quarta-feira, 19 de julho de 2017

Parque do Rio Grande do Sul desmonta abrigo de caçador

O abrigo improvisado provavelmente utilizado por caçadores da região. Foto: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria
O abrigo improvisado provavelmente utilizado por caçadores da região. 
Foto: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria

Dia 17 de julho é reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente como o “Dia da Proteção das Florestas”. Na véspera (domingo 16/07), o Parque Natural Municipal dos Morros (RS), localizado no município de Santa Maria, fez valer a data especial. Em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente (SMA) e a guarda municipal, a unidade de conservação conseguiu desmontar um abrigo na mata, provavelmente usado por caçadores. e armadilhas.


A ação foi motivada por uma denúncia. Ao chegar lá, as equipes encontraram não apenas uma choupana improvisada, mas também armadilhas para abelhas nativas, chamadas de jataís (Tetragonisca angustula), árvores cortadas, vestígios de fogo recente e muito lixo ao redor do acampamento ilegal. A fiscalização tem sido feita semanalmente e, de acordo com a administração do parque, “a caça de animais e trilheiros motorizados desvinculados de associações ou clubes formais são os nossos principais problemas hoje”.


Criado há menos de um ano, as ações de fiscalização são uma ferramenta para apoiar a efetiva implementação da unidade de conservação. O parque, que possui cerca de 150 hectares de extensão, corresponde a um remanescente de Mata Atlântica do estado sobreposto à zona núcleo da Reserva da Biosfera do bioma.


Carro da secretaria durante a ação de fiscalização no parque. Foto: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria
Carro da secretaria durante a ação de fiscalização no parque. Foto: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria
Na ação foram encontrados vestígios de fogueira, além de muito lixo. Foto: Divulgação/Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria
Na ação foram encontrados vestígios
de fogueira, além de muito lixo.
Foto: Divulgação/Secretaria de Meio
Ambiente de Santa Maria

Cuiabá vai plantar 300 mil árvores

terça-feira, 18 de julho de 2017


Mais calçadas, praças e espaços de convivência também fazem parte dos projetos da gestão.
 
 
 
 
 

O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, o Tribunal de Justiça e o Juizado Volante Ambiental de Cuiabá (Juvam) firmaram, neste mês, uma parceria para garantir o plantio de 300 mil árvores na capital. A iniciativa é a primeira ação que será desenvolvida sob os cuidados de uma nova pasta: a Secretaria Municipal Extraordinária Cuiabá 300 anos. O objetivo da proposta é resgatar o título de Cidade Verde, à medida que envolve toda a população neste processo.
 
 
 
 
 
Além de recuperar o título de orgulho da capital do Mato Grosso, o plantio das árvores visa propiciar espaços públicos com boas condições climáticas. Sendo uma cidade de altas temperaturas, as árvores vão melhorar o ar e propiciar muita sombra, para a alegria dos moradores.
 
 
 
 
 
“É perceptível para todos nós que aqui moramos o quanto fomos perdendo, ao longo dos anos, esta qualidade que acompanhou a reputação de Cuiabá. Mas nós trabalharemos para dar o tratamento adequado à dignidade dos mato-grossenses, especialmente dos cuiabanos. Iniciaremos o plantio em alguns determinados pontos e gradativamente expandiremos essa operação para todos os segmentos do município”, afirmou o presidente do TJ, Rui Ramos.
 
 
 
 
 
De acordo com Ramos, mais calçadas, praças e espaços de convivência também fazem parte dos projetos da gestão.
 
 
 
 
 
Fonte: Ciclo Vivo
 
 
 
 
 

Sinapse artificial: Rumo à inteligência artificial em hardware

Sinapse artificial com pré-sinapse para inteligência artificial em hardware
Os engenheiros eletrônicos estão raqueando o cérebro humano em busca de construir computadores mais inteligentes.[Imagem: He Tian et al. - 10.1021/acsnano.7b03033]
Neuromorfose
Um dos maiores desafios para o desenvolvimento da inteligência artificial é entender o cérebro humano e descobrir como imitá-lo.


Um desses entendimentos acaba de ser mimetizado em um circuito eletrônico por He Tian e seus colegas das universidades Sul da Califórnia e da Flórida, nos EUA.


Eles desenvolveram uma sinapse artificial capaz de simular uma função fundamental do nosso sistema nervoso - a liberação de sinais inibitórios e excitatórios a partir do mesmo terminal "pré-sináptico".


O sistema nervoso humano é composto por mais de 100 trilhões de sinapses, estruturas que permitem que os neurônios passem sinais elétricos e químicos uns para os outros. Nos mamíferos, essas sinapses podem iniciar e inibir mensagens biológicas. Muitas sinapses apenas transmitem um tipo de sinal, enquanto outras podem transmitir ambos os tipos simultaneamente, ou podem alternar entre os dois.


A maioria das sinapses artificiais fabricadas até hoje, no entanto, - a maioria baseada nos memoristores - só é capaz de disparar um tipo de sinal.

Sinapse artificial reconfigurável
Agora, He Tian criou uma sinapse artificial reconfigurável, capaz de enviar sinais excitatórios e inibitórios.


O componente sináptico reconfigura a si próprio com base nas tensões elétricas aplicadas ao seu terminal de entrada. Uma junção feita de fósforo negro e seleneto de estanho permite a alternância entre os sinais excitatórios e inibitórios.


O componente é flexível e versátil, o que é altamente desejável para a fabricação de redes neurais artificiais.


Com o componente pré-sináptico, a expectativa é que o projeto das sinapses artificiais e dos circuitos neuromórficos fique mais simples e possa incorporar mais funções, facilitando a construção da inteligência artificial em hardware.

Bibliografia:


Emulating Bilingual Synaptic Response Using a Junction-Based Artificial Synaptic Device
He Tian, Xi Cao, Yujun Xie, Xiaodong Yan, Andrew Kostelec, Don DiMarzio, Cheng Chang, Li-Dong Zhao, Wei Wu, Jesse Tice, Judy J. Cha, Jing Guo, Han Wang
ACS Nano
DOI: 10.1021/acsnano.7b03033

Lei Única da Robótica: Os humanos devem florescer


Lei Única da Robótica: Os humanos devem florescer
Os robôs assassinos estão passando despercebidos porque, ao contrário dos filmes, eles não nasceram com forma humanoide.[Imagem: Divulgação]
Os seres humanos devem florescer
O autor de ficção científica Isaac Asimov escreveu sobre o controle das máquinas inteligentes que ele vislumbrava para o futuro propondo suas três leis da robótica:

  1. Um robô não pode ferir um ser humano ou, através da inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido.
  2. Um robô deve obedecer as ordens que lhe são dadas pelos seres humanos, exceto quando tais ordens entrarem em conflito com a primeira lei.
  3. Um robô deve proteger sua própria existência desde que essa proteção não entre em conflito com a primeira ou a segunda leis.
Agora que a ficção científica está-se tornando realidade, especialistas começam a discutir o assunto e verificar se as três leis ficcionais da robótica seriam adequadas ou suficientes para a robótica real.
Um painel de especialistas reunidos pela Sociedade Real Britânica e pela Academia Britânica sugere que não deve haver três, mas apenas um princípio abrangente para governar as máquinas inteligentes com as quais em breve estaremos convivendo:

  • Os seres humanos devem florescer.
Pessoas em primeiro lugar
De acordo com a professora Ottoline Leyser, o florescimento humano deve ser a chave para a gestão dos sistemas inteligentes artificiais - sejam incorporados na forma de robôs ou sejam invisíveis programas de computador.


"Este foi o termo que realmente encapsulou o que queríamos dizer. A prosperidade das pessoas e das comunidades precisa ser colocada em primeiro lugar, e pensamos que os princípios de Asimov podem ser subsumidos nele," disse ela.


O relatório defende a criação de um novo organismo que assegure que as máquinas inteligentes sirvam as pessoas, em vez de controlá-las. Os especialistas defendem que um sistema de supervisão democrática é essencial para regulamentar o desenvolvimento dos sistemas de autoaprendizagem e, sem ele, esses sistemas têm potencial para causar grandes danos.


O relatório não emite um alerta de que as máquinas estão para escravizar a humanidade - pelo menos não ainda. Mas quando sistemas que aprendem e tomam decisões de forma independente são usados em casa e em uma variedade de serviços comerciais e públicos, há espaço para que muitas coisas ruins aconteçam, diz o relatório.

Tecnologia ética
Para priorizar os interesses dos seres humanos sobre as máquinas, o desenvolvimento dos chamados sistemas de inteligência artificial não pode ser regido exclusivamente por padrões técnicos. Esses sistemas também precisam ser imbuídos de valores éticos e democráticos, de acordo com Antony Walker, outro membro do painel.



"Há muitos benefícios que emergirão dessas tecnologias, mas o público deve ter a confiança de que esses sistemas estão sendo pensados e governados adequadamente," afirmou Walker.


Ação e reação: descaso com oceanos gera consequências para todo planeta

terça-feira, 18 de julho de 2017


Inédita conferência da ONU realizou uma “chamada para ação” de parceiros e voluntários para promover a conservação dos oceanos; um dos desafios do Brasil é passar de 1,5% para 10% de áreas marinhas protegidas







O que inundações no Sul do Brasil, o aumento da frota de automóveis e a crescente produção de lixo têm em comum? Para os oceanos, tudo! É na porção aquática do planeta que os efeitos das ações cotidianas dos seres humanos são sentidos e também causam reações. Engana-se quem pensa que um papel jogado pela janela, o uso excessivo de produtos descartáveis e combustíveis fósseis não influenciam nos mares do planeta – e, consequentemente, no clima e na qualidade de vida de onde mora.






O grande problema é que estamos matando de forma silenciosa a maior parte de nosso planeta, já que 71% da Terra é coberta de água em estado líquido. Segundo a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vice-presidente da Associação Mar Brasil, Camila Domit, os oceanos são a base para a sobrevivência da humanidade. “São eles que garantem a produção do oxigênio e recursos para nossa alimentação e desenvolvimento econômico, como produção de óleo e gás. A biodiversidade aquática é imensa e grande parte ainda desconhecida. É por via marítima que fazemos conexão entre diferentes continentes, comércio e integração, além de proporcionar uma excelente fonte de lazer, esportes e, acima de tudo, paz e tranquilidade”, analisa a bióloga que também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.






Os mares e os oceanos são considerados os verdadeiros pulmões do mundo, pois abrigam espécies de algas marinhas e cianobactérias responsáveis pela maior parte da produção de oxigênio disponível na atmosfera. Também atuam no equilíbrio climático do planeta, absorvendo grande parte do calor que tem sido gerado com a intensificação do efeito estufa, como explica o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Luiz Faraco. “Os oceanos têm uma relação ‘de mão dupla’ com o clima: influenciam fortemente na temperatura do planeta, e ao mesmo tempo são afetados pela mudança climática. Estudos recentes demonstram que os oceanos estão se aquecendo a uma taxa 13% mais rápida do que imaginávamos e em regiões cada vez mais profundas”, explica.






A consequência do aumento do calor armazenado nos oceanos afeta a temperatura da superfície da água, as correntes marítimas e também o nível do mar, além de a mudança climática estar entre as principais causas de perda de biodiversidade no mundo, juntamente com a degradação de habitats e a invasão biológica por espécies exóticas, explica André Ferretti, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O aquecimento provoca mudanças nas correntes marítimas e massas de ar, o que aumenta a frequência e intensidade de grandes tempestades, furações e tufões, além de influenciar o maior derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e extinção de muitas espécies vegetais e animais. Mesmo que fosse possível parar todas as causas de mudança climática hoje, ainda assim teríamos que lidar com todo o impacto que já causamos e que nos afeta diretamente”, analisa Ferretti.






Interesses econômicos e hábitos de vida
Referência internacional em bodysurf, Henrique Pistilli, surfou ao longo de sua carreira as cinco maiores e mais perigosas ondas do mundo. O atleta, conhecido como Homem Peixe, também tem notado alterações ambientais em diversos lugares, entre eles nas correntes de ar em Florianópolis (SC), na vegetação em Fernando de Noronha (PE), e ainda na vida marinha da Bahia de Guanabara (RJ), da Indonésia, e do Havaí. “Os ciclos estão mudando. Já notamos chuva em época de seca em Noronha, por exemplo, e fases em que não deveria haver ondas, como de junho a novembro, e vemos um mar bem movimentado nessa época”, descreve.






Essas mudanças observadas por Pistilli são agravadas por problemas como a poluição, que prejudica a qualidade da água e afeta a existência de diversas espécies. Camila Domit alerta que hoje vivemos o processo inverso, de tentar remediar uma situação que poderia ser evitada. “O lixo que está nos oceanos, levando várias espécies a óbito, direta ou indiretamente, não chegou lá sozinho e é o efeito de cada um de nós, que somado, leva a um efeito gigantesco”, reforça. Ela explica que grande parte do dinheiro e do tempo gasto poderia ser evitado ou corrigido com mudanças de comportamento, como consumo consciente e responsável. “Não podemos mais remediar. Temos que evoluir e andar para frente. Já passou da hora de investirmos em um sistema de energia limpa e levar o pensamento sustentável para a indústria, universidades, cidades, comércio”, afirma ela.






Henrique Pistilli soma forças com os especialistas ao afirmar: “estamos assassinando o mar. O oceano não tem fronteiras. Encontrei lixo de outros continentes na praia em Fernando de Noronha e esse lixo remoto é que traz o alerta de que está tudo conectado e que a gente precisa tomar as rédeas dos nossos comportamentos. O problema está debaixo do nosso nariz e meu receio é termos um oceano vazio, um cemitério de águas”, aponta.






Henrique Pistili soma vozes à Ferretti e fala sobre o papel das instituições no processo de combate à mudança climática. “A indústria e a economia acham que crescer é igual a se desenvolver, mas estão consumindo o mundo natural. Uma pesquisa do Projeto Tamar aponta que até 2050 vai haver mais lixo do que peixe nas águas”, fala. Para ele, a sociedade é agente central na busca por uma vida mais sustentável e precisa estar atenta aos seus hábitos. “As pessoas estão míopes só vendo o mar como abastecimento de água.







A natureza é muito sábia, cria embalagens no tempo que precisam durar, como uma casca de fruta que se reintegra rapidamente ao ambiente. Por que usamos um copo ou garrafa plástica que vai levar mil anos para se decompor? O consumo do ser humano moderno é mimado, aperta um botão e acende a luz, abre a torneira e sai água, vivendo dentro de uma caixa fechada na cidade achando que tudo isso é infinito. É preciso trabalhar a visão de mundo”, conclui.






Futuro sustentável
Em junho deste ano, a ONU realizou pela primeira vez a Ocean Conference. O evento, que aproveitou a data do Dia Mundial dos Oceanos, foi realizado em Nova Iorque (EUA), para discutir o 14º item dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma agenda estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), composta por 17 objetivos e que deve ser implementada por todos os países até 2030. Entre os temas abordados, estão a erradicação da fome, igualdade de gênero, crescimento econômico ordenado e a conservação e uso sustentável da natureza. O 14º objetivo diz respeito à “Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.






Mais do que apenas teoria, a conferência realizou uma “chamada para ação” de parceiros e voluntários para apoiar a implementação do Objetivo 14, por meio de compromissos voluntários. Entre as mais de 1.300 iniciativas cadastradas por organizações de todo o mundo, a brasileira Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apresentou quatro estratégias para proteger a área marinha brasileira, que conta com apenas 1,5% de área legalmente protegida – enquanto os compromissos assumidos pelo país no âmbito das Metas de Aichi da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) determinam que pelo menos 10% de áreas marinhas e costeiras deverão ser conservadas por meio de sistemas de áreas protegidas até 2020.






Os quatro compromissos assumidos pela Fundação Grupo Boticário são: o apoio à criação e implementação de Unidades de Conservação Marinhas por meio de políticas públicas, apoio à projetos de conservação marinha e geração de informação científica de qualidade; realização de um simpósio dedicado ao tema de Unidades de Conservação Marinhas e a mobilização da sociedade por meio de estratégias de conservação.






Na opinião de Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, esse é um caminho para mobilizar os diferentes setores da sociedade em prol da proteção dos oceanos. “A conservação da natureza não passa apenas pelas florestas e a Conferência dos Oceanos é a materialização disso. Apoiar e viabilizar iniciativas que promovam a proteção e conservação da biodiversidade é vital para a sobrevivência da nossa sociedade e do bem-estar de todo o planeta”, finaliza.






*André Ferretti, Camila Domit, Luiz Faraco e Malu Nunes fazem parte da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza, uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.






Fonte: EcoDebate

Quais serão os últimos sobreviventes da Terra?


Quais serão os últimos sobreviventes da Terra?
A extinção do ser humano não significará a extinção da vida na Terra. [Imagem: Vicky Madden/Bob Goldstein/UNC Chapel Hil]

Fim da vida na Terra
Ao discutir cataclismas cósmicos e armagedons de diversos tipos, incluindo a morte natural do Sol, que deverá virtualmente "engolir" a Terra, é comum se falar sobre a extinção da vida humana no planeta.

Mas a extinção do ser humano não significará a extinção da vida na Terra.
Isto porque há muitos animais mais resistentes do que nós.

Mas então, se - ou quando - tivermos a infelicidade de sermos atingidos por esses cataclismas, qual será o limite da vida no planeta?

Ou, em outras palavras, qual será a última forma de vida a resistir para ver o apagar definitivo das luzes, ou para morrer junto com a Terra?

É claro que isso é muito mais do que uma mera curiosidade. Definir a resiliência das formas de vida conhecidas pode estipular limites mais amplos para a busca de vida em outros planetas - em Marte, por exemplo, por mais improvável que hoje pareça qualquer possibilidade de vida no planeta vermelho.

Animal mais resistente da Terra
Para chegar a uma resposta para essa questão, o brasileiro Rafael Alves Batista, atualmente fazendo um curso de pós-doutorado no Departamento de Física da Universidade de Oxford, pegou os eventos cósmicos catastróficos mais prováveis e partiu da forma de vida mais resistente que conhecemos.


O animal mais resistente que se conhece é o tardígrado, um microanimal de oito patas, também conhecido como urso d'água, que já sobreviveu por 18 meses no vácuo do espaço.

Outros estudos mostraram que o tardígrado é capaz de sobreviver por até 30 anos sem comida ou água, suportar temperaturas de até 150 graus Celsius e sobreviver nas imensas pressões do fundo dos oceanos. Dificuldades à parte, o microanimal pode viver até 60 anos e crescer até um tamanho máximo de 0,5 mm.

Rafael e seus colegas listaram então os principais eventos cósmicos que podem ameaçar a vida na Terra: o impacto de um grande asteroide, a explosão de uma estrela na forma de uma supernova ou uma explosão de raios gama. E, no final de tudo, a esperada morte do Sol, quando ele se transformará em uma gigante vermelha, expelindo para o espaço ao seu redor quase metade de sua massa na forma de nuvens de poeira e gás - o Sol crescerá tanto que muitos cálculos indicam que ele poderá engolir Mercúrio, Vênus e a Terra.
Quais serão os últimos sobreviventes da Terra?
Os ursos d'água podem viver até 60 anos - e podem viver 30 anos sem comida ou água. [Imagem: Willow Gabriel/Bio/UNC Chapel Hil]
 
 
Riscos à vida na Terra
No caso dos asteroides, há apenas uma dúzia de asteroides e planetas anões conhecidos com massa suficiente para, em caso de choque, fazer os oceanos da Terra ferverem e evaporarem (2x1018 kg), criando o que os pesquisadores chamam de "esfera de esterilização". Isso inclui Vesta (2x1020 kg) e Plutão (1022 kg), mas nenhum desses objetos cruzará a órbita terrestre, portanto não representam uma ameaça para nós e nem para os tardígrados.


No caso de uma supernova, para ferver os oceanos da Terra a estrela que explodiria precisaria estar a 0,14 anos-luz de distância. A estrela mais próxima do Sol está a quatro anos-luz de distância e a probabilidade de uma estrela maciça explodir próximo o suficiente da Terra para matar todas as formas de vida dentro da faixa de expectativa de vida do Sol é insignificante.


As rajadas de raios gama têm mais energia, mas também são mais raras do que as supernovas. Tais como as supernovas, as explosões de raios gama estão muito distantes da Terra para serem consideradas uma ameaça viável. Para poder ferver os oceanos do planeta, a explosão não deve estar a mais de 40 anos-luz de distância, e a probabilidade de uma explosão tão próxima é igualmente insignificante.

Assim, mesmo que os humanos desapareçam da face da Terra, qualquer que seja a razão, os tardígrados provavelmente sobreviverão até a morte do Sol.

"Sem a nossa tecnologia para nos proteger, os seres humanos são uma espécie muito sensível. Mudanças sutis em nosso ambiente nos impactam dramaticamente. Existem muitas espécies mais resilientes na Terra. A vida neste planeta pode continuar muito depois que os humanos se forem.

"Os tardígrados estão próximos da indestrutibilidade em termos da vida na Terra, mas é possível que existam outros exemplos de espécies resilientes em outros lugares do Universo. Neste contexto, é factível procurar vida em Marte e em outras áreas do Sistema Solar em geral. Se os tardígrados são a espécie mais resiliente da Terra, quem sabe o que mais existe?" comentou Rafael.
 

Bibliografia:

The Resilience of Life to Astrophysical Events
David Sloan, Rafael Alves Batista, Abraham Loeb
Nature Scientific Reports
Vol.: 7, Article number: 5419
DOI: 10.1038/s41598-017-05796-x