Conservador,
Jair Bolsonaro (PR), o mais votado,
Militar da reserva, dono de declarações polêmicas,
envolvido em controvérsias com militantes dos direitos humanos e grupos LGBT, Jair Bolsonaro (PP) foi o deputado federal mais votado do
Rio. Com 464.572 votos, ele chega
a seu sétimo mandato com
quase quatro vezes a sua votação na eleição de 2010.
Sem meias palavras, o parlamentar se autointitula um representante da direita
contra o que chama de “mentiras da
esquerda”. E avisa: com deputados como o Pastor
Marco Feliciano (PSC), eleito por São Paulo, vai “somar uma meia dúzia que fará barulho” no Congresso.
Bolsonaro integrará uma bancada fluminense
de vozes antagônicas. Foram
escolhidos políticos reconhecidamente apoiados
por denominações evangélicas, como Eduardo Cunha, atual líder do PMDB na
Câmara, terceiro mais votado neste domingo (232.708 votos) e cogitado para
ser candidato do partido à presidência da Casa na próxima legislatura.
[Jean Wyllys não é digno de sequer
figurar no mesmo parágrafo em que conste Jair Bolsonaro, Marcos Feliciano ou
Eduardo Cunha.] Mas
também se elegeram representantes que entram em embates com setores mais conservadores,
como Jean Wyllys (PSOL), que saltou de 13.018 votos no último pleito para
144.770, desta vez.
PMDB
TEM MAIOR BANCADA
Jean
Wyllys e Bolsonaro já protagonizaram discussões em Brasília. Em 2011, numa
audiência pública em que criticava o kit Escola Sem Homofobia, apelidado de “kit gay”, o
deputado do PP afirmou para o colega do PSOL que “não teria orgulho de ter
um filho” como ele. Enquanto
Jean, homossexual assumido, já chamou Bolsonaro de “demente”. —
Mas minha briga
não é com os gays — afirma Bolsonaro,
cujo filho, Flávio Bolsonaro (PP),
foi o terceiro mais votado para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). —
O pessoal cansou das
mentiras da esquerda. Sinto que ultrapassei os muros dos quartéis. Não tenho
mais classe. Sou a favor da meritocracia e do planejamento familiar. E
radicalmente contra as cotas raciais — completou o deputado, que, no
início deste ano, articulava sua indicação para presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara.
O PP de Bolsonaro, que elegeu ainda Julio Lopes e
Simão Sessim, estava coligado com o PMDB, partido que manteve a hegemonia na
bancada fluminense e continua com oito deputados. Além de Eduardo Cunha, nomes
conhecidos foram reeleitos, como Leonardo Picciani, Pedro Paulo e Washington
Reis.
E ainda candidatos novos, a exemplo de Marco Antônio Cabral, filho do
ex-governador Sérgio Cabral, e Celso Pansera, ex-presidente da Faetec, ligado ao
prefeito de Caxias, Alexandre Cardoso. Picciani e Pedro Paulo devem travar
dentro da legenda uma disputa para ser o candidato do partido na briga pela
prefeitura do Rio em 2016.
Até lá, eles dizem que vão defender no Congresso a
receita dos royalties para o estado e mecanismos que facilitem investimentos da
iniciativa privada. — A perda dos royalties ainda é um risco para o Rio. A bancada tem de
estar atenta — diz Leonardo Picciani. —
Vou concentrar meu mandato em temas como a gestão e a eficiência do governo.
Quero discutir também a infraestrutura, debatendo a lei de licitações, por
exemplo — afirma Pedro Paulo, ex-secretário da Casa Civil do município do
Rio e o braço direito do prefeito Eduardo Paes (PMDB).
TAXA
DE RENOVAÇÃO DE 46%
Enquanto
na última eleição a taxa de renovação na Câmara foi de mais de 50%, desta vez chegou próximo: 46% da bancada de 46 deputados. A
segunda candidata mais votada no Rio, Clarissa Garotinho (PR), será uma das
estreantes na Casa. Ex-vereadora e atualmente deputada estadual, a filha do
postulante derrotado ao governo do Rio Anthony Garotinho (PR) alcançou 335.061 votos, metade dos mais de 694 mil
que o pai tinha conseguido em 2010. E
ajudou o PR a eleger seis deputados, contra os sete da bancada atual.
Outra
novidade é Roberto Sales (PRB). Um dos coordenadores de campanhas passadas de
Marcelo Crivella (PRB), ele chegou aos 124.087
votos em sua primeira disputa num pleito em âmbito estadual.
Pastor licenciado da Igreja Universal, ele tem como base eleitoral
o Leste Fluminense, onde foi secretário de Pesca em São Gonçalo. E afirma que
temas como a mobilidade urbana na região serão um dos focos na legislatura. — Não é possível que o trabalhador de
Niterói, São Gonçalo e Itaboraí leve de cinco a seis horas de casa para o
trabalho — afirma Sales, que explica por que não usa a denominação de
“pastor” em sua vida política. — Quando
se assume um cargo público, o olhar tem que ser para todos, sem diferenças —
conclui ele, que estará no Congresso ao lado de Rosangela Gomes na bancada do
PRB, que antes tinha apenas um deputado federal.
O PSOL passou de dois para três: além de Jean Wyllys, elegeu Chico Alencar e
Cabo Daciolo, preso em fevereiro de 2012 como um dos líderes da greve de
policiais e bombeiros no Rio. Para Chico, o crescimento do candidato ao governo
do Rio Tarcísio Mota, na reta final, influenciou na votação do partido na
eleição proporcional.
A legenda que ganhou mais
deputados foi o PSD, que
passou de três para seis parlamentares. Vice de José Serra (PSDB) na eleição
presidencial de 2010, Indio da Costa volta à Câmara. PTB e Solidariedade
aumentaram a bancada de um para dois. Filha de Roberto
Jefferson, delator do mensalão, Cristiane Brasil (PTB) foi uma das eleitas.
Entre os
partidos que disputam o segundo turno à Presidência, o PT manteve cinco deputados, e o PSDB elegeu apenas Otávio Leite
(perdeu uma cadeira). O PSB passou de
três para um. O PROS, de três para dois. DEM, PCdoB e PDT continuaram com
um. PRP e PSDC, sem representação na
bancada atual, terão um parlamentar cada. PPS, PSC, PMN e PV ficaram de
fora.
Entre os
não eleitos, estão Jorge Bittar e Edson Santos, ambos do PT, Stepan
Nercessian, do PPS, e Andreia Zito, do PSDB.
Fonte: O Globo