os impactos das novas regras considerando as áreas atualmente protegidas que passariam a ser expostas. 

Os 281.661 km² expostos ao desmatamento correspondem a mais de 31 anos de derrubada, se considerada a taxa de desmatamento de 9.001 km² em 2022/2023 registrada pelo sistema Prodes, do Inpe. A nota do MMA destaca ainda que, se aprovado, o projeto de lei inviabilizaria a meta de zerar o desmatamento nos biomas brasileiros até 2030, um dos carros-chefe da política ambiental e climática do governo, e comprometeria os resultados positivos obtidos até aqui, como a queda de  50% no desmatamento na Amazônia no último ano (na comparação com 2022, segundo os dados do Deter, o sistema de alertas do Inpe). 

Com o desmatamento sendo o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no Brasil, as metas climáticas  do país também estariam ameaçadas. Na origem da proposta de Bagattoli e Bittar, está o mito ruralista de que a proteção ambiental “atrapalha o desenvolvimento”. “Apesar de ainda bastante difundida, tendo inclusive sido empregada na justificativa do Projeto de Lei nº 3.334/2023, é fundamental superar a visão extemporânea de que a conservação da vegetação nativa nas áreas de Reserva Legal representa um empecilho à produção agropecuária dos imóveis rurais e ao desenvolvimento regional”, diz a nota técnica do MMA. 

“Na verdade, a disponibilidade de fatores básicos como água, solo em boas condições e presença de polinizadores,conservados e intensificados pela presença de áreas com cobertura vegetal nativa, é necessária para uma boa produtividade agrícola (…). A própria Lei nº 12.651/2012 prevê a possibilidade de exploração econômica das áreas de Reserva Legal, mediante o manejo sustentável de seus recursos”, completa o documento, lembrando ainda que a quinta fase do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) definiu ações de estímulo às atividades produtivas sustentáveis e à recuperação e restauração de áreas desmatadas ou degradadas, o que pode aliar a geração de emprego e renda à conservação da vegetação nativa.

*Texto publicado originalmente em 09/05/24 no site do Observatório do Clima


Cavalo resgatado no Rio Grande do Sul passa bem e ganha nome composto:Valente Caramelo

 


Milhões de pessoas ficaram emocionadas e aliviadas na manhã da quinta-feira (09/05) com o resgate de Caramelo, o cavalo que estava há dias ilhado, em cima de um telhado no município de Canoas. A operação delicada envolveu equipes do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Rio Grande do Sul e Exército. Era necessário muito cuidado para não assustar o animal, já debilitado, e que pesava mais de 300 kg.

Felizmente tudo correu bem. Depois de ser sedado, Caramelo foi retirado do telhado e colocado num bote. Deitado, ele foi levado para o hospital veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Exames posteriores revelaram apenas uma desidratação, mas em geral, o cavalo está em boas condições de saúde. Está sendo bem alimentado e continua sob os cuidados dos profissionais do local.

Estima-se que Caramelo, que virou uma celebridade nacional e um símbolo de resistência diante da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, tenha entre seis e sete anos. Até agora não se descobriu ainda quem é seu tutor, mas já há várias pessoas interessadas em adotá-lo, entre elas, algumas celebridades, como o YouTuber Felipe Neto, que acompanhou todo o resgate e se ofereceu para pagar um helicóptero, e o casal de atores Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank, que possuem uma fazenda na região serrana do Rio de Janeiro.

Quem está muito feliz com as boas notícias sobre Caramelo também é a primeira-dama Janja da Silva, que esteve pessoalmente envolvida para agilizar o salvamento do animal. Ela inclusive compartilhou no X (ex-Twitter) que agora o cavalo tem nome composto: Valente Caramelo!

Cavalo resgatado no Rio Grande do Sul passa bem e ganha nome composto: Valente Caramelo

Equipe de resgate, com o cavalo ainda se equilibrando no telhado de zinco
Foto: divulgação Corpo de Bombeiros / Fotos Públicas

Caramelo vira pintura para leilão beneficente

Prova da repercussão que o caso de Caramelo causou, tanto no Brasil como no exterior – seu resgate foi noticiado em vários sites e jornais do mundo inteiro -, é ele ter inspirado o artista plástico argentino José Acuña, que mora há 16 anos em Porto Alegre, a retratar sua história.

A tela mostra o cavalo sobre o telhado, com a cabeça baixa, e seu reflexo logo ao lado. A obra e outros dois trabalhos do artista farão parte de um evento beneficente, idealizado por oito leiloeiros de cavalo crioulo do Rio Grande do Sul.

O leilão, batizado de “Martelo Solidário – Levanta Rio Grande”, terá 80 lotes e será realizado na segunda-feira, 13/05, às 19h. Toda a renda será revertida para doações a municípios afetados pelas enchentes, na forma de kits de higiene, roupas e água. 

A transmissão do leilão será feita pelo Lance Rural e Programa Cavalos e retransmitida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC).

Cavalo resgatado no Rio Grande do Sul passa bem e ganha nome composto: Valente Caramelo

A aquarela de Caramelo que fará parte do leilão solidário pelas vítimas das enchentes
Imagem: José Acuña

*Com informações do jornaligital GZH e G1 Rio Grande do Sul