sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O Globo – Catástrofe / Coluna / Ascânio Seleme


A notícia seria manchete instantânea nos sites. O assunto ocuparia todos os jornais, TVs e rádios do Brasil por semanas, meses, anos, até virar história. Vazaria pelas fronteiras e seria tema de debate nos países vizinhos, nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia. A repercussão seria gigantesca, menor apenas do que os efeitos da catástrofe. A primeira notícia seria dada assim: “Usina nuclear de Angra explode, ainda não se sabe número de vítimas”. A segunda nota, menos de meia hora depois, aterrorizaria o país, embora não fosse surpreendente: “Plano de emergência não funcionou”.

“Não há sinais de sobreviventes”, anunciaria o repórter a bordo do primeiro helicóptero que sobrevoasse a usina. “O que se vê daqui do alto é um enorme amontoado de ferros retorcidos”. No solo, equipes de jornalistas anunciariam que bloqueios estavam sendo feitos para ninguém se aproximar do local da explosão. Famílias desesperadas se aglomerariam nas barreiras em busca de notícias de parentes. O cenário comum em todas as tragédias brasileiras teria um adicional muito mais dramático. “Cientistas dizem que radiação deve se espalhar rapidamente e recomendam imediata evacuação de Angra e Mangaratiba”.

“Pânico!”, gritaria a manchete seguinte, com imagem de filas de carros, caminhões, ônibus, motos, bicicletas, gente a pé, correndo, tentando sair de Angra pela apertada Rio-Santos. “Caos nas ruas da cidade e na estrada. Pessoas não sabem para que lado ir; autoridades pedem calma”. Em seguida, apareceriam as primeiras imagens de saques e brigas. O desespero tomaria conta rapidamente de toda a região. Alertas sobre o vento mostrariam que a onda radioativa poderia chegar rapidamente a Itaguaí e Santa Cruz. “Autoridades falam em perímetro de segurança num raio de 200 quilômetros”, anunciaria um site. O Rio!

O alvoroço sem precedentes que ocorreria em seguida jamais seria esquecido. As cenas de violência e desespero ficariam grudadas nas retinas dos brasileiros para sempre. Desnecessário descrevê-las. Todos sabem como seria. Tudo o que se veria em Angra e Mangaratiba seria sombra pálida diante do caos que avassalaria o Rio quando a nuvem tóxica superasse as montanhas da Floresta da Tijuca e se despejasse sobre a cidade.

O Brasil, paralisado, acompanharia o desdobramento da tragédia. Cada detalhe seria conhecido com assombro pelo país. Diretores da Eletronuclear não conseguiriam explicar por que o reator principal explodiu. Pior, por que os protocolos de segurança falharam. Alguém diria que as sirenes derreteram com o calor da explosão. Mais grave: “A tragédia poderia ter sido evitada; circuitos de resfriamento da usina deveriam ter sido trocados há dois anos”, revelaria reportagem.

Dez anos depois, com um número de vítimas jamais contabilizado, a área isolada iria do Rio até Paraty. Com carência material e de pessoal para cercar com eficiência toda a região, Exército e Marinha acumulariam relatórios de infiltração de pessoas, sobretudo nas zonas urbanas abandonadas. Os índices de óbitos por câncer e outras doenças degenerativas causadas pela radiação seriam multiplicados por mil em todo o quadrilátero afetado pelo poluição nuclear. As massas deslocadas da área contaminada jamais se adaptariam à nova vida. O Brasil demoraria ainda algumas dezenas de anos para se recuperar da catástrofe.

Você acha que exagerei? Talvez. Talvez o raio de segurança fosse menor, de 50, 40 quilômetros. Talvez. Quem sabe? O fato é que, diante da insegurança de todos os mecanismos de controle e fiscalização brasileiros, uma bomba dessa pode muito bem explodir de uma hora para outra. O Brasil é vergonhosamente frágil. Tragédias como as de Mariana e Brumadinho, como a do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, ou do Ninho do Urubu, no Rio, são claros exemplos de descuido, descaso e desrespeito. O Brasil precisa superar essa incompetência nacional com a urgência da faísca que é capaz de detonar uma tragédia de proporções atômicas.

Câmara decide pela proteção de Unidades de Conservação

WWF 

Câmara decide pela proteção de Unidades de Conservação



14 Fevereiro 2019   |   0 Comments
 
Emendas que diminuíam parques nacionais foram retiradas de Medida Provisória por serem inconstitucionais

Por Clarissa Presotti

As Unidades de Conservação e a sociedade brasileira obtiveram uma vitória importante na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (13/2). Durante a votação da Medida Provisória 852/2018 – sobre a transferência de imóveis do INSS para a União – foram excluídas as emendas que alteravam limites de áreas protegidas por serem consideradas assuntos estranhos à MP.

Os deputados aprovaram o texto original da medida, recusando o projeto de lei de conversão do senador Dário Berger (MDB-SC), que havia incluído diversos outros tópicos. Alguns desses assuntos entraram de última hora, como os que tratavam alteração de áreas protegidas.

Estavam em risco o Parque Nacional de Brasília, a Floresta Nacional de Brasília, ambos no Distrito Federal, e o Parque Nacional de São Joaquim, em Santa Catarina. As três Unidades de Conservação (UCs) têm grande importância ecológica e belezas cênicas que abrigam atrativos turísticos, além de serem responsáveis pelo abastecimento hídrico das populações locais.

A decisão da retirada das emendas ‘jabutis’ do texto da MP 852 foi do presidente Rodrigo Maia. Ele considerou que os artigos de alteração das áreas protegidas caracterizavam matéria estranha ao texto da MP original, o que viola o princípio democrático e o devido processo legislativo, conforme precedente fixado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5127.

Em dezembro do ano passado, quando a matéria foi aprovada na Comissão Mista de deputados e senadores, a Coalizão Pro-UCs, uma rede de 11 organizações ambientalistas, já tinha feito esse alerta. Também avisou que a inclusão de alterações de parque em Medidas Provisórias é flagrantemente inconstitucional porque viola o entendimento fixado por unanimidade pelo Supremo na ADI 4717, de que não se pode alterar os limites de UCs, com redução de área, por meio de Medidas Provisórias ou de seus consequentes projetos de lei de conversão.

Esses argumentos também foram mencionados por deputados do PSOL, PT, PSB, PCdoB, Rede e Patriota em seus discursos na tribuna, após o alerta das ONGs socioambientais, entre elas o WWF-Brasil.

Segundo a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), os jabutis inseridos na medida seriam inconstitucionais uma vez que o Supremo já disse que não se pode diminuir unidades de conservação por medida provisória. “E nós temos três UCs sendo reduzidas por essa MP”, afirmou a parlamentar.

“Definitivamente foi uma grande vitória para as unidades de conservação. A Câmara deu uma demonstração importante de alinhamento com o entendimento do STF que julgou inconstitucional a redução de áreas protegidas por Medidas Provisórias, ainda mais quando são frutos de emendas que não estão relacionadas ao tema principal da MP”, destaca a coordenadora de Ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano.


Para ela, as unidades de conservação representam um patrimônio da sociedade brasileira. “Qualquer alteração em seus limites deve ser feita por meio de processos transparentes, com forte argumentação técnica e amplamente debatidos com os atores relevantes”.


Na avaliação do coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, a pressão no Congresso Nacional para a redução de áreas protegidas não é novidade. “Não é a primeira vez que o WWF-Brasil faz o alerta sobre a grande ofensiva contra Unidades de Conservação no Legislativo. Os alvos estão em diversas regiões, atingindo os principais biomas como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Trata-se de um desmonte sem precedentes na história do Brasil”, destacou.


Michel Santos lembrou ainda que em 2017, uma emenda da bancada catarinense à Medida Provisória (756), que discutia a polêmica revisão dos limites da Floresta Nacional de Jamanxim, no Pará, propunha reduzir 20% da UC catarinense. Em abril de 2018, dois projetos foram protocolados simultaneamente na Câmara e no Senado, prevendo a redução de 10 mil hectares do parque, aproximadamente um quinto de seus 49,3 mil hectares.


Segundo um estudo do WWF-Brasil, de 2017, Unidades de Conservação em Risco, uma série de medidas que colocam em risco esse tipo de área protegida está em curso --à época, estimou-se que a ameaça rondava ao menos 10% do território de UCs. Em meados de setembro de 2018, a Assembleia Legislativa de Rondônia revogou a criação de 11 UCs que totalizam quase milhão de hectares. A decisão sobre a manutenção das UCs está com a Justiça.

Startup usa bactérias na despoluição das águas de rios e lagos




Startup usa bactérias na despoluição das águas de rios e lagos

Tecnologia foi usada pelo O2eco depois do rompimento da barragem em Mariana.

O rompimento da barragem em Brumadinho não só gerou uma onda de solidariedade em todo o país, mas também motivou a busca por tecnologias que ajudassem a minimizar as perdas. Como fez em 2015, no acidente semelhante ocorrido em Mariana, também em Minas Gerais, a O2eco, uma startup de São Paulo, disponibilizou seu processo de limpeza de água, que usa bactérias na regeneração de áreas poluídas de rios, lagos, lagoas, entre outros, para ajudar na limpeza das águas próximas ao local do desastre. 


A empresa se enquadra no 14º dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 2015, a instituição é parceira do Sebrae no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.


Segundo Luís Fernando Magalhães, um dos quatro sócios da O2eco, o processo utilizado pela startup veio da Austrália, país onde morou por 14 anos. Hoje, a empresa tem licenciamento para fabricar o produto no Brasil.


“Usamos uma placa de cera com nanominerais dentro dela para estimular a criação de bactérias saudáveis que ajudam na limpeza de lagos, rios e lagoas”, explica Magalhães. Ele detalha que com o uso da tecnologia, a produção de bactérias pode crescer de oito mil vezes para 10 milhões de vezes a cada 10 horas. “Isso faz com que o consumo de materiais orgânicos e inorgânicos seja mais rápido e, depois, com a água sem sujeira, as bactérias morrem de inanição”.


A tecnologia

 

A primeira experiência da startup em um desastre ocorreu em 2015, após o rompimento da barragem de minério em Mariana. A O2eco foi chamada para fazer o trabalho no Rio Doce, que ficou contaminado pela lama projetada na água. Segundo Magalhães, o processo de descontaminação foi positivo e conseguiu, por exemplo, abaixar o nível do alumínio derramado em torno de 57% em cinco semanas. As placas utilizadas nos rios podem ter uma vida útil de até nove meses.

De origem australiana, o processo utilizado por Magalhães e seus outros três sócios também já existe em 11 países do mundo, mas não apenas para a limpeza de ambientes hídricos, como também em outras áreas. 


Em estações de tratamento, os meios usados são os mesmos dos rios, que é por meio da bioestimulação de microrganismos que aceleram a despoluição. Além disso, a tecnologia pode ser utilizada no agronegócio, principalmente no descarte de material orgânico. Segundo o empresário, todo o processo é feito sem produtos químicos, assim como nos tanques utilizados na aquicultura, que possuem uma densidade muito grande de animais e carga orgânica.


Sediada em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a O2eco também é considerada um negócio social, já que seus sócios doam tratamento de água para cidades, como fez no próprio município onde está instalada. No Rio de Janeiro, a startup disponibilizou um trabalho gratuito em uma área de até 10 mil metros quadrados. “Nós temos um propósito social e ambiental”, afirma Magalhães. Segundo ele, a tecnologia da despoluição da empresa também está à disposição de escolas.

Sistema de bike que pode ser estacionada em qualquer lugar chega em Floripa


Sistema de bike que pode ser estacionada em qualquer lugar chega em Floripa

 

O serviço é ofertado através do aplicativo Yellow.


Quem passa pela região central de Florianópolis, em Santa Catarina, já notou a presença das bicicletas amarelas, uma nova opção de deslocamento e também lazer na cidade. A parceria firmada com a Prefeitura de Florianópolis, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventudde e a empresa Yellow está em fase de testes e pode expandir.

O serviço é ofertado através do aplicativo Yellow, disponível para Android e IOS. Por meio dele, é possível localizar no mapa as bicicletas mais próximas e desbloqueá-las. Os interessados podem comprar créditos de R$ 5 a R$ 40, acessar o QR Code de uma das bikes e sair pedalando. O preço para uso é de R$ 2 por 20 minutos. Ao final da corrida, o usuário pode deixá-la em um espaço público, desde que não atrapalhe o fluxo de veículos e de pedestres. 

A empresa conta com profissionais que localizam as bikes através de GPS e as transportam para as áreas que apresentam a maior demanda. Aliás, as bicicletas compartilhadas já estavam disponíveis na Lagoa da Conceição desde dezembro de 2018.

Paralelo a esse sistema, em breve outro projeto da Prefeitura, o Floribike, também deve iniciar seus trabalhos. Neste modelo, serão estações de bicicletas, onde as pessoas vão poder pegar a sua e devolver em outra estação. Neste modelo, o custo deverá ser ainda menor para utilização.

Supereco inaugura placa educativa sobre defeso e resíduos marinhos

A peça integra uma série de materiais educativos para um programa de sensibilização ambiental e turismo sustentável junto aos pescadores, comunitários e turistas que frequentam os píeres da Figueira e Nelson Leite, no Bairro São Francisco

 
Acredita-se que até 2050 o mar terá mais lixo do que peixes, afirmam estudos mundiais sobre a poluição marinha por todos os tipos de resíduos, especialmente plásticos. Uma agenda voltada aos oceanos e à sustentabilidade das regiões litorâneas é prioridade do Instituto Supereco, que comemora, em 2019, 25 anos e é responsável pela realização do Projeto Tecendo as Águas, com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.


Neste sábado, dia 16 de fevereiro, ocorre a entrega oficial da primeira placa educativa do programa #omarnaoestápralixo, cujo kit de sensibilização ambiental contém fichas de sensibilização e adesivos para comércios e embarcações com temáticas relacionadas ao respeito ao Defeso, resíduos marinhos, pesca amadora e turismo sustentável e responsável, fruto de uma parceria com comunitários, a APA Marinha Litoral Norte e a Prefeitura de São Sebastião.

A ideia desse kit surgiu de uma Oficina de Planejamento Participativo com os pescadores da Bacia do Rio São Francisco, na primeira etapa do “Tecendo as Águas”, realizada entre 2013 e 2015, onde os próprios comunitários representantes da cultura caiçara,  e dos que vivem da pesca e do turismo, sugeriram a necessidade de materiais de sensibilização ambiental, com abordagem ao grande número de moradores e turistas que frequentam os píeres e transitam no litoral norte de SP.



Segundo Carlos Alberto de Oliveira Dias, conhecido como Beto, que trabalhou com pesca durante 40 anos, abordar a questão do defeso é muito importante.

“Do tempo que a gente trabalhava com camarão até agora caiu muito a produção de camarão, justamente pela falta de respeito com o período de defeso”. Sobre a sensibilização para a poluição marinha complementou, “o trabalho da Supereco para orientar a não jogar lixo na água é muito valioso.

 Cuidar do destino desse lixo é importante. Na minha embarcação eu sempre briguei para que não jogassem nada no mar, pois a gente, que trabalhou no arrasto de camarão, sabe o quanto de sujeira vem nas redes, contaminando e matando peixes e tartarugas. Me coloco também à disposição para ajudar nessa campanha”, destacou.


O lançamento oficial contará com uma programação inaugural do kit pelos parceiros envolvidos, mutirão de limpeza e uma roda de conversa sobre a conservação dos oceanos, resíduos, turismo e pesca responsável; dando início ao programa educativo que terá os comunitários como multiplicadores e protagonistas da conservação “terra e mar”.


Para a presidente do Instituto Supereco e Coordenadora Geral do Projeto Tecendo as Águas, “o protagonismo comunitário, principalmente dos pescadores e dos operadores de turismo como exemplo de respeito ao mar e à biodiversidade, é fundamental para sensibilizar e mobilizar moradores e turistas para uma conduta mais sustentável e responsável. O turismo do litoral norte é a principal vocação socioeconômica da região e não combina com poluição e degradação ambiental, sob todas as suas formas”.









Serviço:

Inauguração da Placa de sensibilização “O mar não está pra lixo”
Data: 16/02 (sábado)
Horário: 8h
Local: Píer da Figueira
Endereço: Avenida Manoel Hypólito do Rego s/n, Figueira, São Sebastião
Informações: (12) 3862-0100 /  99663-1095 (whatsapp Supereco)

Programação
8h – Abertura
8h30 – Inauguração da Placa de sensibilização “O mar não está pra lixo”
9h – 10h30 – Mutirão de limpeza
11h – Encerramento com roda de conversa sobre o defeso, turismo e os resíduos marinhos.
Nota: O evento será transferido para uma nova data se as condições climáticas representarem risco à segurança. Acompanhem aviso nas redes sociais do Supereco e do Tecendo as Águas.

Mundo mira soluções inovadoras para o futuro na 4ª Assembleia Ambiental da ONU

15 de março, 2019, Nairóbi, Quênia
  • ONU chama governos e setores público e privado a repensar seus padrões de consumo e produção sob o mote “Pense no planeta, Viva simples”.
 
  • Países assumirão compromissos mensuráveis para estimular a inovação e a implementação de sistemas de economia circular.
 
  • São esperadas resoluções que cubram áreas como a popularização da biodiversidade, gestão saudável de substâncias químicas e resíduos, uso de big data, gestão da informação, promoção de estilos de vida sustentáveis, uso eficiente de recursos e soluções baseadas no conhecimento indígena.
 
  • O sexto Panorama Ambiental Global, GEO-6, a principal avaliação periódica da ONU sobre o estado do meio ambiente, será lançado na Assembleia.
 
 O quê:
A Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA) é o maior fórum mundial de alto nível para questões de meio ambiente. Nela, chefes de Estado, ministros do Meio Ambiente, CEOs de companhias multinacionais, ONGs, ativistas ambientais e outros convidados se reúnem para discutir e assumir compromissos globais com a proteção ambiental.

A Assembleia é a melhor oportunidade do ano para acompanhar os últimos desdobramentos em políticas e ações ambientais, produzir matérias e entrevistar as pessoas que estão no poder, bem como os principais inovadores na área e aqueles cujas vidas e meios de subsistência estão ameaçados, a menos que embarquemos num caminho que nos leve a padrões sustentáveis de produção e consumo.

Produção e Consumo Sustentáveis
A quarta Assembleia Ambiental mira em dois temas afins, soluções inovadoras para os desafios ambientais e consumo e produção sustentáveis, inspirando nações, atores do setor privado e indivíduos a promoverem #SoluçõesInovadoras e uma autocrítica de seus padrões de consumo e produção.

“Apesar de todo o progresso inspirado pelos Objetivos Globais, uma barreira ainda impede que eles sejam alcançados: as escolhas que fazemos em nossas vidas cotidianas continuam a alimentar hábitos de consumo e produção que cada vez mais excedem os limites do nosso planeta”, afirma Siim Kiisler, presidente da Assembleia Ambiental da ONU de 2019.

O consumo e a produção sustentáveis lidam com o ciclo de vida das atividades econômicas: a extração de recursos, o processo para transformá-los em materiais e produtos e, por fim, o uso e descarte. O consumo e a produção sustentáveis também podem ser divididos em atividades econômicas específicas a fim de fazer mais e melhor com menos e identificar prioridades de acordo com os impactos ambientais e demandas de recursos.

Instando participantes a Pensar no planeta, Viver simples”os Estados-membros da Assembleia vão pedir resoluções ousadas para estimular a sustentabilidade nos padrões de consumo e produção em todo o mundo, por meio de:
  • Iniciativas de políticas públicas
  • Tecnologias ambientalmente saudáveis
  • Esquemas sustentáveis de financiamento
  • Educação, pesquisa e desenvolvimento
  • Compartilhamento das melhores práticas
  • Capacitação e sensibilização
  • Parcerias privadas e públicas
“Nós crescemos às custas do nosso planeta. Para garantir um futuro sustentável, todos nós precisamos trabalhar juntos para transformar nossa forma de consumir e produzir”, diz Joyce Msuya, chefe interina da ONU Meio Ambiente. “A Assembleia Ambiental da ONU de 2019 oferecerá uma plataforma para inovações que vão mudar o jogo e garantirá que tenhamos um mapa para que essas ideias ousadas floresçam”, conclui.

A Assembleia também contará com o lançamento do sexto Panorama Ambiental Global, o GEO-6, que é o mais importante relatório da ONU Meio Ambiente e oferece uma revisão periódica do status de três grandes sistemas econômicos e sociais — os sistemas de energia, alimentação e água. O relatório assinala não apenas as áreas de maior preocupação, mas também lança luz sobre as opções para os formuladores de políticas avançarem em questões ambientais.

O lançamento do relatório será o catalisador de discussões baseadas na ciência sobre o estado ambiental e tendências em nível global, regional e local. Cientistas e representantes de governos apresentarão avaliações e expectativas de esforços em políticas ambientais, retratando um cenário mais claro sobre a transformação necessária em setores da indústria, agricultura, construção, transporte e energia.

Eventos paralelos na Assembleia serão uma plataforma para conversas em profundidade sobre as mais recentes tendências de pensamento, relatórios, dados e ação em questões ambientais.


No que ficar atento:

Diálogos de lideranças de alto nível que irão reunir chefes de Estado, ministros do Meio Ambiente e líderes empresariais para discutir o caminho rumo a economias que abracem o consumo e a produção sustentáveis e rumo às inovações que nos levarão para lá.

Especialistas do setor privado, cientistas proeminentes e líderes em proteção ambiental.

Inovações ambientais, apresentadas por alguns dos mais audaciosos pioneiros na área.

Resoluções sobre consumo e produção sustentáveis — que serão adotadas por todos os 193 Estados-membros da ONU e criarão o quadro para uma economia circular e um futuro sustentável.

Lançamento do Panorama Ambiental Global: o mais importante relatório da ONU Meio Ambiente apresentará um panorama abrangente do estado geral do nosso meio ambiente e como isso afeta o nosso status social e econômico.

Mesas-redondas para a mídia com líderes religiosos, empresariais e em inovação, compartilhando um amplo relato sobre mudanças ambientais e proteção do meio ambiente. As mesas-redondas incluirão:
  • Fé pela Terra: Líderes religiosos e espirituais proeminentes visitarão a Assembleia para discutir modos de enfrentar os desafios ambientais por meio de organizações baseadas na fé, tratando a Terra como uma dádiva.
  • Os mais recentes avanços na luta contra a poluição plástica: não existem milagres quando se trata da poluição plástica. É preciso garantir que nações e cidadãos adotem padrões sustentáveis de produção e consumo.
  • Jogando pelo Planeta: como a indústria dos games pode promover o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio de suas plataformas e de sua indústria?
  • Empregos verdes: A produção e o consumo sustentáveis abrem novas oportunidades para a criação de empregos. A Agência Internacional de Energia Renovável estima que o número de 8,1 milhões de pessoas atualmente empregadas no setor de energias renováveis em todo o mundo poderia aumentar para mais de 24 milhões até 2030. Os principais líderes de instituições educacionais e de vários setores da indústria e serviços lançarão luz sobre o futuro dos empregos verdes.
  • O lançamento da Aliança da ONU pela Moda Sustentável: A moda é uma indústria que movimenta 2,5 trilhões de dólares e emprega aproximadamente 60 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo um setor-chave da economia. Precisamos melhorar a pegada ambiental da indústria da moda, estabelecendo um sistema circular para cadeias têxteis sustentáveis.

Onde: Complexo das Nações Unidas, Nairóbi, Quênia

Data: 11 a 15 de março de 2019

Para se credenciar: https://reg.unog.ch/event/26967

Para saber sobre a programação, participantes e eventos, acesse:

www.unenvironment.org/environmentassembly 

www.solvedifferent.eco

Para mais informações, entrevistas e detalhes sobre credenciamento, entre em contato com:
Flora Pereira, Gerente de Comunicação e Informação Pública, florapereira.dasilva@un.org
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  (#Envolverde)

Fake News Florestal

por Tasso Azevedo* e Luís Fernando Guedes Pinto –  
 
Circula pelo WhatsApp um vídeo de uma palestra que supostamente demonstra, com uma sequência impressionante de números, que o Brasil encolheu. O palestrante sugere que o país conserva florestas demais e tem tanta área protegida, tanta terra indígena e tanta exigência de preservação que ficou sem espaço para desenvolver a agropecuária. Como tantas outras histórias do zapzap, esta também é fake news.

É verdade que há muita área ainda com vegetação nativa no Brasil. Os dados do projeto MapBiomas, uma rede brasileira de 15 instituições de pesquisa que mapeou todas as mudanças no uso da terra no Brasil desde 1985 até 2017, mostram que o país tem 67% do território coberto por florestas e campos naturais. Mas nem de longe estamos sozinhos em termos de conservação: 70% da Rússia está coberta por vegetação nativa, incluindo uma área florestal quase do tamanho do Brasil. Há cerca de 30 países com mais de 60% de cobertura florestal, incluindo a Coreia do Sul, com 63%, a Suécia, com 67% e o Japão, com 68%.

O Brasil, por outro lado, é o quarto maior produtor de alimentos do planeta, atrás de China, Índia e EUA, e tem a terceira maior extensão de terras sob produção agropecuária, atrás apenas de China e EUA. O MapBiomas mostra que o país tem hoje 245 milhões de hectares em pasto e lavoura. É 1,17 hectare de área produtiva por habitante, mais do que nos EUA (1 ha) e que a populosa China (0,34 ha).

Cerca de 25% do Brasil está dentro de terras indígenas e unidades de conservação. São 216 milhões de hectares, excluindo as APAs, categoria de área protegida que permite produção e ocupação (o Distrito Federal tem 80% de seu território dentro de uma APA). Só que essas áreas protegidas estão muito mal distribuídas: 90%, ficam na Amazônia, que concentra apenas 10% da produção agropecuária. Fora da Amazônia, apenas 5% do território está sob áreas protegidas. E é fora da Amazônia que ocorre 90% da produção agropecuária.

Além disso, uma porção enorme das áreas protegidas amazônicas está em regiões remotas ou sem aptidão agrícola. Ou seja, o número de áreas protegidas parece impressionante no powerpoint, mas não compete com o agronegócio.

O Brasil também não é nenhuma jabuticaba no quesito “área protegida” legalmente. Protegemos muita floresta porque temos a maior biodiversidade do mundo para resguardar. A Austrália tem 20% de seu território protegido. A França, 26%, o Japão e o Reino Unido, 29%, e a Alemanha, 38%. Entre os nossos vizinhos, Peru, Colômbia e Bolívia têm mais de 40% do território protegido.A média do mundo é 29% em unidades de conservação e territórios indígenas. A proporção de áreas protegidas no Brasil é não destoa da média.

O argumento de que as áreas protegidas e outras áreas legalmente designadas – para assentamentos de reforma agrária, por exemplo – são “improdutivas” é falacioso. Terras indígenas e unidades de conservação de uso sustentável desenvolvem agricultura, manejo florestal e extrativismo. Atire o primeiro pote de açaí quem acha que isso não é produção. Só a comercialização de produtos da floresta movimenta em torno de R$ 1,5 bilhão ao ano – e isso excluindo a indústria madeireira na Amazônia. Faltam políticas e investimentos para que nossas áreas protegidas gerem ainda mais renda e empregos.

Cruzando os dados do MapBiomas com o mapa fundiário do Brasil compilado pelo projeto Atlas da Agropecuária Brasileira, conclui-se que as propriedades privadas (cadastradas no Incra ou com Cadastro Ambiental Rural, o CAR) possuem quase 190 milhões de hectares de vegetação nativa, ou cerca de um terço do total do país.

Imóveis privados podem exercer produção rural em toda a sua extensão, exceto nas áreas de preservação permanente, que protegem, especialmente, os cursos d’água e perfazem em média cerca de 10% da área da propriedade. Uma parcela da área que varia de 20% a 80%, dependendo do bioma, deve ser mantida com vegetação nativa na forma de reserva legal, sendo a produção limitada a atividades que não ponham a mata abaixo.

A conservação das áreas florestais é bem diferente quando comparamos as áreas públicas e privadas. As propriedades privadas tiveram perda líquida de mais de 20% de sua cobertura florestal nos últimos 30 anos. Nas unidades de conservação e terras indígenas a perda foi de 0,5% e, em outras áreas públicas não protegidas, de 5%.

Infelizmente, apesar da queda das taxas de desmatamento entre 2005 e 2012, o Brasil ainda é o país que mais desmata do planeta: em 50 anos, destruímos quase 20% da Amazônia, o equivalente a mais de dez vezes o território da Holanda e o da Bélgica somados

O cerrado, nosso segundo maior bioma, está reduzido à metade. O Pantanal perdeu 7% em 15 anos. O pampa, 13%. Restam menos de 15% da Mata Atlântica original. No caso amazônico, tanta devastação ocorreu à toa: Segundo os dados do projeto Terraclass, feito pela Embrapa e pelo Inpe, 63% da área desmatada é ocupada por pastos de baixíssima produtividade, com menos de um boi por hectare, e 23% foi abandonada e está em regeneração.

Não é verdade que precisamos desmatar mais para ampliar nossa produção. Graças ao uso intensivo de tecnologia, tivemos enormes ganhos de produtividade e evitamos maior desmatamento. De 1991 a 2017, a produção de grãos e oleaginosas subiu 312%, mas a área plantada cresceu apenas 61%. Em São Paulo, por exemplo, a área de cultivo agrícola dobrou desde 2000, crescendo essencialmente sobre as pastagens sem que o Estado diminuísse a produção pecuária. Sabe quem mais cresceu por lá? A Mata Atlântica. São Paulo hoje tem mais floresta, mais agricultura e mais boi.

Há espaço no Brasil para ampliar a produção e a conservação. Dizer o contrário é ofender o espírito empreendedor e competitivo do agricultor brasileiro. O Brasil tem tudo para ser o maior produtor mundial de alimentos e em bases sustentáveis. Para isso, podemos e devemos zerar o desmatamento, acabar com a ocupação ilegal de terras públicas, defender nossas áreas protegidas e aprofundar os ganhos de produtividade de nossa produção rural. É ganha-ganha.


 

Tasso Azevedo é coordenador técnico do Observatório do Clima e coordenador geral do MapBiomas (esquerda)

Luís Fernando Guedes Pinto é gerente de Certificação Agrícola do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) (direita)

Mineradora Anglo American negocia realocar povoados próximos à barragem

Por Leo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – 
 
Moradores de 4 comunidades estão em “zona de autossalvamento”

A mineradora Anglo American negocia com moradores de quatro comunidades da região de Conceição do Mato Dentro (MG), a 160 quilômetros de Belo Horizonte (MG), para que sejam realocados em outras áreas. A preocupação é retirá-los das áreas próximas à única barragem da empresa.

“Já faz algum tempo que estamos conversando sobre relocação com as comunidades. A percepção de risco pela comunidade mudou após o rompimento da barragem de Brumadinho. As pessoas estão com mais medo e isso é compreensível. Respeitamos esse sentimento”, informa a Anglo American.



A tragédia causada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a 57 quilômetros de Belo Horizonte (MG) – Divulgação Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
A estrutura tem atualmente capacidade para 55 milhões de metros cúbicas, mas a mineradora obteve em dezembro do ano passado licença para ampliá-la até 167 milhões de metros cúbicos. Com isso, ela será 14 vezes maior que a barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro, deixando 166 mortos e 155 desaparecidos segundo os dados mais recentes da Defesa Civil de Minas Gerais.



 Diálogo

 

A mineradora informou que abriu diálogo com as quatro comunidades – Goiabeira, Teodoro, Cachoeira de Baixo e Saraiva – situadas na chamada “zona de autossalvamento”, que corresponde à área onde não há tempo para que as autoridades competentes atuem em situações de emergência, sendo obrigatório o alerta do empreendedor para que as pessoas possam se salvar sozinhas.


A Anglo American afirma que o povoado de São José do Jassém também poderá ser realocado, embora nos seus cálculos ele esteja a 12 quilômetros da barragem, o que seria legalmente fora da “zona de autossalvamento”. Nesta comunidade, vivem cerca de 100 famílias.

Apesar da decisão de negociar a realocação opcional, a Anglo American diz que sua barragem é segura.

“Foi construída com aterro compactado e seu alteamento está sendo feito pelo método a jusante, considerado o mais seguro e conservador. É um método construtivo completamente diferente das que colapsaram em Mariana e Brumadinho, contando com as melhores tecnologias de monitoramento. Estamos em dia com todas as auditorias que geram as declarações de estabilidade exigidas pela Agência Nacional de Mineração (AMN) e Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM)”, diz a mineradora.

Minas-Rio

 

A barragem integra o empreendimento Minas-Rio, que compreende a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem, o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG) e ainda um mineroduto que percorre 525 quilômetros até um porto em Barra de Açu, no município de São João da Barra (RJ). Conforme informações da própria Anglo American, trata-se de seu maior investimento mundial.


O projeto começou a se desenhar em 2007 com a compra de ativos da mineradora MMX Mineração, do empresário Eike Batista. Embora esteja em operação, as obras do empreendimento ainda não estão totalmente concluídas. Atualmente, está em curso a chamada etapa 3 do Minas-Rio, que diz respeito à extensão da Mina do Sapo.

Violações de direitos no empreendimento já motivaram uma ação civil pública em que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede que a mineradora seja obrigada a destinar R$ 400 milhões a um fundo especial para reparação de danos causados às populações de três municípios mineiros: Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas.

O processo está em tramitação. Além disso, em maio do ano passado, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançaram um livro que reúne relatos e informações sobre violações de direitos ocorridos no processo de implantação do Minas-Rio.

Vazamentos

 

No ano passado, o empreendimento também gerou problemas ambientais: em março, o mineroduto que segue até o estado do Rio de Janeiro se rompeu duas vezes, despejando 492 toneladas de polpa de minério em um manancial que abastece a cidade Santo Antônio do Grama (MG). Em decorrência desses episódios, a Anglo American foi multada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e foi obrigada a paralisar suas atividades.

Os dois vazamentos ocorreram em um intervalo de apenas 17 dias. No primeiro deles, o fornecimento de água para a população de 4,2 mil pessoas de Santo Antônio do Grama precisou ser interrompido.
De acordo com a mineradora, a polpa de minério que vazou é material inerte e classificado como não perigoso, conforme normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Após nove meses com as atividades paralisadas, a Anglo American obteve autorização dos órgãos ambientais e retomou as operações no dia 21 de dezembro do ano passado. “Nós trocamos preventivamente 4 quilômetros de tubos e asseguramos que todas as recomendações sugeridas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e por outros grupos de pesquisas para o aprimoramento da inspeção, monitoramento e controle da operação de bombeamento já foram ou estão sendo aplicadas”, informa a mineradora.

Inspeção

 

Segundo a Anglo American, foi realizada inspeção técnica em toda a extensão do mineroduto, além do reparo preventivo de certas partes, e que reduziu de cinco para dois anos os intervalos para as futuras inspeções. A empresa também diz ter instalado um sistema de fibra ótica de sensores acústicos, de temperatura e de vibração para monitorar seu desempenho do mineroduto.

A mineradora assegura que não houve demissões em função do ocorrido. Diante da paralisação das atividades, a Anglo American concedeu, em 17 de abril, férias coletivas por um mês para 766 empregados. Ao fim desse período, eles tiveram licença remunerada até 1º de junho quando teve início o layoff, que durou até 1º de junho e alcançou cerca de 600 funcionários.

No layoff, o contrato de trabalho é suspenso, assim como o pagamento do salário. No entanto, a empresa tem que oferecer treinamentos de requalificação e os empregados têm direito a receber uma bolsa paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Para que não houvesse prejuízos aos trabalhadores, a Anglo American pagou uma ajuda de custo complementar até atingir o valor do salário líquido de cada um.

(#Envolverde)

Fundação SOS Mata Atlântica finaliza expedição Paraopeba

Análise da qualidade da água em 22 pontos constata que rejeito contaminado afeta, no mínimo, 305 km do rio Paraopeba


A equipe da Fundação SOS Mata Atlântica finalizou no último sábado (9) a expedição Paraopeba. Em 10 dias, Malu Ribeiro, Marcelo Naufal e Tiago Felix, da equipe de água da organização, percorreram mais de 2 mil km por rodovias federais, estaduais, por estradas rurais, desvios, fazendas e comunidades, perseguindo o leito do rio no curso da degradação provocada pela Vale. O objetivo: saber o potencial de impacto à qualidade da água e o alcance do rejeito contaminado para outras regiões.

O resultado, infelizmente, é estarrecedor. Por todo trecho da expedição, desde a região de Córrego do Feijão, onde os rejeitos encontraram o Rio Paraopeba, até o reservatório de Retiro Baixo, em Felixlândia (MG), a equipe não encontrou água em condições de uso. Ou seja, nos 305 km de rio analisados, a água estava imprópria, com qualidade péssima ou ruim.


No último ponto analisado, no reservatório de Retiro Baixo, em Felixlândia, o cenário foi parecido. A situação da água foi considerada ruim com índices de turbidez de 329,6 NTU (sigla em inglês para a unidade matemática Nefelométrica de Turbidez, que verifica a quantidade de partícula sólida em suspensão, o que impede a passagem da luz e a fotossíntese, causando a morte da vida aquática). Isso equivale a três vezes mais do que o permitido pela legislação.


“Fomos super bem acolhidos pelas comunidades, desde ribeirinhos, pescadores que perderam seus peixes, quilombolas sem água para suas roças, produtores rurais, passando por técnicos de órgãos gestores, membros de Comitês de Bacias e toda essa gente que ama o Rio Paraopeba“, afirma Malu Ribeiro, especialista em água da Fundação SOS Mata Atlântica.


A expedição teve início no marco zero da tragédia ambiental em Brumadinho. A ação contou com apoio da Ypê e da Policontrol, empresa de fornecimento de equipamentos de alta precisão. A professora Marta Marcondes, do Laboratório de Poluição Hídrica, da Universidade de São Caetano do Sul, também participou da expedição para identificar os indicadores microbiológicos da contaminação da água.


“Foi mais um aprendizado ter participado desta expedição. Perceber a destruição ao longo do rio foi muito triste. Encontramos pessoas que dependiam do rio, olhando para ele, desoladas, e animais que ainda buscavam alimento por lá. O rio era a vida dessas pessoas e a destruição levou todos esses sonhos embora“, afirma a professora da USCS.

No final, a sensação de todos foi uma só: as águas estão turvas mas a percepção de algumas pessoas que ali vivem ainda é clara, cristalina, como era a água do Rio.

“Foram casas e porteiras abertas para que pudéssemos chegar no Rio e dizer qual a condição da água naquele momento, dando um alento e esperança de que o Paraopeba e toda a sua gente não serão abandonados“, afirma Tiago Felix, biólogo e educador ambiental da Fundação.

Para a Fundação SOS Mata Atlântica, a água segue seu ciclo, a contaminação que fica no leito do rio e nos reservatórios é difícil de ser remediada, e as vidas alteradas jamais serão as mesmas.

“Todos, sem exceção querem que a impunidade, como no Rio Doce, não impere. Juntos podemos combater crimes como esses e recuperar a bacia. É momento de fortalecer instituições de fiscalização e controle, dar apoio às vítimas e condições à população da bacia do Rio Paraopeba, de governança, na tomada de decisão e principalmente nas medidas de ressarcimento de prejuízos materiais, imateriais e ambientais“, destaca Marcelo Naufal, advogado e consultor da SOS Mata Atlântica para questões hídricas.

Nos próximos dias a organização deve finalizar o relatório completo, que será apresentado no dia 27, em Brasília. A ideia é entregá-lo a autoridades, contribuindo para que as melhores decisões sejam tomadas, e também para a sociedade, principalmente quem ainda precisa viver daquele e naquele rio, para que tenham informações concretas sobre a situação local. Afinal, a vida das pessoas foi modificada.

Mapa com a área impactada pela tragédia de Brumadinho
SOS Mata Atlântica/INPE/MapBiomas
Como foi a expedição
Brumadinho é um município que está totalmente inserido na área da lei da Mata Atlântica. Antes do ocorrido a cidade possuía 15.490 hectares de remanescentes do bioma acima de 3 hectares, o equivalente a 830 campos de futebol – isso representa 24,22% do que havia do bioma originalmente no município, de acordo com o Atlas da Mata Atlântica.

Segundo dados da SOS Mata Atlântica/INPE/MapBiomas, houve uma perda de 112 hectares de florestas nativas. Destes, 55 hectares eram áreas bem preservadas. Além disso, a bacia do rio Paraopeba é formadora e corresponde a 5,14% do território da bacia do rio São Francisco, além de ser um dos principais mananciais de abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte – desde a tragédia, o Paraopeba se manteve indisponível para qualquer tipo de uso.

Este rio tem extensão de 546,5 km, área de 12.054,25 km² e abrange 48 municípios mineiros, nos limites e ecraves da Mata Atlântica e do bioma Cerrado. O rejeito contaminado deixa toda essa rede de drenagem alterada, desde nascentes e curso do rio, com vazões interrompidas em alguns trechos e com variações ao longo de toda a bacia hidrográfica.

A comunidade da região, incluindo ribeirinhos, quilombolas, indígenas e agricultores, utilizam a água do Paraopeba para subsistência, atividades econômicas e, principalmente, para animais e lazer. Existe ainda, o impacto de valor imaterial – associado a cultura dessas comunidades -, que não vem sendo mensurado. Assim como no rio Doce, este dano silencioso é de impacto profundo em várias gerações.

Um dos relatos ouvidos pela equipe da expedição, de um pescador da região de Pompéu, expressa muito bem isso. Em uma conversa informal, e por isso não foi possível identificá-lo, disse: “o que o pescador demora anos para pegar, uma tragédia como essa destrói em segundos e, muitas vezes, nós pescadores que somos vistos como vilões“, afirmou.

O dano ambiental ocorreu logo após o período de piracema – época de reprodução de espécies que só ali vivem –, além daquelas que foram reintroduzidas pela Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, como o repovoamento de alevinos que tinha acabado de ser realizado. Após a tragédia, todas essas espécies foram perdidas.

Para obter dados sobre a qualidade da água, a expedição técnica contou com ferramentas de análise do Índice de Qualidade da Água (IQA), estabelecido no Brasil por meio de uma norma legal (CONAMA 357), que contempla o levantamento de indicadores físicos, químicos, biológicos e bacteriológicos. A cada 40 km, uma amostra de água foi coletada – foram 22 pontos de análise –, possibilitando resultados em tempo real sobre 14 indicadores, entre eles turbidez, oxigenação, nitrato e fosfato.

Outros dados, que demandam tempo de reação maior, como indicadores microbiológicos da contaminação da água, estão sendo tratados em laboratório e apresentados no evento do dia 27.
Foto: Gaspar Nóbrega/ SOS Mata Atlântica


(#Envolverde)

Folha de S. Paulo – Ministro do ambiente visita terra indígena que arrenda área para plantar soja


Ministério da Agricultura afirma que há um acordo para o plantio, vetado pela legislação, mas Ibama nega.

Fabiano Maisonnave
MANAUS

Em sua primeira viagem à Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, 43, escolheu conhecer uma terra indígena onde produtores rurais brancos fazem plantio mecanizado de soja e milho transgênicos mediante o pagamento de uma porcentagem da safra, segundo investigação do Ibama do ano passado. A prática é considerada ilegal pelo Ministério Público Federal (MPF).

"Estivemos hoje na Festa da Colheita dos índios parecis, que plantam e produzem com muita competência, demonstrando que podem se integrar ao agro sem perder suas origens e tradições”, escreveu Salles no Twitter após visita à Terra Indígena Utiariti, no noroeste de Mato Grosso. ​​

Junto com a declaração, o ministro do governo Jair Bolsonaro publicou uma foto em que aparece com um cocar, à frente de indígenas usando vestimentas tradicionais.

Esta é a primeira viagem de Salles, que é paulistano, à Amazônia. Durante entrevista ao programa Roda Viva, na última segunda-feira (11), ele admitiu nunca ter pisado na região, que ocupa cerca de 60% do território nacional.

A ministra Tereza Cristina (Agricultura) também participou da visita. Em nota à imprensa, sua pasta afirma que os parecis plantaram 10 mil hectares para a safra 2018/19, dos quais 8,7 mil hectares de soja, graças a um suposto acordo celebrado entre Ministério Público Federal, Ibama e Funai.

Apesar da afirmação, o Ibama e o MPF não assinaram nenhum acordo para viabilizar o plantio mecanizado nas terras indígenas de Mato Grosso.

"O Ibama não firmou nenhum acordo sobre o plantio nas terras indígenas Paresi, Rio Formoso, Tirecatinga, Utiariti, Manoki e Uirapuru antes ou após as autuações e embargos realizados em 2018”, disse à Folha a ex-presidente do Ibama na gestão Michel Temer (MDB), Suely Araújo.

"Não é função institucional do MPF autorizar ou proibir a produção de quem quer que seja, de indígena ou não índio. Da mesma forma, não existe nenhum acordo entre o Ibama, a Funai e o MPF nesse sentido”, afirma a nota do MPF em Mato Grosso, enviada em resposta ao questionamento da reportagem.

O MPF afirma que reconhece a autodeterminação dos povos indígenas, mas também defende "a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional, que asseguram aos povos indígenas o usufruto exclusivo de suas terras, vedando, com isso, que pessoas da sociedade envolvente se aproveitem do território tradicional indígena para suas atividades econômicas disfarçadas de ilegais contratos de parceria ou arrendamento”.

A Promotoria informou que tem intermediado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o Ibama e os parecis para regularizar a produção agrícola, além de oferecer opções de cultivo sustentáveis, com o apoio da Embrapa.

A reportagem tentou entrar em contato a ministra Tereza Cristina e a sua assessoria de imprensa, mas não obteve resposta. 

Em junho do ano passado, o Ibama aplicou multas a 17 arrendatários não indígenas que somaram R$ 133,89 milhões. Outros R$ 6,3 milhões de multas foram aplicados para cinco associações indígenas de terras indígenas parecis e nambiquaras, todas no noroeste de Mato Grosso.

As multas do Ibama se referem apenas ao cultivo de transgênicos, proibido em TIs por lei, e a outros ilícitos ambientais. Além disso, foram embargados 22 mil hectares explorados ilegalmente nessas TIs.

O arrendamento de terras indígenas é vetado pela legislação, mas a fiscalização desse crime está fora da alçada do órgão federal ambiental.

A Constituição de 1988 estabelece que apenas os indígenas têm direito ao usufruto de áreas demarcadas, mas o governo Bolsonaro estuda legalizar o arrendamento por não indígenas.

Segundo postagens do Ministério da Agricultura no Twitter, Tereza Cristina afirmou, durante a visita, que "é possível produzir para gerar renda ao mesmo tempo em que se preserva a cultura e as tradições indígenas”.

“A lei pode ser mudada, é para isso que nós estamos lá no Congresso Nacional. As coisas evoluem, as coisas mudam, a vontade de vocês é soberana”, disse a ministra, indicada pela bancada ruralista.

Vocês sabiam que no Rio Grande do Sul tem uma cidade chamada"Não-me-toques?"

Diversas versões chegam para explicar a origem do nome do município. Cada história contada e a maneira peculiar com que cada um desenvolve sua narração, em épocas e situações diferentes, nos levam a pensar sobre as versões, analisando as possibilidades da origem do nome do município estar fundamentada em relatos da memória oral, em documentos comprobatórios e na existência de plantas, ainda preservada pela riqueza natural da região. Seguem algumas dessas versões:

Em razão da planta

Tendo origem na vegetação dasyphyllum spinescens, composta por um arbusto de tronco curto, recoberto de espinhos de 3 a 5 cm de comprimento, agrupados de 3 em 3 ao longo do caule. A planta conhecida como Sucará ou Espinho de Santo Antônio, e mais popularmente como não-me-toque, é abundante em nossa região.

Existência da Fazenda Não-Me-Toque

Na época das instalações das fazendas pelos portugueses em 1827, muitas recebiam denominações como Invernada Grande, Pessegueiro, Invernadinha, e uma delas, pela denominação nos chama atenção, pois denominou-se Fazenda Não-Me-Toque. Sua existência é confirmada por uma escritura pública encontrada no Cartório de Registro de Imóveis de Passo Fundo, datada em 20 de julho de 1885.


Existem outras versões como a que envolve os índios, e a do 1° fazendeiro da região, porém menos conhecidas. As mais popularmente difundidas são as acima citadas, com fundamentação genealógica ou documental, ou ainda, fundamentadas nas pesquisas botânicas, como é o caso da versão relacionada à planta.


Fonte: Livro “Não-Me-Toque no Rastro de sua História”, de Sandra Cunha.