- 18/04/2014 17h02
- Rio de Janeiro
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil*
Edição: Fernando Fraga
Um grupo de ex-ocupantes do
prédio da Oi, no Engenho Novo, que estava acampado na frente da
prefeitura do Rio, na Cidade Nova, há uma semana, foi retirado do local
durante a madrugada. Agora, o grupo está na área externa da Catedral
Metropolitana, no centro.
Jociara Chaves, de 24 anos, morava na casa da irmã, na Favela do Arará, em Benfica, na zona norte da cidade, antes de decidir participar da ocupação do prédio da Oi. De acordo com ela, na ação de retirada do grupo houve uso de spray de pimenta por parte da Guarda Municipal e da Tropa de Choque da Polícia Militar.
“Nós ficamos com medo, eles cercaram a gente. Uma hora da manhã chegou o povo do abrigo [da Secretaria de Desenvolvimento Social], chamando a gente para ir para o abrigo, falamos que não queremos abrigo e pedimos para eles se retirarem na educação, ninguém tratou ninguém mal. Mas quando eles saíram, a tropa já estava arrumada para tirar a gente dali, chegaram com muito armamento para intimidar a gente e jogaram spray de pimenta”.
Segundo a advogada do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH) Eloísa Samy, são 36 pessoas, entre adultos e crianças, que resolveram “pedir socorro à Igreja”. “A Igreja ficou com medo e fechou as portas aos pobres. Apesar disso, o padre Luiz Antônio, que é da Pastoral das Favelas, veio conversar e se comprometeu a participar dessa negociação com a prefeitura, colocando o peso da Igreja na conversa”.
Para Eloísa Samy, a solução apresentada até o momento pela prefeitura, de levar o grupo para um abrigo, é paliativa para a gravidade da situação. “Essas pessoas foram removidas da Favela da Telerj [prédio da Oi] violentamente. Eles perderam tudo o que tinham, perderam bens pessoais, documento de identidade, foram simplesmente jogadas na rua e ninguém quer assumir a responsabilidade por elas. A prefeitura e os secretários de Habitação e de Governo só falam em abrigo, mas se elas forem para lá vão ficar esquecidas”, disse.
A advogada denuncia que os nomes das pessoas cadastradas durante a semana foram entregues à polícia. “Essas 400 pessoas acreditavam que estavam fazendo um cadastro social e esse cadastro foi levado para a 25ª Delegacia de Polícia (DP). Essas pessoas estão indiciadas por invasão do prédio da Oi. Olha tamanha farsa que foi feita com essas pessoas, fazê-las acreditar que estariam fazendo um cadastro social e isto está sendo usado para criminalizá-las”.
De acordo com a Polícia Civil, o delegado Leandro Ferreira, da 25ª DP, de fato pediu o cadastro para a prefeitura, mas não significa que todas as pessoas serão indiciadas. A intenção do delegado é ouvir todas elas para identificar as lideranças envolvidas no processo de invasão.
A Polícia Militar informou que o grupo que passou a madrugada em frente à prefeitura resolveu caminhar até a Candelária e em seguida se dirigiu à Catedral. “O Batalhão de Choque foi chamado para impedir uma tentativa de invasão. No momento, o 5º BPM (Centro) reforça o patrulhamento do local e acompanha a movimentação”, diz nota da PM.
O Auto da Paixão de Cristo, que seria encenado na Catedral, foi cancelado, bem como outras atividades na igreja.
Por meio de nota, a Arquidiocese informou que se ofereceu para “mediar uma solução ainda que parcial, uma vez que o período de feriados não permite soluções mais definitivas”.
“A Arquidiocese do Rio de Janeiro lamenta que existam pessoas que ainda sofram em virtude da ausência de moradia e sejam manipuladas por outros interesses. A Catedral permanecerá fechada. O Sr. Cardeal, em solidariedade a todos os necessitados realizará as celebrações pascais em comunidades que experimentam a pobreza aguda e que serão informadas oportunamente”.
A prefeitura foi procurada pela reportagem, mas não retornou o contato.
*Colaborou Vitor Abdala
Jociara Chaves, de 24 anos, morava na casa da irmã, na Favela do Arará, em Benfica, na zona norte da cidade, antes de decidir participar da ocupação do prédio da Oi. De acordo com ela, na ação de retirada do grupo houve uso de spray de pimenta por parte da Guarda Municipal e da Tropa de Choque da Polícia Militar.
“Nós ficamos com medo, eles cercaram a gente. Uma hora da manhã chegou o povo do abrigo [da Secretaria de Desenvolvimento Social], chamando a gente para ir para o abrigo, falamos que não queremos abrigo e pedimos para eles se retirarem na educação, ninguém tratou ninguém mal. Mas quando eles saíram, a tropa já estava arrumada para tirar a gente dali, chegaram com muito armamento para intimidar a gente e jogaram spray de pimenta”.
Segundo a advogada do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH) Eloísa Samy, são 36 pessoas, entre adultos e crianças, que resolveram “pedir socorro à Igreja”. “A Igreja ficou com medo e fechou as portas aos pobres. Apesar disso, o padre Luiz Antônio, que é da Pastoral das Favelas, veio conversar e se comprometeu a participar dessa negociação com a prefeitura, colocando o peso da Igreja na conversa”.
Para Eloísa Samy, a solução apresentada até o momento pela prefeitura, de levar o grupo para um abrigo, é paliativa para a gravidade da situação. “Essas pessoas foram removidas da Favela da Telerj [prédio da Oi] violentamente. Eles perderam tudo o que tinham, perderam bens pessoais, documento de identidade, foram simplesmente jogadas na rua e ninguém quer assumir a responsabilidade por elas. A prefeitura e os secretários de Habitação e de Governo só falam em abrigo, mas se elas forem para lá vão ficar esquecidas”, disse.
A advogada denuncia que os nomes das pessoas cadastradas durante a semana foram entregues à polícia. “Essas 400 pessoas acreditavam que estavam fazendo um cadastro social e esse cadastro foi levado para a 25ª Delegacia de Polícia (DP). Essas pessoas estão indiciadas por invasão do prédio da Oi. Olha tamanha farsa que foi feita com essas pessoas, fazê-las acreditar que estariam fazendo um cadastro social e isto está sendo usado para criminalizá-las”.
De acordo com a Polícia Civil, o delegado Leandro Ferreira, da 25ª DP, de fato pediu o cadastro para a prefeitura, mas não significa que todas as pessoas serão indiciadas. A intenção do delegado é ouvir todas elas para identificar as lideranças envolvidas no processo de invasão.
A Polícia Militar informou que o grupo que passou a madrugada em frente à prefeitura resolveu caminhar até a Candelária e em seguida se dirigiu à Catedral. “O Batalhão de Choque foi chamado para impedir uma tentativa de invasão. No momento, o 5º BPM (Centro) reforça o patrulhamento do local e acompanha a movimentação”, diz nota da PM.
O Auto da Paixão de Cristo, que seria encenado na Catedral, foi cancelado, bem como outras atividades na igreja.
Por meio de nota, a Arquidiocese informou que se ofereceu para “mediar uma solução ainda que parcial, uma vez que o período de feriados não permite soluções mais definitivas”.
“A Arquidiocese do Rio de Janeiro lamenta que existam pessoas que ainda sofram em virtude da ausência de moradia e sejam manipuladas por outros interesses. A Catedral permanecerá fechada. O Sr. Cardeal, em solidariedade a todos os necessitados realizará as celebrações pascais em comunidades que experimentam a pobreza aguda e que serão informadas oportunamente”.
A prefeitura foi procurada pela reportagem, mas não retornou o contato.
*Colaborou Vitor Abdala