Depois de ser primeira-dama e garota do tempo na TV, Flávia Peres surge
como
opção para assumir o posto do marido na disputa pelo Buriti.
A mulher de Arruda: raios e
trovoadas ao lado do ex-governador
Faltava um mês para as eleições
de 2010 e o ex-governador
Joaquim Roriz ainda tentava
limpar a barra de sua candidatura
ficha-suja. Na iminência de ser
enquadrado pela lei, ele
apresentou uma solução
caseira para se manter na
disputa. Pôs a mulher
em seu lugar. Reconhecida
pelos deliciosos pães de queijo
que faz, mas sem nunca
ter ocupado nenhum cargo
público na vida, dona Weslian
tornou-se sensação no Brasil
todo. Virou chacota nas redes
sociais ao dizer, em um ato falho,
que iria “defender toda aquela
corrupção”. Mesmo assim, obteve
um terço dos votos.
Quatro anos depois, uma
nova substituição excêntrica
desenha-se no horizonte das eleições candangas. Em meio ao calvário judicial
que pode terminar em crucificação política, José Roberto Arruda (PR)
cogita indicar a mulher, Flávia Peres, para substituí-lo nas urnas...
Hoje com 34 anos, a potencial candidata foi a mais jovem primeira-dama
do DF. Pouco tempo depois de Arruda se eleger governador, em 2006, os
dois assumiram o relacionamento. Foi Flávia quem Arruda levou a uma
viagem oficial que fez a Paris, Madri e Dusseldorf, na Alemanha, em junho
de 2007. Na ocasião, Arruda e o seu secretário de Obras, Alberto Fraga
, foram conhecer o sistema de trens urbanos da Europa. Desinibida e
fluente em inglês, Flávia participava das conversas com os europeus e
as traduzia ao pé do ouvido de Arruda. Já em solo brasileiro,
uma das primeiras aparições ao lado do recém-eleito governador
ocorreu durante um jogo de futebol no Maracanã. De cabelos compridos
e dourados, pele bronzeada e curvas acentuadas, ela não passava
sem ser notada. Aos poucos, Flávia começou a alternar o estilo informal
e voluptuoso com looks mais refinados. Tornou-se consumidora voraz
da etiqueta Magrella e uma colecionadora de joias assinadas por
Carla Amorim. Certa vez, chamou atenção ao enfiar seus pés —
calçados em sapatilhas Dior — em um lamaçal de Brazlândia, ao lado do
marido.
Embora ela estivesse no papel de esposa desde o início do mandato de
Arruda, o casal só oficializou a união em fevereiro de 2009. Oito
meses depois, ela conheceu o lado B das juras de amor. Viu o marido
ser preso e adoecer na prisão. Acusado de tentar atrapalhar o trabalho
de investigação da Operação Caixa de Pandora, o ex-governador
ficou dois meses encarcerado. Além dos advogados, só Flávia visitou o
marido naquele período. Era ela quem levava as marmitas para ele
na cela.
Dona de uma personalidade forte, Flavinha Furacão, como
era conhecida na juventude, respondeu com calmaria à tempestade
que varreu o marido do Palácio do Buriti.
Nem nos momentos mais dramáticos
ela se abateu publicamente. Houve quem apostasse no fim do
romance, com a crise. Mas Flávia se mudou com o político e a
filha pequena, Maria Luisa, para um apartamento no Itaim Bibi,
bairro nobre de São Paulo.
Na capital paulista, entrou para a TV Bandeirantes.
Virou a ga-rota do tempo da emissora. Enquanto Arruda cuidava
da caçula, a ex-primeira-dama apresentava as previsões de raios
e trovoadas no jornal de Boris Casoy. Nessa rotina, o casal viveu
três anos, período em que o vendaval político deixado pela
Pandora em Brasília se arrefeceu.
Pouco antes do início da atual campanha, os dois voltaram para
Brasília. Ela engravidou de sua segunda filha, Maria Clara, que
nasceu em 18 de julho. Onze dias depois, já acompanhava o
marido no primeiro debate das eleições locais. Com opiniões
muitas vezes imperativas, Flávia é uma das poucas vozes que
Arruda leva em conta antes de agir. Em episódio recente, no
qual ele mais uma vez caiu no manjado golpe da gravação
clandestina, a mulher foi a primeira a repreendê-lo. Ao ser
cobrado por correligionários, ele pediu trégua. “Flávia
já me esculhambou”, disse, esperando misericórdia dos aliados.
Formada em educação física, Flávia cursou oito semestres de
direito. Costuma dizer que a situação do marido a instigou
a querer compreender o universo jurídico. Embora o tio-avô
Alberto Peres e o avô Paulo Peres tenham sido fundadores
do UniCeub, ela estudou na Católica, em Taguatinga.
Lá viveu até 2001. Hoje tem uma casa no Park Way,
que divide com Arruda. Ela entrou na vida dele antes
de os dois terem um relacionamento amoroso.
As famílias se conheciam de longa data. Engenheiro
civil e ex-funcionário das administrações de Taguatinga e
Sobradinho, o pai de Flávia é primo de Regina Célia Peres,
a ex-diretora do Prodasen que confessou ter violado o
painel do Senado a pedido de Arruda e de Antônio
Carlos Magalhães. A crise com interseções familiares
não a intimidou. Mesmo após o escândalo, ela passou a
frequentar o comitê de campanha de Arruda. Começou
como colaboradora e, alguns anos mais tarde, virou
primeira-dama. Agora, dadas as circunstâncias, é
Flávia quem pode ter Arruda na retaguarda.
O recurso especial do ex-governador está pautado no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) para ser votado na terça (9).
Se o candidato for derrotado, Flávia passa a ser uma alternativa
para outubro. “Não tenho pretensões políticas”, é o que
diz a moça das previsões climáticas. Mas isso, ao que tudo indica,
pode mudar a qualquer tempo.
Fonte: Por LILIAN TAHAN, revista Veja Brasília - 06/09/2014 - - 10:58:16