segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Que é Ser Amigo dos Animais em 40 Fotos – Parte 1

 


Amigos dos animais
Podíamos escrever um livro sobre o que é ser amigo dos animais. Todas as definições, interpretações, momentos, histórias, motivações ou argumentos. Mas há algo melhor: uma imagem vale mais que mil palavras e as 40 imagens que se seguem, valem seguramente mais do que 40 mil palavras que pudessem ser escritas sobre o assunto.


São momentos únicos, selecionados a partir das centenas de imagens que a página Real Men Are Kind to Animals reuniu. São situações aleatórias, desde o “simples” abraço entre dono e animal de estimação, até à forte empatia que emocionou o mundo entre Thomas Dörflein e o “seu” Knut, passando por situações de busca e salvamento onde se dá o tudo por tudo.


Cada imagem é única e cada momento inesquecível. Para apreciar abar o link: 


https://www.mundodosanimais.pt/fotos/amigos-dos-animais/

Como Doar o Seu Animal da Forma Mais Correta e Humana


Dicas para doar o seu animal para adoção de forma correta e humana
Fotografia: Domínio Público


A doação do próprio animal é sempre uma decisão complicada.


Quando adotamos ou compramos um animal, estamos a assumir um compromisso e responsabilidade para toda a vida. Por isso os amigos dos animais se debatem tanto para informar as pessoas dessa responsabilidade ANTES que elas adotem.


É preciso pensar muito bem e avaliar todos os prós e contras dessa decisão. Há espaço? Há tempo? Há dinheiro (por vezes muito dinheiro)? E como vai ser nas férias? A resposta prévia a estas perguntas seguramente evitaria que muitos animais acabassem abandonados nas ruas, mas ainda assim, os abandonos continuam.



Muitas vezes as pessoas decidem desfazer-se dos seus animais por problemas que poderiam ter solução. Por exemplo, se decidiu dar o seu animal devido a problemas de comportamento, já experimentou falar primeiro sobre isso com o seu veterinário? O seu animal pode estar com um problema de saúde que, por lhe causar dores e desconforto, o leve a comportar-se de forma diferente do desejável. Infeções urinárias, por exemplo, podem levar o animal a urinar pela casa toda, um problema sério mas facilmente tratável pelo veterinário.


No entanto, admitimos que possam existir situações excecionais em que uma pessoa se vê mesmo obrigada a dar os seus animais para adoção.



Uma vez que essa é uma questão que recebemos com frequência no nosso email, decidimos criar um artigo com algumas dicas para que possa doar o seu animal da forma mais humana e correta possível. Não se iluda: o processo vai ser sempre mau, ainda que possa vir a ser a melhor opção a longo prazo. O seu animal confia em si e doá-lo é um grande passo atrás para ele, quer física como emocionalmente. Para ele, você é a sua família, e ao deixá-lo vai ser como uma traição. Tenha noção disso quando tomar a decisão de o doar.



Não abandone o seu animal sob qualquer circunstância. Além de ser crime, tanto em Portugal como no Brasil (e muitos outros países) você quer e é capaz de fazer muito melhor por aquela vida que depende totalmente de si.



Nota: Apesar deste artigo estar direcionado para quem está a doar o seu próprio animal, as sugestões também se aplicam a quem está a doar um animal que resgatou. Se é o seu caso, parabéns por ter salvo uma vida! E esperamos que as dicas lhe sejam úteis.



Vamos então a algumas dicas.


1. Comece a tratar da doação atempadamente

Dificilmente conseguirá encontrar um novo dono para o seu animal de um dia para o outro. Se decidiu ir morar para o estrangeiro e não pode de forma alguma levar o seu animal, comece a tratar da doação de preferência vários meses antes da sua data de partida.
Deixar para a última hora vai dar mau resultado, e vamos ser sinceros, é uma falta de respeito para com o animal.


2. Assegure os cuidados básicos de saúde

Certifique-se que o seu animal tem a vacinação em dia, está desparasitado (interna e externamente) e, se possível, castrado / esterilizado. É bastante mais difícil encontrar um dono se o animal não tiver os seus cuidados básicos de saúde assegurados.



Caso tenha dificuldades financeiras, procure apoio junto de veterinários solidários. Em Portugal, existe o Hospital Veterinário Solidário da SOS Animal e também a Associação Animalife, que prestam apoio ao tratamento dos animais de famílias carenciadas. No Brasil, tem o Programa Veterinário Solidário da Arca Brasil. Existem campanhas de castrações gratuitas ou a preços muito reduzidos. Esteja atento ás datas e aos locais para usufruir dessa possibilidade.



Pode também solicitar ao futuro adotante que comparticipe nos custos dos cuidados veterinários necessários no momento da adoção. Cabe à pessoa aceitar essa “taxa de adoção” ou não, adotando o animal ou não (ou chegando a outro tipo de acordo consigo).



3. Pesquise o seu círculo mais próximo

Antes de começar a divulgar que o animal está disponível para adoção, fale primeiro com os seus familiares, amigos e outras pessoas conhecidas que gostem de animais.


Explique a situação, existem muitas pessoas que conhecem alguém que sempre desejou ter este ou aquele animal, e pode ser que consiga encontrar logo nos seus contactos um bom adotante.


Além de facilitar o processo, ainda tem a vantagem de ficar mais tranquilo, uma vez que já conhece a pessoa que vai ficar com o seu animal.




4. Crie um anúncio

Anúncio de adoção
Exemplo de anúncio de adoção retirado do Adopta-me



Se ninguém no seu círculo próximo estiver interessado na adoção, o próximo passo é criar um anúncio. Comece por tirar ou escolher umas boas fotos do seu animal, onde as pessoas o consigam ver nitidamente.



De seguida, comece a criar o anúncio. Existem vários serviços online que permitem criar anúncios de adoção automaticamente. Basta preencher os dados e publicar, e ficarão de imediato disponíveis para quem estiver à procura de um animal para adotar.



Em Portugal, os sites de referência para criar e publicar anúncios são o Adopta-me e a Animalife. No Brasil, tem o Pataapata, o Olhar Animal, o Web Animal, o Adote Bicho, o SOS Bichos, o Pets Online ou o Procure 1 Amigo.



No anúncio, certifique-se que coloca todas as informações importantes. Coloque o nome (personaliza o animal, em vez de ser apenas um cão ou um gato), o sexo, a idade, o porte (se for um cão), a raça (se tiver), a localização (se tiver possibilidade de entregar o animal mais longe, indique isso), a situação clínica das vacinas / desparasitação / castração / microchip e o seu contacto.



Adicione também outros dados que possam ser relevantes: o seu historial, se está habituado a apartamentos, como se dá com outros animais, como reage a crianças, entre outros. Seja honesto sobre as qualidades e defeitos do animal: não existem animais perfeitos e as pessoas ficam mais inclinadas a adotar se já conhecerem bem o animal.



Pondere ainda colocar um vídeo do animal no Youtube, e um link para o mesmo no anúncio. Hoje em dia até os telemóveis mais baratos permitem obter bons vídeos, é um detalhe interessante e rápido de fazer. Um álbum de fotografias no Facebook também pode ser uma adição interessante. Quanto mais completo e detalhado for o anúncio, maiores as probabilidades de ter sucesso.


5. Divulgue (muito)

Anúncio de adoção
Exemplo de anúncio de adoção retirado da Animalife



Esta é a parte mais importante. Encontrar um bom adotante depende muito da divulgação que fizer e a quantas pessoas conseguir chegar.



Após a criação do anúncio, divulgue-o ao máximo pelas redes sociais onde estiver presente, de preferência o Facebook e o Twitter. No caso do Facebook, procure especificamente grupos de adoção de animais e publique também neles. Existem muitos, e com milhares de pessoas, o que aumenta a sua chance.



Apesar da Internet ser um excelente meio de divulgação, não se fique por aí. Divulgue também em espaços físicos como pet shops, veterinários, cafés e lojistas que lhe permitam divulgar nas suas montras. Cole cartazes na rua (onde for permitido), sobretudo nos maiores pontos de circulação de pessoas.



Pode criar facilmente um cartaz já pronto a imprimir através do Lambe-lambe, na Arca Brasil. Em alternativa, pode criar um cartaz no seu computador através de um programa simples como o PowerPoint, ou outro semelhante.


6. Avaliação do novo adotante

Este é um passo que muitas vezes as pessoas saltam, inclusive pela pressa em doar o animal, caso tenha um prazo específico (por exemplo uma mudança para outro país). No entanto, é importante que pelo menos faça uma primeira avaliação do potencial adotante. Afinal, você quer que o animal fique bem entregue.



Converse com o possível adotante e procure saber se ele está ciente da responsabilidade de ter um animal, que condições tem previstas para o animal viver, a disponibilidade financeira para assegurar cuidados veterinários sempre que necessário e que tipo de relação tem com os animais.



Se possível, combine com o possível adotante uma visita a casa dele. Algumas pessoas sentem-se desconfortáveis, quer quem avalia as condições, como quem é avaliado, mas uma pessoa realmente interessada em adotar o animal não se importará que visite a sua casa, aliás, deverá ter todo o gosto em lhe mostrar como o animal será bem tratado e feliz.



Em casos específicos, é necessário um cuidado extra: se o animal que está a doar for arraçado de pit bull ou outra raça frequentemente utilizada em lutas de cães, procure certificar-se que não será esse o seu destino. A doação de gatos pretos durante a época do halloween também é desaconselhada pelas associações, devido a rituais e superstições que possam ferir ou mesmo matar o animal.



Se o animal ainda não estiver esterilizado, procure consciencializar o novo dono a fazê-lo, ou pelo menos evitar que procrie. A procriação descontrolada de cães e gatos é um dos grandes responsáveis pelas elevadas taxas de abandono.



7. Se não surgir um adotante

Dicas para doar o seu animal para adoção de forma correta e humana
Fotografia: Domínio Público


Caso os seus esforços na divulgação não surtam efeito, e estiver a ficar com um prazo apertado para doar o seu animal, não desista já. Ainda existem opções.


Uma delas é contactar as associações e ONG’s perto da sua área de residência. Se mora em Portugal, pode consultar a nossa lista de associações, dividida por distritos. Esta não deve ser uma opção inicial, uma vez que a grande maioria (senão todas) as associações sofrem de sobrelotação e falta de apoios. Mas em último caso, vale a tentativa.


Outra hipótese é, para além dos anúncios de adoção, anunciar também o pedido de uma FAT (Família de Acolhimento Temporário). Esta é uma situação sensível, pois a pessoa ou família que ficar temporariamente com o animal, pode arriscar-se a ter de ficar com ele por bastante mais tempo que o previsto, uma vez que você não poderá recebê-lo de volta (é por isso que o está a doar, correto?).


No entanto, é uma opção a ter em conta caso todas as outras falhem, pois a possível FAT será sensível ao facto de o animal não ter mais onde ficar. Além disso, também pode chegar a um acordo com essa pessoa, por exemplo, financiar a alimentação e outros cuidados que o animal precise enquanto está na casa da FAT, a aguardar por um dono definitivo.


Tente tudo, porque o abandono nunca pode chegar a ser uma solução em cima da mesa.


Desejamos que encontre o lar perfeito para o seu animal, porque ele certamente o merece.



SEGETH desconsidera a crise hidrica e quer adensar areas de nascentes.

Prezados,


Como vocês sabem, o Park Way foi criado para proteger um polígono extenso de recursos hídricos na bacia do Paranoá e de cerrado, possui também o objetivo de proteger, como zona tampão de amortecimento, uma série de outras Unidades de Conservação de Proteção Integral, como é o caso da EEAE‑ Estação Ecológica Águas Emendadas, FAL‑UnB –Fazenda Água Limpa, a EEIBGE‑ Estação Ecológica do IBGE, a Estação Ecológica do Jardim Botânico, a ARIE — Área de Relevante Interesse Ecológico do Cerradão e o Santuário da Vida Silvestre do Riacho Fundo.


Apesar da importancia dessa preservação ambiental para o DF, a Secretaria de Habitação,  SEGETH aproveitando-se da "atualização " da LUOS- Lei de Uso e Ocupação do Solo , tomou a decisão de destruir os bairros residenciais do DF, Park Way, Lagos Norte e Sul, justamente os mais importantes para a preservação ambiental de Brasília. O objetivo é arrecadar mais e mais sem se importar com a manutenção dos recursos hídricos ou com a qualidade de vida dos moradores do DF.

Para tanto pretende:

1.Adensar o Park Way construindo mais sessenta condomínios nas áreas verdes intersticiais.

2. Implantar um polo multifuncional estilo Polo do Guara (foto abaixo) e/ou da Ceilândia em um corredor ecológico na altura da quadra 26.


3.Transformar os condomínios residenciais exclusivos do Park Way em mistos, com autorização para ter atividades comerciais e industriais.O que vocês acham de ter dentro de seus condomínios curtumes, marcenarias, cozinhas industriais, com motoqueiros e caminhões na porta, bares, com telão para jogo de futebol, churrascaria, com musica ao vivo, cursinhos, além de açougues, peixarias e fabricas de calçados e marcenarias dentro do seu condominio? Pois é, a tabela da LUOS (CSII 1) permite todo esse tipo de atividades dentro do Park Way!

Ora, o Park Way não tem estrutura para suportar esse adensamento que vai congestionar nossas ruas e provocar o estacionamento sobre nossas áreas verdes.A única explicação é aumentar os impostos uma vez que o Park Way está cercado por Regiões Administrativas que oferecem esse tipo de serviço.O excesso de oferta comercial está inclusivo provocando o fechamento de inúmeras lojas nas Asas Norte e Sul e na W3.

Se nada fizermos e o GDF aprovar a LUOS com essas alterações, será o inicio da favelização do Park Way e o dano ambiental consequente será sentido por toda a população do DF.


Proteja o meio ambiente e as nascentes do Park Way assinando o abaixo assinado:

https://www.change.org/p/associa%C3%A7%C3%A3o-park-way-residencial-contra-o-uso-comercial-e-industrial-dentro-das-residencias-do-park-way?recruiter=528998765&utm_source=share_petition&utm_medium=copylink


O Paraná é um mar de soja


Por Guilherme José Purvin de Figueiredo
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Rodovia BR 277, que margeia o Parque Nacional do Iguaçu: plantação de soja se estende por mais de 30 km. Foto: Lindamir Monteiro da Silva.
Rodovia BR 277, que margeia o Parque Nacional do Iguaçu: plantação de soja se estende por mais 
de 30 km. Foto: Lindamir Monteiro da Silva.



No dia 17.01, “((o))eco” publicou matéria noticiando que o Paraná é o Estado que mais regenerou Mata Atlântica nos últimos trinta anos. Os dados surpreendem pelo contraste com o que acabo de ver, após quase duas semanas de viagem por espaços protegidos ao longo de 2 mil km ao norte e oeste do Paraná e extremo sul do Mato Grosso do Sul.


O cenário é desolador. Em lugar de esperados santuários ecológicos (áreas de preservação permanente nas margens de rios e topos de morro, entorno de parques, florestas em reserva legal registradas no CAR), o que se vê é um imenso oceano de soja e mais soja. Seja no trajeto de estradas principais ou secundárias, ou ainda em vicinais não pavimentadas, praticamente não se vê uma só árvore.


O resquício de nossa biodiversidade se deve em grande parte à aplicação da Lei 9.985/2000: nos Parques Nacionais da Ilha Grande ou do Iguaçu é possível vislumbrar significativos remanescentes da Mata Atlântica.


Mas atente-se: apenas dentro desse perímetro, nos estritos limites das propriedades públicas. E, mesmo assim, ainda nos deparamos com cenários chocantes. Criado em 1997, o Parque Nacional da Ilha Grande, por exemplo, é uma unidade de conservação que não tem as características jurídicas de um parque: o acesso do público para recreação em contato com a natureza ou turismo ecológico (art. 11, caput, Lei 9.985/00) está vedado – aliás, sequer é previsto no plano de manejo. Ademais, contando até com uma empresa de mineração no seu interior (decerto em razão de alguma liminar judicial lamentável), sequer cumpre os requisitos legais que o caracterizariam como unidade de proteção integral.


Já o Parque Nacional do Iguaçu, a unidade de conservação mais popular do Brasil, na prática não conta com zona de amortecimento. Em Céu Azul, plantações de soja ocupam por mais de 30 km toda a faixa de domínio da Rodovia BR 277, entre o acostamento e a divisa do parque. Para todos os efeitos, acessível ao público é tão somente a trilha em calçada de cimento para acesso às deslumbrantes cataratas, uma atividade lúdica de caráter exclusivamente recreativo que inclui a reprovável prática dos turistas de alimentarem gordos quatis com salgadinhos e balas.


O Código Florestal, que oferece os parâmetros do exercício responsável da atividade econômica agropecuária e fixa os elementos balizadores da função social da propriedade rural em sua perspectiva ambiental, parece não ter vigência no Estado do Paraná. Os horizontes de toda a região oeste e norte do Paraná, incluindo Arapongas, Cascavel, Céu Azul, Guaíra, Ibiporã, Icaraíma, Londrina, Maringá, Medianeira, Mercedes, Porto Camargo, Toledo e Umuarama, são dominados pela monocultura da soja.



Em meio à viagem rodoviária, somos surpreendidos pelo sobrevôo de aviões amarelos aspergindo agrotóxicos nas plantações.  Não há árvores. Não se consegue visualizar qualquer reserva legal florestada ou mata ciliar que possam servir de corredor ecológico. Uma exceção seriam fragmentos localizados no município de Santa Helena.


Buscando justificar os dados constantes na citada matéria d’O Eco, pondere-se que eles se referem a um período de trinta anos e que lidam com números absolutos. É bastante plausível a hipótese de que, em 1985, a degeneração da Mata Atlântica no Paraná alcançasse grau tão elevado que qualquer iniciativa tendente a inverter tal processo ao longo de 30 anos resultaria em grande salto positivo. Afinal, se um determinado território conta com 10% de áreas preservadas, elevá-las para 12% significa regenerá-las em apenas 20%; contudo, se ele contar com somente 1% de Mata Atlântica, elevá-la para 2% significará uma regeneração de 100%.


Uma segunda hipótese é de que os dados teriam sofrido uma grande defasagem no período de 2015 até este início de 2017. Isto não é implausível, já que o descaso estatal para com a biodiversidade é cada vez mais evidente. Vivemos uma época em que a prepotência de parlamentares chega a ponto de se pretender censurar enredo de escola de samba carioca que trata de populações indígenas e uso de agrotóxico. Os últimos tempos têm sido decisivos para aqueles que vociferam contra o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O Estado que mais regenerou também pode ser o que mais destruiu a floresta


Por Guilherme José Purvin de Figueiredo
Paraná, o estado que mais regenerou também é o pior aluno da sala. Foto: María Malagón/Flickr.
Paraná, o estado que mais regenerou também é o pior aluno da sala. Foto: María Malagón/Flickr.


Em 2016, a Fundação SOS Mata Atlântica oficiou ao Governo do Paraná pedindo a interrupção da concessão de licenças para a supressão de vegetação até final de 2018, além da revisão de todas as autorizações concedidas nos últimos 24 meses, para avaliação de sua conformidade com a Lei 11.428/06. Motivo: o Paraná liderava o ranking dos maiores desmatadores da Mata Atlântica, com mais de 450 mil hectares destruídos nos últimos 30 anos.


Retornando de visitas a unidades de conservação do Paraná e Mato Grosso do Sul, leio com surpresa que a mesma entidade acaba de noticiar que o Paraná é o Estado que mais regenerou a Mata Atlântica nestes 30 anos e me pergunto se os dados são contraditório ou podem ser conciliados.


Sim, eles são conciliáveis. Paraná é, a um só tempo, o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica nos últimos anos e o que mais a regenerou. Assim, para não cairmos no ufanismo ou no catastrofismo, a pergunta que se segue deve ser dirigida a especialistas (engenheiros agrários e florestais, biólogos, zootecnistas) para saber se o saldo final foi a ampliação ou a redução da área efetiva de Mata Atlântica no Paraná.


Mas, mais importante do que medir apenas áreas de vegetação, é preciso avaliar o impacto de tão intensa renovação, não só para a flora, mas sobretudo para a fauna. Afinal, após tamanha devastação seguida de regeneração em localidades diversas, o que temos hoje são florestas em estágio inicial e médio de regeneração.



Haters convocados pelas torcidas organizadas desqualificam quem incomoda seus interesses, rotulando-os de “ecoxiitas” ou fanáticos por “passeio rústico”. De igual forma, há também quem generalize do outro lado e chame de “maníaco da moto-serra” a todo produtor rural, ignorando aquele que, por ter averbado a reserva legal de sua propriedade e nunca haver destruído as APPs, hoje concorre em situação desigual com os que foram anistiados com o “kit” oferecido por Lula e Dilma (Decreto 6686/08, Lei nº 12.651/12 e Instrução Normativa n. 12, de 6/8/2014, do IBAMA).



Empastelar o debate aproveita apenas quem tem interesse em manter o status quo atua
Quem lucra com a ausência absoluta de interesse da União e dos Estados em investir na fiscalização e aplicação do Código Florestal nas propriedades privadas e no aparelhamento decente dos órgãos ambientais para que exerçam com eficiência seus deveres de preservação adequada dos espaços protegidos?


Aplaudir ou condenar políticas públicas ambientais e tendências do agrobusiness pela leitura de números absolutos que, isolados, não significam nada, é esfacelar a Constituição Federal e deixar de lado o art. 186, que cuida da função social da propriedade rural ou o art. 225, que assegura a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.


Empastelar o debate aproveita apenas quem tem interesse em manter o status quo atual. Enquanto o clima de torcida perdurar, teremos que nos conformar com o jeitinho brasileiro e aceitar que informações equivocadas aos visitantes de parques sejam prestadas por brigadistas de incêndio.



Ou aplaudir a cessão de faixas de domínio da rodovia para que particulares realizem plantações a um metro das divisas do mais belo parque nacional do país, para diminuir os custos de manutenção de rodovia e ajudar a reduzir os riscos de incêndio. Nosso país merece mais do que isso.



Ilhas de vegetação
Algumas ponderações finais sobre o “mar de soja”. O Paraná conta com “ilhas” de vegetação: os parques integrantes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os parques urbanos e o projeto “Cultivando Água Boa”.


O SNUC, mesmo sucateado por sucessivos governos federais, conta com o trabalho heroico de alguns servidores públicos e com o empenho da sociedade civil. Este heroísmo traz bons frutos, de que são exemplos o Parque Nacional do Iguaçu e Parque Estadual do Guartelá, UCs que trazem alento àqueles que zelam pela biodiversidade.


Algumas cidades contam com uma biodiversidade que hoje faz inveja ao meio rural. Em Maringá, o Parque do Ingá, além da árvore que lhe dá nome, conta com exemplares de peroba, canela, jaracatiá e cedro, entre outras, que simplesmente não existem mais em perímetro rural. Londrina, por sua vez, conta com quase 8 milhões de m² de área verde, quase o dobro do recomendado pela ONU. No Lago Igapó e a Área de Lazer Luigi Borghesi – Zerão encontramos mais diversidade e mais pássaros do que ao longo dos 500 km que separam a cidade do Parque Nacional do Iguaçu.


Finalmente, o “Projeto Cultivando Água”. Em meu artigo anterior, ressalvei haver testemunhado a presença de fragmentos do bioma Mata Atlântica localizados no município de Santa Helena, localizado às margens do Rio Paraná. Esse município integra a área que é objeto de ações de restauração realizadas pela Itaipu no extremo oeste. O projeto é elogiado mundialmente e foi premiado pelas ONU.


 Esta iniciativa contribuiu significativamente para que o Paraná tenha se tornado, nos últimos trinta anos, não apenas o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica, mas também o que mais a regenerou, como bem observado pelo leitor Clóvis Borges.