Pesquisa
buscou demonstrar a correlação entre incidência de malária e o padrão
de fragmentação da mata nativa causado pela criação de assentamentos
rurais e extração de produtos da floresta. Na imagem, produção de carvão
vegetal pela queima lenta de madeira – Foto: Leonardo Suveges Moreira
Chaves / FSP
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Cada
quilômetro quadrado de floresta tropical nativa derrubado na Amazônia
está associado a 27 novos casos de malária por ano, no período entre
2009 e 2015, revela pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
A comparação da incidência da doença com dados sobre áreas impactadas
pelo homem também mostra que a ocorrência é maior quando há abundância
de pequenas áreas devastadas, detectadas por imagens de satélite. O
risco é aumentado pela capacidade do mosquito vetor da malária se
adaptar às áreas impactadas, aliada à maior presença tanto de pessoas
suscetíveis como infectadas pelo parasita que causa a doença. A essa
situação podem se somar as condições precárias de vida da população,
baixo nível educacional, desconhecimento sobre a transmissão da infecção
e difícil acesso aos serviços de saúde.
Maior
incidência de malária está associada a áreas de florestanativa
devastadascom menos de 5 km2 de extensão – Foto: cedida pela
pesquisadora
“A pesquisa buscou demonstrar a correlação
entre incidência de malária e o padrão de fragmentação da mata nativa
causado pela criação de assentamentos rurais e extração de produtos da
floresta”, afirma a professora Maria Anice Mureb Sallum, da FSP, que
supervisionou a pesquisa. “Para isso, foi feito um cruzamento dos dados
de casos de malária notificados de 2009 a 2015 nos nove Estados da
Amazônia (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e
Roraima), fornecidos pelo Ministério da Saúde, com os dados de
desmatamento ao longo dos anos, disponibilizados na plataforma digital
do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)”.
Os pesquisadores demonstraram que há uma
correlação positiva entre o tamanho da área desmatada e o aumento de
casos de malária. “O impacto é maior quando o desmatamento acontece em
extensões menores que cinco quilômetros quadrados (km²), pois em vários
casos a derrubada é feita por pessoas ligadas à precarização e alta
rotatividade da mão de obra, em total desacordo com a legislação”,
relata a professora. “A formação dos assentamentos movimenta pessoas que
muitas vezes residiram em áreas com transmissão de malária e podem
abrigar o parasita sem ter a doença, atuando na sua dispersão. Para cada
quilômetro quadrado (km²) de desmatamento, acontecem 27 novos casos de
malária.”
Expansão
da área de transmissão da malária dificulta o controle da doença; na
foto, rede para coleta de mosquitos ao redor de casa em Lábrea – Foto:
cedida pela pesquisadora
Maria Anice explica que quando a floresta é
contínua e íntegra, sem áreas de desmatamento, o mosquito anofelino,
transmissor do protozoário causador da doença (Plasmodium),
quando está presente, é em baixa densidade e somente onde as condições
ambientais são adequadas. “Mas com o desmatamento, ocorrem mudanças
ecológicas importantes que favorecem o mosquito vetor”, ressalta. “Por
ser uma espécie oportunista e generalista, ela se adapta com facilidade
ao ambiente modificado, e se dispersa rapidamente.”
Habitações inadequadas
Como o mosquito tem afinidade por áreas
próximas à margem da mata, onde ficam os domicílios das comunidades
rurais, ele passa a viver próximo do ambiente humano, que oferece muitas
fontes de sangue para os insetos. “Além de picar as pessoas, os
mosquitos também se alimentam do sangue de animais domésticos como cães,
gatos, cabras, porcos, galinhas, papagaios e macacos”, destaca a
professora. “As habitações em geral são inadequadas, feitas com pedaços
de madeira, folhas secas de palmeiras ou até uma simples lona apoiada em
troncos de árvores derrubadas. Os abrigos dos animais são tão precários
que não impedem o contato dos mosquitos com fontes de sangue, fato que
favorece o aumento da população do vetor e a exposição do homem às
picadas.”
Professora
Maria Anice Mureb Sallum pesquisa sobre malária pela Faculdadede Saúde
Pública (FSP)- Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Segundo Maria Anice, o modelo de ocupação
da Amazônia nem sempre permite a melhoria da qualidade de vida das
comunidades rurais, entretanto facilita a maior transmissão e
distribuição da malária. “Normalmente, são populações muito pobres, com
nível educacional baixo, que vivem em processo contínuo de migração,
devido à malária, condições precárias de vida e falta de recursos
financeiros para se estabelecerem”, diz. “A migração gera novos
assentamentos em áreas de floresta, causando mais alterações nos
ambientes naturais e a expansão da malária.”
Com as migrações constantes, as pessoas
infectadas levam o parasita, muitas vezes sem ter sintomas de malária,
para novas áreas desmatadas, expandindo a área de transmissão da doença e
dificultando o controle. “Quando várias pessoas passam a conviver em
uma mesma região, com a presença do mosquito vetor, em geral a maioria é
suscetível”, destaca a professora. “Portanto, ao mesmo tempo em que o
agente é introduzido no novo ambiente, ocorrem surtos da doença.”
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Maria Anice enfatiza que os programas de
controle da malária deveriam levar em conta fatores da ecologia humana
que atuam na dinâmica de transmissão, como atividades de trabalho,
condições de moradia e migração. “Por exemplo, é necessário melhorar a
condição de vida e as moradias, para diminuir o contato do homem com o
mosquito”, aponta. “Também é preciso ampliar o acesso à educação de
qualidade e voltada para as necessidades locais, intensificar programas
de controle, facilitar o acesso aos testes diagnósticos e ao tratamento e
fortalecer pesquisas sobre a ecologia da transmissão, que poderiam
gerar novos conhecimentos e auxiliar no delineamento de programas para o
controle de vetores.”
A pesquisa é descrita na tese de Leonardo
Suveges Moreira Chaves, doutorando do Departamento de Epidemiologia da
FSP. As conclusões do estudo também foram relatadas no artigo “Abundance of impacted forest patches less than 5 km² is a key driver of the incidence of malaria in Amazonian Brazil”,
publicado no site Scientific Reports em 4 de maio. O trabalho integra
um projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp) intitulado Genômica de paisagens em gradientes latitudinais e ecologia de Anopheles darlingi.
Mais informações: e-mail masallum@usp.br, com a professora Maria Anice Mureb Sallum
O professor Sonir Antonini é o convidado do programa Saúde semComplicações
desta semana. Antonini é professor do Departamento de Puericultura e
Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e
fala sobre disruptores endócrinos,
também conhecidos como desreguladores endócrinos, que são substâncias
químicas não existentes na natureza formadas pela indústria de alimento,
cosmético, farmacêutica e química.
O professor explica que os
disruptores têm a capacidade de interagir com estrutura do organismo e
modificar o comportamento modulando para menos ou para mais, sempre de
maneira anormal, o funcionamento do sistema hormonal do organismo. “O
disruptor endócrino pode agir no organismo tanto de forma positiva
quanto negativa, mas não pode ser confundido como benéfico ou maléfico;
positivo quando estimula a produção do hormônio e negativo quando inibe
ou diminui.”
Antonini diz que já foram realizados
diversos estudos em animais e humanos sobre os disruptores que atuam no
sistema reprodutor, tanto em animais quanto na espécie humana. “Algumas
substâncias diminuem a capacidade reprodutiva, principalmente nos
homens, diminui também o número de espermatozoides, a qualidade e a
fertilidade.”
Toda a população está convidada a participar do Saúde sem Complicações, tirando dúvidas sobre saúde ou encaminhando sugestões de assuntos para novas discussões pelo e-mail imprensa.rp@usp.br.
O programa Saúde sem Complicações
é produzido pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Júlia Gracioli,
da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e
Luiz Fontana. Apresentação de Mel Vieira e direção de Rosemeire Soares
Talamone. Ouça acima, na íntegra, o programa Saúde sem Complicações.
Pesquisadores criticam lei que, segundo eles, pode comprometer pesquisas científicas – Foto: https://www.xapuri.info/Em artigo publicado na última edição da revista Science,
de 25 de maio, pesquisadores brasileiros fazem duras críticas à chamada
Nova Lei da Biodiversidade (Lei 13.123, regulamentada pelo Decreto
8.772). Segundo os pesquisadores, essa lei, “disfarçada de marco de
progresso para a pesquisa científica e endossada por alguns setores
científicos, constitui um revés monumental”.
De acordo com a lei, segundo o
artigo, praticamente toda atividade de pesquisa sobre biodiversidade
brasileira deve ser registrada no Sistema Nacional de Gestão de Recursos
Genéticos e Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), criado para
auxiliar o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen). O prazo
para cumprir essas regras, que eles chamam de draconianas, é 5 de
novembro.
Os pesquisadores alertam que o
descumprimento, incluindo a disseminação não registrada de resultados
científicos, mesmo com base apenas em bancos de dados públicos como o
GenBank, ou dados, ou resultados previamente publicados, trará pesadas
multas. No texto, os pesquisadores lembram
que, “paradoxalmente, as atividades comerciais que envolvem a biota
brasileira, como a exportação de peixes ornamentais, plantas, grãos e
outros produtos comercializáveis, não são afetadas pela lei”.
Para finalizar, alertam que “se não
for revogado ou substancialmente reformulado, esse labirinto bizantino
de exigências e ameaças desnecessárias dizimará pesquisas científicas
sobre a biodiversidade brasileira”. E, ainda, que o governo brasileiro
deve implementar leis que “facilitem a colaboração internacional e
incentivem a pesquisa sobre a biodiversidade, em vez de sufocá-la. Caso
contrário, uma parte substancial da biodiversidade do mundo e seus
benefícios podem desaparecer silenciosamente atrás de um muro de
burocracia”.
Assinam o artigo pesquisadores da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), do
Instituto de Biociências (IB), do Museu de Zoologia (MZ) da USP, e do
Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Leia a íntegra do artigo aqui.
Por Jornal da USP
As crianças brasileiras estão expostas a níveis altos de parabenos e
benzofenonas. Estas são, duas classes de disruptores endócrinos: um tipo
de molécula que não ocorre de forma natural no organismo e que pode
alterar o equilíbrio hormonal. Eles estão presentes em cosméticos e
produtos de cuidado pessoal. É a principal conclusão de um estudo
publicado na revista Environmental International, realizado por
pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto
(FCFRP) da USP em colaboração com pesquisadores norte-americanos.
No estudo, os pesquisadores analisaram amostras de urina de 300
crianças entre 6 e 14 anos, coletadas em 2012 e 2013 nas cinco regiões
do Brasil. Nas amostras foi avaliada a presença de disruptores
endócrinos. Apesar de também afetarem a saúde dos adultos, a exposição a
essas substâncias é especialmente preocupante em crianças, já que o
balanço hormonal é fundamental para um desenvolvimento saudável.
Uso de cosméticos
Em comparação com estudos feitos em outros países, a principal
peculiaridade da amostra brasileira foi a alta concentração nas amostras
de urina de disruptores endócrinos que costumam fazer parte da
formulação de cosméticos.
“Compostos como os parabenos, as benzofenonas, o triclosan e o
triclocarban são frequentes em produtos relacionados ao cuidado pessoal.
No geral, as concentrações das substâncias que foram maiores no Brasil
foram aquelas relacionadas a esse tipo de produtos”, explica Bruno Alves
Rocha, primeiro autor do trabalho, que lembra que o Brasil é um líder
mundial na venda de produtos de cuidado pessoal.
Além disso, a presença dessas substâncias foi maior nas amostras de
crianças das regiões Norte e Nordeste, o que condiz com os dados de
vendas de cosméticos.
“Na região Norte e no Nordeste do Brasil o uso desses produtos é
maior do que na região Sul”, diz Rocha. “Talvez por serem regiões mais
quentes, as pessoas usam mais protetor solar, mas não sabemos”,
especula.
Bisfenol A
Outro disruptor endócrino que se destacou nos resultados foi o
bisfenol A, uma substância utilizada na produção de alguns tipos de
plásticos e resinas. Embora seu uso em mamadeiras seja proibido no
Brasil desde 2012, o bisfenol A foi detectado em 98% das amostras. De
acordo com Rocha, a exposição ao bisfenol A é grande. Dentre outros
lugares, a molécula está presente em alimentos enlatados, garrafas de
água, brinquedos, papel térmico e inclusive na poeira de ambientes
fechados.
Apesar do achado, os níveis de bisfenol A encontrados nas
amostras brasileiras foram similares aos de países como EUA e Canadá, e
muito menores do que os observados em Índia e China.
Respirar ar puro é o sonho de qualquer morador de uma grande cidade,
ainda que ele goste muito do meio urbano. E as ruas arborizadas, além de
bonitas e agradáveis, são comprovadamente benéficas para a saúde física
e mental. Então, porque não incluí-las nas verbas de financiamento da
saúde? É isso que questiona a organização The Nature Conservancy, que
criou um documento onde explica e demonstra em números as razões pelas
quais isso deve ser feito.
Um White Paper é uma espécie de guia, um documento oficial, que
detalha um determinado problema, indicando causas, conceitos e,
principalmente, soluções para enfrentá-lo. O documento tem com base os
Estados Unidos, onde se gasta menos de um terço de 1% dos orçamentos
municipais em plantio e manutenção de árvores e, como resultado, as
cidades norte-americanas perdem quatro milhões de árvores por ano.
“Imagine se houvesse uma ação simples que os líderes da cidade
pudessem tomar para reduzir a obesidade e a depressão, melhorar a
produtividade, aumentar os resultados educacionais e reduzir a
incidência de asma e doenças cardíacas entre seus residentes. As árvores
urbanas oferecem todos esses benefícios e muito mais” afirma a
organização.
Mas, sabemos, alguns só se convencem quando os números entram na
jogada. Por isso, foi estimado que gastar apenas oito dólares por
pessoa, uma vez por ano, em média, em uma cidade americana poderia
suprir a lacuna de financiamento e impedir a perda de árvores urbanas e
todos os seus benefícios potenciais. Apesar do número não ser uma
sugestão de valor, ele mostra que o investimento não é impossível.
Investimento desigual
O investimento no plantio de novas árvores – ou mesmo em cuidar
daquelas que existem – é perpetuamente subfinanciado. Apesar das
evidências, diz o relatório, as cidades estão gastando menos em árvores
do que nas décadas anteriores.
Além disso, com muita frequência, a presença ou ausência da natureza
urbana está ligada ao nível de renda de um bairro, resultando em enormes
desigualdades na saúde. Em algumas cidades americanas, as expectativas
de vida em diferentes bairros, localizadas a poucos quilômetros de
distância, podem diferir em até uma década. Nem toda essa disparidade de
saúde está conectada à cobertura arbórea, mas os pesquisadores estão
cada vez mais certos de que bairros com menos árvores têm piores
resultados de saúde, por isso a desigualdade no acesso à natureza urbana
piora estes diferentes níveis de saúde.
Como ter mais árvores na cidade
O documento traz uma série de dicas que podem ser aplicadas pelo poder público e privado. Confira abaixo as principais delas:
– Implementação de políticas para incentivar o plantio privado de árvores.
– Mais trocas municipais que facilitem a colaboração de vários
departamentos -, como órgãos de saúde pública e agências ambientais.
– Vincular o financiamento de árvores e parques a metas e objetivos de saúde.
– Invistir tempo e esforço na educação da população sobre os
benefícios tangíveis da saúde pública e o impacto econômico das árvores.
Um grupo de pesquisadores acredita que os cheiros da natureza podem
evitar o estresse e até o câncer nas pessoas. O estudo, produzido no
Japão, avalia o efeito terapêutico dos aromas das árvores e pode dar
origem a um novo tratamento alternativo de aromaterapia.
De acordo com os especialistas, quando os cheiros da floresta começam
a agir no organismo, já diminuem o estresse e a irritação. Sendo assim,
caminhar numa área verde pode estabilizar a pressão arterial e
fortalecer a imunidade das pessoas.
O estudo analisou os efeitos que os óleos essenciais e os odores
emitidos pelas árvores exercem no organismo. Qing Li, um dos cientistas
que coordenam a pesquisa, desconfia que os pinheiros estejam entre as
árvores que tenham um dos maiores potenciais terapêuticos na natureza. Foto: iStock by Getty Images
Li criou o centro de pesquisa International Society of Nature and
Forest Medicine, o qual viabiliza a aplicação do cheiro das árvores em
tratamentos alternativos. A ação inspirou os finlandeses, que criaram o
Finnish Forest Research Institute, centro de referência que também
estuda os fins terapêuticos dos cheiros das árvores.
Embora os cientistas ainda não tenham concluído as pesquisas sobre os
efeitos dos que sentimos nas florestas, já foi comprovado que olhar
para fotografias com temas relacionados ao meio ambiente relaxa o
cérebro da mesma maneira que se o indivíduo estivesse no local
fotografado. Clique aqui para acessar o estudo completo. Redação CicloVivo
No Japão, o processo de experimentar profundamente a natureza,
tomando-a lentamente através de todos os sentidos, chama-se
shinrin-yoku, que se traduz como “banho de floresta”. Que é bom ficar
rodeado pela natureza, todo mundo já sabe, mas esta prática também pode
ser usada como meditação, com benefícios para a saúde física e
psicológica.
Os efeitos da prática no corpo e na mente foram estudados desde que
foi desenvolvido no início dos anos 80 e os resultados mostram
diminuição de cortisol, principal hormônio causador do estresse, e a
redução da pressão arterial. Além disso, a prática promove melhora na
concentração, aumento da imunidade e fortalecimento do metabolismo,
entre outros efeitos emocionalmente positivos.
Como funciona o banho de floresta
Uma sessão típica envolve caminhar muito lentamente e deliberadamente
através da floresta, mas você também pode experimentar esta técnica em
outros ambientes naturais na cidade, como em um parque ou jardim
botânico. Enquanto você anda, é preciso expandir seu olhar para admirar
ainda mais a beleza da natureza, notando coisas que não percebia antes.
Você também pode simplesmente se sentar e observar as diferenças
sutis na cor das coisas, tomando um momento para fazer uma pausa e
respirar profundamente o oxigênio limpo abundante das árvores. Passe os
dedos pela grama, sentindo sua textura. Abra seus ouvidos para
sintonizar o ruído de abelhas zumbindo, de pássaros cantando, da água e
da folhagem se movimentando. Respire profundamente pelo nariz, inalando
os aromas variados.
Respire e sinta os aromas. | Foto: iStock by Getty Images
Para desfrutar melhor da prática é melhor estar sozinho e não levar
equipamentos eletrônicos, como telefones celulares e câmeras
fotográficas. Se estiver acompanhado, combinem antes de não interagirem
durante a prática, e quando terminarem, vocês podem se sentar em uma
roda e conversar sobre o que observaram.
Você pode praticar shrinrun-yoku quantas vezes quiser. Apenas uma
tarde pode trazer sentimentos positivos de bem-estar que duram semanas.
Sinta diferente texturas. | Foto: iStock by Getty Images
A prática do “banho de floresta” não é apenas para melhorar a saúde, é
também uma forma de aumentar nossas ligações com a natureza,
estimulando práticas mais sustentáveis em nosso dia a dia.
Um estudo também avaliou que sentir o cheiro da naturza reduz estresse e doenças, veja aqui.
Exemplares de araucária, árvore
nativa de mata atlântica ameaçada por extinção, foram suprimidos no
condomínio Reserva Magnólias, localizado no município de Cotia, a
sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. Em reviravolta
processual, a compensação ambiental, que seria realizada pelo plantio de
cerca de 800 mudas nativas, foi renegociada para a doação de três
impressoras para a Secretaria do Meio Ambiente e Agropecuária (SMAA), no
valor total de R$ 6.343,99.
A manobra estaria amparada pelo
Decreto Municipal número 8.119/2016, que permite o “recebimento de
equipamentos à gestão ambiental do município”, porém, de acordo com o
advogado Gonçalo Junior, especialista em direito imobiliário e membro da
comissão do meio ambiente da OAB de Embu das Artes, o poder executivo
do município de Cotia não poderia regulamentar por decreto a compensação
ambiental, por exceder sua competência Constitucional que é de caráter
suplementar, neste tema, e contrariar também a Constituição do Estado de
São Paulo, o Decreto Federal nº 4.340/2002 e as Leis Federais nº.
12.651/2012 e nº 9.985/2000.
Gonçalo diz ainda que “o Decreto
8.119 de Cotia, contraria o tratamento cauteloso assegurado pela
Constituição Federal, ignorando os princípios ambientais e invertendo
valores e disposições existentes, enquanto há uma vedação expressa para a
aquisição de bens e equipamentos permanentes (art. 33, parágrafo único,
II, Decreto 4.340/2002). Com o resultado da compensação, o município de
Cotia aceita impressoras e autoriza, no lugar da Cetesb, a supressão
das araucárias, ignorando a Resolução SMA nº. 84”.
Posição da prefeitura
Em resposta ao questionamento para a
reportagem da Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE, a prefeitura
informou que, para este caso, “a compensação pode ter se realizado por
meio da doação de equipamento, no caso as impressoras, para uso da
Secretaria de Meio Ambiente, de forma a melhorar a qualidade dos
serviços prestados pela Secretaria, como a emissão de multas por
infração ambiental” e que “tal medida pode ter ocorrido devido ao volume
de mudas e a capacidade do viveiro municipal na data do recebimento”.
A troca das 800 mudas nativas de
compensação por impressoras ocorreu após o condomínio alegar falta de
espaço para o plantio e sugerir doação das mudas para o viveiro
municipal, que fez a mesma alegação. No entanto, a SMAA pontua no
processo que havia espaço no mesmo local de supressão das árvores.
Na autorização emitida pela
secretaria, a qual esta reportagem teve acesso, consta a informação de
que a supressão foi concedida para as 17 unidades nativas “desde que as
mesmas não façam parte do grupo de espécies raras ou em extinção e ou de
algum maciço florestal”. A observação deveria excluir as araucárias da
autorização de corte ou ao menos seguir com a compensação adequada.
De acordo com a Instrução Normativa
Federal (IN) de nº 02/2015, o Ministério do Meio Ambiente determina que,
por se tratar de espécie ameaçada por extinção, o órgão licenciador
deve garantir junto ao empreendedor “medidas de mitigação e compensação
que assegurem a conservação das espécies, nos termos do art. 27 da Lei
Federal nº 12.65.
Condomínio tenta derrubar araucárias desde 2011
Em ofício para o Ministério Público,
após receber denúncias, a SEAE, que atua há mais de 40 anos na região,
informou que, segundo processo datado de 2011, ainda em projeto para a
implantação do condomínio, as araucárias já eram alvo de supressão. Na
ocasião, a promotoria de Cotia determinou “a modificação do projeto
original, de forma a poupar as árvores; e redução do número de casas a
serem edificadas, de forma a poupar nascente e araucárias existentes”.
O Decreto Municipal nº 8.119 foi
criado em 2016, mesmo ano em que o condomínio Reserva Magnólias entrou
com novo pedido de autorização de corte para a prefeitura, com alegação
de perigo iminente de queda e risco para os moradores e funcionários.
Porém, o laudo para a análise da saúde das plantas (fitossanitário), do
mesmo período, atestou que os exemplares estavam saudáveis e assim
continuaram por dois anos, até o início de 2018, quando foram
suprimidos.
O corte das árvores resultou em nova
Representação Civil no Ministério Público, para averiguar os fatos, e no
boletim de ocorrência na polícia civil nº 003/2018, onde foi reforçada a
informação de que as árvores estavam saudáveis, por isso não poderia
ser “crível a hipótese de iminente risco”.
Rodolfo Almeida, presidente da SEAE,
comenta que “este Decreto de Cotia pode beneficiar outras áreas que não
foram objeto de denúncia, descaracterizando o dever do município de
proteger o meio ambiente de seu território, em prol do desenvolvimento
urbano que trará consequências indesejadas no futuro. A natureza cobra o
seu preço e a sociedade nem sabe pelo que está pagando, tendo em vista
que o tema foi objeto de um decreto e não de uma Lei”.
A prefeitura de Cotia, por meio de
sua assessoria de comunicação, informou que atualmente a “supressão de
árvores nativas é autorizada mediante a análise técnica com a devida
compensação regrada pela Lei nº 1989, de 25 de Outubro de 2017”.
Uma incrível máquina que limpa as
praias está fazendo sucesso nas redes sociais. O vídeo, que mostra a
tecnologia em ação, já possui mais de 20 milhões de visualizações no
Facebook. De forma rápida e eficaz, a máquina retira todo o lixo
plástico, as conchas afiadas, vidros e quaisquer outros resíduos que
infelizmente podem ser encontrados nas areias das praias.
Batizada de Surf Rake, a máquina de
limpeza é acoplada em um trator. Por onde passa, ela nivela as áreas
irregulares da areia, garantindo uma superfície uniforme. São retirados
desde grandes objetos até os mais difíceis de capturar, como pontas de
cigarro e resíduos de óleo.
Fabricada pela empresa
norte-americana H. Barber and Sons, o produto possui três versões. Há
máquinas de tamanhos e capacidades diferentes, que podem atender a
diversas necessidades. Para se ter uma ideia, o modelo mais compacto é
capaz de limpar 20 mil metros quadrados em até uma hora. Com “dentes” de aço inoxidável, ela
recolhe os materiais indesejados -, raspando todo o lixo da areia.
Depois peneira a areia de volta para a praia. Confira abaixo como
funciona a máquina:
Num cenário
onde a contaminação ambiental gerada pelas sacolas plásticas se tornou
um problema mundial e mais de vinte países já proibiram ou adicionaram
impostos a sua utilização, a empresa Solubag inovou para enfrentar este
problema de maneira sustentável, criando uma matéria-prima similar ao
plástico, amigável com o meio ambiente e solúvel em água.
“Após estudar a indústria, e
considerando que por ano são usadas em torno de um trilhão de sacolas
plásticas no mundo inteiro, percebemos que não havia sido desenvolvida
no plano massivo a ideia de criar um produto de uso cotidiano com base
em insumos que não fossem nocivos para nosso entorno”, explicou Roberto
Astete, gerente geral da empresa, numa conferência organizada pela Imagen Chile, agência público privada que promove a imagem do país internacionalmente.
Foi assim ele que viajou para
Guangzhou, China, para trabalhar com novas tecnologias, criar alianças
comerciais e pedir a assessoria de especialistas em engenharia química.
Após meses de trabalho, encontrou uma solução que, utilizando carbureto
de cálcio, produz PVA (álcool polivinílico), o qual, ao incorporar
outros componentes, leva à fabricação de um novo material que reproduz
as condições do plástico. A nova matéria-prima ainda traz o valor
agregado de se dissolver em poucos minutos, quando em contato com a
água, sem contaminá-la.
“A grande diferença deste produto é
que, por ser desenvolvido com estes materiais, não contém nenhum
derivado do petróleo, o que se ajusta perfeitamente ao projeto de lei
que está sendo implementado no Chile para proibí-las no comércio,
cumprindo padrões mundiais”, afirmou Cristian Olivares, gerente
comercial de Solubag.
“O preço inicial deste novo material
foi elevado, no entanto, através de melhorias contínuas de processos e
certificando fornecedores, este valor pode ser reduzido em cinco vezes.
E, à medida que integrarmos os volume de demanda ao mercado, o preço
deverá chegar num futuro próximo, a valores similares do preço atual do
polietileno”, comentou Roberto Astete.
Reconhecimento
Graças a este invento, Astete e Olivares foram os ganhadores do prêmio SingularityU Chile Summit 2018,
como um empreendimento catalisador de mudança, e participarão de um
estágio de 10 semanas no Silicon Valley, onde planejam desenvolver o
negócio para o mercado estadunidense e de forma global.
Bárbara Silva, CEO de BeSTinnovation e
diretora de Singularity Chile, afirmou que “Solubag resolve um problema
local com impacto global. O Chile possui empreendedores de classe
mundial e minha função tem sido identificar esse potencial abrindo
oportunidades de vínculo, crescimento e desenvolvimento em ecossistemas
avançados de inovação como o Silicon Valley”.
A empresa já conta com patentes
internacionais em trâmite, certificações e testes, tanto locais como
estrangeiras, incluindo o teste de contato com alimentos da FDA (Food
and Drug Administration), o que lhe permitirá expandir-se além das
fronteiras chilenas e dos países onde já se encontram estabelecidos,
como China, Colômbia, Equador, Panamá e República Tcheca.
Jorge Cortés, gerente de Marketing
Digital de Imagen de Chile, ressaltou que “nossa nação está se
posicionando globalmente graças a este tipo de inovações, que trazem uma
contribuição real para o meio ambiente. Deste modo, nosprojetamos
como um polo de inovação científica e tecnológica, onde profissionais
altamente qualificados protagonizam a busca de soluções para desafios
globais. Isto,sem dúvida, impacta favoravelmente nossa imagem de país”, conclui.