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Uma equipe de cientistas do Brasil e do Reino Unido avaliou os impactos das mudanças nas paisagens da Amazônia em duas regiões do Pará – Santarém e Paragominas. Com isso, o grupo estimou, entre outras conclusões, que 24 mil km² da floresta viram pastagens a cada ano.
Os resultados foram registrados em junho na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os pesquisadores coletaram dados de 310 regiões da floresta, examinando mais de 2 mil espécies de árvores, trepadeiras, pássaros e insetos. Eles também estudaram as propriedades do carbono e do solo amazônico, juntando dados de 2006 a 2019 sobre a rapidez com que o cenário mudou na última década.
O experts descobriram que a riqueza de espécies de quase todos os grupos de biodiversidade diminuiu entre 18% e 100% onde a floresta primária ou secundária foi convertida em pastagem ou em agricultura mecanizada.
As áreas de transição para a agricultura desse tipo tiveram o maior impacto ecológico, mas ocorreram com menos frequência do que a conversão de florestas em pasto.
Conforme explica o biólogo Cássio Alencar Nunes, e principal autor do estudo, o desmatamento e a degradação da floresta primária ocorrem, por exemplo, por meio da extração de madeira e incêndios. Só então surge a vegetação secundária, em recuperação: “Muitas paisagens tropicais são agora um mosaico de usos não florestais da terra, florestas secundárias em regeneração e florestas primárias degradadas”, conta Nunes, que é pesquisador da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais.
Ao investigar a taxa de transformação entre os diferentes usos da terra e suas consequências, os pesquisadores identificaram as transições que são comuns e têm altos impactos ecológicos, bem como aquelas que têm grandes impactos, mas ocorrem com menor frequência.
“O desmatamento de florestas primárias para criar pastagens é a mudança de uso da terra mais danosa na Amazônia brasileira”, destaca Nunes, em comunicado da Universidade de Lancaster, na Inglaterra. Segundo ele, a questão sempre foi classificada com alta taxa e alto impacto, o que salienta a importância do combate ao desmatamento, que vem aumentando nos últimos anos.
O estudo também destaca as possíveis oportunidades para proteger a Amazônia, como por meio da conservação das florestas secundárias, permitindo que elas amadureçam. De acordo com os autores, a diversidade de árvores grandes dobrou e a de árvores pequenas aumentou 55% quando essas florestas atingiram mais de 20 anos de idade.
Os pesquisadores descobriram ainda que a mudança entre os tipos de agricultura — de pastagem para mecanizada — também prejudica a biodiversidade. Devido a essa alteração, a diversidade de formigas e pássaros caiu 30% e 59%, respectivamente.
“Essas são descobertas importantes, pois mostram que há uma infinidade de ações que podem ser tomadas para proteger e melhorar a ecologia da Amazônia”, comenta o brasileiro. “Quando os agricultores mudam a terra de pastagem para cultivo usando métodos agrícolas mecanizados, isso também está impactando a biodiversidade, mas é um processo que está em grande parte oculto quando comparado ao desmatamento.”
Jos Barlow, professor de Ciências da Conservação no Lancaster Environment Center, afirma que os resultados enfatizam a importância de combater o desmatamento, mas também os “benefícios adicionais de evitar a degradação e aumentar a permanência das florestas secundárias”. “No entanto, alcançar isso exigirá transformar a maneira como a Amazônia está sendo gerenciada atualmente, incluindo uma integração muito melhor entre ciência, política e práticas locais”, avalia.
Fonte: Galileu
O acumulado de alertas de desmatamento em agosto de 2022 na Amazônia foi de 1.661 km², segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o segundo pior agosto da série histórica do Deter, atrás apenas de 2019, quando a área foi de 1.714 km².
Como mostrou o g1, 2022 registrou a maior taxa de alerta para um primeiro semestre em sete anos de medição na Amazônia Legal, região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.
Quando comparada toda a série de 2021-2022, o acumulado de alertas de desmatamento em 2022 na Amazônia foi de 8.590 km², terceiro ano consecutivo da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) que os alertam ficam acima da marca de 8 mil.
“Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia como não se via desde os anos 1990 e uma crise social sem precedentes”, avalia Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
“O crime organizado dominou a região, e a liberação de armas para civis torna muito mais perigosa a tarefa de retomar a fiscalização e o controle do desmatamento”, complementa.
Com 33.116 focos de queimadas no último mês, a Amazônia também teve o pior agosto de queimadas dos últimos 12 anos. Em uma semana, as queimadas na Amazônia também superam todo o mês de setembro de 2021. Ambientalistas lembram que o fogo é a finalização do desmatamento, e que uma coisa é consequência da outra.
“O avanço da estação seca, o chamado “verão” amazônico, após um primeiro quadrimestre de muita chuva, está dando aos desmatadores a oportunidade de queimar a floresta derrubada no ano passado, quando a região viu a maior taxa de desmate em 15 anos”, pontua o OC.
Como dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses chuvosos na maioria dos estados que englobam o bioma, as taxas de desmatamento são tipicamente menores durante esses meses.
No entanto, as taxas registradas no começo do ano se comparam aos registros da estação seca em anos onde houve maior ação contra os crimes ambientais.
Em janeiro foram 430,44 km² de área sob alerta de desmatamento. A média para o mês no período entre 2016 e 2021 é de 162 km²; a taxa atual foi 165% maior.
Já em fevereiro foram 199 km² de áreas sob alerta de desmate; a média entre 2016 e 2021 é de 135 km²: o número registrado neste ano foi 47% maior.
No ano passado, durante a COP 26, o Brasil foi um dos 127 países signatários da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra, documento que declara o comprometimento coletivo de deter e reverter a perda de florestas até 2030.
Para Kuczach, diretora-executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, o Brasil está indo na contramão da busca de soluções no combate das mudanças climáticas e, cada vez mais, se transformando “num pária internacional”.
“Exemplos recentes disso pode ser a diminuição que aconteceu essa semana da Floresta Nacional de Brasília, num ataque surpresa promovido pelo Senado; e a extinção do Parque Estadual do Cristalino, no Mato Grosso, esse em âmbito judicial e com a clara influência de uma empresa vinculada ao maior desmatador da Amazônia, ou seja, nem dentro das unidades de conservação a floresta está de fato protegida”.
Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter.
Fonte: G1
Chimpanzés selvagens usam um “estilo próprio” ao bater em árvores para se comunicar, segundo cientistas.
Pesquisadores que estudaram chimpanzés na floresta tropical de Uganda descobriram que os animais emitem mensagens uns para os outros produzindo sons nas raízes das árvores.
Os cientistas dizem que a cadência das batidas permite que eles enviem informações por longas distâncias, revelando quem está em qual lugar e o que estão fazendo. Os resultados foram publicados na revista Animal Behavior.
A primatologista Catherine Hobaiter, da Universidade de St. Andrews no Reino Unido, explicou que os macacos selvagens usam enormes raízes de árvores como uma grande superfície de madeira para tamborilar com as mãos e os pés.
“Se batemos nas raízes com muita força, isso ressoa e faz esse grande som profundo e estrondoso que viaja pela floresta”, disse ela ao programa Inside Science da BBC Radio 4.
“Muitas vezes fomos capazes de reconhecer quem estava batendo quando ouvíamos; era uma maneira fantástica de encontrar os diferentes chimpanzés que estávamos procurando. Então, se conseguimos fazê-lo, temos certeza de que eles também podem.”
Cada chimpanzé macho usa um padrão distinto de batidas. Eles as combinam com vocalizações que atingem longas distâncias, chamadas em inglês de pant-hoots. E diferentes animais tamborilam em diferentes momentos do seu chamado.
A pesquisadora principal do estudo, a estudante de doutorado Vesta Eleuteri, da Universidade de Viena, afirma que alguns indivíduos têm um ritmo mais regular, enquanto alguns têm ritmos mais variáveis.
“Fiquei surpresa por conseguir reconhecer quem estava produzindo o sons depois de apenas algumas semanas na floresta”, disse ela. “Mas seus ritmos são tão distintos que é fácil captá-los.”
Eleuteri citou um jovem chimpanzé macho, que os pesquisadores chamaram de Tristan. “Ele reproduz longas batidas que conseguimos reconhecer de longe e saber que é o Tristan.”
Os animais também parecem usar os sons característicos apenas quando estão em deslocamento. Os pesquisadores especulam que o chimpanzé talvez escolha se deseja ou não revelar sua identidade.
“Se eles estão se exibindo para um grupo ao seu redor, podem não necessariamente querer que o grande macho alfa ao lado saiba quem são”, disse Hobaiter. “Eles não querem entregar o jogo.”
Ela disse ainda que entender a comunicação dos chimpanzés dessa maneira pode ajudar na resolução de um quebra-cabeça de comunicação de longa data: chimpanzés selvagens se cumprimentam quando se encontram, mas não parecem “dizer adeus” quando se separam na floresta.
“Os chimpanzés podem não precisar se despedir, porque são efetivamente capazes de manter contato enquanto estão longe”, explicou Hobaiter.
“Esses sinais de longa distância dão aos chimpanzés uma maneira de checar se está tudo bem uns com os outros. Isso pode nos ajudar a entender o que pensávamos ser uma das grandes diferença entre chimpanzés e humanos e nos ajudar a entender as razões por trás dela.”
Fonte: BBC