sábado, 8 de junho de 2019

Áreas Protegidas: Por que, pra que e pra quem?Parte I.

Áreas Protegidas: Por que, pra que e pra quem? artigo de Ricardo Luiz da Silva Costa

Áreas Protegidas: Por que, pra que e pra quem?

Por Ricardo Luiz da Silva Costa1
artigo

[EcoDebate] Em princípio, o termo preconceito carrega em si um ideário negativo repleto de pessimismo; logo, os reflexos desse tipo de comportamento humano são os piores possíveis, tanto para o próprio homem quanto à vida em sociedade. Assim, muitos erros, várias injustiças e frequentes tragédias ocorrem diariamente por conta de pensamentos e comportamentos movidos por olhares preconceituosos. Isto porque, o sujeito formula e emite sua opinião, de forma abrupta, sem antes conhecer a fundo o cariz essencial do predicado analisado.


E aí o leitor, subitamente, se pergunta, e daí? O que isto tem a ver com Áreas Protegidas?
Neste artigo se pretende repercutir sobre os efeitos negativos resultantes da visão distorcida, causada pelo olhar preconceituoso, de parcela significativa da sociedade em relação a presença de Áreas Protegidas (APs), seja em espaços fisiográficos municipais, estaduais e federais.


Nesta perspectiva, em relação a temática ambiental de modo geral, se coloca que a origem desse problema decorre de uma somatória de fatores ligados a concepções culturais, filosóficas e pedagógicas vigentes na sociedade nacional, desde a sua origem até os dias atuais, que engendraram dois tipos de pensamentos recorrentes e antagônicos diante dessa questão que envolve as interações entre homem e natureza, economia e ecologia, conservação e uso dos recursos da biodiversidade. 


Assim, nós temos as seguintes consociações em atuação conflituosa nesse cenário nacional: De um lado, os preservacionistas, e do outro, os imediatistas. Os primeiros, às vezes preconceituosamente chamados de “ecochatos”, defendem a intocabilidade dos recursos naturais, para fins econômicos. Os segundos, também chamados de “inimigos da natureza”, praticam o abuso ou uso predatório dos recursos naturais, a qualquer custo. 


Convém lembrar que, ambos os tipos estão equivocados e os extremos são condenáveis. E, certamente que, à luz da ciência e da razão, deve existir o caminho meio-termo, a terceira via, que conduzirá, de modo prudente e seguro, a sociedade nacional em comunhão com a utilização racional e responsável dos recursos de nossa natureza, sem exagero nenhum, fonte incomensurável de riquezas primárias, que, se cautelosa e inteligentemente aproveitadas e transformadas em bens e serviços, podem colocar o Brasil entre as mais prósperas e respeitadas nações do mundo.


Desde já, identificamos essa terceira via, viável, razoável e responsável, como aquela fundada em bases conservacionistas. Isto é, em que se faz a utilização dos recursos naturais, sem, contudo, destruir ou esgotar os processos de produção e regeneração dos ecossistemas naturais com fins econômicos; ao tempo em que, mantém protegidos os processos de produção e regeneração dos ecossistemas naturais com fins ecológicos.


No desenvolvimento deste ensaio abordaremos, especificamente, do ponto de vista das APs, sobre os modos de percepção desses grupos sociais acima identificados, em relação ao conceito e a figura física que representa uma Área Protegida (AP), tanto no contexto local quanto no global, enquanto fator catalizador à promoção de bem-estar das populações humanas, de manutenção e regulação das funções da biodiversidade, dos ecossistemas naturais, e bens culturais associados. Da mesma maneira, como associá-las ao status de oportunidade, na perspectiva de consolidação dessa terceira via, pavimentada em bases conservacionistas, enfim, que permita a correlação e concretude efetiva das teses do Desenvolvimento Sustentável.


Aspectos Conceituais
Por que e o que são Áreas Protegidas (APs)?
Em rigor, segundo definição da Comissão Mundial de Áreas Protegidas, órgão pertencente a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), autoridade mundial sobre a proteção da natureza e dos recursos naturais, uma Área Protegida (AP) significa:

Um espaço geográfico definido, reconhecido e destinado ao manejo, através de instrumento legal ou outro meio efetivo, com o objetivo de promover a conservação da natureza a longo prazo, com seus ecossistemas associados e valores culturais. ”

De onde se depreende que uma AP representa uma área natural do globo terrestre, com o seu ecossistema, demarcada com objetivos bem definidos para fins de conservação e preservação dos recursos naturais ou valores culturais do local, por isso colocada em Regime Especial de Administração; ou seja, para cumprir tais objetivos e finalidade precípua, também precisa ser equipada de instrumentos legais e de gestão visando alcançar sua efetividade.

Aqui, de uma forma didática oriunda da ciência florestal, se considera o termo conservação (manejo) para indicar a utilização econômica (benefícios), de modo direto, porém em bases técnico-científicas, dos recursos naturais de um determinado ecossistema. E preservação (manejo) para designar a utilização ecológica (benefícios), de modo indireto, dos recursos naturais de um determinado ecossistema, porém, de igual forma obedecendo a um manejo técnico adequado.


Para que, e a quem servem as APs?
Geralmente esses espaços são de domínio público com propósito de proteção e garantia de direitos constitucionais, individuais e coletivos, tendo em vista se vivenciar “ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”; porém, ainda conforme o texto constitucional, também, pode ser de domínio privado, com mesmo propósito.


Desse modo, diferente do que muitos imaginam, uma AP serve, sobretudo, para garantir direitos assegurados na Constituição Federal, com a geração de bens e serviços econômicos, ecológicos e sociais para todos os brasileiros. Pois que, semelhante a floresta que protege, abriga e produz, no contexto de uma AP funciona uma indústria natural, a produzir alimentos, remédios, matérias primas, oportunidades de trabalho e prosperidade, regularidade dos fatores climáticos e do abastecimento de água potável, manutenção e valorização da diversidade biológica e cultural, garantia da segurança nacional, entre outros benefícios diretos e indiretos para a sociedade.


Por outro lado, nas áreas consideradas como Não-Protegidas, se verifica de forma preocupante que, essas fontes de riquezas natural e cultural se encontram gravemente ameaçadas, ou em estágio terminal de degradação ambiental, nos ecossistemas terrestres, aquáticos e marinhos, não apenas no Brasil, mas, também, em escala planetária. Basta lembrar os atuais índices de desflorestamento, com reflexos diretos e graves no aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que causam o famigerado aquecimento global e as temidas mudanças climáticas em todo o planeta Terra; ao tempo em que, também, levam à perda de biodiversidade e extinção de espécies.


Apenas como citação, conforme estudos publicados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento-SAD, do Imazon, em Belém-PA, que desde 2006 faz o monitoramento e análise geoespacial do desmatamento na região da floresta amazônica, “Em março de 2019, a maioria (58%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em assentamentos (31%), Unidades de Conservação (9%) e Terras Indígenas (2%)”.  


Porém, diga-se de passagem, em grande parte dessas ocorrências de desmatamento pontuadas dentro de APs, se for feita uma investigação mais profunda se revelará que as mesmas decorrem de origens clandestinas e dolosas, via de regra, associadas a questão das queimadas na região.


Convém mencionar ainda, os casos noticiados diariamente pelos meios de comunicação, no tocante aos problemas de poluição e esgotamento de fontes de insumos e matérias primas, em suas variadas formas de ocorrência e escalas de intensidade, nos ares, nos solos, nos lagos, nos rios, nos oceanos, enfim, em todos os lugares, afetando dramaticamente a qualidade de vida e ambiental das pessoas, nos campos e nas cidades.

Nessa perspectiva, se considerar apenas uma dessas ações deletérias sobre a natureza e ao próprio homem, já seria motivo suficiente para mudarmos o modo de percepção em relação ao conceito de APs, no sentido de suas importância e valorização, enquanto necessidade vital de sobrevivência da biosfera terrestre, em todos os níveis. Em resumo, as APs funcionam como único contraponto diante dos processos avassaladores de destruição, que hoje ameaçam ferozmente todos os ecossistemas do planeta.

Donde se infere que, ao mesmo tempo, as APs servem tanto ao Brasil, quanto à Nação Brasileira, na totalidade. Assim como, dependendo da escala de intensidade dos benefícios gerados e alcançados, podem servir, também, ao planeta. Sem que isto, contudo, represente algum tipo de ameaça à soberania de qualquer País. Muito ao contrário, os significados devem ser outros: de liderança, de reconhecimento, de oportunização, e valorização desses espaços especiais de riquezas reais e potenciais, do País que os possui, que por isso devem ser mantidos protegidos.

Ainda bem que ao redor do mundo todo existe uma rede de APs, com essa finalidade de servir como mecanismo próprio de proteção e controle homeostático dos ecossistemas naturais, em contraponto às ações antrópicas impactantes da sociedade moderna, em relação aos ambientes naturais e culturais, em todo o planeta Terra. Segundo a organização civil, Conservação Internacional (Conservation Internacional, em inglês), existem no mundo 17 países considerados extremamente biodiversos, ou megadiversos, por reunirem em seus territórios um conjunto de atributos naturais e culturais de riqueza imensurável, quer seja do ponto de vista da economia mundial, quer seja pela manutenção e regulação dos sistemas vivos do planeta, quer seja pelos padrões e processos históricos e evolutivos da humanidade. 


Felizmente, o Brasil ainda mantém cadeira cativa na composição desse grupo seleto de países megadiversos, exercendo papel preponderante de liderança, junto com outros poucos, sobretudo, por conta de suas características de dimensão continental somada a grande variedade de biomas e culturas dispersados nesse imenso território brasileiro.


Atenção> Nas próximas edições continuaremos com outros tópicos atinentes ao tema. Até a próxima.
1 Engenheiro Florestal, Especialista em Gestão Florestal e Mestre em Gestão de Áreas Protegidas.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/05/2019

Áreas Protegidas: Por que, pra que e pra quem? artigo de Ricardo Luiz da Silva Costa

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 8/05/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/05/08/areas-protegidas-por-que-pra-que-e-pra-quem-artigo-de-ricardo-luiz-da-silva-costa/.

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Mas, afinal, é possível eliminar resíduos de agrotóxicos da água e dos alimentos?

Mas, afinal, é possível eliminar resíduos de agrotóxicos da água e dos alimentos?


Após revelação de testes realizados entre 2014 e 2017 que apontaram água contaminada em cidades de todo o Brasil, nossa reportagem buscou entender como purificar seu alimento


agrotóxicos nos alimentos

Por Pedro Grigori, Agência Pública/Repórter Brasil
A Pública

O brasileiro nunca consumiu tanto agrotóxico quanto hoje. O número de produtores que usam pesticidas na plantação cresceu 20% em 10 anos, segundo o IBGE, enquanto a aprovação para comercialização dos químicos subiu 135% em uma década, conforme mostrado nos novos registros publicados pelo Ministério da Agricultura. Apenas este ano, a pasta aprovou 169 novos produtos agrotóxicos e publicou a liberação de outros 197 registros.

Hoje são 2.263 produtos agrotóxicos no mercado, e um uso anual de mais de 500 mil toneladas, segundo o Ibama. Os venenos podem entrar no corpo por meio de contato com a pele, mucosa, pela respiração e pela ingestão. O risco é crescente devido à dificuldade em retirar os pesticidas dos alimentos e até mesmo da água.

Segundo pesquisadores consultados pela reportagem, ainda não há no mercado métodos que retirem totalmente o agrotóxico da água – o que reforça a importância de as autoridades monitorarem a qualidade da água.

Já no caso dos alimentos, deixar os produtos de molho na água sanitária, bicarbonato de sódio ou vinagre pode ajudar a retirar os tóxicos impregnados nas cascas – mas a medida não tem efeito nos casos em que o veneno chega à parte interna do produto.

Segundo dados do Ministério da Saúde dentro do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), mais de 1.300 cidades encontraram resíduos de agrotóxicos na água que sai das torneiras em medições feitas entre 2014 e 2017. Embora a maioria esteja abaixo do limite legal permitido no Brasil, não existem estudos sobre o potencial da mistura de diferentes agentes químicos.

O levantamento também descobriu que dentre os 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017.

A maioria dos filtros encontrados no mercado, como o de barro, não têm capacidade de retirar os agrotóxicos. “Uma vez que o pesticida chega na água, ainda não se tem um processo bem substanciado e que garanta que o cidadão possa usá-lo para fazer a purificação”, diz o professor Antônio da Hora, que ministra disciplina de Recursos Hídricos no Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O motivo são as transformações sofridas pelo pesticida. “Quando o princípio ativo cai na água de um rio, que pode servir de fonte de abastecimento, as moléculas sofrem vários processos químicos e microbiológicos. A degradação se dá via luz do solar, além da oxidação, e a molécula produz outros compostos, chamados de subprodutos. Um agrotóxico pode ter um, dois, três ou até mais subprodutos”, explica a professora e pesquisadora do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina Maria Josefá Yabe.

Porém, o professor de Recursos Hídricos da UFF Antônio da Hora informa que a população não precisa entrar em pânico sobre a presença de pesticida na água. “Não vejo esse sintoma a nível nacional. Talvez em uma região pontual ou outra, próximas às áreas de produção [agrícola]. Se você vê as resoluções do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que dão o limite máximo de agrotóxico na água, vemos que estamos bem abaixo”, explica.

De acordo com dados do Sisagua, 0,3% de todos os casos de pesticidas detectados na água entre 2014 a 2017 ultrapassaram o nível considerado seguro para cada substância, de acordo com o limite legal brasileiro. Os limites brasileiros, porém, são inferiores aos europeus. Do total de torneiras brasileiras contaminadas, 12% estavam acima do limite considerado seguro na União Europeia.

Água engarrafada
Segundo especialistas, nem mesmo a água mineral seria totalmente segura, pois o recurso é retirado de mananciais subterrâneos ou nascentes, que não deixam de ser suscetíveis a contaminação. Entretanto, no caso de água mineral engarrafada, o produto precisa passar por uma avaliação criteriosa antes de chegar ao mercado. A cada três anos as empresas precisam apresentar à Anvisa uma análise completa da mercadoria.

A Resolução nº 274 de 22 de setembro de 2005 da Anvisa, que regulamenta a venda de águas envasadas e gelo no Brasil, define limites máximos permitidos das substâncias químicas que representam risco à saúde, inclusive de agrotóxicos. O glifosato, por exemplo, tem como tolerância 500 micrograma por litro.

Porém, um novo fabricante que pretenda vender água mineral não precisa passar por um processo de registro para colocar o produto no mercado, basta comunicar o órgão de vigilância local sobre o início da fabricação. “Para as águas envasadas, o foco das ações sanitárias está no controle pós-mercado, quando já estão em comercialização. Ressalta-se que todo estabelecimento que exerce atividade na área de alimentos deve ser inspecionado e licenciado pela vigilância sanitária local”, informou a Anvisa à reportagem.

A fiscalização do produto pode ocorrer durante a realização de atividades programadas ou como resultado denúncias, diz a agência fiscalizadora.

Cuidados que podem ser tomados com os alimentos em casa

Diferentemente da água, há modos simples de retirar os agrotóxicos impregnados em alimentos. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem um guia na página oficial onde dá recomendações, mas destaca que os métodos não surtem efeito nos casos em que o pesticida são absorvidos para a parte interna do alimento.

Na página, a agência ligada ao Ministério da Saúde recomenda “adquirir alimentos orgânicos ou provenientes de sistemas agroecológicos, assim como os chamados alimentos da ‘época’ (safra), que costumam receber, em média, carga menor de agroquímicos”. O guia explica que os pesticidas podem ser classificados em dois modos de ação, os sistêmicos e de contato. O primeiro grupo atua no interior das folhas e polpas, penetrando nelas. Já os de contato agem, principalmente, nas partes externas do vegetal, embora uma quantidade possa ser absorvida pelas partes internas. Com isso, lavar e retirar as cascas e folhas contribuem para a retirada de parte dos pesticidas, porém são incapazes de eliminar aqueles contidos no interior do alimento.

Os produtos sistêmicos são preferidos por muitos agricultores, e são usados principalmente quando a necessidade de atingir o alvo (erva daninha, fungo ou praga) é maior. O produto também rende mais. Enquanto é necessário mais de 70 gotas por centímetro quadrado de um fungicidas de contato, a quantidade usada do sistémico varia entre 30 e 50 gotas.

A Anvisa indica a imersão prévia dos alimentos por 20 minutos em água com hipoclorito de sódio (água sanitária), que pode diminuir também a contaminação por germes e micróbios.
Segundo a a professora Maria Hosana Conceição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB), o ideal é usar a água sanitária tradicional, ou seja, que contém apenas hipoclorito de sódio. Isso porque há diferentes versões com elementos que podem fazer mal à saúde.

O hipoclorito de sódio é um bom oxidante, auxilia na preservação do alimento que vai ser consumido in natura e na retirada dos agrotóxicos que não penetram no fruto. Com isso, os pesticidas concentrados na casca são minimizados”, explica a professora Maria Hosana Conceição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB). A professora destaca que o cloro é prejudicial a saúde humana, por isso depois de deixar o alimento de molho é necessário lavá-lo com água corrente para retirar totalmente os resíduos.

Além disso, a especialista indica também a utilização do bicarbonato de sódio. “É um produto que vai proteger o alimento e pode reagir com alguns agrotóxicos que não penetram o fruto, diminuindo a exposição alimentar. E o bicarbonato tem uma base fraca. Usado até mesmo para minimizar a acidez do estômago, ele não traz o risco à saúde que consumir o cloro traz. Não vai danificar o alimento e ainda minimiza o risco de exposição aos pesticidas”, pontua.

Projetos promissores
Com o avanço da tecnologia, produções científicas estão sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo para tentar acabar totalmente com a contaminação causada por agrotóxicos nos alimentos e nos líquidos ingeridos.

Um desses projetos é o GlyFloat, uma espécie de filtro-boia com microrganismos programados biologicamente para degradar resíduos de glifosato, o agrotóxico mais utilizado no Brasil, com mais de 173 mil toneladas vendidas apenas em 2017.

O projeto é da Equipe de Biologia Sintética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um jovem time de 17 alunos dos cursos de Biotecnologia, Biologia, Engenharia Física e Design de Produto com média de idade entre 20 e 22 anos.

A estudante de biotecnologia Deborah Schafhauser, 22 anos, explica que a ideia do projeto surgiu quando eles perceberam a dificuldade que as estações de tratamento de água tinham para retirar o glifosato no Rio Grande do Sul. “Vimos a oportunidade de alinhar o nosso conhecimento com as ferramentas que tínhamos dentro da universidade para criar o produto”, explica.
O projeto consiste em utilizar uma bactéria isolada da espécie Escherichia coli da linha K12 – que habita naturalmente no intestino de humanos e de alguns animais. Trata-se de uma das bactérias mais utilizadas na bioengenharia e microbiologia industrial.

Identificamos que o metabolismo dessa bactéria possui a capacidade de degradar o glifosato. Então, o objetivo do projeto é fazer com que a bactéria sinta necessidade de degradar o herbicida e assim conseguimos removê-lo da água”, explica. A bactéria é colocada dentro de um filtro. “Elas ficaram fixas no filtro, que vai ficar um rio ou estação de tratamento, como uma boia”, completa.

O projeto ainda está em fase de desenvolvimento, mas em outubro deste ano ganhará o mundo em uma das maiores competições de biologia sintética do planeta, o International Genetically Engineered Machine, a Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos, em Boston. Para bancar a viagem aos Estados Unidos e os custos do projeto, a equipe fez uma campanha de financiamento coletivo pela internet, onde conseguiram arrecadar cerca de R$ 32 mil.

Após a competição, continuaremos as discussões sobre o futuro do projeto. Gostaríamos de aplicar no mercado, levar as companhias de saneamento e assim tentar fazer o projeto chegar à população. Mas antes disso estamos focados em identificar os pontos a serem concluídos para entregar o melhor material”, conclui Deborah.

Espuma que absorve agrotóxicos
Outro projeto inovador vem da Universidade Federal de Minas Gerais e é liderado pela pós-doutoranda em Engenharia Metalúrgica e de Materiais Marys Braga Almeida. Consiste em utilizar poliuretano – conhecido pelo uso em espumas, como nas buchas para banho – para retirar agrotóxicos da água e de alimentos. “A ideia começou a ser executada no meu doutorado. O objetivo era criar esse material que pudesse retirar contaminantes orgânicos da água, como o pesticida, e que também fosse sustentável, podendo ser utilizado mais de uma vez”, explica.

Sua equipe conseguiu desenvolver uma espuma com reagentes de poliuretano de origem vegetal. “A metodologia consiste em imergir a espuma dentro do sistema, onde ele fica em contato com a água. Deixamos por um determinado prazo, e depois retiramos a espuma. No caso de alimentos, os colocamos dentro da água, junto da espuma”, completa a pesquisadora Marys Braga.

Após isso, os exames comprovaram a remoção dos contaminantes da água. “Com vários testes fomos aperfeiçoando o projeto. Hoje, é possível remover os herbicidas sem afetar os nutrientes dos alimentos. Conseguimos também utilizar a mesma esponja diversas vezes sem saturar o material, garantindo que ela continua a remover os resíduos”, afirma. A primeira etapa de testes foi feita com os herbicidas Atrazina e Trifluralin, utilizado em diversos plantações, como as de alho, berinjela, cebola, cenoura, couve-flor, feijão e tomate.

O projeto continua em desenvolvimento. “A pesquisa precisa avançar mais para chegar até o consumidor. Temos contato com empresas privadas e companhias de saneamento para analisar a sua viabilidade em grande escala. É um estudo que precisa avançar, mas estamos conseguindo ótimos resultados”, avalia a pesquisadora.

Esta reportagem faz parte do projeto Por Trás do Alimento, uma parceria da Agência Pública e Repórter Brasil para investigar o uso de Agrotóxicos no Brasil. A cobertura completa está no site do projeto.
https://apublica.org/2019/06/e-possivel-eliminar-residuos-de-agrotoxicos-da-agua-e-dos-alimentos/

Biodiversidade e meio rural, artigo de Roberto Naime

Biodiversidade e meio rural, artigo de Roberto Naime


Mata Atlântica

[EcoDebate] Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não-governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo.

A degradação que está afetando o planeta encontra raízes na civilização humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos.
Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade. Biomas estão sendo ocupados em diferentes escalas e velocidades.

Site do Ministério do Meio Ambiente destaca que é necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários habitats naturais e dos modificados existentes no Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais.

Como resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, a Mata Atlântica, por exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original. Na periferia da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são encontradas áreas com mais de 500 espécies de plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte e ainda não descritas pela ciência.

Os principais processos responsáveis pela perda de biodiversidade são a perda e fragmentação dos habitats, a introdução de espécies e doenças exóticas, a exploração excessiva de espécies de plantas e animais, o uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento, a contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes e as mudanças climáticas.

As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.

Razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica. Primeiro, porque se acredita que a diversidade biológica é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Segundo, porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial pela biotecnologia. Terceiro, porque se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas.

O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/Rio-92), estabelece que as ações devem ser imediatas e preventivas.

Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica.

O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é dependente da disponibilidade de matéria prima, tecnologia e mercado. Um parente silvestre do trigo originário da Turquia proporcionou genes resistentes a doenças para as variedades comerciais de trigo resultando em ganho anual de US$50 milhões, somente nos Estados Unidos.

Uma variedade de cevada da Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente, a cultura da cevada na Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$ 160 milhões.

Nos Estados Unidos, 25% dos produtos famacêuticos receitados contêm ingredientes ativos derivados de plantas e existem mais de 3000 antibióticos derivados de microrganismos. A exploração farmacológica da biodiversidade brasileira está em seu início e, a julgar pelos resultados obtidos em outros países, acredita-se que exista um vastíssimo campo para a produção de fármacos ainda desconhecidos.

Na área da agricultura o Brasil tem exemplos, de repercussão internacional, sobre o desenvolvimento de biotecnologias que geraram riquezas por meio do adequado emprego de componentes da biodiversidade.

Este é o caso do programa de controle biológico, por meio de “Baculovirus” utilizado no combate à lagarta da soja, que gera economia da ordem de 200 milhões de dólares anuais, para os produtores brasileiros.

Exemplo semelhante e já rotineiro na exploração de cana-de-açúcar é o uso de parasitas para controlar a cigarrinha, prática que representa economia anual superior a 100 milhões de dólares.
De importância estratégica para a produção de soja no Brasil, com reflexos diretos na nossa pauta de exportações, é a economia obtida com as pesquisas que possibilitaram a substituição de fertilizantes nitrogenados por associações simbióticas da planta com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Não é preciso interpretar a importância da biodiversidade com viés economicista, mas buscar o equilíbrio do mundo deve ser o caminho.

CAMPANHOLA, C., MORAES, G. J. e SÁ, L. A. N. de. Review of IPM in South America. IN: MENGECH, A. N.; SAXENA, K. N.;
GOPALAN, H. N. B. Integrated Pest Management in the Tropics: Current Status and Future Prospects. John wiley & Sons, Chichesster, England, 1995. p. 121-152.
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/06/2019

Biodiversidade e meio rural, artigo de Roberto Naime

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 6/06/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/06/06/biodiversidade-e-meio-rural-artigo-de-roberto-naime/.

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A Questão Ambiental como Elemento Central, Integrador e Articulador de um Novo Modelo de Desenvolvimento para o Brasil e para o Mundo,

A Questão Ambiental como Elemento Central, Integrador e Articulador de um Novo Modelo de Desenvolvimento para o Brasil e para o Mundo, artigo de Angelo José Rodrigues Lima


[EcoDebate] Estamos em 2019 no mês do meio ambiente, o qual no dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e se este ano não temos absolutamente nada para comemorar no Brasil, muito pelo contrário, pode ser um ótimo momento para fazer uma profunda reflexão sobre a URGÊNCIA de que a questão ambiental seja o elemento central e integrador de um novo modelo de desenvolvimento para o país e quiçá para o mundo.

Ousaria dizer que esta urgência é para o mundo, porém, o exercício deste artigo se limitará mais ao Brasil, pois de outro lado, é fundamental que primeiro façamos o dever de casa.
E a urgência para o mundo e para o Brasil, é também demonstrada pelo Relatório de 2019 do Institute for Public Policy Research (IPPR), de Londres, que segundo este “os impactos humanos negativos no meio ambiente vão além das mudanças climáticas para abranger a maioria dos outros sistemas naturais, conduzindo um processo complexo e dinâmico de desestabilização ambiental que atingiu níveis críticos. Esta desestabilização está ocorrendo em velocidades sem precedentes na história humana e em consequência disso entramos na idade do colapso ambiental (the age of environmental breakdown)”.

Alguns dados deste relatório informam que:
Os sistemas naturais globais estão sofrendo desestabilização em uma escala sem precedentes:
Os 20 anos mais quentes desde o início dos registros, em 1850, foram nos últimos 22 anos, sendo os últimos quatro anos os mais quentes já registrados.

A população de vertebrados caiu em média 60% desde a década de 1970.

Mais de 75% da terra da Terra está substancialmente degradada

A desestabilização de sistemas naturais está ocorrendo a uma velocidade sem precedentes:
Desde 1950, foram observadas mudanças em muitos eventos meteorológicos e climáticos extremos, incluindo um provável aumento na frequência de ondas de calor em grandes partes da Europa, Ásia e Austrália, e a frequência ou intensidade de eventos de precipitação pesada na América do Norte e Europa. 

As taxas de extinção aumentaram para entre 100 a 1.000 vezes a “taxa de base” da extinção.

A camada superficial do solo está sendo perdida 10 a 40 vezes mais rapidamente do que é reabastecida por processos naturais e, desde meados do século XX, 30% da terra arável do mundo tornou-se improdutiva devido à erosão; 95% das áreas terrestres da Terra podem se degradar até 2050.

E esta reflexão se dará tanto pelos aspectos negativos, a nossa crise civilizatória e ambiental, como pelo aspecto positivo ou mesmo da oportunidade que temos ao inserir o tema ambiental como central, integrador e articulador de um modelo de desenvolvimento para o país e do mundo.
Pelo aspecto negativo, ao longo dos últimos anos podemos contabilizar diversas perdas de vida, conforme o Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos e Desastres alertou que em 2015 quase 100 MILHÕES de pessoas tiveram suas vidas destruídas ou desestruturadas por desastres “naturais”, dentre esses desastres, contam-se 32 secas extremas que atingiram mais de 50 milhões de pessoas.

Outro exemplo que é mais próximo ao Brasil, é a proliferação global do Aedes aegypti e do Aedes albopictus que se deve não apenas às mudanças climáticas e à destruição pelo homem dos habitats silvestres, mas também ao colapso em curso das populações de insetívoros: aves, anfíbios, peixes e répteis.

E os desastres “naturais” ou outros também causam prejuízo econômico, como por exemplo, a crise hídrica que Barcelona sofreu entre 2007 e 2008 onde a cidade precisou trazer quatro navios de água da França por dia, com 250 mil metros cúbicos de água em cada navio para poder fornecer água à população. Essa crise causou um prejuízo de um bilhão de euros para a economia catalã, representando cerca de 0,87% do PIB da Catalunha em dois anos.

Em 2017, em todo o Brasil, 872 cidades tiveram reconhecimento federal de situação de emergência causada por um longo período de estiagem. A região mais afetada foi a do Nordeste e o estado da Paraíba, que concentrou o maior número de municípios, com 198 que comunicaram o problema à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).

Cada vez mais temos fatos que cruzam a questão ambiental, a economia e a questão social.
A crise hídrica na Região Sudeste, em especial no Estado de São Paulo, onde a hidrovia do Tietê fechou por seis meses e isso representou a perda de 5 mil empregos diretos que trabalhavam na hidrovia e outros indiretos e na mobilização de 10 mil caminhões para transportar o que a hidrovia transportava.

As tragédias ambientais da SAMARCO e da VALE também reforçam a importância do debate para um novo modelo de desenvolvimento.

Os Relatórios do Fórum Econômica Mundial, desde 2015, reconhecem como elementos de grandes riscos para negócios, a crise da água, eventos extremos, mudança climática, crise na produção de alimentos e outras crises como a da migração que tem uma grande relação com as já mencionadas.
Novamente cruzando a questão ambiental com a questão social temos a ocupação da maior parte dos leitos hospitalares com doenças que tem origem na má qualidade da água e esses leitos são ocupados por pessoas de baixa renda.

Situação que se explica, pela ausência de saneamento, onde no Brasil cerca de 35 milhões de brasileiros não tem acesso à rede de água potável; 95 milhões de brasileiros não tem coleta de esgotos e 54% dos esgotos não são tratados.

Estudos recentes comprovam que moradores de locais sem saneamento básico ganham salários menores do que a população com acesso a água, coleta e tratamento de esgoto, por isso, também estão mais vulneráveis a doenças comuns em áreas em que essa infraestrutura inexiste ou é precária – e o efeito disso é uma elevação nas despesas com saúde pública, que na realidade são despesas com doenças, não de fato com saúde.

A figura abaixo demonstra como estava a distribuição da riqueza em 2013. 

A riqueza da humanidade adulta (cerca de 4,7 bilhões de pessoas) é de 240,8 trilhões de dólares (2013). Mais de dois terços (68,7%) dos indivíduos adultos situados na base da pirâmide da riqueza, possuem 3% (7,3 trilhões de dólares) da riqueza global, com ativos de no máximo 10 mil dólares. No topo da pirâmide, 0,7% de adultos possui 41% da riqueza mundial (98,7% trilhões de dólares). Somados os dois estratos superiores da pirâmide – 393 milhões de indivíduos ou 8,4% da população adulta – detêm 83,3% da riqueza mundial.

Pirâmide global da riqueza em 2013
Figura – Pirâmide global da riqueza em 2013. Baseado em The Crédit Suisse Global Weath Report 2013 (em rede). Observação: Riqueza é aqui entendida como o conjunto dos ativos de um indivíduo adulto. (livro Capitalismo e Colapso Ambiental – 2ª edição)

Este é um dos desafios para a questão ambiental, pois a distribuição da riqueza está associada à satisfação de suas necessidades. 

Para satisfazer a avidez de 393 milhões de indivíduos – os 8,4% da população mundial adulta detentora de 83,3% da riqueza mundial –, move-se a economia do planeta, máquina produtora de crises ambientais, a começar pelas mudanças climáticas: “os 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo produzem metade das emissões de CO2, enquanto os 3 bilhões mais pobres emitem apenas 7%”.

Com a rápida degradação ambiental, a maioria esmagadora da humanidade, nem mesmo os mais ricos, poderão não ter mais acesso na melhora da qualidade de vida, pois isto não é possível num meio ambiente em rápida degradação.

De outro lado, pelo aspecto positivo, o Brasil tem excelentes oportunidades de refletir sobre um novo modelo de desenvolvimento que pode colocar a questão ambiental como central para integrar e articular um desenvolvimento baseado nas suas riquezas naturais, na sua diversidade e na existência de diferentes biomas (Amazônico, Pantanal, Mata Atlântica, Cerrado, Pampa, Caatinga).
O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. Esta abundante variedade de vida – que se traduz em mais de 20% do número total de espécies da Terra – eleva o Brasil ao posto de principal nação entre os 17 países megadiversos (ou de maior biodiversidade).
 
Além disso, pelo fato do Brasil ter cerca de 13% da água do mundo, quantidade que aumenta para 18% considerando ainda as vazões oriundas de território estrangeiro que ingressam no país da Região Amazônica, Uruguai e Paraguai (RAUBER; CELLA, 2008).

O Brasil ainda possui Unidades de Conservação que contribuem para regulação da quantidade e qualidade de água para consumo; fertilidade dos solos e estabilidade das encostas (relevo); equilíbrio climático e manutenção da qualidade do ar; alimentos saudáveis e diversificados; base para produção de medicamentos para doenças atuais e futuras; áreas verdes para lazer, educação, cultura e religião; fornecer matéria-prima para tudo o que se possa imaginar, ou seja, elas oferecem oportunidades para novos tipos de negócios.

Portanto, o Brasil com tanta riqueza natural, apresenta uma excelente oportunidade para todos nós que trabalhamos na área ambiental e também para a sociedade brasileira de fazer a reflexão mais profunda e urgente do momento:

– Repensar o Modelo de Desenvolvimento para o país, de forma que ele incorpore no centro do debate a questão ambiental articulando a economia e melhorando a qualidade de vida para toda a sociedade.

Os fatos acima e outros que são inumeráveis, demonstram esta urgência. Tenho esperança que tenhamos a sabedoria dos “loucos” para fazer este debate.

* Por Angelo José Rodrigues Lima –Biólogo (UFRRJ), Mestre em Planejamento Ambiental (UFRJ), Doutor em Geografia em Análise Ambiental e Dinâmica Territorial (UNICAMP).
REFERÊNCIAS 

Capitalismo e Colapso Ambiental. Marques Filho, Luiz César. 2.ed.rev. e ampl – Campinas SP: Editora da Unicamp, 2016.

Secas no Brasil – Política e gestão proativas. Organizadores. De Nys, Erwin e outros. CGEE. 2016.
Um século de secas: PORQUE AS POLÍTICAS HÍDRICAS NÃO TRANSFORMARAM O SEMIÁRIDO BRASILEIRO. Catarina de Oliveira Buriti e Humberto Alves Barbosa. Chiado Books, 2018.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: CONSERVANDO A VIDA, OS BENS E OS SERVIÇOS AMBIENTAIS. São Paulo – 2008


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/06/2019

A Questão Ambiental como Elemento Central, Integrador e Articulador de um Novo Modelo de Desenvolvimento para o Brasil e para o Mundo, artigo de Angelo José Rodrigues Lima

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 6/06/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/06/06/a-questao-ambiental-como-elemento-central-integrador-e-articulador-de-um-novo-modelo-de-desenvolvimento-para-o-brasil-e-para-o-mundo-artigo-de-angelo-jose-rodrigues-lima/.

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