O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou ontem
(18) uma plataforma digital com informações cartográficas sobre cada um
dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados (km²) do território brasileiro.
Alimentada com dados do Monitoramento de Cobertura e Uso da Terra, a
nova ferramenta permite o acompanhamento das mudanças na cobertura
vegetal, na ocupação do território e nas atividades agropecuárias em
todo o país entre os anos 2000 e 2014.
De acordo com o IBGE, esse monitoramento, feito a cada dois anos, cruza
dados obtidos por satélites com levantamentos de campo, entre outras
fontes, para cartografar as mudanças ocorridas na cobertura vegetal do
país, analisando quais atividades agropecuárias estão relacionadas a
essas mudanças.
Para o gerente responsável pelo portal, Maurício Zacharias Moreira, a
vantagem da ferramenta é ser interativa e de fácil uso. Sua utilização
não requer conhecimento de softwares especializados, o que a torna
acessível tanto ao público técnico quanto à sociedade em geral.
“A proposta foi pegar todos os dados que já tínhamos de levantamento dos
anos 2000, 2010, 2012 e 2014 e transformá-los numa plataforma amigável.
A grande novidade é que os dados passam a conversar entre si e com
dados de outros órgãos”, disse.
Segundo o IBGE, as informações da Cobertura e Uso da Terra estão
disponíveis para os anos 2000, 2010, 2012 e 2014 e são atualizadas a
cada dois anos, com base em 14 tipos de classificação, de acordo com os
elementos encontrados na terra, como áreas de pastagens, vegetação
florestal, silvicultura, corpos d’água e áreas agrícolas.
As informações levantadas vão mapear a utilização dos recursos naturais,
além de ajudar no planejamento territorial, na recuperação de áreas
degradadas, entre outros objetivos.
Análises
Entre 2000 e 2014, cerca de 13% do território nacional sofreu algum tipo
de mudança na cobertura e uso da terra, o que representa mais de 1,1
milhão de km², segundo o IBGE.
As áreas agrícolas apresentaram uma expansão de 37% entre os anos 2000 e
2014. Em um período de apenas dois anos (2010-2012), houve uma expansão
de 8,5%. Nos primeiros dez anos do levantamento (2000-2010), a expansão
da área agrícola havia sido de 21%.
As pastagens com manejo também apresentaram significativos índices de
expansão, superiores a 53% entre os anos de 2000 e 2014, sendo que a
maior parte deste avanço ocorreu no período 2000-2012. As áreas
dedicadas à silvicultura (florestas plantadas) cresceram quase 55% nos
14 anos de levantamento.
ONU
O segmento de construção e edificações precisará melhorar em 30% sua
eficiência energética até 2030 para manter o planeta na caminho rumo às
metas do Acordo de Paris. É o que revela um novo relatório da ONU Meio
Ambiente, divulgado pela Aliança Global do setor no início deste mês
(11). Levantamento aponta que essa área produtiva responde por 39% das
emissões de gás carbônico associadas ao consumo e à produção de energia.
O segmento de construção e edificações precisará melhorar em 30% sua
eficiência energética até 2030 para manter o planeta na caminho rumo às
metas do Acordo de Paris. É o que revela um novo relatório da ONU Meio
Ambiente, divulgado pela Aliança Global do setor no início deste mês
(11). Levantamento aponta que essa área produtiva responde por 39% das
emissões de gás carbônico associadas ao consumo e à produção de energia.
A pesquisa indica que, em 2016, a superfície de áreas construídas
alcançou a marca de 235 bilhões de metros quadrados. Ao longo dos
próximos 40 anos, outros 230 bilhões serão erguidos — é como se, até
2060, nós adicionássemos anualmente ao planeta o equivalente à área do
Japão. Por semana, construiríamos uma nova Paris.
De 2010 a 2016, o crescimento populacional, o aumento da área
explorada pelo setor de construção e a maior demanda por energia
provocaram um aumento na procura por eletricidade em edifícios. O
acréscimo foi igual ao total de energia consumida pela Alemanha durante o
mesmo período.
De acordo com o relatório, o problema com a expansão do setor está no
fato de que, ao longo das próximas quatro décadas, dois terços de todos
os prédios construídos serão levantados em países onde não há normas
obrigatórias sobre uso eficiente de energia. Mais da metade dessas
edificações será erguida nos próximos 20 anos.
“Embora a intensidade energética do setor de construções tenha
melhorado, isso não foi suficiente para compensar a crescente demanda
por energia. Uma ação ambiciosa é necessária sem postergações a fim de
evitar o congelamento de ativos em prédios ineficientes, de longa vida,
por décadas”, avaliou o diretor-executivo da Agência Internacional de
Energia, Fatih Birol.
A intensidade energética é calculada por meio da divisão do consumo
total de energia — de um país ou setor da economia — pelo Produto
Interno Bruto (PIB) ou, no caso de segmentos produtivos, pela parcela de
riquezas por eles geradas. Quanto maior o número, maior a eficiência na
utilização de energia.
Segundo a Agência Internacional de Energia e a ONU Meio Ambiente,
entidades responsáveis pela pesquisa, essa taxa precisa aumentar em 30%,
quando considerado o desempenho do setor de construção e edificações.
Os dados mais recentes, porém, indicam que estamos indo no caminho
contrário.
De 2010 a 2016, as emissões de gás carbônico do setor aumentaram
quase 1% por ano, acumulando um volume de 76 gigatoneladas de CO2
liberadas na atmosfera. As promessas do Acordo de Paris exigirão
esforços significativos — o tratado prevê a redução das emissões do
setor a um teto anual de 4,9 gigatoneladas.
O incremento de 30% na intensidade energética exigirá quase o dobro
dos atuais avanços em performance energética dos prédios já construídos.
Melhorias teriam de chegar a mais de 2% por ano até 2030. Isso
significa que construções com zero emissão e zero gasto de energia terão
de se tornar o padrão global na próxima década.
A taxa de reformas dos sistemas de energia de edifícios também terá
de aumentar, passando de 1 a 2% para entre 2 e 3%. Projetos de
recondicionamento são particularmente importantes em países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde
em torno de 65% dos prédios que existirão em 2060 já foram construídos.
Para o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim,
progressos identificados no setor foram muito pequenos em anos recentes e
não estão acompanhando a urgência da necessidade de transformações.
“Explorar o potencial do setor de edificações e construção exige
esforços de todos, em particular para lidar com o rápido crescimento de
investimentos em construção ineficiente e intensiva (no que tange ao
consumo de carbono)”, disse.
A publicação aponta estratégias para reverter esse cenário. Entre
elas, estão a criação de incentivos de mercado para estimular a adoção
de modelos sustentáveis; a implementação de códigos e políticas de
construção, incluindo programas de certificação e rotulagem;
investimentos em larga escala em soluções tecnológicas de baixo carbono;
e iniciativas de divulgação de informação e conscientização junto a
investidores e gestores.
Como exemplo bem-sucedido de prédio adequado aos imperativos de
sustentabilidade, o relatório cita o edifício Edge, em Amsterdã. A
construção explora o uso da luz natural e faz uso de energia solar, além
de mobilizar tecnologias inteligentes, como sistemas de ventilação
automáticos que funcionam por sensor ou por meio de interação com os
usuários.
Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/12/2017
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado,
reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à
EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
German Centre for Integrative Biodiversity Research (iDiv)*
Halle-Jena-Leipzig
Quando o solo aquece, libera mais dióxido de carbono (CO 2 )
– um efeito que alimenta as mudanças climáticas. Até agora, assumiu-se
que o motivo disso se deve principalmente à presença de pequenos animais
do solo e micro-organismos que comessem e respiram mais em temperaturas
mais quentes. No entanto, um novo estudo na Nature Climate Change mostrou
que este não é o caso. Muito pelo contrário: se o calor é acompanhado
por seca, os animais do solo comem ainda menos. A fim de melhorar o
poder preditivo dos modelos climáticos, é crucial entender os processos
biológicos no solo, dizem os cientistas.
O
fato de que o clima do mundo está mudando é principalmente devido à
queima de combustível fóssil. Como consequência, grandes quantidades de
dióxido de carbono (CO 2 )
são liberadas para a atmosfera da Terra. No entanto, além disso, as
mudanças climáticas também estão sendo intensificadas por conta própria,
porque o aquecimento global também está causando o ciclo natural do
carbono. Embora na Terra, o carbono seja constantemente convertido de
compostos sólidos em CO 2 gasoso e vice-versa, temperaturas mais quentes podem melhorar as perdas de carbono na forma de CO 2 do solo. Como resultado, mais CO 2 é introduzido na atmosfera da Terra: um feedback positivo.
Os
cientistas já haviam assumido que esse efeito era principalmente devido
à presença de pequenos animais e micro-organismos no solo, que se
alimentam de matéria orgânica morta (por exemplo, folhas caídas). Porque
quando eles “queimam” seus alimentos, CO 2é
lançado (“respiração”). Esperava-se que, em temperaturas mais quentes,
insetos e vermes, com papéis decomposição, comeriam mais, e a matéria
orgânica morta no solo seria decomposta a taxas mais rápidas. Afinal,
esses animais são pecilotérmicos** (poikilotherms) cuja temperatura corporal e atividade dependem do meio ambiente.
Bactérias
e fungos unicelulares no solo também devem ser mais ativos a
temperaturas mais quentes, com base no entendimento atual. Mas agora um
novo estudo questiona essa suposição. Uma equipe de pesquisadores
liderada pelo Centro Alemã de Pesquisas Integrativas de Biodiversidade
(iDiv) e Universidade de Leipzig realizou um experimento para simular o
aquecimento do solo na floresta e descobriu-se surpreendentemente: as
temperaturas mais quentes não influenciam a atividade de alimentação dos
animais do solo.
O
Dr. Madhav P. Thakur, primeiro autor do estudo, explica por que esses
resultados são de grande relevância: “O efeito de feedback do
aquecimento climático através da maior liberação de CO 2do solo é uma
suposição crucial nos modelos que preveem o nosso clima
futuro. Portanto, é importante saber o que isso causa esse
efeito. Nossos resultados indicam que podem não ser os animais do solo,
pelo contrário: seu papel pode ser o contrário do que esperamos, pelo
menos quando o aquecimento e a seca ocorrem juntos ”.
De
acordo com o professor Nico Eisenhauer, autor principal do estudo: “É
muito provável que em vez de animais e micro-organismos do solo, as
plantas são responsáveis pelo efeito de feedback porque também
respiram com suas raízes. Para melhorar a validade dos modelos
climáticos, agora precisamos mais urgentemente entender os processos
biológicos no solo. “Afinal, o solo é o principal reservatório de
carbono na terra, diz o cientista.
O
estudo foi conduzido como parte de um experimento de longo prazo em
mudança climática em Minnesota, EUA. No experimento ‘B4WarmED’ (Boreal Forest Warming at an Ecotone in Danger),
cientistas estão aquecendo artificialmente várias parcelas de terras da
floresta boreal em 3,4 ° C. Além disso, eles também reduzem as chuvas
em 40% em alguns lugares, criando tendas em tempo chuvoso.
Os
cientistas mediram o quanto os animais do solo comeram usando “tiras de
lâmina de isca”: pequenas varas com furos nas quais os pesquisadores
preenchiam substrato que se assemelhava à matéria orgânica no
solo. Essas varas estavam presas no chão. A cada duas semanas, os
cientistas verificaram a quantidade de substrato que foi consumida. Os
pesquisadores realizaram mais de 40 dessas medidas ao longo de um
período de quatro anos. É o primeiro estudo desta escala a investigar os
efeitos do aquecimento global e da seca em animais do solo de
decomposição. Além do que, além do mais,2 foi liberado do solo com um analisador de gás.
Publicação original:
Madhav
P. Thakur, Peter B. Reich, Sarah E. Hobbie, Artur Stefanski, Roy Rich,
Karen E. Rice, William C. Eddy, Nico Eisenhauer (2017): Reduced feeding
activity of soil detritivores under warmer and drier conditions. Nature Climate Change. doi:10.1038/s41558-017-0032-6
* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
** pecilotérmicos, em tradução sugerida pela leitora Mariana.
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19 Frases do Meio Ambiente por Religiosos
Por ((o))eco
quinta-feira, 21 dezembro 2017 09:00
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Dedicados a conectar pessoas a uma fé, religiosos saem da esfera do
sobrenatural e focam na realidade em que vivemos, demonstrando
preocupação e alertando sobre o impacto das nossas ações no ambiente. O
respeito e a preservação do meio ambiente também faz parte dos preceitos
pregados por eles. Em plena comemoração de fim de ano, veja algumas
frases separadas pelo ((o))eco sobre o que pensam esses líderes
espirituais sobre o meio ambiente.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Foto: Vitor Hugo Artigiani Filho/WikiParques
O ano ainda não acabou, mas o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO)
já pode comemorar um começo promissor para 2018: o aporte de
aproximadamente 10 milhões de reais em investimento. Os recursos são
provenientes de compensação ambiental disponibilizados através das novas regras estabelecidas pela Medida Provisória 809/2017, aprovada em dezembro, que permite o depósito imediato do recurso assim como o aumento no prazo de contratação de brigadistas.
A
boa notícia foi dada ontem (20/12) pelo Ministro do Meio Ambiente,
Sarney Filho, durante uma entrevista coletiva. Durante sua fala, ele
explicou a importância dos investimentos em Veadeiros. “Nós
quadruplicamos o tamanho do parque e precisamos mostrar serviço já que
há suspeitas de que os incêndios que atingiram a Chapada neste ano foram
criminosos. Então, precisamos dizer que a presença do Estado brasileiro
naquela região é efetiva e começar a trabalhar, melhorar e aperfeiçoar o
espaço”, disse o ministro.
A expectativa é de que graças às novas
regras da Medida Provisória haja o repasse de R$ 1,4 bilhão para
unidades de conservação, dos quais R$ 140 milhões já estão assegurados. A
Chapada dos Veadeiros deve ser a primeira área protegida a ser
contemplada. Em junho deste ano, o território do parque foi ampliado
para 240 mil hectares, o equivalente a quatro vezes o seu tamanho
original.
Os recursos deverão ser utilizados na contratação de
instituição para demarcação, cercamento, sinalização e instrução de
processos de regularização fundiária. Também estão previstos o
desenvolvimento de um novo plano de manejo, com o planejamento e
estruturação de novos atrativos, o que vai potencializar a contribuição
da unidade para a economia local, contemplando novos municípios, como
Cavalcante, Nova Roma e Teresina de Goiás.