sexta-feira, 28 de maio de 2021

Mares da Turquia sob ameaça

 https://yetkinreport.com/en/2021/05/27/turkeys-seas-are-under-threat-more-than-ever/

Turkey’s seas are under threat more than ever

No Dia Mundial da Biodiversidade em 22 de maio, chamei a atenção para a poluição por nitrogênio em meu artigo como uma grande ameaça ao meio ambiente. Coincidentemente, após este artigo, imagens de "ranho marinho" no Mar de Mármara começaram a fazer parte da agenda ambiental da Turquia. Especialistas alertaram na notícia que este incidente foi resultado do aquecimento global. A notícia correu não só na Turquia, mas também na imprensa internacional. Os mares da Turquia não são apenas lugares onde temos um pôr do sol romântico comendo frutos do mar, mas também ecossistemas muito importantes tanto econômica quanto ecologicamente. Notícias de meleca do mar mostram que não apreciamos o valor de nossos mares. Como?

As temperaturas da superfície do mar estão aumentando em todo o mundo. Os dados da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos mostram que a temperatura média global da superfície do mar aumentou cerca de 0,13 graus centígrados em cada década dos últimos 100 anos. A biodiversidade marinha está ameaçada devido ao aumento da temperatura. O aumento das temperaturas também afeta a poluição dos mares. Especialmente quando os resíduos domésticos chegam ao mar, a abundância de fitoplâncton aumenta com o aumento da temperatura. Os fitoplânctons, organismos unicelulares que realizam a fotossíntese, são importantes para a biodiversidade marinha e para a Terra, mas seu aumento populacional descontrolado ameaça a vida aquática.



Perturbação do ciclo do nitrogênio

O principal fator para o aumento do fitoplâncton são os resíduos que contêm nitrogênio e fósforo. O número de fitoplâncton pode estar fora de controle quando os resíduos que os contêm são comumente encontrados na água do mar. Esses resíduos poluem o Mar de Mármara há muito tempo. O Mar de Mármara, onde chegam as águas servidas de cerca de 20 milhões de pessoas, já está ameaçado por explosões de fitoplâncton. Além disso, o Mar de Mármara pode ser definido como um ecossistema que se alimenta do Mar Negro, rico em nutrientes. Em outras palavras, os resíduos produzidos pelo homem podem fazer com que o fitoplâncton saia do controle no Mar de Mármara com o efeito da água do mar do Negro Ser.

Os números do fitoplâncton estão ficando fora de controle, fazendo com que os mares se tornem um ecossistema pobre em oxigênio. O resultado é que as imagens semelhantes a muco que vemos hoje em dia são formadas sobre os mares. Esta substância semelhante a muco não é prejudicial por si só; especialistas dizem que essa substância é uma combinação de proteínas, carboidratos e gordura. No entanto, esta substância que se forma causa poluição que estrangula a vida marinha ao atrair muitos microrganismos, incluindo E. coli.


A biodiversidade está irreversivelmente ameaçada

Cientistas turcos que trabalharam com corais observaram que esses habitats estavam completamente cobertos por ranho marinho. Para os corais, o muco marinho é considerado uma ameaça significativa porque causa a morte rápida dos corais, fazendo com que o fundo do mar se torne desertificado.

A meleca do mar, sem dúvida, afeta negativamente os invertebrados, um dos elementos biológicos do Mar de Mármara. Hoje em dia, a camada de muco que atinge a costa passou a ameaçar os criadouros de peixes. Parece que a pressão do aquecimento global e, mais importante, o crescimento da população humana trará efeitos negativos sobre a economia. A indústria pesqueira, especialmente, pode enfrentar dificuldades. É agora uma necessidade reduzir a pressão das águas residuais no Mar de Mármara para não criar um novo fardo económico para a Turquia e, o mais importante, para não prejudicar a biodiversidade única que temos. O ponto que preciso sublinhar mais uma vez é que devemos prestar atenção à poluição por nitrogênio, que aumenta os efeitos negativos do aquecimento global. Claro, não vamos deixar de lado a aceleração descontrolada do crescimento da população humana.



Incêndios no Pantanal e Amazônia poderão ser piores em 2021, alertam cientistas

 

Incêndios no Pantanal e Amazônia poderão ser piores em 2021, alertam cientistas

SECA MAIS SEVERA, AUMENTO DO DESMATAMENTO E ENFRAQUECIMENTO DA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL NO GOVERNO BOLSONARO APONTAM PARA UM PERÍODO DE QUEIMADAS MAIS GRAVE QUE O JÁ OBSERVADO EM 2020.

O Pantanal foi atingido por fortes incêndios até meados de novembro de 2020 — Foto: GOVMS/Reprodução

O clima seco neste ano aumenta o risco de incêndios graves na floresta amazônica e no Pantanal, disseram cientistas, alertando que a seca pode impulsionar a destruição de biomas essenciais para conter as mudanças climáticas.

No ano passado, o clima seco teve influência no registro recorde de incêndios no Pantanal, enquanto a Amazônia sofreu a pior onda de incêndios desde 2017, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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A estação chuvosa deste ano –que vai de novembro a abril– foi ainda mais seca em partes ameaçadas da Amazônia, conhecidas como o “arco do desmatamento”, mostram os dados do Inpe.

A seca deste ano no Pantanal é mais severa e generalizada do que a de 2020, segundo os dados.

“O período chuvoso já encerrou, e o período chuvoso foi ruim”, disse Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. “O período de fogo provavelmente será pior.”

Os incêndios e o desmatamento na floresta amazônica aumentaram desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo, em 2019, com uma defesa do desenvolvimento econômico da região.

5 pontos sobre as queimadas no Pantanal

Defensores do meio ambiente dizem que a retórica de Bolsonaro e o enfraquecimento da fiscalização ambiental têm incentivado criminosos a derrubar e incendiar árvores reivindicando terras públicas.

Os cientistas dizem que a preservação da Amazônia e do Pantanal é vital para frear as mudanças climáticas catastróficas, graças a sua capacidade de absorção de grandes quantidades de gases do efeito estufa.

A previsão para os próximos meses é que a seca continue ao sul do rio Amazonas, disse Renata Libonati, especialista em sensoriamento remoto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Qualquer ignição tem muita probabilidade de gerar grandes incêndios e que saia do controle”, disse Libonati.

Embora essas regiões vulneráveis experimentem menos chuvas do que o normal, a parte norte da bacia amazônica está inundando devido às fortes chuvas.

Esse fenômeno tem relação com climas extremos que os cientistas esperam ver com mais frequência devido às mudanças climáticas, disse Maria Silva Dias, cientista atmosférica da Universidade de São Paulo (USP).

O clima mais extremo na Amazônia está relacionado em parte com o aquecimento do Atlântico Norte tropical nos últimos 20 anos, levando a ventos mais fortes e mudanças na circulação atmosférica, disse Dias.

Ela e outros cientistas alertaram que ninguém sabe ao certo o quanto a mudança climática está contribuindo para as mudanças nos padrões de chuvas. “Esta é uma questão em aberto com a qual ainda nos preocupamos”, disse Dias.

A mudança climática é provavelmente um dos vários fatores que afetam as chuvas, juntamente com o desmatamento da Amazônia, alterando os padrões regionais de precipitação e os ciclos de longo prazo existentes no clima.

Enquanto o tempo seco fornece combustível, os homens ateiam fogo.

7 polêmicas sobre o ministro Ricardo Salles

Incêndios naturais, como aqueles causados por raios, são extremamente raros na exuberante floresta tropical.

Os incêndios na Amazônia são geralmente iniciados por agricultores renovando plantações ou fazendeiros e garimpeiros desmatando ilegalmente as terras.

Defensores do meio ambiente dizem que Bolsonaro tem deixado a impressão de que essas pessoas não serão punidas por causar incêndios.

“O que está acontecendo é que as pessoas sentem que nada vai acontecer com elas se queimarem, e depois queimam”, disse Dias. “Não é só o clima… tudo depende de a lei ser aplicada.”

Fonte: G1

Dia da Mata Atlântica: de cambuci a uvaia, conheça 5 frutos em risco de extinção no bioma

 


Dia da Mata Atlântica: de cambuci a uvaia, conheça 5 frutos em risco de extinção no bioma

CONSUMO E PRESERVAÇÃO DESSAS FRUTAS ESBARRA EM SUA VALORIZAÇÃO E EM DESCONHECIMENTO DAS PESSOAS, DIZ PESQUISADORA.

Cambuci vira símbolo de preservação da Mata Atlântica — Foto: Globo Rural

Mata Atlântica é a segunda maior floresta em extensão do Brasil, mas também um dos biomas que mais sofrem com o desmatamento. Originalmente, a floresta ocupava 1,3 milhão de quilômetros quadrados — hoje restam apenas 7% da cobertura original, distribuídos em 17 estados.

Sob ameaça constante, provocada principalmente pela exploração descontrolada, o bioma tem diversas frutas nativas em ameaça de extinção.

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A BBC News Brasil selecionou cinco dessas frutas que, embora sejam de alta produtividade, correm o risco de desaparecer das matas brasileiras.

Para Ligia Meneghello, Coordenadora de Programas e Conteúdo da Associação Slow Food Brasil, um dos principais empecilhos para o consumo dessas frutas nativas — e sua preservação — é a falta de valorização dos produtos nacionais e a padronização da alimentação.

“A gente acaba comendo banana, maçã, manga, laranja e conhece pouco sobre as nossas frutas, valorizamos mais o que vem de fora em vez dos frutos da nossa terra. Acho que tem um pouco a ver com a colonização da nossa alimentação também”, diz.

Ela ainda reforça que isso faz com que muitas pessoas não saibam como consumir esses produtos. “É preciso ensinar como usar e os potenciais gastronômicos de cada uma delas”, afirma.

Para Meneghello, há ainda outro obstáculo para as frutas nativas: seu curto período de viabilidade germinativa. “Todos eles são de alta produtividade, mas muitos possuem rápida degradação e isso é um complicador para a comercialização da fruta in natura. Apesar disso, seguem ótimas congeladas e para polpas”.

Ela afirma que o consumo desses frutos é essencial para a manutenção do bioma e para evitar sua contínua degradação. “A gente consegue ajudar a fomentar a cadeia alimentar e manter essas espécies existentes quando a gente as conhece, quando olha, prova, se vincula, entende as dinâmicas territoriais e culturais das quais elas fazem parte. Tudo isso contribui para que a gente se engaje em ações de conservação.”

Conheça cinco frutos que estão sob ameaça de extinção na Mata Atlântica.

Cambuci

Cambuci: de sabor bastante ácido, o fruto é rico em vitamina C e uma excelente fonte de antioxidantes — Foto: Glenn Makuta via BBC

Primo da goiaba e da pitanga, o nome do fruto dá uma dica sobre o formato: vem do tupi kamu’si, que significa vaso ou pote de argila, geralmente usado para armazenar água. O fruto, de cor esverdeada, tem o formato de uma vasilha, mas também lembra o de um disco voador.

Quando está no ambiente nativo, serve de alimento para aves, roedores e macacos, mas suas sementes têm tempo curto para serem germinadas, o que dificulta a reprodução dos cambucizeiros e prejudica a manutenção da espécie nas matas.

De sabor bastante ácido, o fruto é rico em vitamina C e uma excelente fonte de antioxidantes. Apesar da acidez, o agricultor Junior Magini, do Recanto Magini, especializado na plantação de frutas nativas, afirma que a fruta tem grande potencial para a gastronomia. “Pode ser usado na cachaça, como geleia, licores, vinagres, compotas e muitos outros fins”, afirma.

A região de Paranapiacaba, na Serra do Mar, é conhecida pelas cachaças feitas com cambuci – uma prática que remonta aos tempos coloniais. A fruta também já chegou a batizar um dos bairros da capital paulista pela quantidade de árvores presentes na região do Cambuci. Hoje, poucos exemplares restaram, pois muitas árvores apodreceram ou foram cortadas na cidade, e também nas florestas.

Juçara

Juçara é considerada a “rainha da Mata Atlântica” — Foto: Recanto Magini via BBC

Espécie chave para o bioma, a palmeira juçara, muito procurada pelos animais, é considerada a “rainha da Mata Atlântica”. Apesar disso, a extração ilegal do seu palmito a colocou no rol das espécies em risco de extinção. Isso porque, ao contrário do seu parente açaizeiro, ela é uma planta de tronco único – e portanto, é preciso derrubar a árvore para retirar o palmito.

Mas, assim como o açaí, a juçara também dá um fruto de cor roxa, em formato de coquinho – e sua extração e consumo garantem a manutenção das árvores em pé. Pela semelhança com o fruto amazônico, tanto no formato como no sabor, a fruta da juçara está sendo chamada de “açaí da Mata Atlântica”.

Diversos projetos tentam preservar as palmeiras remanescentes e explorar o potencial comercial e gastronômico de seus frutos. Para o agricultor Douglas Bello, do Sitio do Bello, especializado na produção e comercialização de frutas nativas, o uso é parecido com o do açaí. “Pode ser usada em vitaminas, batido, e também como geleia”.

Além disso, ele reforça que a juçara também tem os mesmos princípios estimulantes procurados no açaí e é rica em ferro.

Uvaia

Uvaia se transforma em sucos, sorvetes e geleias — Foto: Kenia Bahr via BBC

“Fruta ácida” é a tradução do nome “uvaia” em tupi. Da família das Mirtaceas, como muitas outras frutas do bioma, é parente da jabuticaba e da pitanga e é polinizada principalmente por abelhas. Muito perecível, seu transporte deve ser feito com cuidado para que a fruta não estrague.

De sabor intenso, o fruto é bastante suculento, por isso seus principais usos gastronômicos são os sucos, sorvetes e geleias. Pela acidez e textura, também é utilizada em doces, e para compor vinagres, vinhos e kombuchas. Um preparo bem conhecido na região da Serra do Mar é o chamado “uísque tropeiro”, que mistura a uvaia com o Cambuci, curtidos em cachaça.

Araçá

Araçá vermelha: além da fruta, a árvore, muito comum nos pomares domésticos da região da Serra do Mar, também é procurada pela madeira e sua casca usada para curtir peles — Foto: Slow Food Brasil via BBC

Parente próximo da goiaba, o araçá dá nome a diversas espécies: há o verde, vermelho, amarelos e roxo, todos eles do gênero Psidium. As árvores do araçazeiro podem chegar a até seis metros, dependendo do tipo.

Assim como a goiaba, os frutos possuem muitas sementes, mas são menores, de tamanho semelhante ao das jabuticabas. Rico em vitamina C, os araçás costumam ser agridoces, misturando acidez e doçura.

Além da fruta, a árvore, muito comum nos pomares domésticos da região da Serra do Mar, também é procurada pela madeira e sua casca usada para curtir peles.

Cereja do Rio Grande

Cereja do Rio Grande tem sabor doce e intenso — Foto: Beatriz Bello/ Sítio do Bello via BBC

Também conhecida como “falsa cereja” ou “cereja do mar”, a fruta é mais oval que a cereja tradicional, mas tem a aparência semelhante, e também é composta de uma semente única e grande. Suas flores, brancas e numerosas, são bastante usadas na indústria de perfumes.

A árvore pode chegar a 10 metros de altura e é procurada para fins ornamentais, pela beleza das flores e dos frutos e também usada em reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas pois os frutos atraem muitos pássaros.

Os frutos têm sabor doce e intenso, e têm as cores como a da cereja tradicional, que variam do vermelho intenso ao roxo. Podem ser ingeridas in natura e no preparo de caldas, doces e licores.

Fonte: G1