domingo, 11 de julho de 2021

Cidades precisam dispensar carros para sobreviver

 

Cidades precisam dispensar carros para sobreviver

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/06/2021

Cidades precisam dispensar carros para sobreviver
Tempo médio de deslocamento (eixo vertical) como função do número de motoristas (eixo horizontal).
[Imagem: Rafael Prieto Curiel et al. - 10.1098/rsos.201808]

Explosão automobilística

Para uma equipe de urbanistas e ambientalistas, não há outra saída: As cidades devem se livrar dos carros para serem habitáveis no futuro.

E eles citam um dado que parece indicar ser esse mesmo o caminho: Globalmente, o número de carros produzidos está aumentando mais rapidamente do que a população.

Apenas para citar o dado mais recente, foram 80 milhões de carros produzidos em 2019, enquanto a população aumentou em 78 milhões.

Para Rafael Curiel e colegas da Universidade College de Londres, isso exige não apenas uma mudança no comportamento coletivo, como também um planejamento urbano que leve o foco para a redução da dependência de carros, promovendo menos viagens e viagens mais curtas, encorajando caminhadas e ciclismo como principais meios de transporte local.

O transporte público deve ser incentivado para viagens mais longas, argumentam os pesquisadores, e os carros só devem ser usados em emergências ou ocasiões especiais.

Cidade travada

Os pesquisadores criaram um modelo matemático de uso de automóveis em uma cidade, onde os residentes usavam o carro diariamente ou usavam o transporte público, sendo que o principal fator de decisão - usar ou não o carro - foi o tempo que as viagens demoravam.

O modelo permitiu testar cenários extremos, incluindo o de uma cidade com 50 milhões de habitantes e 50 milhões de carros, onde todos os moradores usam o carro diariamente para tentar minimizar o tempo de deslocamento. Além das exigências insuportáveis em termos de custos de infraestrutura - como avenidas, pontes e estacionamentos - a cidade literalmente trava com congestionamentos.

Em geral, presume-se que melhorar a infraestrutura de transporte público melhoraria os custos básicos (tempo), pois mais pessoas optariam por ele em vez de dirigir o próprio carro. Contudo, o modelo mostrou que, mesmo sem melhorar a infraestrutura, os custos básicos podem ser reduzidos reduzindo-se o número de pessoas que podem dirigir de cada vez.

Por exemplo, se um grupo de pessoas tem permissão para dirigir uma semana e deve usar outros meios de transporte na próxima, o tempo médio de deslocamento poderia ser reduzido em até 25%.

Cidades precisam dispensar carros para sobreviver
Modelo de custos sociais (eixo vertical) como função do número de motoristas (eixo horizontal) considerando uma população de um milhão de habitantes.
[Imagem: Rafael Prieto Curiel et al. - 10.1098/rsos.201808]

Custos do uso do carro

Segundo a equipe, a redução do uso dos carros nas cidades depende principalmente de oferecer aos cidadãos mais opções de viagens, além de estabelecimentos comerciais e de serviços locais.

Garantir que os residentes compreendam os custos do uso do automóvel também pode ajudar a fazer escolhas informadas, enquanto intervenções - como cobrança por congestionamento, pedágios e controles de viagem e estacionamento podem ajudar ainda mais a desencorajar o uso do carro.

"Atualmente, grande parte dos terrenos das cidades é dedicada aos automóveis. Se o nosso objetivo é ter cidades mais habitáveis e sustentáveis, devemos tomar parte desse terreno e destiná-lo a meios de transporte alternativos: a pé, de bicicleta e de transporte público," disse o professor Humberto Ramírez, da Universidade Gustave Eiffel.

Bibliografia:

Artigo: A paradox of traffic and extra cars in a city as a collective behaviour
Autores: Rafael Prieto Curiel, Humberto González Ramírez, Mauricio Quiñones Domínguez, Juan Pablo Orjuela Mendoza
Revista: Royal Society Open Science
DOI: 10.1098/rsos.201808

Roupa com tecido reflexivo resfria até 5 ºC sem gastar energia

 

Roupa com tecido reflexivo resfria até 5 ºC sem gastar energia

Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/07/2021

09-07 Roupa com tecido reflexivo resfria até 5 ºC sem gastar energia
O tecido foi testado em várias situações e comparado com roupas comuns de algodão.
[Imagem: Shaoning Zeng et al. - 10.1126/science.abi5484]

Roupa que refrigera

Nosso mundo em rápido aquecimento está criando uma demanda por novos tecidos inovadores, que ajudem a resfriar as pessoas sem depender de eletricidade ou baterias.

O conceito por trás disso é o resfriamento radiativo, uma espécie de refrigeração passiva que manda o calor para o espaço ao gerar comprimentos de onda infravermelhos para os quais a atmosfera terrestre é transparente.

Vários tipos de têxteis de resfriamento radiativo têm-se mostrado capazes de melhorar a transferência de calor entre a pele e o ambiente, mostrando que esta é uma forma promissora de gerenciamento térmico pessoal.

No entanto, esses materiais em escala de laboratório ainda carecem de durabilidade ou são difíceis de produzir em escala industrial, o que é necessário para que eles cheguem ao mercado.

Shaoning Zeng, da Universidade de Ciência e Tecnologia Huazhong, na China, acredita ter encontrado uma solução para esse problema criando uma espécie de "manto de invisibilidade para o calor".

09-07 Roupa com tecido reflexivo resfria até 5 ºC sem gastar energia
Mesmo sendo multicamada, o metatecido pode ser fabricado por processos industriais.
[Imagem: Shaoning Zeng et al. - 10.1126/science.abi5484]

Metatecido

Usando o princípio dos metamateriais, Zeng criou um "metatecido", um tecido multicamada que mescla camadas de ácido polilático, óxido de titânio laminado e uma camada de politetrafluoroetileno.

Essa combinação criou um tecido com uma funcionalidade de resfriamento radiativo passivo excepcional, além de apresentar excelentes propriedades mecânicas, como durabilidade, impermeabilidade e respirabilidade.

De acordo com a equipe, o tecido pode fornecer alta emissividade térmica (94,5%) e alta refletividade (92,4%) no espectro solar.

Além do mais, o metatecido pode ser fabricado de maneira fácil e econômica por meio dos processos de fabricação industrial tradicionais.

Para demonstrar a aplicação prática do material, Zeng fez uma série de testes, um dos quais mostrou que o corpo humano coberto pelo metatecido pode ser resfriado passivamente cerca de 4,8 ºC abaixo da temperatura obtida com o corpo coberto por um tecido de algodão branco.

Bibliografia:

Artigo: Hierarchical-morphology metafabric for scalable passive daytime radiative cooling
Autores: Shaoning Zeng, Sijie Pian, Minyu Su, Zhuning Wang, Maoqi Wu, Xinhang Liu, Mingyue Chen, Yuanzhuo Xiang, Jiawei Wu, Manni Zhang, Qingqing Cen, Yuwei Tang, Xianheng Zhou, Zhiheng Huang, Rui Wang, Alitenai Tunuhe, Xiyu Sun, Zhigang Xia, Mingwei Tian, Min Chen, Xiao Ma, Lvyun Yang, Jun Zhou, Huamin Zhou, Qing Yang, Xin Li, Yaoguang Ma, Guangming Tao
Revista: Science
DOI: 10.1126/science.abi5484