quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O que pode acabar junto com a USP?

Nova publicação em VESPEIRO

O que pode acabar junto com a USP

by fernaslm
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Matéria da Folha de S. Paulo de hoje oferece um quadro suscinto da doença terminal que vai matar a USP, até ha pouco tempo a única universidade brasileira a fazer parte do ranking das 100 melhores do mundo do Times Higher Education, o mais respeitado do setor.
Partindo da tendência inversa revertida a partir de 2010, a instituição tinha vindo de 55 mil para 54 mil funcionários administrativos de 2009 para o ano seguinte e de 45 para 46 mil professores. O que se segue de 2010 até 2013, porém, é a inversão dessa tendência com a multiplicação em metástese do numero e do valor dos salários dos funcionários de par com a devastação do numero e do valor dos salários dos professores.
Entre 2009 e 2013 a USP contratou 2400 novos funcionários administrativos e apenas 396 novos professores. Por cima disso, aumentou em 75% os salários dos funcionários e em apenas 43% o dos professores (contra uma inflação no período de 27%).
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Com isto a USP passou a gastar, no ano de 2013, 5% a mais que a dotação que recebe por ano do governo apenas com a folha de pagamento, valor que este ano vai subir a 35% a mais do que recebe, que é uma parcela do ICMS paulista.
O bonus para todos os funcionários a cada vez que a universidade subisse nos rankings internacionais que tinha sido introduzido pelo governo Serra a título de componente meritocrático numa realidade em que o merecimento não entra de forma nenhuma nos critérios de remuneração, também foi desvirtuado em uma espécie de “direito adquirido”. Em 2013 todos os funcionários da USP receberam bonus de 2 mil reais a esse título apesar da universidade ter caído no ranking acima referido.
Sexo explícito, enfim.
Saindo de uma greve de quatro meses de duração contra o plano de demissões voluntárias proposto pelo governo paulista para tentar conter a multiplicação por 7xs do buraco de 2013 prevista para este ano, os funcionários da universidade abrem a nova etapa de “negociações” exigindo aumentos no vale-refeição e no auxílio alimentação, o que é só o prenuncio de novas greves que virão antes da implosão final.
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A USP tem 87,8 mil alunos, 17,6 mil funcionários e 6 mil professores, o que representa proporções semelhantes de professores e funcionários por aluno às da PUC do Chile, por exemplo, tida pelo ranking do Times como a melhor universidade sul-americana. Só que no Chile 68% do total de salários pagos vai para os professores e 32% para os funcionários enquanto na USP 62% vai para os funcionários e 38% fica para os professores.
Na universidade chilena, só 42% dos gastos vão para salários. Na brasileira, 105% do orçamento total é para salários. Tudo o mais, da manutenção de prédios às pesquisas, fica sem um tostão.
Tudo isso deixando sem dizer que a destruição da qualidade da educação que ali se ministrava precedeu a destruição financeira da instituição, e que a perversão do espírito universitário sintetizado no dístico "Com a ciência vencerás" do escudo da USP, pautado pela liberdade de pesquisa e pela busca da verdade científica, na entronização gramsciana de uma "verdade única" imposta a todos -- professores, funcionários e alunos -- pela coerção moral e, muitas vezes, até pela força física precedeu a ambos.
É mais um retrato sintético do que está acontecendo com tudo o mais neste país que sustenta uma casta cheia de direitos especiais com o sacrifício do seu presente e do seu futuro, sem esquecer que o que acontecer com a USP – que já foi o melhor equipamento de produção de “infraestrutura humana” de qualidade do país – mais cedo do que tarde acontecerá com todo o Brasil.
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fernaslm | 22 de setembro de 2014 às 17:34 |


Diagnóstico e Prognóstico



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira
A ética impede que um médico tente diagnosticar uma pessoa querida.

Deve-se partir do pior cenário até encontrar a situação real.

Brasileiro que sou, tentarei não incorrer no erro de mal avaliar a situação do país por me recusar a admitir certos cenários.

A falência múltipla de órgãos e instituições nos leva a considerar um quadro de gangrena e ou septicemia.

O núcleo do câncer é o judiciário. Se tivesse funcionado minimamente não teríamos o desastre do legislativo e do executivo.

O paciente espera por um milagre.

Parasitas de toda sorte se assustam com a possibilidade da morte do hospedeiro e sua própria ruína.

Vão tentar uma solução de meia-sola.

O remédio salvador virá.

É um composto de chumbo, ferro e fel.

Deverá ser ministrado em doses cavalares.

Carlos Maurício Mantiqueira é Livre Pensador.

Sorridente Presidência de Lewandowski cuidou das comprometedoras delações premiadas da Lava Jato




Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Não foi à toa que Ricardo Lewandowski assumiu ontem a Presidência da República Federativa do Brasil, durante viagens de Dilma e Temer, e impedimentos políticos-pessoais de Renan e Alves. O presidente do Supremo Tribunal Federal teve a espinhosa missão de também presidir ontem uma tensa reunião que tratou das delações premiadas resultantes dos vários processos da Operação Lava Jato – que investigam lavagens de dinheiro que ultrapassam R$ 10 bilhões.

A tensão ficou mais alta na reunião com a confirmação de que o doleiro Alberto Youssef voltou atrás e agora também deseja embarcar na delação premiada adotada pelo seu parceiro Paulo Roberto Costa. O caso ganhou preocupação infernal porque o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, rejeitou o que definiu como “cartel de leniência coletivo” proposto pelas empreiteiras e fornecedores da Petrobras apanhados, com provas, na Lava Jato. A temperatura do inferno subirá quando se mexer com os bancos que agiram como lenientes parceiros de Youssef e Paulo Costa.

Tudo que o PT não desejava era que tal acordo fosse fechado antes do primeiro turno da eleição – no qual as pesquisas amestradas indicam a vitória de Dilma Rousseff. O temor gigante é que denúncias comprometedoras da Lava Jato vazem agora e, pior ainda, depois, em meio à guerra de foice no escuro do segundo turno. O azar dos petistas é que a pressão de bastidores feita por eles parece ter conseguido o efeito contrário. Apavorou o doleiro Alberto Youssef – que já estava amedrontado com as revelações de Paulo Roberto Costa, da contadora Meire Poza, de seu sócio Carlos Alberto Pereira da Costa e da doleira Nelma Kodama.  

Quem definiu, objetivamente, a atitude de Youssef foi seu advogado Antônio Figueiredo Basto – que é contra a delação premiada: “Bateu o desespero”. Basto analisou que Youssef aceitou colaborar com a força-tarefa por pressão da família e porque, de repente, viu-se cercado de delatores. Outro advogado de Youssef, o estelar Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, também justificou a reação de Youssef: “Quebraram a resistência do cara com uma prisão de seis meses. Ele está alquebrado. Tínhamos uma tese imbatível, mas a pressão falou mais alto”.   

O advogado Basto revelou que Youssef decidiu fazer acordo de delação ontem à tarde – coincidindo com a tensa reunião comandada pelo sorridente Presidente Lewandowski, em Brasília. Nesta quarta-feira, Basto e Youssef terão um novo encontro na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Em seguida, o advogado deverá apresentar ao Ministério Público Federal a proposta de acordo.

Se realmente toda sujeira vier à tona, o Brasil será obrigado a passar por uma faxina geral. O problema atual é que o departamento de limpeza não demonstra, claramente, disposição de começar o trabalho efetivo. Por isso, é altíssimo, o risco de o escândalo bilionário acabar punindo apenas alguns bodes expiatórios, para que muitos políticos poderosos, da base aliada do governo, sejam poupados. É enorme a chance de se repetir o que aconteceu com o Mensalão. Agora, quase todos os condenados estão soltos, desfrutando do que faturaram, sem que se tenha chegado ao verdadeiro chefão da quadrilha (que o Supremo Tribunal Federal decidiu que nem existiu).

Por enquanto, quem paga o pato calado é o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto, continua preso na Itália – e a petralhada nem quer que se lembre dele nestes tempos eleitorais. Só se Valério e Pizzolato quebrarem o silêncio forçado pelas pressões é que algo muito grave pode acontecer (ou não) na República Sindicalista do Brazil, até logo mais governada pelo sorridente ministro Ricardo Lewandowiski.

Por onde anda o Lobão?


Dever de casa


Disputa infernal


Dilma diz que “manda investigar mais do que nunca”. E como ela explica a CGU matando cachorro a grito?

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Entre as principais mentiras para esconder a corrupção, os petista dizem que “agora a PF tem autonomia” (como se antes não tivesse). Como Dilma entrou de cabeça nessa sessão mitômana na entrevista ao Bom Dia Brasil em 22/09 (gravada em 21/09), ela tinha que seguir nessa onda psicótica, dizendo o seguinte:
Você veja só: nós estamos hoje com a Polícia Federal investigando, nós temos uma investigação do Ministério Público, nós temos inclusive um instituto da delação premiada ocorrendo para poder descobrir o que acontece com crimes de corrupção. Crimes de corrupção, eles não se… Eles não são praticados à luz do dia. Eles têm de ser investigados. Por que que é que nós descobrimos? Nós descobrimos – porque fomos nós que descobrimos – porque quem descobriu é a Polícia Federal, ligada ao Ministério da Justiça. Portanto, ligado a um órgão do meu governo. A Polícia Federal integra o meu governo.
Difícil imaginar quem é mais hábil: a Alemanha em meter gols no Brasil, ou a Dilma em mentir para os repórteres.
Tanto a turma de Dilma não investigou nada que quando ela pediu para ter acesso à delação premiada tomou com a porta na cara tanto da PF como do MPF. Ela não está investigando nada. Ela é investigada. O que é exatamente o oposto. E tudo isso sem comprovar “maior autonomia” da PF. Há mais investigações de corrupção no governo do PT por que o governo do PT pratica corrupção em um patamar acima da política tradicional do Brasil. O nível é de governos stalinistas, que sempre visualizam o estado como sua galinha dos ovos de ouro.
Outra mentira de Dilma foi dizer que “criou a controladoria geral da união”. Reveja o que ela disse na entrevista ao Jornal Nacional em XX/08:
Bonner, (…) nós, justamente, fomos aquele governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, à irregularidade e malfeitos. Por exemplo, a Polícia Federal, no meu governo e no do presidente Lula, ganhou imensa autonomia. Para investigar, para descobrir, para prender. Além disso, nós tivemos uma relação muito respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador-geral da República foi chamado, no meu governo ou no do presidente Lula, de engavetador-geral da República. Por quê? Porque também escolhemos, com absoluta isenção, os procuradores. Outra coisa: fomos nós que criamos a Controladoria-Geral da União, que se transformou num órgão forte e também que investigou e descobriu muitos casos. Terceiro, aliás, eu já estou no quarto. Nós criamos a Lei de Acesso à Informação. Criamos, no governo, um portal da transparência.
Mentira: a CGU foi criada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso… em 2001.
Realmente, eles são de tirar o fôlego!
Mas que tal vermos o que os governos do PT fizeram com a Controladoria Geral da União? Conforme matéria do Globo, o ministro da CGU, Jorge Hage, afirmou que a redução de R$ 7,3 milhões no orçamento do órgão em 2014, em relação ao ano anterior, criou uma situação de “penúria orçamentária” na pasta. Despesas básicas foram comprometidas, como: água, luz e telefone, além de diárias e passagens aos auditores encarregados de fiscalizar a aplicação dos recursos federais no país, o que, afirmou, pode dificultar a identificação de eventuais irregularidades na administração pública. Na semana passada, a Unacom Sindical (Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle) realizou protestos em 14 estados por causa do enfraquecimento da CGU.
Hage disse:
É evidente que, quanto menos fiscalização, o risco de desvios é maior. Estamos maximizando a possibilidade de atuar na fase de penúria orçamentária concentrando as auditorias em órgãos federais e em municípios próximos às capitais. É questão de racionalizar para fazer o máximo possível com os recursos.
Lembre que este é o governo que diz “criar condições para se investigar mais”. Só que observe o que Hage afirmou:
Alertamos o Planejamento que [o orçamento aprovado para 2014] não seria suficiente para pagar as contas até o final do ano.
Será este mais um “golpe da mídia”, Dona Dilma? Só conseguimos ver um golpe de sono por parte da oposição, que ainda não transformou a candidata do PT em pó nos debates abertos por causa de mais esta saraivada de mentiras.

(Obs: O cachorro da foto que ilustra este post não sofreu nenhum machucado)

Por que Dilma não paga o preço de suas mentiras sobre a economia?

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Na entrevista ao Bom Dia Brasil em 22/09 (gravado em 21/09), Dilma não apenas mentiu sobre questões relacionadas à corrupção, como também sobre economia. Veja detalhes a partir do Transparência Política:
O embate mais forte se deu quando a petista foi questionada sobre a piora da inflação em seu governo e seus ataques à proposta de um Banco Central independente , da adversária Marina Silva (PSB). Em suas respostas, Dilma disse que o Banco Central americano, o Federal Reserve, independente, enfrenta ameaça de deflação –inflação abaixo de zero, um sintoma de recessão econômica. Conforme apontou a jornalista Míriam Leitão, espera-se uma inflação em torno de 2% neste ano nos EUA.
A presidente e a entrevistadora também divergiram quando Míriam afirmou que a Alemanha, a despeito da crise europeia, deverá crescer 1,5% neste ano, acima do 0,3% esperado no Brasil. Dilma disse que a Alemanha está crescendo 0,8%. Essa, no entanto, é a taxa de expansão no segundo trimestre do ano.
A presidente também se equivocou ao dizer que a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, não apura desemprego. Com metodologia diferente da pesquisa mensal de emprego também do IBGE, a Pnad calculou desemprego de 7,1% em todo o país no primeiro trimestre do ano, enquanto a pesquisa tradicional, limitada às seis principais regiões metropolitanas, apurou taxa de 4,9% em abril.
Dilma disse ainda, sobre o desemprego, que “ninguém tem no mundo taxa de 4,9%”. Vários países têm taxas semelhantes ou inferiores, casos de China, Japão, Rússia, Coreia do Sul, Áustria, Suiça, Tailândia e outros.
Durante a entrevista, Dilma afirmou que a redução da participação dos bancos públicos inviabilizaria a realização de obras de infraestrutura no país. A presidente também afirmou que o Brasil está na defensiva na área econômica e depende de uma melhora na economia dos Estados Unidos para voltar a crescer.
Questionada sobre se estava satisfeita com o crescimento econômico brasileiro, Dilma apenas respondeu “não”. “O Brasil está na defensiva para proteger os empregos, salários e investimentos. Protegemos isso porque apostamos em uma retomada, em que vamos mudar de defensiva para ofensiva”, disse.
No entanto, para que isso aconteça, Dilma afirmou que o país depende de um crescimento dos Estados Unidos. “A gente tem de ver como que evolui a crise. [...] Os Estados Unidos evoluindo bem eu acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que precise de menos estímulos. Pode ficar entregue à dinâmica natural da economia, e pode, perfeitamente, passar por uma retomada”, disse.
Enfim, a imagem de Dilma já está construída. Só falta agora ser propagada. Além da imagem de incompetência e corrupção (ainda não explorada adequadamente pela oposição), temos a imagem da mitomania.
Há um problema gravíssimo relacionado a esse comportamento, pois mentir sobre números e apregoar vantagens inexistentes é uma forma de não precisar fazer realizações efetivas. Só que pessoas sofrem com isso. Vidas são destruídas. O uso de números falsos é uma forma de afronta ao cidadão. Ela simplesmente joga as vítimas de seu descaso governamental para debaixo do tapete.
É fácil ilustrarmos essa depravação. Segundo o DIEESE, a taxa de desemprego supera os 10%. Mas o governo mente ao dizer que a taxa de desemprego é somente 5%. Isso é um cuspe na cara de todos os 5% ignorados na informação governista. Em suma, até quando o povo brasileiro vai tolerar este tipo de acinte?
Mas também existe outro tipo de provocação: a da oposição, que não cobra de Dilma o preço por mentir tanto nos termos mais fortes possíveis. Agindo assim, eles colaboram para que ela passe ilesa mesmo que sua turma aja de forma tão vil contra o povo


Se Dilma pode ser facilmente pressionada por mentir tanto, a oposição pode ser pressionada da mesma forma a cobrar o preço dos governistas.

propaganda suja Dilma ofende toda a Polícia Federal ao usar a instituição para fazer propaganda suja



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Um ótimo texto do delegado federal e ex-diretor da Interpol Jorge Barbosa (publicado no site de Fausto Macedo, no Estadão), intitulado A Polícia Federal é do Brasil, dá uma dimensão do quanto o governo não tem medo de meter o pé na lama:
Quando a presidente Dilma Rousseff diz com orgulho que são os órgãos de seu governo que estão investigando os escândalos de corrupção da Petrobrás ela está, em realidade, esbofeteando os 13.000 policiais federais que compõem o Departamento de Polícia Federal. Trata-se do mais puro uso político do trabalho de uma instituição que transcende a esse ou aquele governo.
Tal afirmação consubstancia-se em verdadeiro escárnio, um desrespeito aos integrantes de uma corporação que só vêm conseguindo algum resultado nesse governo, unicamente em razão da abnegação de seus agentes e delegados.
A sociedade melhor entenderia que, apesar desse governo, a Polícia Federal, órgão permanente do Estado brasileiro, e assim como tal previsto na Constituição da República, conseguiu um sucesso histórico na condução da Operação Lava a Jato, que desvendou a máquina de desviar dinheiro instalada na Petrobrás.
O que de fato vem sendo observado, principalmente por nós, policiais federais, é o empenho do atual governo para controlar politicamente as ações da polícia judiciária da União.
Poderíamos citar um grande número de dissabores aos quais fomos submetidos, todos devidamente disfarçados em medidas “de gestão”, e impostos pelo atual governo à Polícia Federal. Contudo, em se tratando do tema “autonomia”, é imperioso registrar que na administração do atual Ministro da Justiça foi estabelecido o “vazamento institucional” na Polícia Federal.
Explico: a aplicação do Decreto nº 7.689/2012, à Polícia Federal, impõe a prévia autorização ministerial para a concessão de diárias de servidores em missão. Com 123 unidades em todo o país, para atender 5.561 municípios, a Polícia Federal se vê refém do Governo Federal em ter as suas grandes operações repressivas sendo indiretamente monitoradas por meio deste Decreto.
O artigo 7º do aludido Decreto acaba sendo, de fato e de direito, um mecanismo que viabiliza o conhecimento prévio e o controle das operações da Polícia Federal, uma vez que o deslocamento de 3 a 10 servidores por período superior a 40 dias indica uma possível operação de inteligência, bem como o arregimentação de mais de 10 servidores para o mesmo evento por 2 a 5 dias indica a deflagração de uma grande operação.
Por exemplo, na solicitação para um contingente de 250 policiais federais, percebendo três dias e meio de diárias na cidade de João Pessoa/PB, fica claro que encontra-se em curso medidas visando deflagração de uma operação repressiva de grande porte na capital paraibana. Tal situação é uma afronta aos princípios da compartimentação e sigilo das operações policiais.
É importante que a sociedade brasileira saiba que o orçamento da Polícia Federal no Governo Dilma caiu drasticamente. E assim também está ocorrendo com os recursos das diárias e passagens e, igualmente, diminuíram substancialmente os recursos das operações sigilosas, de modo que as ações policiais contra políticos são realizadas com verba não sigilosa, exatamente esta que depende dessa autorização do Ministério da Justiça.
Obrigar a Polícia Federal a pedir autorização para pagar diárias de policiais, e, por conseguinte, dar conhecimento prévio a servidores do Ministério da Justiça, sobre as operações em andamento, é uma forma indireta de o Governo controlar as operações do DPF.
Em qualquer academia de polícia de qualquer país do planeta, ensina-se que as operações policiais têm seu sucesso garantido na medida em que o seu sigilo absoluto é preservado.
Talvez, aqui no Brasil, em razão de não termos quase ninguém do estamento político-governamental envolvido no cometimento de crimes graves, a coisa seja um pouco diferente.
 
 
Alias, a declaração de Dilma dizendo que uma investigação da Polícia Federal significa que “o PT investigou” é gravíssima mesmo que fosse avaliada de forma isolada. Em conjunto com os argumentos contundentes de Jorge Barbosa, temos o “timing” para que a oposição (em especial Aécio Neves) seja cobrada moralmente por omissão ao não desmascarar a presidente e sua campanha.

Qualquer análise moral/racional levará qualquer ser humano decente a notar que essa afronta aos policiais federais não pode ficar barata.

Governo petista desmantelou até o sóbrio e eficiente IBGE e quer mais tempo para prosseguir sua sanha destruidora da ÉTICA, da MORAL, da FAMÍLIA, da PÁTRIA e de todos os valores



No Brasil, o crime hediondo e depravado é feito por quem não conhecemos;               já o crime cometido por quem faz parte do nosso círculo de relações é erro de cálculo 

 

 


Talvez a palavra “autoritarismo” seja a mais adequada para caracterizar a nossa índole política. Veja bem: eu falo em caracterizar, e não em definir. Somos também anárquicos, malandros e lenientes — portanto, antiautoritários em certas situações, e tais comportamentos dependem de ideologias, partidos e pessoas. Sobretudo dos amigos, e daí vem, paradoxalmente, o problema da impunidade que impede castigar delitos flagrantes precisamente porque não julgamos os crimes, mas quem os praticou. Se o autor é um desconhecido, somos implacáveis e fascistas, mas, se é um amigo, ele tem a nossa condescendência e a nossa compaixão. 

 
Afinal, falamos autoritariamente, mas sem perceber: “Este eu conheço! É pessoa de bem, tinha suas razões!”. O crime, como disse um dia o presidente Lula, foi cometido por meros (e inocentes) “aloprados”; e o mensalão foi uma trivialidade num sistema político recheado de corruptos. 


O problema é que a trama dos favores que une os poderosos é muito densa para não ser descoberta por algum maldito jornalista investigativo ou revelada por alguma rede ou câmara de televisão. 


 
No Brasil, o crime hediondo e depravado é feito por quem não conhecemos; já o crime cometido por quem faz parte do nosso círculo de relações é um erro de cálculo ou um descuido. Donde o inocente e mendaz: “Eu não sabia...” Nosso autoritarismo ainda não entendeu que, numa democracia, somos simultaneamente construtores e habitantes de um mesmo teto!


 
O dado novo é a desmistificação do governante como uma pessoa predestinada e superior que pode tudo. Sobretudo roubar. E a questão hoje em dia não é mais de ter sido pobre ou das competências de como resolver os problemas, mas do modo pelo qual esses problemas serão resolvidos. No Brasil atual, nem Stalin ou Hitler teriam sucesso, porque o modo de governar está intrinsecamente ligado à roubalheira amistosa, vista como normal, aceitável e inevitável. 


O governar como um serviço e uma entrega baseada no resgate de valores, mais do que de rotineiras receitas técnicas, é o que está faltando neste nosso Brasil prestes a eleger um novo presidente. 


É preciso liquidar com o autoritarismo do “todos fazem” e nós também fizemos, mas, infelizmente, a imprensa reacionária propagou de modo exagerado e ilegítimo o nosso delitozinho, inventando um “mensalão” petista que jamais existiu. O do PSDB é real, o nosso é fantasia reacionária. Por isso, tivemos que lutar para realizar uma revisão de todo o quadro legal e praticamente reformulamos as sentenças e a tese do julgamento. Contra isso, só um temporal de ética que comece discutindo o personalismo. Esse personalismo que atribui mais responsabilidade às pessoas do que às questões que demandam a cooperação de todos para serem resolvidas.


Quem é a autoridade? Saber quem manda (ou é o “dono da bola”) é, sem sombra de dúvida, a questão que mais nos aflige. Competir com uma pessoa — usando argumentos pífios — é mais importante do que contribuir para resolver um problema crucial. Quando o mandão é óbvio, não há problema. Mas, quando não existe consenso sobre quem é o mais importante, ficamos aflitos, e o conflito deflagra os bate-bocas mal-educados, visando à “desconstrução”, que são a primeira consequência do nosso desconforto com a igualdade. No fundo, sempre achamos que as pessoas são mais importantes que os problemas e é exatamente isso que tipifica o personalismo que leva ao autoritarismo. Nele, o centro é sempre a pessoa, e elas são tão poderosas que frequentemente fazem com que os problemas (bem como as normas e leis) sejam esquecidos ou ultrapassados. 


O dinamismo democrático conduz a uma troca de cadeiras. Se não fosse um exagero, eu diria que essa transparência e esse embaralhamento entre o público e o íntimo têm tido um efeito revolucionário de desmistificar precisa e paradoxalmente os revolucionários de plantão. É o que o nosso pífio programa eleitoral tem o dom de revelar. Nele, os batedores de carteira usuais surgem com clareza, mas é fascinante descobrir o fascismo aberto dos candidatos revolucionários para quem todo o mal do mundo é produzido pelos banqueiros. 

A satanização é um reducionismo absurdo.


Como contrapeso, porém, temos a campanha dilmista falando de um futuro governo aberto às forças do empreendedorismo, do lucro e do mercado que o PT sempre rejeitou, ao lado de uma visão francamente autoritária e contraditória relativamente ao papel da mídia. Ao jornal cabe informar! — diz a presidenta. E nós, na nossa luta para desmistificar o mundo público nacional, livrando-o dos seus sofismas personalistas, familísticos e autoritários, ficamos abestalhados com a revelação da índole (do geist, como diria um sociólogo alemão) deste governo que tem desmantelado o Banco Central, a Petrobras, os Correios e agora um impecável IBGE nesta ultima década, e que ainda quer mais tempo para prosseguir.


Por: Roberto DaMatta é antropólogo - O Globo

Áudio: senador do PT da Bahia responsabiliza seu partido por caixa dois. Ouça gravação!



Por Robson Bonin, na VEJA.com:

A edição de VEJA desta semana revelou um esquema milionário de desvio de verbas de programas sociais para campanhas do Partido dos Trabalhadores na Bahia. De 2004 a 2010, valendo-se de uma organização não governamental fundada por militantes, o PT conseguia desviar recursos de administrações petistas diretamente para o caixa dois eleitoral de campanha. Em entrevista à revista, a presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, entregou uma lista de políticos e dirigentes petistas que se locupletavam da verba desviada inclusive do Fundo de Combate à Pobreza na Bahia. Além de deputados federais, deputados estaduais, secretários do governo Jaques Wagner (PT) e até integrantes do governo Dilma Rousseff, Dalva Sele aponta o vice-líder do PT no Senado, Walter Pinheiro, como um dos principais beneficiários do esquema. Segundo ela, parte da campanha de Pinheiro para prefeito de Salvador, em 2008, foi financiada com dinheiro sujo.

Confrontado por VEJA sobre as declarações de Dalva Sele, o senador contou sua versão da história em dois telefonemas. Na primeira ligação, Walter Pinheiro admite ter recebido ajuda de Dalva Sele na campanha, mas nega ter feito caixa dois. Depois, no segundo telefonema, ele envolveu seu próprio partido. Ao reconhecer a montagem do esquema, o senador condenou o PT por tê-lo atirado num clássico esquema de caixa dois eleitoral: “Essa mulher (Dalva) pertencia às correntes do PT, as mesmas correntes que nacionalmente viviam se estapeando comigo por causa do negócio do mensalão. Ela não veio para a minha campanha pelas minhas mãos, ela veio a partir das relações delas dentro do PT.”

As duas entrevistas concedidas por Walter Pinheiro foram gravadas. A primeira foi registrada na reportagem de VEJA que está nas bancas. A segunda foi publicada no site de VEJA. Ao ser questionado por suas declarações o senador resolveu voltar atrás nas suas palavras. Nota de sua assessoria diz: “A matéria foi uma interpretação do repórter da revista, publicada fora do contexto do diálogo estabelecido, e parcialmente reproduzido por este site. Em nenhum momento, Pinheiro culpa o partido, mas uma ‘pessoa se dizendo ser do PT’”, diz Pinheiro em nota distribuída à imprensa. Ouça os trechos da entrevista em que Walter Pinheiro responsabiliza o PT pelo caixa dois eleitoral na Bahia.
Para ouvir a gravação, clique aqui

Por Reinaldo Azevedo



No 2º turno, o que pretende fazer o PT? Acusar a adversária de roubar pirulito de clorofila de criancinhas desamparadas?


Pesquisa Ibope: números estão congelados há três semanas; Marina resiste à pancadaria petista. No 2º turno, o que pretende fazer o PT? Acusar a adversária de roubar pirulito de clorofila de criancinhas desamparadas?

O Ibope divulgou a sua mais recente pesquisa presidencial. No primeiro turno, os números voltaram praticamente ao patamar de 23 e 24 de agosto — vale dizer: exatamente há um mês. Não custa lembrar que o horário eleitoral está no ar desde o dia 19 de agosto. Se a eleição fosse hoje, segundo o instituto, Dilma Rousseff, do PT, teria 38% das intenções de voto, contra 29% de Marina Silva, do PSB. Aécio aparece com 19%. Há um mês, estes números eram, respectivamente, 34%, 29% e 19%. Como se nota, só Dilma variou. Ainda assim, admita-se, dada a margem de erro de dois pontos, bem pouco: há um mês, ela tinha entre 32% e 36%; agora, ela tem entre 36% e 40%. É provável que tenha crescido, mas muito menos do que parece. O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 206 municípios do país entre os dias 20 e 22 de setembro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-755/2014. Os gráficos que aparecem neste post foram publicados pelo Portal G1:
IbopPe 1º 23.09
Segundo turno
Quando se analisa o segundo turno e se comparam os números com os do mês passado, aí, sim, há uma alteração relevante — a questão é saber se é tão relevante quanto Dilma e o PT gostariam. Vejam os gráficos.
Ibope 2º 23.09
Há um mês, como se pode constatar, a distância entre Marina, que estava na frente, e Dilma era de 9 pontos: 36% a 45%. Hoje, ambas estão empatadas em 41%. Mas vamos fazer outro recorte: há três semanas, os números estão no mesmo lugar, a saber: Marina: 43%, 43% e 41%; Dilma: 42%, 40% e 41%. Nas outras simulações de segundo turno, a variação se dá dentro da margem de erro.
O fato é que Marina, e os petistas sabem disto, está resistindo à pancadaria muito mais do que os companheiros imaginavam. E olhem que já fizeram de tudo. Depois de acusá-la de tentar roubar a comida do prato dos brasileiros e deixar as criancinhas sem escola, resta o quê? Faltam 11 dias inteiros para a eleição. Descontada esta terça, há mais quatro dias de propaganda eleitoral para a Presidência. Tudo caminha mesmo para um segundo turno ente as candidatas do PT e do PSB.
Na etapa final, as coisas mudam bastante. As duas candidatas terão o mesmo tempo na TV. Marina disporá, então, de condições para se defender dos ataques — e, eventualmente, para atacar também, ainda que a seu modo. Com absoluta certeza, não é esse o cenário com o qual contava o petismo.
Mais: olhemos os números do Ibope: do primeiro para o segundo turno, Dilma ganha apenas 3 pontos: de 38% para 41% — uma variação que está dentro da margem de erro. Marina ganha 12 pontos — o que quer dizer que recebe a esmagadora maioria do eleitorado que vota em Aécio no primeiro turno. Na hipótese de uma etapa final entre as duas candidatas, ainda é alto o índice dos que dizem que votarão em branco ou nulo: 12%. Digamos que parte desses eleitores decida fazer uma escolha: nesse caso, o que acaba definindo o voto é a rejeição. A petista é muito mais rejeitada do que a peessebista: 31% a 17%.
Ibope rejeição 23.09
A verdade é que, há três semanas, os números estão congelados, até os que dizem respeito à avaliação do governo. Vejam:
Ibope avaliação governo
Não, senhores! Os petistas não têm motivos para comemorar. Nesta semana e meia que falta para as eleições, salvo algum evento extraordinário, não há razão para haver uma alteração que não se verificou nas últimas três semanas. Aí virá o segundo turno. 

O PT vai tentar fazer uma disputa a sério com Marina ou pretende acusá-la de roubar pirulito de clorofila de criancinhas desamparadas? Se optar por essa estratégia, vai quebrar a cara, mas não serei eu a aconselhar o partido a fazer uma disputa decente.

Por Reinaldo Azevedo

Auditores do TCU pedem suspensão de repasses a obras de refinarias da Petrobras




Por Vinicius Sassine, no Globo:
A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades nos reajustes de contratos de obras de refinarias da Petrobras e pediu a suspensão cautelar dos repasses de dinheiro da estatal para alguns dos empreendimentos, entre eles a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, como consta em relatório preliminar de auditoria cuja votação em plenário está pautada para a sessão desta quarta-feira. A Petrobras usou índices distintos de reajustes para as refinarias em obra, o que levou ao superfaturamento de contratos, conforme o entendimento técnico.
 
O processo, relatado pelo ministro José Jorge, passou a ser o novo foco de preocupação e peregrinação de advogados da estatal no TCU. O procedimento que fiscaliza as cláusulas de reajustes dos contratos das refinarias foi aberto em 1º de abril deste ano e tem como responsável investigada a presidente da Petrobras, Graça Foster.
 
O processo integra o Fiscobras 2014, que investiga os repasses de recursos federais em obras públicas com o objetivo de subsidiar o Congresso Nacional na elaboração do Orçamento Geral da União. O TCU, ao fim desse procedimento, faz recomendações de paralisação ou de continuidade das obras, conforme os índices de gravidade. A decisão final é dos parlamentares.
 
Em quase cinco meses de auditoria, a área técnica do tribunal analisou 52 contratos referentes a projetos de refinarias da Petrobras em andamento. Estão em obras Abreu e Lima, em Pernambuco; o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj); a Premium 1, no Maranhão; e a Premium 2, no Ceará. A partir do relatório de auditoria, o ministro José Jorge elaborou o voto a ser apresentado em plenário, o que está previsto para a sessão desta quarta.
 
Se o relator e a maioria dos demais ministros concordarem com a suspensão dos repasses a Abreu e Lima, a Petrobras corre o risco de não cumprir a promessa de inaugurar a refinaria já no próximo mês de novembro. José Jorge não fala a respeito do processo. Tanto o relatório técnico quanto o voto podem ser alterados.
 
Advogados da Petrobras compareceram ao gabinete do ministro na segunda-feira e hoje, como parte da estratégia para derrubar os argumentos da unidade técnica. Os defensores jurídicos da estatal já informaram quem fará a sustentação oral em plenário e entregaram a defesa por escrito. O ponto central sustentado pelos advogados é a inexistência de qualquer tipo de superfaturamento por conta de eventuais índices discrepantes usados em contratos de obras de refinarias.
 
A refinaria de Abreu e Lima é o projeto da Petrobras mais fiscalizado pelo TCU, com 23 processos abertos pelo tribunal – 12 ainda estão em curso. Auditorias já apontaram um superfaturamento de R$ 1,1 bilhão nos contratos da refinaria. O primeiro orçamento da refinaria era de US$ 2,3 bilhões. Quando for inaugurada, terão sido gastos mais de US$ 20 bilhões.  O suposto esquema de desvio de recursos e pagamento de propinas montado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ocorreu a partir dos contratos superfaturados de Abreu e Lima, conforme as investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Lava-Jato. Costa, preso no Paraná, está em processo de delação premiada, acertado com o MPF.
 
O TCU ainda não finalizou a análise do processo sobre o bloqueio de bens de diretores e ex-diretores da Petrobras apontados como responsáveis por um prejuízo de US$ 792,3 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. A maioria dos ministros já votou para livrar Graça da medida, mas uma decisão definitiva ainda não ocorreu por conta de um pedido de vista do ministro Aroldo Cedraz. A partir da conclusão desse recurso, serão abertas as tomadas de contas especiais para apurar as responsabilidades e tentar o ressarcimento de recursos aos cofres da estatal.
 
Por Reinaldo Azevedo

Pastor Everaldo acusa Dilma: ‘ladrões!’


Josias de Souza

A pregação eleitoral do Pastor Everaldo não atraiu o rebanho de eleitores que o presidenciável do PSC desejava. Mas rendeu-lhe uma inimizade eterna. Dilma Rousseff guerreia no Tribunal Superior Eleitoral para ocupar o horário eleitoral do pastor. Reivindica o direito de responder à propaganda acima, levada ao ar em 13 de setembro. Nela, Everaldo diz coisas assim:

“Lamentavelmente, no Brasil de hoje, bilhões de reais somem no ralo da corrupção. O meu, o seu, o nosso dinheiro está sendo roubado por esse bando de ladrões. Hoje fica claro, o mensalão foi apenas o começo da maior roubalheira da história desse país. Agora, novamente vemos membros ligados ao governo do PT envolvidos em um escândalo ainda maior.”

Em representação protocolada no TSE, Dilma queixou-se de que a propaganda do pastor lhe atribui, de forma injusta e ilegal, a responsabilidade por supostos atos de corrupção praticados na Petrobras.

Acha que o comercial induz o eleitor a tomar como verdadeira a tese segundo a qual haveria no governo um esquema permanente de desvios de verbas, tramado por um “bando de ladrões.”

Chamado pelo TSE a manifestar-se sobre a pendenga, o procurador-geral da República Rodrigo Janot deu razão a Dilma. Em parecer enviado ao ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, relator da representação contra Everaldo, o chefe do Ministério Público Federal considerou a propaganda “caluniosa e injuriosa”. E opinou a favor do deferimento do pedido de resposta de Dilma.

O caso agora será levado ao plenário do TSE, composto de sete ministros. O mesmo colegiado que julga um pedido de Marina Silva para responder à propaganda em que a campanha de Dilma sustenta que a independência do Banco Central faria sumir a comida do prato dos pobres.

No comercial que abespinhou Dilma, o Pastor Everaldo indaga: “Será que o Brasil aguenta mais quatro anos dessa roubalheira?” Ele insinua que falta responsabilidade à presidente que, até outro dia, contava com o apoio do PSC no Congresso. “Chegou a hora de mudar para um governo responsável,” diz agora o pastor. Na peça, ele faz uma promessa: “Como presidente, você jamais vai me ouvir dizer a frase: ‘eu não sabia de nada’.”

De fato, Everaldo não repetirá o bordão de Lula e Dilma. Não que seu hipotético governo vá extinguir o regime da ilicitocracia. O problema é que Deus, embora exista, ainda não foi convencido de que a Presidência do irmão Everaldo deva existir. Seja como for, deve-se torcer para que Dilma prevaleça no TSE. Será divertido assistir a mais um sermão do discípulo João Santana.

Aliados receiam que Marina se isole no 2º turno




Josias de Souza



Coordenador da campanha de Marina Silva, Walter Feldman disse aos repórteres Fernando Canzian e Bernardo Mello Franco que, se for eleita, a substituta de Eduardo Campos não deixará de negociar e dialogar com representantes do que ela chama de “velha política”. Aliados de Marina no PSB e no PPS avaliam que, para chegar à Presidência, ela terá de demonstrar sua insuspeitada vocação para o diálogo a partir de 6 de outubro, na largada do segundo turno.



Campanha presidencial 2014 

23.set.2014 - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, dividiu palanque e pediu votos para o deputado Paulo Bornhausen (à esq.), herdeiro de uma das mais tradicionais famílias de Santa Catarina. Candidato ao Senado pelo PSB no Estado, Paulinho, como é conhecido, é filho do ex-senador Jorge Bornhausen, que foi governador biônico de Santa Catarina na época da ditadura Leia mais Charles Guerra/Agência RBS/Estadão Conteúdo

Um dos correligionários de Marina que sabe fazer contas afirma que a candidata deve passar para a segunda etapa da disputa com a decisiva ajuda do eleitorado de São Paulo, Paraná e Goiás, três Estados governados pelo PSDB. Será que ela terá maturidade para dialogar com os tucanos Geraldo Alckmin, Beto Richa e Marconi Perillo?, pergunta o aliado de Marina aos seus botões, que não respondem porque até os botões sabem que estão lidando com uma personagem imprevisível.


A conversão de Marina em cabeça de chapa da coligação do PSB e sua meteórica ascensão nas pesquisas tinham silenciado as críticas ao purismo político da candidata. As queixas retornam num instante em que o fenômeno, sob ataques de Dilma Rousseff e de Aécio Neves, perde o ímpeto inicial. Chegou a hora de fazer política, receitam os aliados de Marina. Até para exorcizar a tese de que um hipotético governo dela entraria em colapso por falta de apoio congressual.


De resto, argumenta-se que, numa disputa apertada, Marina precisa solidificar e ampliar suas principais cidadelas, para compensar o eventual avanço de Dilma em Estados como Minas Gerais. Teme-se que, na hipótese de Aécio ficar pelo caminho, parte do seu eleitorado mineiro migre para Dilma, não para Marina. Isso porque os eleitores de Minas não parecem contagiados pelo vírus do antipetismo, muito presente em Estados como São Paulo e Paraná.


Avolumam-se as reclamações contra o tratamento que Marina e seu staff dispensam aos candidatos a deputado federal e estadual de sua própria coligação. Muitos contam que não foram admitidos nos palanques da candidata. Outros se sentem discriminados e até hostilizados em eventos partidários. Um aliado de Marina resume a cena: são esses candidatos a deputado que mantêm exércitos de cabos-eleitorais nas ruas. Maltratar essa gente é, acima de tudo, uma burrice.

Marina: ação de Dilma para o meio ambiente é retrocesso

Eleições 2014 VEJA


Candidata decidiu intensificar agenda na Região Sul do país e visita três Estados nesta terça-feira – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Talita Fernandes, de Florianópolis, com fotos de Ivan Pacheco

Candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, participa de evento de campanha em Florianópolis (SC) - 23/09/2014
Candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, participa de evento de campanha em Florianópolis (SC) - 23/09/2014 - Ivan Pacheco/VEJA.com


Depois de cancelar sua ida à Cúpula do Clima, em Nova York, a candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, criticou nesta terça-feira o discurso de sua adversária, a presidente-candidata Dilma Rousseff durante o evento.


"A presidente Dilma fez uma fala se reportando somente ao passado. Não sinalizou nenhum compromisso para o futuro e ainda não assinou o acordo sobre proteção das florestas. Dos países relevantes que têm florestas, o Brasil é um dos maiores e foi um dos únicos que não assinou a carta, o que é lamentável. O Brasil não precisa dar uma sinalização trocada como essa. Nós podemos juntar economia com ecologia", criticou, durante entrevista coletiva em Florianópolis (SC), na tarde desta terça-feira.


Marina disse ainda que a falta de atitude nas questões ambientais não prejudica apenas a floresta e a biodiversidade, "mas também o futuro da agricultura brasileira, porque as chuvas do Sul e do Sudeste são produzidas pela Amazônia". Ela classificou as ações do governo brasileiro em relação ao meio ambiente como "retrocessos".


"Quando o governo, com políticas erráticas, retrocede em relação a processos que vêm sendo encaminhados a muito tempo para que se tenha uma agenda de desmatamento zero, isso é um grande retrocesso. Não só em relação ao compromisso com as florestas, mas também ao Protocolo de Nagoya, que o governo brasileiro não ratificou."


A presidente Dilma Rousseff decidiu fazer uma breve pausa em sua campanha e discursou nesta terça na Cúpula do Clima, apresentando um balanço das ações do seu governo para reduzir o aquecimento global. Embora não seja chefe de Estado, Marina foi convidada para participar da Cúpula do Clima por ser representante da América Latina desde 2011 no Millennium Development Goals (MDG) Advocacy Group, organismo que atua na mobilização global para que os Objetivos do Milênio sejam realizados até 2015. A candidata cogitou ir a Nova York, mas desistiu na última semana depois de sua equipe avaliar que uma pausa na campanha poderia agravar o cenário de queda nas pesquisas eleitorais.

No segundo turno – Embora tenha se mantido sempre reticente a cada questionamento de como serão as alianças no segundo turno, e de repetir com frequência que "segundo turno se discute no segundo turno", a candidata do PSB falou com convicção em seu discurso em Florianópolis sobre disputar a rodada final com Dilma. "A vitória nessa campanha virá de uma nova postura. Esta postura já está dando resultado, estamos no segundo turno, e no segundo turno o tempo é igual, dez minutos a dez. Nós vamos poder falar da nossa proposta."

A candidata tem deixado no ar como fará alianças num eventual segundo turno. Ela tem repetido a cada questionamento que respeitará os governadores eleitos e que é importante que no primeiro turno cada partido defenda sua candidatura. Embora não afirme que fará alianças na segunda etapa do processo eleitoral, Marina também não tem negado essa possibilidade.

Bornhausen – Em agenda de campanha em Florianópolis, capital catarinense, Marina foi questionada sobre sua aliança com a família Bornhausen, ligada à direita. Na chapa estadual, o deputado Paulo Bornhausen disputa o Senado pelo PSB e participou nesta terça de dois eventos ao lado da ex-senadora. "Desde 2010, eu digo que há pessoas boas em todos os partidos e em todos os lugares. Essa é a nova política. Quem está fazendo a nova política é a sociedade brasileira, que não fica mais comprando a ideia de que pessoas boas só existem dentro do partido que se intitula o melhor. Eu repeti desde o início quando me fizeram esse questionamento", disse.

Marina enfrentou protestos de um grupo de jovens da União Jovem Socialista após a inauguração de um comitê na região central da cidade. "O Paulo é herdeiro de um nome, de um pai que tem um posicionamento político e uma ideologia. Se perguntarem aos ambientalistas, das pessoas que viram o seu trabalho como secretário de Meio Ambiente, testemunham que ele tem um posicionamento compatível com a agenda que eu acabei de mencionar com as questões de floresta, de proteção ambiental. (...) Eu não vou dizer que uma pessoa, por ter um laço de parentesco, deva ser punida ideologicamente por esse lado de parentesco."

Diante do crescimento do candidato tucano Aécio Neves nas intenções de voto na Região Sul, Marina decidiu intensificar sua agenda nos três Estados. Nesta terça, ela esteve em Curitiba (PR) pela manhã e cumpre agenda em Porto Alegre à noite.